28 abril 2006

Telas

Tinha lá um caminhão com um escrito enorme:

“Telas Santo Antônio. Há 20 anos cercando com qualidade.”

Tem a ver... Santo Antônio. Casamento. Cerca.
Hoho.

(Duas coisas a que não resisto: torta de limão e piadinha infame. Sorry.)


Ai, Jesus

Tem um cara (aquele) gritando na pracinha aqui em frente. Toda sexta-feira ele estaciona o seu carrão ali e fica pregando em nome de Jesus. Neste momento, está berrando:

EU VIM TRAZER CONFORTO A VOCÊS! CON-FOR-TO!!! EU SEI QUE VOCÊS TÊM MEDO NO CORAÇÃO, É POR ISSO QUE EU VENHO TRAZER CON-FOR-TO!!!

Tá, eu não tinha medo algum. Agora estou com medo é dele.


Coletar I

A lavanderia me mandou um e-mail com promoção, e termina assim: “coletamos e entregamos de graça”. Dá pra entender, mas, sinceramente, não consigo achar adequado esse verbo coletar. E estão usando muito. Todo mundo coleta e entrega em domicílio, cada vez mais.

O problema é que esse negócio de coletar me lembra exame de laboratório. Você sabe, cocô, etc. Não consigo deixar de associar.

Por que é que não usam “buscamos”, “apanhamos”, “retiramos”? Tem que coletar?

Não consigo imaginar a lavanderia coletando o meu edredom, não há jeito. Sou capaz de levar lá, só para não ter ninguém coletando aqui na minha casa. Ora, vão coletar noutras bandas!


Coletar II

Falar nisso: por que é que ninguém vem coletar (agora sim!) esse sujeito aí da praça, hein?

Eu pago, eu pago!!

26 abril 2006

Não há vagas não há vagas não há vagas


Agora, para renovar a carteira de habilitação, temos que fazer a tal prova de atualização do DETRAN. Cadê que eu consigo marcar a tal prova?

Simplesmente não há vagas. Nunca.

Eu disse nunca!


Perua

A perua é o único ser vivente que só sabe fazer uma cara: cara de perua.

Pois a perua (a madama, não o carro) estacionou na contramão, e na contramão quis sair daquela rua estreita como seu senso de civilidade. Eu vinha de uma avenida maior, dei o sinal e virei. Perua imóvel no meio da rua. Assim permaneceu. Parei também.

Fiz uma cara de paciente.

A perua fez cara de perua, e ali ficou.

Fiz outra cara, achei graça.

A perua fez a mesma cara outra vez.

Fiz ainda uma terceira cara – agora, irritada!

Perua não alterava o semblante, tampouco fazia menção de se mexer, manobrar, corrigir, dar meia volta, pedir desculpas, só agora eu vi a placa, foi péssimo, estou atrasada, meu marido me espera, sei lá, dar uma escusa qualquer, sorrir amarelo, levantar o polegar, nada.

Em vez disso, levantou uma só sobrancelha. E fez aquela cara de perua aguda com sobrancelha circunflexa.

Não sou de fazer isso, mas levei o dedo na buzina, e não adiantou foi nada. Tive, sim senhores, de me recolher à ingrata condição de reles integrante da classe média – aquela que sempre paga o pato, pois é isto que sou: nem tão moça, nem tão velha; nem tão rica, nem tão pobre; nem tão gorda, nem tão magra; nem tão feliz, nem tão triste; nem tão lá, nem tão cá, o que é que me resta? Recuar.

Recuei e pus minha bunda a perigo (digo: a bunda do meu carro, claro), empacada no meio de uma avenida movimentada, a esperar que a perua ruim de braço desembestasse e fosse levar sua falta de talento a passear noutras bandas. Ela e sua sobrancelha - que já era quase um Y.

Saiu, com aquela mesma cara de perua, e pude seguir meu destino em paz.

Perguntinha ilustrativa: qual era a 'marca' do cachorrinho dela?

21 abril 2006

Budapeste

É daqueles livros que você não lê rindo, mas sempre mantém uma curvinha nos lábios. Porque o texto flui com ironia e graça - e 90% da graça está na ameaça de rir, né? Adoro isso. Quando você pensa que vai, enfim, despencar no alívio de uma gargalhada sonora, ele dá o inesperado: põe lirismo no final do parágrafo, puxando lindamente o tapete do leitor. Leva-se um belo tombo - que é o primeiro passo do próximo vôo, e a gente embarca sem nem conferir o assento.

Salve Chico Buarque!


Contém GLÚTEN

Você viu essa do glúten?

O que é: uma proteína presente no trigo, aveia, centeio, cevada e malte.

O que causa: o excesso de glúten pode provocar (lá vai) gases, dores articulares, dores de cabeça e aumento no volume abdominal. Segundo especialistas, a substância forma uma espécie de “cola” que acaba estagnando as funções intestinais e minando o sistema imunológico. Daí vêm alergias de pele, artrites e doenças auto-imunes. Por dificultar a absorção normal de serotonina, pode acabar causando depressão. Como costuma vir aliado ao açúcar (que “rouba” o cálcio do organismo), aumenta o risco de osteoporose, ranger dos dentes, insônia, cáries e colesterol alto.

Como evitar: parece que o perigo maior está no abuso do trigo na alimentação. A sugestão é consumirmos, em vez dele, produtos derivados do aipim, milho, fubá e arroz. Além de, é claro, frutas e saladas.

Em sites destinados aos portadores da doença celíaca (intolerância ao glúten), é possível encontrar listas de produtos livres da substância.

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- Você viu essa onda anti-glúten? Sabia que faz tanto mal assim?
- Eu não. Vou tomar uma providência!
- Banir o glúten?
- Não. Esperar até que eles descubram que ele faz bem.

