25 setembro 2002

É no silêncio da madrugada que a paixão esquece os perigos, que a razão perde os trilhos e a loucura encontra abrigo.
É quando a trilha acaba, a luz se apaga, é no melhor da festa – no silêncio da madrugada.

Nada pode haver de maior conteúdo que o céu escuro; texto aberto e infinito, sempre, sempre... Três Marias reticentes...

A monografia divina desconhece o tempo, a imensidão pretende continuar no escuro, misteriosa.
Não tem futuro, não tem frescura. Apenas requer uma leitura silenciosa.

É no silêncio da madrugada, na fresta da noite, no vão da escada. É quando o mundo escreve, de próprio punho, o rascunho do próximo dia.

Quando a gente deita, reza e dorme, enquanto ainda pode.

Até o burburinho. Até o cafezinho. Até o chorinho do filho do vizinho.

Quando o sol e o barulho invadem a arte, é que não tem outra solução:
óculos escuros e algodão.