Registro
Chove ainda. Tempinho propício para cama, café, livros, edredom, pãozinho quente, letras e músicas...
No entanto, há a vida. A torneira do tanque deu de ter incontinência urinária – do nada. Mas o porteiro me resolveu o problema em minutos. Foi lá e comprou a pecinha, trocou, e ainda deu um polimento na danada.
- Tá nova, olhaí! – gabou-se.
Antes disso, contudo, demorei meia hora para achar o tal registro. De quatro, procurava e praguejava: quem foi o ¨$&@#$ que escondeu essa ¨#!@& desse registro, ô &$*@# !!!
Desisti. Eu nem queria mesmo (me dizia). E ia deixar a água correndo, quando me levantei e resolvi olhar para cima, tipo “Deus, me ajude!”. E Ele ajudou. O registro estava um pouco acima da linha dos meus olhos.
Fosse um bicho, me mordia.
É muito bom você sorrir amarelo quando paga um mico desses e não tem ninguém assistindo. Hoho.
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Cara-de-pau
Na aula de Pilates, tinha uma moça que se achava engraçada, e por isso se permitia falar sem parar e desconcentrar todo mundo. Andava de um lado a outro, entre os exercícios. Ia à sala da secretária, voltava, ia de novo, pegava uma bala, abria, chupava, comentava, ria alto. Ah, e tinha um sotaque espanhol muito forte. (Tô dizendo nada, não. Só para ilustrar melhor).
Sabe essas pessoas que acham engraçado se comportar como crianças? Ave Maria.
Claro que eu era a única aluna que estava quietinha no meu canto, fazendo questão de não sorrir para a moça quando ela fazia uma (sem)gracinha qualquer. Claro que eu ignorava. E é claro que, por eu ser a única a ignorá-la, ela se apaixonou logo por mim.
Ficava perguntando para as professoras como era o meu nome, de onde eu vinha, o que fazia etc. Elogiou o meu cabelo. E a minha pele. Só para ver se eu me dirigia a ela e fazia amizade.
Fiquei muda, fantasiada de pufe. Todo mundo estranhando, porque a moça só faltava pedir para eu falar com ela.
Aqui, ó. Não falo. Nem é comigo.
Eu adoro ser cara-de-pau com as pessoas que são cara-de-pau com as outras, e acham que ninguém vai ser com elas.
Esse é um dos meus maiores prazeres da vida.
Esperança ou a falta dela
Há 3 anos
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