Balcão de padaria
- Eu queria um pedaço desse queijo Minas aqui, ó. Ele é novinho?
O rapaz me olhava, mudo. Tentei de outra forma.
- É velho?
Mudo.
- O queijo... é antigo?
Olhei fixo e fiquei esperando, parecia pegadinha. Ele me olhando, eu olhando a cara dele, e o queijo no meio de nós. Até que ele ressuscitou.
- Ó, dona, tem esse outro aqui que chegou hoje... Mas aí só posso vender o queijo inteiro.
Tudo bem que estou grávida, mas o queijo era para trigêmeos.
- É muito. Mas esse aqui, que está cortado, é de quando? Qual é a validade dele? – insisti.
- Deixa ver... É dia 21 de juio.
- Hein?
- 21 de juio.
- Junho ou julho?
- Ju-iô! (Decerto pensando: mulher surda!).
- Querido, então já está vencido, é isso?
- Não, senhora. Ainda vai vencer. Dia 21 deste mês.
Levei o queijo. Venceu-me o balconista, de lavada.
Azuis desmaiados
Há 4 anos
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