O charme e a idade
Essa eu me esqueci de contar a vocês, mas é ótima. No show do Erasmo Carlos com Evandro Mesquita, atrás de mim, uma senhora aguardava o terceiro sinal enquanto conversava com o sujeito ao lado. Adoro uma conversa alheia, ainda mais desse calibre: saquei, em meio minuto, que ela tratava de jogar charme.
O papo era entre pretendentes, estava claro. E mulher, quando quer fazer charme, pode ser um show ou um fiasco. Fazer charme pressupõe revelar algumas coisas; esconder outras. O mais divertido é quando a pessoa se atrapalha e acaba revelando o que deveria esconder, e vice-versa. Foi o caso dela.
- Acho que o show vai ser bárbaro. O Evandro Mesquita eu nunca vi ao vivo, você sabe, quando ele fazia sucesso com a Blitz eu ainda era muito menina, nem lembro direito...
Hein? Fiquei meio assim. A mulher não tinha voz de quem era “muito menina” no início dos anos 80, mas tudo bem. Quase virei o pescoço para conferir o semblante, mas me segurei. Adiante:
- Já o Erasmo é aquilo, todo mundo conhece, né. Tinha aquela música que eu adorava, como é mesmo o nome...? Aquela, aquela... que esse outro menino regravou ainda outro dia...
- Qual? – Ele quis saber (e eu também).
- Ah, sim! Gatinha Manhosa! Que aquele menino, o Léo Jaime, regravou há pouco.
E aí a verdade se revelou, implacável. Até porque, hoje em dia, ninguém chama o Léo Jaime de menino impunemente.
Esperança ou a falta dela
Há 3 anos
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