18 outubro 2002

PEPEU E EU NA BARRA – eu também quero beijar!



Ninguém quis ir comigo ao show do Pepeu Gomes, ontem. Num rompante de mulher moderna e independente, tomei meu moderno banho, enfiei minha moderna roupa, peguei meu Bibimóvel e rumei para a Barra. Eu vou só.

O show estava marcado para as 21:30, num bar/restaurante chamado República Gourmet – já muito freqüentei, toquei, etc. Chego lá antes das 21h, e consigo vaga bem em frente. Mal termino de estacionar, o flanela dá um grito. Puxo o freio de mão, e pergunto: desculpe, o que disse?

- Eu só mandei a senhora não ir mais pra frente, que senão ia arrebentar a frente do carro na mureta!!! – Ele me responde, num mau-humor absurdo, ainda gritando, como quem me xinga por, talvez, querer bater meu próprio carro num muro (?).

- Ah, muito obrigada, mas não se preocupe, que eu sei o que estou fazendo.

- Mas ficou DOIS DEDOS da mureta!! – Ele rebate, mostrando a distância com os dedos.

- Eu sei, meu anjo. Problema seria se tivesse ficado dois dedos para dentro da mureta, não acha?

Ele se complicou para responder, acho que não entendeu. Entrei no bar.

Pepeu e banda só começaram depois das 23h – o que achei um desrespeito, mas tudo bem. Perdoado estava o novo baiano, que já começava cantando “eu também quero beijar”, com a boca imensa, o cabelo preso, a língua presa, e o charme solto que só.

(Aqui vai um parêntese: às moças que acham o Pepeu Gomes feio que é um raio, já vou logo admitindo que não sou exatamente conhecida pelo meu bom gosto estético, o que é uma pena, mas nada posso fazer. Acho o Pepeu mais bonito, autêntico, swingado, sexy e irreverentemente mais interessante do que o aguado e azulado Mel Gibson, por exemplo).

Atributos físicos à parte, musicalmente o garoto-cinqüentão também agrada, e muito. Também por “eu só quero você e mais nada” (falsete preciso e um pouco estridente no “e mais nada”, como lhe convém), mas, sobretudo, pelas seis cordas muito bem tocadas - com elegância e segurança de quem sabe o que está fazendo.

O que me chama atenção no instrumental bem entrosado da banda é a brasilidade muito bem casada com o “peso” quase “duro” (no sentido de forte) – aquele que é facilmente perceptível nas boas bandas de rock’n roll, por exemplo. Pepeu é roqueiro com swing, consegue ser HARD e BALANÇO ao mesmo tempo. Empolga e impressiona.

Toca choro com guitarra distorcida e faz convenções inusitadas, sempre com muito bom senso, e sem rompantes exagerados. Tudo como manda o figurino, eu diria.

O final ficou aquela coisa meio “sai do chão, galera”, apelando para a manjadinha “ora bolas, não me amole com esse papo de emprego” – particularmente, acho desnecessária e fracote das pernas, mas o povo gosta e aprova, levantando e dançando ao redor das mesas. Aplaudo também. (Quem sou eu?)

Os destaques do público foram mesmo as três filhas do Pepeu – as meninas têm um grupo de dança que canta, ou um grupo de canto que dança, não sei bem, vocês lembram? É algo como KLB, mas com as letras delas. Cada qual com a carinha da Baby, mas a cor do cabelo é o que diferencia. Todos fluorescentes, mas cada qual num tom... fluorescente.

E o pessoal do FAMA (não sei qual versão do programa, mas havia um bocado deles) também estava numa das mesas da frente.

P.S.: Ah, sim. Minha mãe, no primeiro dia em que passeava aqui pelo Barrashopping, deu de cara com o Pepeu Gomes e exclamou: NOSSA! Que cara parecido com o Pepeu Gomes!!

“Mãe, este É o Pepeu Gomes”.

“Credo, minha filha, mas como está FEIO !!!”

Logo, não tenho por quem puxar.