Papo no salão
Mãe da Gabriela (7 anos) contando:
- A Gabi inventa cada uma! Outro dia, voltávamos de Angra quando ela anunciou: “Mãe, temos que correr!” Tinha festa de um amiguinho, no play, dali a uma hora.
Chegamos em casa, ela numa euforia só. Tomou banho, enfeitou-se toda e saiu, mandando beijinhos no ar.
Lá pelas tantas, voltou, com uma sacolinha cheia de doces. Chapeuzinho, língua-de-sogra etc.
Dia seguinte, chega em casa o Vítor, irmão mais velho, contando: corria no prédio o boato de que a Gabi tinha sido expulsa da festa no play.
“Que história é essa, minha filha??”
“Mentira, mãe! Tudo mentira. Eu não fui expulsa, nada. A tia lá (mãe do aniversariante) uma hora olhou pra mim e disse que não me conhecia, o que é que eu tava fazendo lá, e tal. Eu falei a verdade. Quem me convidou foi o filho dela!!”
Detalhe crucial: o garoto fazia um ano.
“Gabriela!! Você entrou de penetra na festa, que coisa mais feia!! Que vergonha, minha filha, ser expulsa...”
“Já disse que não fui expulsa, mãe! A mulher só pediu para eu me retirar. Só que eu ainda tava com fome, daí enchi uma sacola com os docinhos e vim embora, foi isso. A festa tava meio chata, mesmo. Uma pirralhada, não tinha ninguém da minha idade. Mas o brigadeiro tava show...”
***
As outras mulheres no salão ficaram indignadas com a tal mãe do aniversariante, que coisa feia fazer isso com uma menina de sete anos, tadinha! Aí a mãe da Gabriela contou outra.
***
Um dia, fui levar a Gabi para brincar na piscina do prédio. Cheguei lá, e, como de costume, esparramei os brinquedos dela pela água. Foram chegando outras crianças, outros brinquedos – é sempre assim, acaba todo mundo partilhando, mistura tudo, depois cada um cata os seus e vai embora, né?
Pois bem. A Gabi, lá pelas tantas, brincava com a boneca de outra menina. Foi quando a mãe dessa menina chegou para mim e disse, com o maior jeito de antipática:
- Você poderia pedir à sua filha que devolvesse a boneca da MINHA filha, por favor?
Não tive dúvida.
- Pois não. Gabi, querida, devolve a boneca da sua amiguinha.
- Ah, mãe, mas ela me emprestou... (realmente, a amiguinha não estava nem aí para a boneca).
- Eu sei, filhinha, que ela te emprestou. Mas a mãe dela é sem educação, e não quer que você brinque com a boneca dela.
Falei bem alto, todo mundo viu. A mulher ficou a-zul.
Esperança ou a falta dela
Há 3 anos
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