Eu acho MODA um assunto interessante, mas sempre encontro alguma coisa mais atrativa para comprar, e acabo me acoMODAndo.
Essa calça marrom, por exemplo. Eu sei que deveria ter uma bolsa da mesma cor para combinar. Vejo os programas de TV, leio as revistas, e todos são unânimes em afimar: calça e sapato marrom, bolsa marrom.
E cadê que eu compro?
Sou uma mulher - talvez a única - que não tem bolsa marrom. "Acessórios dão aquele toque final no visual" , eles dizem. Pronto. O meu é sem toque final.
Essas pequenas coisas me fazem sentir marginalizada no mundo "fashion". Tenho medo de cometer crimes, de modo que me recolho à minha ignorância no assunto, e assumo uma postura quase monocromática nas peças que visto. Elegi o preto, o vermelho e o marrom - e raramente saio disso.
Em dias ousados, estou de azul. Mas tudo com bolsa preta - ou tipo mochila, ou aquela atravessada (do ombro direito ao quadril esquedo), pequenininha.
Entretanto, confesso, admiro e até invejo aquelas mulheres coloridas e impecáveis, um modelito para cada dia da semana, sem reservas nem receios. E as bolsas, então?
Há quem troque de bolsa como quem troca de roupa, e saia exibindo a ousadia de uma combinação imprevisível: tudo cor de vinho, e uma bolsa... bege!
E ficam lindas, cheias de classe. Que raiva.
Se eu me vestisse toda de vinho, não passaria do portão sem rezar uma Ave Maria e um Pai Nosso. De culpa. E seria capaz de me esquecer da bolsa, tamanha angústia, e enfiar o carro no primeiro poste.
É por isso que nem arrisco.
Ah, se eu tivesse talento... seria daquelas bem peruas. Usaria saia de oncinha, blusa de zebrinha e duas argolas verdes do tamanho de bambolês. Sairia por aí, bem faceira, de sapato bico fino e bolsa com alça de chifre, só pra dar um tchan.
Pink! Abusaria do pink, com direito a variações em roxo e rosa-bebê, conforme a ocasião pedisse. Ousaria na cor do esmalte, nos detalhes das meias e até nos saltos inusitados. Arriscaria sobreposições com tecidos nunca antes combinados; rendas, sedas, paetês e jeans...
Se eu tivesse talento, faria da minha vestimenta uma verdadeira obra móvel da minha criatividade inesgotável, criando meu próprio estilo inconfundível de expressão.
Pensando bem, Deus é sábio.
Esperança ou a falta dela
Há 3 anos
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