01 março 2005

Saudade


Não essa saudade de longe, de um passado remoto, da infância, dos doces, das mãos macias da mãe na nossa testa conferindo a febre. Saudade de perto. Saudade só de rosto, saudade preto e branco e 3x4.

Saudade do que se viu no espelho do banheiro um dia desses - num desses dias que não sabem se vestir conforme a idade que têm: pernocas de fora, teimam em parecer eternamente ontem.

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Agarrou


Não sei de outros estados, mas o carioca diz uma coisa muito engraçadinha que é “agarrou” – para quando alguma coisa ficou presa, trancada, mesmo enguiçada em alguns casos. Então, diz-se:

- Ih! Cuida ali, que o portão ficou agarrado...
- Abre o vidro (do carro), que o cabelo dela agarrou na janela!
- Puxa com força, que essa porta é assim meio agarrada mesmo...

No RS, agarrar é muito mais usado em casos onde o sujeito é um elemento humano; ou, pelo menos, um ser vivente. Dois namorados se agarram. Vá lá, o cão agarra a cadela também. Mas, esse negócio de porta agarrar, primeira vez que vejo é aqui no Rio.

Minto. Minha avó (gaúcha) já dizia:

- Fulano era um baita vagabundo. Foi a mulher engravidar, ele garrô a trabalhar feito um cavalo!

Mas aí não é agarrou. É garrô. E tem o cavalo, né.

Enfim, regionalismos.

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