20 abril 2006

Chico

Esse Globo Online deu uma reformulada total e está muito chique. Veja lá um teaser da entrevista com o Chico Buarque, que eles fizeram para a Revista de Domingo e vai ao ar, no site, a partir de segunda-feira.


Sai da linha

Quebraram o sigilo telefônico da mansão do Lago Sul. Ui.


Dá em nada

Lá vem mais um depoimento com habeas – agora, do compadre do Lula. O sujeito pode não responder o que bem entender.

Já sabemos no que isso dá: em habeas com açúcar.

19 abril 2006

Dois de paus


Adoro caminhar na praia nessa época do ano. Sol mais ameno, cores mais vivas. Casais namorando. Poucos. E hoje eu vi dois salva-vidas, concentradíssimos.

Jogando cartas.

14 abril 2006

Papo de mãe


Minha mãe contando estórias. Patati, patatá, quando nós nos casamos, quando fomos morar em Pelotas, etc etc.

"Aí, quando vocês começaram a nascer..."

Somos só meu irmão e eu. Sente o drama: "quando vocês começaram a nascer". E ela logo se tocou, começou a rir.

"Sim! Sim! Porque era uma lou-cu-ra! Vocês nasciam, em seguida nasciam de novo, e outra vez, e iam nascendo, meu Deus, como vocês nasciam naquela época! Tinha que ver, minha filha."

Que pena, essa parte eu perdi.


Viciados em IBOPE

- Lembra, querido, aquele atum que eu comi no restaurante francês...
- Não era atum. Era salmão.
- Atum, lógico!
- Salmão! Lembro, porque eu até provei!
- Você está enganado. Salmão foi no japonês.
- Rá! Imagina se eu ia confundir francês com japonês. Me respeita!
- Sinto muito, mas era atum.
- Pensa bem...
- Não precisa. Estou vendo o atum na minha frente!
- Salmão!
- Atum! Atum! Atum!
- Salmãããããooo!

Silêncio.

- Olha. Tenho 49% de certeza que era atum.
- HA HA HA! 49% de certeza? Essa é boa! Significa que você tem 51% de dúvida! Então tem mais dúvida do que certeza! Ou seja: certeza nenhuma! HA HA!
- Não, senhor. É que, de tanto você falar em salmão, confesso que fiquei confusa. Mas continuo tendo mais certeza do atum. 49% de certeza. E somente 40% de dúvida.
- Ué! E os outros 11%???
- NÃO SOUBERAM OU NÃO QUISERAM OPINAR.

13 abril 2006

Jack Johnson

Aqui no Rio, está rolando uma gripe horrorosa que deixa todo mundo com muito sono e dor de cabeça. Maldade: estão chamando de “gripe Jack Johnson”...


Dona Micose, quem diria

- Alô, é da farmácia? Eu gostaria de pedir um esmalte, por favor. Chama-se XXX.
- Sim, senhora. São R$ 100,00.
- Hehe. Cem reais por um esmalte?
- É isso mesmo, senhora. É que é para micose.

Eeeeeu, hein? Dona Micose está com um prestígio filho da...! Quisera eu.

07 abril 2006

Beije!


Digitando rapidinho, escondida de mim mesma – não devia, tendinite na mão esquerda. Dói. Mas essa é muito boa...

Vizinho vende uma lista de coisas (deixou um papel aqui debaixo da minha porta).

Entre elas: “Vendo tapete. Pouco uso. Medidas xx X xx. Cor predominante: beije.”

Isso mesmo. Beije!

É o corretor ortográfico do Word, na certa, ajudando os não-praticantes da nossa língua escrita a praticar traquinagens literárias. Vizinho queria escrever “bege”, mas escreveu com jota. "Beje"? Não dá outra: o corretor sugere “beije”.

E ele, na dúvida, beija mesmo.
Hihi.

05 abril 2006

Mais uma do cacet(inho)

Ainda vou escrever um livro – ou, pelo menos, um capítulo – sobre os micos que paguei na vida por causa do cacetinho. Você sabe: cacetinho é como nós, gaúchos, chamamos o pão francês.


CENA
Recreio dos Bandeirantes - Rio

Minha mãe e eu, cansadas, às 10h da noite, vamos ao supermercado. Começo a procurar a marca do pão de forma light que eu gosto, mas não encontro.

Minha mãe, paciente, espera. Olha para os lados. Distrai-se com os iogurtes.

- Tão caros...

Continuo procurando, e nada. Minha mãe - cuja paciência é ponto forte, mas não se pode querer milagre! – resolve ajudar. Lá dos iogurtes, enche os pulmões de ar e brada:

- FILHAAAAA!!! SE NÃO TEM A MARCA QUE TU GOSTAS, NÃO QUERES LEVAR UM CACETINHO???

Ecos no supermercado: “cacetinho... inho... inho...”

A filha aqui, em vez de se tocar logo da gafe cometida, reflete dois segundos e pondera (em voz bem alta, claro):

- POIS É... O PROBLEMA DO CACETINHO É QUE AMANHÃ ELE JÁ NÃO ESTARÁ TÃO BOM!

Um senhorzinho passa e estoura um riso breve, nervoso. Decerto pensou no triste envelhecimento do cacetinho.

“Desculpe, senhor. Não é nada pessoal. Muito pelo contrário. O seu, amanhã, é capaz de estar até...”

Melhor não dizer nada.

04 abril 2006

Sesta

Dia lindo, café, jornal, almoço em família, risadas, planos, supermercado, contas, word, google, pilates, caminhada na praia, banho, word, google, correspondência, word, google, google, telefone, word, word, google, google, jornal nacional, crise, eleições, blogs, google, google, google.

Se não existisse o google, daria tempo até... sei lá, de fazer a sesta!