31 agosto 2003

Ninguém nem mais reclama que eu não escrevo aqui, o meu visitômetro não passa das 15 mil visitas há tempos, as pessoas não comentam, as autoridades não se manifestam, enfim: estou mal na foto.

Assim mesmo, vou fingir que não vejo que vocês não me vêem, e escrever uma ou duas coisinhas, só para não dizer que não falei das dores.

Imaginem que ganhei de presente da editora Globo - por ser assinante do jornal O Globo há não sei quantos anos, e sempre pagar direitinho - alguns meses grátis da revista... Quem. Ou seria Quem Acontece?

Agradeço pelo gesto carinhoso e desinteressado da editora, e ainda me lembro de uma frase que ouvia desde criancinha: “de cavalo dado, não se olha os dentes”. Mas, curiosa que sou, fui assim mesmo conferir a arcada dentária, ops!, literária do meu cavalinho gratuito. E ainda vou comentar aqui.

A última edição traz na capa o ator Thiago Lacerda - cujos dentes muito admiro, mas, sobretudo, o que há em volta -, a chupar um sorvete de baunilha: “Confissões de Thiago Lacerda. Galã fala de amor, drogas, sexo...”.

Não era mentira, mas também não era verdade. Sobre sexo, ele diz que a sua “primeira vez” não foi lá muito boa, pois é apenas uma descoberta. Sobre amor, diz que gosta muito da atual namorada. E, sobre drogas, diz que já experimentou maconha, mas não lhe “disse nada”. Ponto.

O outro destaque da capa é a atriz Lavínia Vlasak: “revela como mudou o corpo e o destino”.

Sabem como ela mudou o corpo? Malhando. Sobre o destino eu não encontrei nada além da seguinte afirmação: “a felicidade é um cavalo que tem rédeas e elas têm de estar na minha mão”.

No interior da revista, fotos de gente vestida para matar e para morrer, beldades badalando nas festas da “alta”, galãs sorrindo colgatemente, propagandas de cozinha planejada e algumas frases de (d)efeito.

É claro que não vou faltar com a minha habitual fineza, e desandar a falar mal de um presente recebido. E nem seria justo, uma vez que a publicação é bem feita, as páginas da revista são brilhosas, as fotos são bem feitas, os textos bem editados, enfim, tudo muito bonito e cheiroso.

Mas, que poderiam usar umas dez ou quinze páginas para as palavras cruzadas, lá isso poderiam. E o presente seria bem melhor aproveitado.

22 agosto 2003

A velocidade das coisas


Impressionante como o meu post (abaixo) sobre a novela já datou.
Mal virei as costas, e a Paloma Duarte pegou o Expedito.
Analógica

Estou aqui, decorando umas letras do Offspring para o próximo ensaio. Aliás, estamos dando uma renovada básica no repertório, e aceito sugestões. Para quem conhece a minha voz (continua a mesma, mas o meu cabelo... idem!), meio caminho andado. Para quem não conhece, imagine que a voz da Cássia Eller é um extremo, e a da Paula Toller é outro. A minha fica mais ou menos no meio.



Novela das oito

Com aquele negócio de bala perdida e gente agonizando no hospital, parei de acompanhar a novela. Muito “Plantão Médico” para o meu gosto.

Mas, agora que a Paloma Duarte está quase pegando o Expedito, a coisa começou a ficar interessante de novo. Coitadinho do rapaz, que já tinha cara de ovelha assustada, agora, então, está a própria visão do pânico. Mas bem que gosta. Esses são os piores.

Por sua vez, dona Suzana Vieira, a cinqüentona bem resolvida da trama, com aquele narizinho empinado e o mesmo semblante há três novelas seguidas, começa a cansar minha beleza. O discurso equilibrado e didático da experiente professora Lorena é tão insosso, mas tão insosso, que até o seu pupilo de cama, mesa e banho está preferindo o olhar de peixe morto da Paloma Duarte às incansáveis lições de vida da namorada docente. E vejam que dura escolha.


Abacaxizão

Pegamos um filme chamado “Assunto de Meninas”, cuja tradução do título é até otimista. “Lost and delirious”, o verdadeiro título, diz muito mais a que vem a obra. Segundo a sinopse, o filme fala de perda e amadurecimento. Meu irmão conclui, indignado:

- Fala, mesmo, de perda. De perda de tempo!

É a história de duas meninas que têm um caso dentro de um colégio interno. Diante do preconceito e da possibilidade de rejeição pelos próprios pais, uma delas resolve abandonar a outra, e ainda arruma um namorado, para desespero da ex-namorada.

