04 agosto 2008

A moça que liga, sempre

A moça liga às 4h da tarde:

- Alô, bom dia! (??) O senhor R. está em casa?

Essa moça liga dia sim, dia não atrás do meu marido.

- Ele não está. Você tenta o celular?

- Ai, será que você poderia me dar o número do celular dele... de novo?

Essas moças que começam as frases com "ai", ligam dia-sim-dia-não, às 4h da tarde, dando "bom dia" e perguntando pelo marido da gente, depois pedem o celular que eu já dei umas 457 vezes...

Se eu não a conhecesse, e se não tivesse até uma solidariedade pela sua franja bem intencionada, e o andar que gagueja (tem gente que não caminha: gagueja com os pés), e a voz que lembra um refrão acelerado de carnaval fora de época, e as estampas que achatam sua silhueta, e o cinto largo que lhe corta a figura ao meio, bruscamente, como se o busto e o quadril tivessem rompido em definitivo e não quisessem nunca mais se olhar nas fuças... Talvez até pensasse na hipótese de criticá-la.

Mas a franja é o ó.