07 março 2007

Impotente

A vida está muito corrida, desculpem a falta de organização no texto, escrevo enquanto ela finge que dorme (eu também finjo que escrevo), daqui a pouco vai resmungar de lá, calma que mamãe já vai, resmungará mais, calma! calma!, fará um silêncio tão doce quanto breve, escrevo mais um pouco, fico me iludindo – agora ela dormiu de vez, benzadeus! –, que nada, resmunga e agora chora, chora curtinho, depois chora médio, depois chora alto e compriiiiiido, deixo o que estou fazendo e vou ver se faz careta e puxa as perninhas (cólica, gases), se está só agitada, se é calor, se é frio, se balança os braços no ar e se assusta com os próprios movimentos, se...

Enfim. Muitas vezes ela faz tudo isso ao mesmo tempo.

Eu balanço, consolo, acarinho, aliso, massageio, abraço, beijo, ajeito, troco, visto, enrolo, sacudo, embalo e já estou quase carimbando e enviando por Sedex à minha mãe quando ela, enfim, silencia e cai exausta, entregue à mais invejável paz.

Mas deixa bem claro que foi porque ELA quis.