Aquela que levou um pé na bunda assume, a partir daí, uma intimidade estranha com um falcão (sim, a ave) - o que quer representar toda uma identificação simbólica, mas, com texto e execução mal resolvidos, acaba oscilando entre o ridículo e o esforçado, mas não convence.

Para quem quiser perder o seu como eu já perdi o meu, o filme estréia este fim de semana nos cinemas. (Eu vi em DVD antes, porque já está nas locadoras há mais tempo).

21 agosto 2003

Canetas coloridas


Quando adolescente, escrevia muito, um tipo de texto reflexivo; ainda tenho alguns aqui num saquinho transparente. Sempre fui caprichosa, mas não no sentido de colorida. Pobre, mas limpinha. Em preto e branco. Azul, no máximo.

Tinha amigas coloridas, no colégio, e eu freqüentava suas agendas ilustradas com avidez de quem não tinha lá muito talento para as artes, digamos, plásticas. Mas admirava, e como!

Mariana tinha uma letra miúda e desenhada, corpo e rosto idem. Curvava o pescoço e punha a canhota sobre a mesa, aninhando o braço por cima da pauta como se fosse um gato enroscado em dia frio. Trocava de cor como quem troca de ídolo na adolescência, e ia tecendo aquele diário festivo, nada secreto, mas confessional como se fosse.

Depois eu ficava invejando, como a vida dela é colorida.

Um dia fomos comer sorvete na lanchonete de um supermercado, programa de cidade do interior, gostoso e inocente. Ela sempre me convidava, vamos comer um sundae, um sundae, um sundae.

Cada vez que ela dizia, vamos comer um sundae, eu via o colorido das bolas de sorvete e dos confeitos, da cereja e da cobertura, tudo isso saindo da boca da Mariana, como era bonito e intenso!

Chegou o dia, pedimos o tal sundae, que eu nunca tinha visto ou comido, mas achava chique o nome, sundae. Colocaram o sorvete em cima da mesa. Pronto. E não tinha a menor graça.

Era menos colorido que as canetas da Mariana, e menos caprichado que os desenhos dela, e menos intenso que as palavras dela, e menos saboroso que a descrição que ela fazia daquele troço gelado e insosso, afinal, nada mais que isso.

Ali eu descobri que minha amiga parecia muito mais feliz simplesmente porque andava armada, com canetas coloridas na cintura. Não era justo.

Então, comprei umas pra mim também.

16 agosto 2003

And the Oscar goes to...


Para mim, o destaque dos fatos da semana que passou vai para a galinha preta que atiraram na prefeita Marta Suplicy.

Aliás, minto: destaque mesmo vai para o ministro que saiu em “defesa” da prefeita e declarou, indignado, que atirar galinha em mulher seria o mesmo que atirar veado em homem.

Enquanto a imprensa fazia da frase do ministro um bordão preconceituoso e politicamente incorreto, eu me divertia ainda mais com o outro lado da gafe: o estudante que atirou a galinha preta não estava querendo chamar a prefeita de “galinha” – como, afinal, sugeriu o ministro. A metáfora era outra, e ficou clara no seu protesto auto-explicativo:

- Com essa prefeitura, só despacho mesmo!

Portanto, o ministro conseguiu, numa só frase, chamar a prefeita de galinha e xingar os gays. Não é maravilhoso?

Tenho verdadeiro fascínio por essas pérolas da saiajustice, onde o infeliz consegue reunir, numa só frase indevida, um conteúdo invejável de informações inconvenientes. Não contente, nosso herói ainda tem o talento de despejar sua preciosa obra justamente no momento mais desapropriado.

Pronto! Tem-se o famoso - “perdeu uma boa oportunidade de ficar quieto...”, mas aí já é tarde; o Oscar de melhor ator coadjuvante já é dele e ninguém tasca.

13 agosto 2003

Cupom fiscal


0,985kg banana prata – 1,95
1 coca cola light 600ml – 0,98
1 pão de soja light – 3,29
1 Nescau light – 5,93
1 creme dental Colgate – 2,03
1 seleta cenoura/beterraba – 2,89
1 bebida Ades maçã – 2,85
1 condicionador Elseve – 5,98
1 cera Bravo p/ ardósia – 6,25
1 amaciante Comfort – 4,89
1 desinfetante Pinho Sol – 1,79
1 lustra móveis Poliform – 2,35
1 lava louça Gel Care – 2,57
1 Omo multi ação – 5,49
2 pasta nova onda – 7,58
1 papel ex white A4 – 13,90

Total: R$ 70,72

Setenta reais, assim, num tapa.
Setenta. Pode fazer o cálculo aí.
É mole?

