Feliz Ano Eleitoral
Graças a Deus, é ano eleitoral. Não sei se você também notou, mas o país não parou – como de praxe – entre o Natal e o carnaval. Seguimos direto.
As praças estão floridas, as ruas estão quase limpas, o trânsito está fluindo. A não ser quando chove, claro (também, já seria pedir demais!). De minha parte, entrei no clima. Estou, como se diz, correndo atrás do prejuízo. Mas não fica muito bem falar em prejuízo nesses tempos de campanha (ops!) – então, abafa aí.
E vamos ao que interessa, que o resto é mera perseguição da imprensa. Me prometo crescimento econômico, melhoria na habitação, mais recursos para educação e cultura. Vou baixar umas medidas, aprovar uns orçamentos, liberar verbas.
Vou reduzir os juros; mas, primeiro, vou aumentar as juras.
Todo mundo vai ver como eu sei jurar bonito e eterno. Juro, não nego, pago quando puder. Jurar não é de graça? Então, dá licença. Não estou roubando, não estou matando. Estou só jurando, me deixa aqui no meu cantinho.
Juro que esse ano enriqueço, juro que me compro um carrão zero, juro que me meto num daqueles tubos de estética e só saio de lá com o corpão da Ivete Sangalo. Juro que leio os clássicos duas vezes, juro que viajo meio mundo, aprendo cinco línguas, escrevo para dez jornais, publico três livros, lanço um disco só de sucessos, faço uma turnê pelo país de modo a não saber mais, de manhã cedo, em que lado da cama está o abajur.
Aliás, melhor jurando: juro não me acordar – e não me acordarem - de manhã cedo!
Juro de morte minha preguiça, minhas desculpas esfarrapadas para não aparar antigas arestas – que, de velhas, já se arredondam e me confundem o tato para detectá-las. Juro de vida minha astúcia, minha persistência, minha coragem.
Juro, na maior cara-de-pau, e juro mesmo; é ano eleitoral. É bom para brincar de Mulher Maravilha, faz um bem danado para o ego. Jurar em público é divertidíssimo!
Se eu fosse você, aproveitava e jurava também. Na pior das hipóteses, o material servirá à oposição no futuro.
Que belo exercício da democracia!!!
Esperança ou a falta dela
Há 3 anos
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