05 fevereiro 2007

Maldades de última hora


É desesperador, descobri agora que estou no nono mês de gravidez e ainda não cometi maldades o suficiente para abusar do direito. Grávidas podem tudo! Isso deve significar que entramos no caixa preferencial do perdão, ou seja, temos créditos para pisar na bola à vontade e não dar em nada. Passe livre, meus amores. Lá vou eu, pulando a roleta.

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Gente muito feia devia ser proibida de fazer careta. Não é por mal, não. É que gera uma expectativa (no outro) difícil de ser atendida. Quando se desfaz a careta, o quadro seguinte é tão quanto ou pior, se é que me entendem. Quem olha fica meio sem chão, judiaria.

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O mesmo ocorre com o burro que diz tolices “de propósito”. Ora, se o idiota é mesmo naturalmente freguês da imbecilidade – todos são -, não fica bem sair dizendo asneira por esporte, sob pena de confundir o interlocutor.

Será que agora ele está dizendo isso porque pensa isso mesmo ou é para fazer graça?

E, pior ainda, fica-se esperando que o coitado vá se redimir logo adiante, pelo amor de Cristo, dizendo alguma coisa melhorzinha. Só que, a exemplo da pessoa feia desfazendo a careta, também o burro não sairá com frase alguma meramente compatível com a inteligência média. Aí, o azarado que topou a conversa pode até se arrepender, mas será tarde demais.

Geralmente, o burro metido a engraçado não sabe ser breve – e, por ser burro legítimo e militante, jamais aprenderá.

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Ainda sobre o burro. Toda pessoa curta de pensamento, ao contrário do ladrão, retorna freqüentemente ao local do crime, por motivos óbvios: conhece três ou quatro caminhos, todos infrutíferos, mas julga saber tirar leite de pedra.

Funciona assim: o burro diz uma sandice (crime), e o povo gentilmente disfarça, mas o desgraçado não sabe silenciar e aproveitar a boa oportunidade. Dá voltas e depois cai em redundância, fazendo ecoar sua bobagem pelo resto do dia ou da noite como um refrão desafinado.

Pior, freqüentemente se envaidece do dito e nem sequer disfarça a autoria.

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O que fazem alguns homens com seus corpos é algo digno de intervenção judicial. Dizem que são as mulheres as maiores vítimas da obsessão pela estética, mas há homens que malham exageradamente e saem por aí inflados - braçudos, pernudos, peitudos e até bochechudos -, dando impressão de que basta um espetar de guarda-chuva no pescoço deles e se ouvirá um “PUFFFFF!!!!” (esvaziamento instantâneo capaz de nos levar à calvície só pela ventania).

Não dá, francamente. Esses meninos (de 15 a 65 anos) estão perdendo um pouco a noção do ridículo. Outro dia eu vi um moço no shopping que andava feito João-Bobo, pendendo para um lado e outro, pois o rapaz tinha os braços em meia-lua em relação ao corpo e formava uma bolota ambulante que dava gosto...

Gosto por fugir dali o quanto antes (não sabia quando ia tropeçar e sair quicando, daí a atropelar os outros é um pulo e um prejuízo).

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Para não falar naquela coisa da orelha, valha-me Deus.

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Bom, por hoje chega de maldades. Vou ali me sentar numa nuvem e tocar harpa, amanhã vai ver que volto absolvida e restaurada.

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