18 dezembro 2006

Campeões do mundo, fazer o quê?

Sou gremista, embora meu blog seja vermelho. Desde que o Internacional venceu o bendito jogo contra o Barcelona, não tenho tido sossego. Em pleno Flamengo (o bairro), desço para dar uma caminhada e dou de cara com um sujeito vestido de colorado dos pés à cabeça. Mas não estou no Rio de Janeiro??? Faço o sinal da cruz e sigo.

Os jornais entram por baixo da porta com a festança colorada estampada nas primeiras páginas. Bufo, tomo um gole de água-de-coco e vou ler sobre outras partidas.

Meu irmão manda torpedos provocativos pelo celular ameaçando transformar minha filha numa torcedora do Inter, “o número 1 do Rio Grande”. Relevo.

Não bastasse, ele aproveitou minha ausência para decorar o apartamento com bandeiras vermelhas improvisadas (camisetas, toalhas, fronhas, lençóis, lenços etc). A área de trabalho do computador virou um quadro de mau gosto – nem preciso dizer com que figura. Quando entrei no meu quarto, que surpresa: meu abajur havia sido transformado em Chapeuzinho Vermelho.

Mas uma mulher grávida não deve se estressar. Por isso, vou encarar essa m* toda com bom humor e fazer de conta que são motivos natalinos... Ho ho ho.

***

Transporte coletivo

Todo ano, perto do Natal, venho aqui e escrevo que estive no Barrashopping e ele estava lotado. Está ficando meio chato dizer sempre a mesma coisa.

Então, esse ano vou dizer diferente: estive no Barrashopping hoje, grávida de sete meses, e EU estava lotada.

Minha filha pesa quase 1.5kg e mede 41cm.

“Não é um bebê grande”, disse o médico.

“Ah, claro que não. A propósito, quantos o senhor já carregou nessa sua flácida barriguinha?”, tenho ganas de questioná-lo.

Não importa se minha filha é grande ou miúda. Nunca houve alguém maior que ela dentro do meu ventre, e isso é suficiente para eu me perceber incrivelmente esticada, pesada e até um pouco empinada para frente. Se hoje sou uma van em horário de rush, amanhã serei um microônibus, e assim por diante. E a pobrezinha vai de classe econômica mesmo.

O fato de não haver mais leito executivo me faz sentir, de certa forma, negociando espaço com ela. Na hora de dormir, por exemplo. Minha filha, o negócio é o seguinte, a mamãe vai virar para cá, mas você promete não fazer aquele treme-treme infinito da noite passada, ok? Olha, ponho até um travesseiro para apoiar a barriga, veja que macio, é feito de penas, e...

- TUM! TUM! TUM!

Ela protesta veementemente, nem quer saber das minhas penas.

Filha, filhota, filhotinha, não foi isso que nós combinamos. (Eu saio com pérolas dessa espécie, como se a criatura já fosse vítima da minha ladainha desde os tempos da concepção... ah, Cristo, ela terá tanto tempo para isso – me ouvir, ouvir, ouvir! A coitadinha.).

Em tempo: o Barrashopping estava lo-ta-do! Você sabe se eles deixam entrar cegonha?