02 novembro 2005

Gripe

Acho que estou gripada, mas não tenho certeza. Aliás, nunca tenho certeza da gripe, a não ser que ela esteja explodindo. Por isso, fico meio assim de tomar antigripais: estaria assumindo que estou com gripe. Tudo vai do psicológico.

Esses antigripais, a propósito, deixam a gente derrubada e imprestável. E eu prefiro ficar derrubada e imprestável na saúde, se é que me entende. Você não prestar para nada por opção é muito melhor do que não prestar para nada por falta de. O ócio é maravilhoso, mas a gente tem que poder puxar a cordinha e saltar na rua, se der na telha.

Eu gosto muito de enxergar a cordinha, nem que seja só para esnobá-la e continuar aboletada na poltrona. Dando tchauzinho pro vento.


Tato de terapeuta

E ela me tranqüilizou:

- Não, querida, claro que não. Nesse caso, você seria uma esquizofrênica completa. Mas posso te tranqüilizar: és apenas uma neurótica supercomum, desse tipo mais vagabundo que existe aos montes por aí.
- Desculpe, mas vagabunda é a senhora.
- Olha aí, não tô dizendo?


e-volução (por falar nisso)

Antes, tínhamos que guardar as coisas na cabeça. Hoje, guardamos tudo nos arquivos, e perdemos a cabeça quando eles dão pau – ou seja, toda hora.

Antes, éramos apenas neuróticos. Hoje, graças à tecnologia, temos fortes motivos.


Constrangedor

Eu estava caminhando e passou uma van cheia de estudantes. Um menino na janela fez BÚÚÚ!!!, e me deu o maior susto. Botei a língua para ele e fiz “nhéééé, seu retardado sem mãe!” (disse bem baixinho, claro).

Mas um sujeito vinha de bicicleta atrás de mim e viu/ouviu meu papelão. Afff! Pior coisa de falar sozinha é quando você está acompanhada e não sabe.