10 agosto 2003

Preguiça, 1


Estou com uma preguiça homérica de gente que não escuta. Gente que, quando você diz “estou com uma dúvida, não sei se compro uma bicicleta ou...”, a pessoa emenda:

- Menina, eu já tive essa mesma dúvida!
- Mas eu nem disse qual é a dúvida, eu estava dizendo, e você...
- Isso! Isso mesmo. Imagina que eu, há dois anos, não sabia se comprava uma moto – foi moto que você disse, né? – ou se ia passar uma semana no nordeste com o meu então namorado, o Guto, lembra que te contei do Guto, aquele que tinha mania de comer sorvete com batata frita?
- Sim, lembro, mas eu dizia da minha dúvida...
- Calma, que eu já chego lá!! Esse teu ascendente em escorpião te tira toda a paciência, hein? Tem que trabalhar isso...

Bom, antes de “chegar lá”, ela passa pelo norte, nordeste, e vem descendo, de ônibus, com paradas estratégicas e detalhadas nos mais variados talentos do Guto, incluindo os emocionais, os artísticos, os sexuais, os uis, os ais... enfim, tudo.

De saco cheio. De saco bem cheio!



Preguiça, 2


Chuva fina e insistente no Rio de Janeiro de agosto de sempre.
Estou com preguiça da rua, das filas, do trânsito, das calçadas, dos ônibus imundos e das vans apertadas, do barro nos sapatos, da pressa das pessoas, das sacolas de supermercado, dos taxistas mal educados, das esquinas mal projetadas, dos sinais caolhos, das placas tortas, das folhas mortas, dos espirros, e – sobretudo - das canções que me dão saudade dos outros, injusta e covardemente.



Preguiça, 3


Meu irmão, aboletado no sofá:

- Leva esses pratos e o doce-de-leite daqui, e me traz uma coca? E senta logo, senão te peço mais coisa.

(Nada como uma vida e/ou uma banda em comum para tornar as pessoas leais e solidárias).

08 agosto 2003

Buáááááááááá!

Filme: Um amor para recordar (A walk to remember).
Vejam!
(Do tipo teen-romântico-drama, bem como eu gosto...).


Caratê & cyber-coisas

Sonhei com o meu professor de caratê, que me dava aulas há uns 10 anos. Eu assistia a umas aulas dele, no sonho, e pedia que me indicasse uma escola legal aqui no Rio de Janeiro:

- Professor, estou totalmente perdida. Quero voltar a treinar, mas não acho uma escola decente lá perto do meu bairro no Rio. Por isso, vim até aqui. Para que o senhor me indicasse alguma academia.

E ele:

- Sim, vou te dar os contatos. Me dá teu número de ICQ, que eu te mando as melhores academias e os melhores professores.

Eu, com cara de tacho:

- Mas... ICQ? Então eu não precisaria ter vindo ao RS só para isso?

- Claro que não!

Moral da história: o sonho não acompanha os avanços tecnológicos.

Moral da história, II: estou pensando em como vou me virar, neste calor, para vestir um kimono e voltar a praticar caratê. Não se deve contrariar o subconsciente...

05 agosto 2003

Agradeço e repasso

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos elogios que aqui apareceram sobre o novo visual do meu blog. E, aproveitando que eu nada tenho com esta criação (a não ser a sugestão da cor), repasso os louros a quem de direito: Melissa Mattos, webmaster do site dos Engenheiros do Hawaii - tem um link ali do lado, confiram.



Sotaque

Eu ontem conheci um gaúcho que mora há 20 anos aqui no Rio de Janeiro, e ainda fala tchê e pila, ao que concluo: meu sotaque ainda tem, no mínimo, 15 anos de prazo de validade.
Ufa.



Falando nisso

Maldadezinha que rola na internet, mas eu vi numa coluna do Globo:

Sabe a diferença entre sonho e pesadelo?

Sonho: um churrasco numa praia do nordeste, feito por gaúchos, organizado por paulistas e animado por cariocas.
Pesadelo: um churrasco numa praia do RS, feito por nordestinos, organizado por cariocas e animado por paulistas.



Tema de novela

Coisa mais fofa aquela musiquinha “Vivir sin aire”, do Maná, que é tema do casal de lésbicas em Mulheres Apaixonadas... peguei as cifras, mas eu cantando não tem a mínima graça.

Há músicas que são como massagem: não tem graça fazer em você mesmo.



Falando nisso II

E, por falar em massagem, aquele vocalista do Maná... xá pra lá.

