Querido diário
Eu não escrevo aqui há quatro dias – o que, para mim, compulsiva e exagerada, é quase uma eternidade. Posso fazer um momento “meu querido diário”? Licença.
Os últimos dias no Rio têm sido quentes, mas não aquele calorão insuportável do verão. Temos sol e temos vento; não chega a empatar, mas o segundo refresca o que o primeiro abafa, e vai-se agüentando firme por aqui. As noites têm sido frescas e ideais para um chopinho a céu aberto.
Domingo, Erica e eu fomos ao teatro. Abalou Bangu, com André Valli (o eterno Visconde de Sabugosa, do Sítio do Pica-Pau Amarelo, lembra?). Algumas boas tiradas e a excelente atuação dele valeram a ida. Nem mais, nem menos.
Depois rolou um chope no Rosa Shopping – bar Na Bôa -, com batatas fritas e tábua de carnes suficientes para dois. Éramos três. Nem menos.
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O último livro que li – devorei, aliás – foi As Mentiras que os Homens Contam, do Verissimo. E recomendo a todos, dos 8 aos 80, que Verissimo nunca é demais. Ponto, parágrafo.
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Ontem à noite eu fui à Zona Sul e voltei, lá pela 1h, com indigesta impressão de estar sendo escoltada pela Polícia. O policiamento em Ipanema foi reforçado no feriado - eu ouvia no rádio durante a ida -, por conta dos últimos acontecimentos (um vigia que tentou impedir um assalto levou bala às 3h da tarde, e o pessoal do morro Pavão-Pavãozinho andava em discórdia outra vez).
O que eu fiz foi me trancar no carro daqui até o Leblon, e deixá-lo com um manobrista numa rua relativamente movimentada – véspera de feriado -, para então me trancar com um amigo dentro de um restaurante e olhar a vida passar lá fora. Volta e meia o som ambiente era intercalado por umas sirenes, uns alarmes, nada incomum.
Na volta, como já disse, parecia escoltada. De tempos em tempos, reduzia para uma blitz, onde meia-dúzia de sujeitos bem armados me observavam com compreensível desconfiança. Durante o percurso, viaturas e mais viaturas se anunciavam pelo retrovisor, como lantejoulas vermelhas, até passarem por mim, gritantes e urgentes.
E a gente precisa continuar – a viver, a conviver, a trabalhar, a trafegar. Às vezes dá vontade de respirar bem fundo e fazer mais um: ponto, parágrafo. Antes de começar tudo outra vez – até porque não há outro jeito. Ponto.
Esperança ou a falta dela
Há 3 anos
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