15 julho 2009

Pessoas que dizem então

A pessoa senta na sua frente pela primeira vez na vida, olha para os dois (ou três) lados, bufa, pigarreia, mostra-se ocupada com alguma coisa anterior a você e insinua uma preocupação com alguma outra coisa, que virá a seguir. Ao deixar bem claro, através de gestos, que você é tão-somente um intervalo entre duas ocupações das tantas que ela tem na vida, inicia finalmente a conversa:

- Então.

Pessoas que dizem “então” no início do assunto são tão atarefadas que resolvem, de antemão, poupar a gente dos começos e dos meios, indo direto aos finais sem cerimônia. Cerimônia é para desocupados, pensam. O “então” é a inserção do contexto à força, ou como se diz: na marretada. Então.

Por outro lado, até que é bom. Quer dizer que o sujeito esteve lá, em um grande evento de comunicação interna com os seus próprios miolos, tecendo introduções que não me interessam acerca de temas inúteis para o rendimento da nossa conversa. Nada mais justo que ele me libere dessa, e me dê esses cinco minutinhos para um telefonema, um café, retocar o batom. E parta diretamente para a conclusão – que me inclui, por incrível que pareça! -, após disparar a senha: então.

A partir do então, sei que estou dentro. Afino os pensamentos e me preparo para o grande desenrolar do assunto em questão. Livro-me das amarras internas e dos meus pormenores subjetivos, afinal, é minha chance de compartilhar, integrar a vida daquele sujeito (ou sujeita) estafado, cheio de olheiras e com as bolsas palpebrais estofadas de tanta importância. Quanto privilégio. Não tenho a menor ideia do que virá, mas já sei que me serve.

- Então. É o seguinte.

Meu Deus, era o seguinte! Jamais imaginei que, depois do então, viesse o seguinte. Desculpe, honestamente. É que eu não trabalho com o seguinte. Jamais.

- Peraí, mas eu nem comecei...!

Para mim é o que basta. Veja bem, se vamos nos comunicar em poucas palavras eu preciso gostar de TODAS ELAS. Passa táxi aqui perto?

8 comentários:

anlene gomes disse...

Então... cheguei aqui imediatament após o pio. bj!

Eliana disse...

Chamam-se palavras ou expressões de apoio: a pessoa vai falando isso lentamente, enquanto pensa no que, de verdade, quer dizer, e estrutura mentalmente as frases. Há pessoas assim, que só pegam no tranco. Fazer o quê? HÁ QUE SE TER PACIÊNCIA - ô guriazinha afobada, tu!
beijinho

bibi disse...

Professora Eliana (que vem a ser minha mãe),
as críticas eu aceito por telefone ou via e-mail; já pensou se a moda pega e as mães começam a cutucar as filhas, afobadas ou não, em público? Em seus próprios blogs? É o que falta. É o seguinte. Então.
Leve um casaquinho!
Beijos da filha afobada e malcriada, hoho.

anlene gomes disse...

Então, só vai ficar no Twitter and shout?

Anônimo disse...

Bom, quem eu acho por essas bandas da web. Um amigo do amigo me indicou seu blog. Faz muito tempo que não falamos. Mas é bom saber que andas por aí.

Um abraço e Sucesso Marcelo Póvoas

bibi disse...

Oi, Marcelo! Caramba, ponha tempão nisso! Que máximo te ver por aqui, espero que volte mais vezes.
Um grande beijo.

bibi disse...

Anlene, pois é, eu soube que o Twitter anda "matando" muitos blogs por aí. Pudera, é tão mais prático ficar nos 140caracteres...
mas eu vou "me puxar" aqui de volta!
Beijos.

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e