INDO EMBORA
Estou me despedindo do solo, do fixo e do colo. Cansei da vida aflita, vida falida, falecida vida. Eu vou sem pés, sem nós; eu e eu, a sós. Vou rumo ao infinito, sem medidas, e parto normal: sempre ganho é no grito.
Deixo para trás os significados; levo só os símbolos, e bolo outras versões. Se escapar um verso, a solução está no ar. Se o cérebro parar, vou flutuar, ar. Se o coração inventar de não bater, escrevo um compasso diferente e engulo tudo.
Bate outra vez.
Estou indo embora, olha o vento. Não quero abraçar as estrelas, quero pairar com elas no espaço. Certas vidas perecem, viram adubo.
A vida ensina sem ser didática, e a dor não conhece matemática. Não tem muito segredo, a gente ganha é no grito.
Tudo aqui é muito alto; o amor é alto, a alegria é uma gritaria. Cansei de me fingir de surda-muda. Se o negócio é brulho, não falto.
Estou indo embora, pulando fora e caindo em mim.
Esperança ou a falta dela
Há 3 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário