Ah, eu acho engraçado. Quer dizer que estão reivindicando atualizações no BiBlog, como se clientes fossem? Ok, eu mereço. Agradecemos a preferência. A sua ligação é muito importante para nós.
Mais de 5 mil visitas neste site, e eu continuo cada vez mais dura, tentando escrever um livro para ver se descolo algum, concentrada nos meus personagens, enlouquecendo meus pobres amigos que já não sabem se sou fruto de ficção ou realidade, sonhando viver de brisa ou vento ou poesia mesmo. E me vêm cobrar assiduidade artística.
Pois bem, caríssimas leitoras (suspeito só ter mulher me lendo, além do Duda e do Mano), cá estou, desprovida de inspiração, mas nutrida de afeto pela literatura até os dentes. Nove da manhã de quarta-feira, acabo de ler no Globo que “o tráfico planejou ação que parou o Rio”.
Chega a ser engraçado – perdoem meu humor negro e, por vezes, infame. Primeiro, que o rio costuma correr indefinidamente, já diziam os poetas antigos. Hoje em dia, eis que o rio pára.
Diziam os telejornais extremamente confiáveis da nossa cidade, ontem mesmo, que “uma onda de boatos fez o comércio parar em alguns dos bairros do Rio de Janeiro”. Imagina, falando assim, boatos. Parece coisa de gente doida, que um passou para outro, que passou para outro, e acabou se formando uma ondinha, quase uma marola, que – olha só! -, plim!, parou a cidade.
Comerciantes desvairados, à beira de um surto descabido de pânico, simplesmente acharam melhor perder fortunas, no final de um mês tenso de economia instável, porque “boatos” invadiram a cidade. Como fossem os ETzinhos do Mel Gibson, entortando plantações alopradamente. Boatos.
Hoje, o imparcial Globo afirma que foram os traficantes mesmo. Então eles existem, os traficantes?? Ora, quase me choco com tal novidade. Só falta me dizerem que eles mandam nesta cidade maravilhosa, agora. Só o que falta.
Nossa governadora, entretanto, diz que está tudo sob controle. Acredito que sim. “Tá tudo dominado”. Por quem, mesmo??
É por essas e outras, caros ouvintes – para variar a expressão -, que eu prefiro bater um papo com os ETs a enlouquecer meus poucos neurônios com essa gente de saúde duvidosa. Depois, a doida varrida sou eu.
Não consigo, contudo, deixar de me encantar por esta cidade amalucada e incoerente. De um lado, mar. Do outro, montanha. Só podia mesmo dar nisso.
Há quase cinco anos, trouxe meus trapos e hospedo meus versos por estas bandas. Daqui não saio, daqui ninguém me tira. A confusão inspira, amigos. E a confusão, em si, pira. (Sorry).
O Rio de Janeiro virou parente: só eu posso falar mal, sabe como é? Se pego alguém maldizendo a cidade, viro bicho. Meu bairro, então, é sagrado. Fale mal do Recreio e arrume uma inimiga de carne e prosa.
Ainda lembro, como se fosse ontem, a primeira vez que pisei nesta terra. Turismo em família. Viemos ao Recreio dos Bandeirantes, que pouco era além de mar e mato, e conhecemos parte do cenário da novela Top Model – a Malu Mader era meu ideal de mulherão, eu tinha nove anos e muita fantasia na cabeça. Lembra, mãe?
A “casa do Gaspar” (Nuno Leal Maia, na época em que eu nem valorizava um telhado grisalho tanto assim) era um sonho real. Eu estava em Hollywood, eu era feliz.
Tinha a “barraca do Sal(danha)”, onde o Evandro Mesquita interpretava um surfista natureba pra lá de atrapalhado que vendia sucos e lanches. Aqui, bem no Recreio. Eu estava vendo tudo aquilo, sonhando em me tornar a Malu Mader ou coisa parecida, e pedindo ao papai do céu que, assim que minhas pernas fossem grandes o suficiente, me pusesse a morar nesta cidade-cenário.
Ele me pôs.
Não me tornei a Malu, nem tampouco coisa parecida. Pensando bem, talvez coisa parecida: Malu-ca eu consegui ser.
Já é alguma coisa.
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