27 outubro 2006

Enxoval

Sabe quando vai caindo a ficha?

Chegando a hora de começar o enxoval da Lara. Vocês não têm noção. Ou vai ver que têm; eu é que não tenho a mínima.

Baixei listas e mais listas de sites especializados. Cada qual tem uns dez itens cujo nome da coisa me sugere logo a própria coisa, ou seja, soa algo familiar. O resto é mistério. Objetos dos quais nunca ouvi falar, tampouco palpito alguma finalidade. Meu Deus, pânico. Sem contar com os falsos cognatos.

Recomendam, por exemplo, que eu compre culotes. (!!!)

É para dar risada, né? Já que a celulite e as estrias vêm de graça, não custa nada a gente abrir a mão e... Francamente.

Quando começaram com essa coisa de culote, fui atrás de um glossário. E achei. Culote (atenção para o apelido: mijão) é calça comprida de bebê. Pode ser com pé ou sem pé.

E cueiro, você sabe? É para enrolar o bebê. Ops, mas isso não era manta? Sim, e manta tem lá também. Até agora, a diferença que encontrei é que a manta é mais... bonita. Mas tem de comprar de ambos. Vááários.

Outra figura fácil da lista: pinça. Minha filha nem nasceu ainda e já devo me preocupar com o seu buço???

Calma, mamãe. É pinça de plástico, para manusear mamadeira esterilizada...

Tem fralda de boca, fralda de ombro e fralda de mão (?). Além das descartáveis, claro.

Outro que achei curioso foi um tal de porta-bebê. Assim como porta-jóias, agora temos o porta-bebê. Dá uma estranha impressão de ser um recipiente qualquer onde se guarda o filho (ora, tivemos um dia estressante no trabalho!), e deve vir com tampa ornamentada em tons pastéis com dizeres do tipo “não perturbe”, ou ainda “cuidado com o bebê”, dependendo do gênio da criaturinha.

Ficará muito belo em cima da cômoda ou da penteadeira da mamãe.

25 outubro 2006

Cachorro reflexivo

Voltava da praia e vi uma mulher caminhando com seu cachorro. Fiquei olhando para o bicho. Parecia mesmo que pensava. O preço da ração, novo namorado da dona, colesterol, cadelinhas da vizinhança, segundo turno...

Cheguei, finalmente, à conclusão do que me atrai nos cachorros: não a raça, o pêlo, o design do fucinho, nada disso. Gosto é do cão que reflete.

Ou, se não reflete, finge muitíssimo bem.


Rótulo auto-explicativo

Acreditem, comprei um produto cujo rótulo ostentava a seguinte pérola: “CONSERVAR DE MODO ADEQUADO”.

Ah, tá.

18 outubro 2006

Ultrasom – 22 semanas

- É uma menina.

Estranhamente, eu não quis acreditar. Tem certeza? Checa bem esse negócio aí, alô, alô, tá funcionando o aparelhinho que mede? Olha, o senhor desculpe, mas eu já passei por isso antes, cheguei aqui e o bebê me apareceu sentado e...

- Estou dizendo, é uma menina.

Vai por mim, doutor, essas coisas às vezes enganam, estou calejada, imagine que minha primeira experiência deu segundo turno, Deus me livre de empatar um jogo desses, esse gelzinho é de boa qualidade? Gruda bem o, como chama isso, enfim, o scanner que você passa na minha barriga, está bem grudado? Digo, aderindo? Olha, a imagem na tela não está lá essas coisas, não. Quero dizer nada. Muito chuvisco. Tem risco de haver interferência com os bebês das outras?

- A sua filha é uma me-ni-na! Está muito claro, olha lá o sexo!!

Não havia Cristo que me fizesse engolir a ficha. Eu seria mãe de uma menina. Que alegria doce; um suspiro bem ensaiava, mas não me acontecia. Continuei tentando me certificar, e apertava a mão do pai cada vez mais forte, como quem pedia que me dissesse que era isso mesmo, soprasse no meu ouvido sem que o médico estivesse olhando: psiiiu, ele está falando sério!

A verdade é que só acreditei quando olhei para ele.

Dizem que as mulheres são mais sensíveis às formas não verbais de comunicação, um franzir de testa, um jeito, acento de sobrancelha. Na tela eram pedacinhos de pés, braços, boquinha, mão, ossos e feições confusas. Na voz do médico eram palavras.

Mas o pai fez lá um ar, e foi no lá e no ar que eu enxerguei inteira a minha Lara.

16 outubro 2006

Cadê?

Hoje me disseram que eu “já perdi a cintura”. Deus queira que eu a encontre de novo, algum dia (depois do carnaval, claro).

PS: Completei cinco meses de gravidez, cruuuzes, como passa rápido!


Argentina

Se você quer fazer uma viagem maravilhosa e barata, voe para Buenos Aires. Já. Sem preconceito, né? Afinal, se os argentinos têm um monte de defeitos, quem não os “temos”?

