07 novembro 2006

Barriga X Ego

Barrashopping. Mulher classuda, 40 e poucos anos, passa por nós com as duas filhas – entre 8 e 10 anos – abraçadas. Uma das meninas, discretíssima, comenta:

- Olha ali outra grávida, mãe!
- Aham.
- De quantos meses ela está?

Ouço-a responder, muito convicta, depois de breve reflexão:

- Um mês.

???

Minha barriga se sentiu ofendidíssima, diminuída e tal, mas eu até que gostei. Tudo bem que a mulher é sem noção, porque UM MÊS de gravidez não dá nem sombra de barriga! Mesmo assim, foi ótimo para a parte do meu ego que não está gestante.

Além do mais, como diz o Millôr, não se deve contrariar a oftalmologia alheia.

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Tour

Não valho nada mesmo. Mal cheguei no Rio e já estou morrendo de vontade de passear de novo, mas já me prometi: nada de viagens até a Lara nascer. Muda muito a rotina. Come-se fora, faz-se pouco exercício, hooooras sentada (aeroportos, carros, longas esperas), a coluna reclama, o organismo bagunça todo, e já aprendi que gravidez requer muita disciplina. Como quase tudo nesta vida, aliás. Deus me sossegue aqui até fevereiro, portanto.

Depois que eu me recuperar do parto, ponho a Lara no bolso e - que venham as turnês! Do jeito que ela anda pulando dentro da minha barriga, disposição não há de faltar.

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Preferencial

Foi a nossa primeira vez. Resolvemos ir ao cinema, escolhemos a sessão e começamos a andar em ziguezague pelas intermináveis cordinhas organizadoras daquela fila homérica. Distraídos, mas irritados, dialogávamos economicamente: cada um entrava com um travessão e uma bufada. Só.

Até que ele, de súbito (eu adoro quando o homem tem um ataque súbito, confesso), puxou-me pela mão e saiu(ímos) pulando cordinhas até o primeiro guichê. Aquele. O do atendimento preferencial.

- Pois não, qual o filme?

Furamos a fila, numa boa. E ninguém questionou minha conduta, nem esboçou protesto, nada, nenhum pio.

Resultado: a partir de agora, estou me sentindo uma poderosa portadora de credenciais abdominais. Rá, metam-se a besta!