06 junho 2006

TPósM


Uma amiga nossa, que entrou na menopausa há poucos anos, garante que ainda sofre de TPM. Mas diz isso assim: com certo orgulho.

- Não pode!
- Ah, posso, sim! Disso não abro mão!! Quero ver quem vai me tirar esse direito!

Uma vez por mês, portanto, descarrega seus nervos em quem passar por perto – pondo a culpa no falecido ciclo.

- E cólica? Ainda tem?

Ao que ela retruca, com típica delicadeza TPMística:

- CÓLICA? TÁ ME ACHANDO COM CARA DE TROUXA???

Ops. Melhor esperar passar...


Atirei o pau no pobrezinho do gato


Essa onda politicamente correta é um pé no saco, com perdão do saco – além de nos prestar desserviços, muitas vezes. Outro dia estava vendo na TV uma reportagem sobre as versões politicamente corretas das canções infantis.

Muitas creches adotam as mudanças, alegando que os pais reclamam. Não duvido. Na verdade, todos sabem (ou deveriam saber) que os elementos agressivos, assustadores ou “cruéis” presentes nas letras das canções infantis estão ali para cumprir funções específicas: ajudam os pimpolhos a entender as adversidades da vida, ou lidar com as emoções complexas (medo, raiva...) a partir de conceitos que lhes são familiares.

Aí vêm os bonzinhos do mundo nos dizer que atirar o pau no gato é uma violência, e não pode. Quando, na verdade, a própria criança não entende assim.

Eu pergunto: onde está, então, a violência?

Deus que me perdoe (Ele é bonzinho, há de perdoar), mas esses pais bonzinhos de mentalidade estreita podem ser os mesmos que vão invadir a Câmara dos Deputados a pontapés e paus – em nome das causas boazinhas.

A gente tem que ter um cuidado imenso com essas pessoas que parecem guardar o “bem” nos bolsos das calças - porque o bem deixa de ser bem assim que ameaça pertencer.