Falando sério, os preços lá são convidativos – sobretudo comida e transporte. Os táxis são velhos e poucos têm ar condicionado, mas a corrida sai quase de graça se compararmos com os preços daqui. Tem um transporte ainda mais barato e divertido: andar a pé! A cidade é linda, vale gastar as panturrilhas e depois repor as calorias em algum café daqueles bem tradicionais, cheios de delícias amanteigadas e açucaradas. Hummm.


Como resistir a (quase) tudo

Como gravidez é coisa séria, controlei-me diante das barbaridades calóricas portenhas. Não foi fácil recusar as medialunas (espécie de croissant em forma de meia-lua, doce ou salgada, sempre um escândalo) e as empanadas (pastel de forno) tradicionais. Provei uma de cada, e só. À noite, ficava só na saladinha. Claro, vários lanches com barrinhas de cereal para segurar a onda. Graças a Deus, não como carne vermelha mesmo – seria uma tentação atrás da outra!

Todo esse esforço é porque - já percebi - ganhar peso na gravidez é muito fácil. E, dizem, perder depois é difícil demais.

Quando não se está “embaraçada”, se você quiser enfiar o pé na jaca hoje, pode perfeitamente compensar malhando três horas amanhã, ou ficando só no suquinho com salada o dia todo. Esperando um filhote, no entanto, não me arrisco nessas imprudências. Se enfiar o pé na jaca agora, engulo a jaca. E a jaca conta pontos na balança. Gravidez é ao vivo e não tem ensaio.


O bebê mexeu – e abriu para o público

Não sei se ele quis fazer uma exibição futebolística em terras argentinas, para estimular a rivalidade, mas o fato é que o bebê mexeu em plena Buenos Aires. Claro que eu já vinha sentindo antes, havia algumas semanas, mas não sabia que o evento seria aberto ao público tão cedo!

Estávamos no apartamento, descansando e batendo papo. Volta e meia falávamos nele – nosso principal assunto, disparado! -, o pai com a mão na minha barriga, mas sem nenhuma intenção de estimular resposta.

Será que é menino ou menina?

Como será a carinha dele ou dela?

Enfim, esses assuntos bobos de pai e mãe. Dali a pouco, sem esperar o som do apito, a criaturinha bate: tum!

O pai deu um pulo:

- Mexeu!!!
- Jura que dá para sentir daí?? – Levei um susto.
- Claro que dá! Olha, de novo! E de novo! Chutou! Chutou!!!

Agora sim, virou um evento interessante. Não podem mais dizer que estou inventando. Ou que é pum.

14 outubro 2006

De volta

Mil perdões. A grávida aqui esteve ausente nos últimos 10 dias por conta de viagens. Não consegui acesso à internet e tempo suficiente para postar durante, mas prometo que, assim que desfizer as malas, volto com novidades.

PS: adorando os diálogos de vocês, Tácio e Batz!
:o)

04 outubro 2006

Gravidez em camadas – da primeira metade


Ninguém comenta nada a respeito, mas a verdade é que a gente fica grávida em camadas. Por etapas, quero dizer. Fui me dar conta agorinha.

Primeiro tem aquela camada que, você sabe, é a melhor de todas. Não vou me ater aos detalhes porque fica feio; sou quase uma mãe de família. (Ocorreu-me agora: semi-mãe?).

Segundo, a fase em que não vem aquilo que deveria vir mensalmente. Sustinho. Apreensão? Torcida? Cada caso é um caso.

Enfim, o exame positivo, que é a resposta para os seus problemas – ou o início deles, ou uma mistura de tudo isso e mais uma pá de emoções diversas, a granel, a gosto da freguesa. O choro é cortesia da casa. Chora-se um bocado, cruzes.

Uma vez consumado o fato (quase disse o feto!), começa o período enjoado. No meu caso, até que foi leve. Não tinha vontade de ver ninguém, disposição zero, comida embolava todinha no estômago; num dia odiava café, noutro adorava – um samba do crioulo doido. Mas tem gente que vomita!

Próxima camada: com a náusea vencida, volta-se a ter gosto pela vida. E tudo fica muito divertido, porque vão achar que você é extremamente magra, basta dizer a senha:

- Estou grávida!

Gravidez é sinônimo de formas redondas, mas o bacana é que a cintura demora a fugir sobre as calças. Vão dizer:

- Nossa, você está ótima!
- Nãããão creiooooo!
- Mas então você engravidou on-tem!!!

E tudo isso é muito agradável enquanto dura.

Até que vem a fase atual (no meu caso); aquela em que você, de tão mal acostumada que está, custa a acreditar que as pessoas já estão acreditando que você está grávida. Ora, nem você acreditou direto ainda! Em vez da surpresa, o silêncio.

- Estou grávida!
- ...
- Grávida! Eu disse que estou grávida!!
- Ãh-hãm.

A senha antiga já não faz efeito algum. Ninguém vai dizer “UAAAU!”, “nem parece!”, “juuuuura”? É um baque, requer preparo.

Bom, só posso falar da primeira metade. Por enquanto, estou recém passando para a segunda (4 meses e meio). Ainda há dias em que não me acordo tão grávida. Noutros, gravidíssima. Varia legal.

02 outubro 2006

Deu segundo turno. Vou dormir feliz.