03 julho 2002

CARTA AO PRESIDENTE

Leiam, leiam, leiam a coluna do Mario Prata, de hoje, no Estadão - http://www.estado.estadao.com.br/colunistas/prata.html
Vale a pena.


NÃO ME OFEREÇAM TORTA DE REQUEIJÃO

Deve ter sido o pecado da gula. Eu não estava com fome, mas adoro aquela torta de requeijão do mercadinho que fica aqui perto.

Fui fazer umas coisas no centro, e, na volta, parei ali. Comprei um pedaço generoso da torta, e saí, empolgada, com o pacotinho na mão.

Tão empolgada, que me estabaquei no chão. Na saída do mercadinho, há uma escada de concreto. Não sei quem tirou o último degrau da minha frente, só sei que eu fui com tudo, e, quando dei por mim, estava de quatro no chão. Minha calça jeans ficou da última moda: com um rasgo imenso no joelho, toda esfarrapada.

A tal tortinha, amigos, acho que tomou RedBull - porque criou asas, imagino, e se lançou ao meio do asfalto, esborrachando-se, despedaçada, numa queda cinematográfica. Pena que não disponho de um replay; seria de muito valor.

Quanto a mim, tratei de me recompor o quanto antes, dei aquela olhadinha básica para trás (ufa, ninguém viu), e saí assobiando "come as you are", do Nirvana, para condizer com meu novo visual grunge-detonado. Foi o que pude fazer.

Meu joelho parece um repolho roxo. Saia, não posso mais usar. Periga alguém querer colher o repolho e fazer uma salada com o meu joelho, imagina.

Mesmo de calça, a lesão fica evidente - estou renga da perna esquerda; pareço um ponto-e-vírgula, pisando firme com o pé direito (ponto), e meio duvidoso com o outro (vírgula). Minha estabilidade se esmigalhou junto com a torta de requeijão, e a credibilidade, que já não era muita, ficou no último degrau daquele concreto ordinário. Quem é que vai confiar num ponto-e-vírgula?

Repito, só pode ter sido o pecado da gula. Nunca me ofereçam torta de requeijão, por favor. Estou francamente arrependida de ter desejado aquele doce, sendo que mal havia acabado de almoçar - veja que abuso, só poderia acabar de joelhos, mesmo. Sim, foi a gula, disso não tenho dúvida.

Mas, em todo caso, peço também desculpas sinceras ao Wando. Antes que o forte santo desse safado, quando tão louco, me beije na boca e me derrube de novo no chão.