03 agosto 2003

Domingo com Nana, flores, Vó Maria e blog de roupa nova



Abri a porta de vidro que separa a minha sala com piso verde (ardósia) da minha varanda, e está entrando um ventinho abençoado. Estou ouvindo um CD de mantras do Tomaz Lima, que é uma delícia. Acabei de tomar um cappuccino quentinho, que é outra delícia.

As flores que ganhei de uma amiga, dessas que vêm plantadas num vasinho (as flores, não as amigas), estão se abrindo, cada vez mais bonitas. Não tenho o costume de ter flores em casa; estou completamente apatetada, maravilhada com o fato delas crescerem tão bonitas, assim, sem pedir nada em troca.

Tenho conversado muito com as flores, mas sempre com muito respeito, e – sobretudo – medo de que alguém me pegue num tricozinho básico com um vegetal. Por isso, trato-as ainda com uma formalidade talvez desnecessária, porque assim fico mais tranqüila: se alguém me flagrar, vai ver que não temos lá muita intimidade, o que pode aliviar a má impressão. Ou será que não?

Hoje vi uma coisa bonita na TV, e olha que é domingo, e olha que foi em canal aberto: aquela senhora, a Nana Caimmy, ela me emociona tanto! Estava lá, sentadinha, cantando aquelas canções lindas, com aquela voz linda e o olhar de quem vê alguma coisa que a gente não vê. Nunca a vi pessoalmente, mas tenho impressão de que deve ser muito bom deitar no colo dela, conforme eu fazia com minha avó.

Por falar em avó – por Deus, como eu me estendo! -, minha doce e divertida vó Maria me surpreendeu hoje, ao me telefonar “só para ouvir a minha voz”, mas acabou cantando uma musiquinha que eu cantava quando criança - que ela lembrara outro dia, por acaso. Não nos falávamos desde o início de janeiro, e ela me faz um interurbano desses, só para me alegrar, colorir e perfumar ainda mais este domingo.

Engraçado, depois eu vi a Nana Caimmy na TV, que sempre me lembrou a vó Maria – até porque as duas cantam lindamente.

Nossa, como estou emotiva hoje! Meu ascendente em câncer me prega essas peças, de tempos em tempos. Até que eu recoloque os cavalos na frente outra vez (sagitário), é essa confusão de ver flores nas pessoas e pessoas nas flores, etc.

Não bastasse isso, acordo e dou de cara com esse design novo do meu blog, que me deixou completamente apaixonada e agradecida. Mais um presente de amiga, mais uma flor de amiga, dessas que ser abrem num gesto generoso e desinteressado, sem pedir absolutamente nada em troca.

Não sei se fui clara, então vou explicar:

estou feliz.
Mudando de ASS - unto

(Vocês vão entender meu trocadilho bilíngüe assim que lerem o post abaixo - que aqui no blog os últimos serão os primeiros).

Quanto à imagem do meu blog, estamos mesmo em manutenção. Minha personal-web-designer - o termo é “ótimo”, admiro que ela ainda não me veio reclamar – está ali, tratando de recriar o lay out, e já volta. Aguardemos em branco e preto, portanto, como nos convém.


Rock’n roll na... bunda?



Capa do Segundo Caderno do Globo de hoje: “Meninas más destronam as ‘boy bands’”.

“Cantoras com atitude roqueira acabam com reinado dos grupos de rapazes dançantes”.

E uma foto da Christina Aguilera, literalmente com a bunda de fora, com a seguinte legenda: Christina Aguilera abusa da provocação e tenta se adaptar ao novo perfil do pop adolescente.

Desculpe o clichê, mas... fala sério, né?!

Atitude roqueira era a Cássia Eller, completamente fora de forma, mostrando o peito caído em pleno carnaval na Bahia (terra do ACM!). Terrível, esteticamente. Chocante, hilário, totalmente indecente; leia-se como quiser, não importa: foi a coisa mais divertida e significativa que aconteceu naquele carnaval de tchans malhados e refrões previsíveis.

A bundinha empinada da Aguilera, convenhamos, é puro glacê. Gostoso e (não duvido) até cheiroso, mas ainda um material glúteo – que, via de regra, todo mundo tem, e não há nada de artístico-cultural-simbólico-de-atitude nisso.

Logo abaixo, uma foto sensual da Kelly Key:

“Kelly Key surge como a anti-Sandy: mais para mulherão do que para menina casta”.

Cantando ADOLETA?

As coisas estão mesmo estranhas; e eu, a cada dia, entendo menos.