24 março 2009

Razão e felicidade

Um desses e-mails que circulam por aí dá pequenas dicas de como viver mais. Uma delas é “pensar positivamente”. “Pessoas otimistas podem viver até 12 anos mais que os pessimistas.”

Se isso é verdade, significa (ou “pode significar”) que os pessimistas morrem 12 anos antes. O que, por sua vez, “pode significar” que eles tinham toda a razão. Hoho.

O que você prefere? Ser feliz ou ter razão?

Pensemos bem. É que a razão dá um prazer danado, e ela se sustenta até na preguiça, na improdutividade e no tédio, se for preciso. Ter razão consola quando a gente nem tenta porque não ia dar certo mesmo, e adivinha?, realmente não deu. Então, a razão dá uma ninhada de filhotes cheios de ventosas que grudam e ficam repetindo: eu te disse, eu te disse, eu te disse!

Já a felicidade é escorregadia e dá um trabalho danado administrar. É bem melhor de viver, mas muito pior de "ir levando".

Se você não disser nada, a razão diz ela própria. É cheia de cem por centos, totalidades, coerências mil. A única coisa que a felicidade diz é sobre a pessoa que a experimenta - que, por mais feliz que seja, é feita de buracos e incompletudes que não sabem ligar lé com cré. Pensa que a felicidade liga?

Se você empacar, a razão buzina convictamente e joga luz alta nas suas certezas milenares. Já a felicidade passa, sorrateira e displicente, e vai morar em alguém que leve a alma para tomar sol de vez em quando.