29 dezembro 2006

FELIZ ANO NOVO!!!

Caso eu não volte aqui até a virada.

27 dezembro 2006

Feliz Natal (atrasado)

Queria agradecer aos recadinhos carinhosos de feliz Natal... Para vocês também! Que 2007 seja realmente um ano de expansão para todos nós.

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Histeria


Vamos fazer um curso de bebês. Dois sábados seguidos, na maternidade onde vou ter a Lara. Ai, meu Deus. Um curso de bebês.

- O segundo sábado será sobre os cuidados com o bebê, até ele completar um aninho – a moça me explicava por telefone.

Ai, meu Santo Cristo. Um aninho.

- Vamos ensinar como dar banho... Será usada uma boneca como modelo.

Ai, Jesus. Uma boneca como modelo. Já estou me vendo afogando a tal boneca na banheira - e as outras futuras mamães me lançando olhares de reprovação, olha lá a falta de jeito em pessoa, coitada, desastrada, estabanada, mal consegue dar banho na boneca-modelo, o que será da filha? E eu confundindo o bebê com o sabonete, esfregando o maior no menor, a água espirrando, a criança pulando para fora da banheira enquanto eu tento pescá-la no ar pelo pescoço, inutilmente, entre risadas espasmódicas e franco desespero.

- Rá!! Te peguei!

Peguei nada. Agora a boneca-modelo, ainda mais contrariada, já foi parar no colo do marido alheio, um bigodudo de bermudas floridas e unhas mal cortadas que veio do Panamá tocar percussão numa banda chinfrim e se encantou pela loira rebolativa que bebia cerveja quente na primeira mesa, ela piscava porque tinha cacoete mesmo, mas ele achou que era paquera e lhe pagou uma casquinha de siri – pronto, deu no que deu.

Povo engravida pelos mais variados motivos, impressionante.

Está bem, dá para perceber que estou me sentindo um pouco ansiosa. É verdade. Hoje liguei para a minha mãe.

- Tô ficando histérica.
- Calma, filha. Uma coisa de cada vez. É só organizar os pensamentos.
- Tá.

Pausa.

- Mãe... Agora estou histérica em ordem alfabética. Resolveu muito, não.

21 dezembro 2006

Primeiro mundo


Em família ou entre amigos

- Você está linda! Você está linda! Você está linda! Você está linda! (Ad infinitum).


Nos lugares onde ele se apresenta

- Minha mulher está grávida!

(“Óóóóóóhhh!” geral, dezenas de olhinhos comovidos na minha direção, e meu sorriso-cabide-falsa-modéstia a despistar: “que é isso, nem foi nada... He he... Mas vou aceitar os presentes e as homenagens, sim, viu? Humildemente, claro...”)


Na rua, na chuva ou na fazenda, a qualquer hora

- Você está com vontade de comer alguma coisa em especial? Diz, vai, qualquer coisa!

(Sorvete de chocolate amargo. Pizza de atum. Bolo de abacaxi. Sanduíche de salmão defumado. O prato que o casal da mesa ao lado pediu, mesmo que eu não saiba o que é. E mais sorvete de chocolate amargo).


No laboratório (lotado)

- Bom dia. É para pegar uma senha ali, né?
- Não! A senhora tem preferência, imagina. Aguarde naquela cadeira que logo será chamada.

E sou mesmo!


Em casa, depois das refeições

- Você nem ouse se mexer dessa cadeira. Deixa que a gente tira os pratos.

E tiram mesmo!


Na loja de sapatos

- O que é isso, não vá se abaixar para amarrar a sandália, não! Deixa que eu faço...

E faz mesmo!

**

Ou seja, a gestação é a experiência mais primeiro-mundista que uma pessoa pode ter. Estou me sentindo num lugar onde tudo funciona; sou atendida de pronto, não carrego nem sacolinha de farmácia, não me abaixo para absolutamente nada e só me levanto se for para resolver alguma urgência pessoal e intransferível (xixi, por exemplo).

Uma pena ainda não termos a capacidade de terceirizar a urina. Mas chegaremos lá, não deve faltar muito.

Minha filha, por exemplo. Quando ela engravidar, não precisará mais ir ao banheiro de 15 em 15 minutos - como lhe contava a mãe antiquada, coitada. Irá apenas uma vez, pela manhã, e programará numa tela praticamente invisível:

"Urina - 15 em 15 minutos - até 23:00 - Enter!"

Pronto. A cada 15 minutos, uma mensagem de texto vai chegar no seu celular de dedo (será como um anel, mas terá a opção de projetar o conteúdo em qualquer superfície plana), contendo os seguintes dizeres:

"Parabéns! Sua urina foi expelida com sucesso! Se estiver satisfeita, digite 1. Se não, digite 2 para..."

Você sabe, número 2.

20 dezembro 2006

Ira

O dia inteiro foi de um calor insuportável. À tardinha, combinamos de dar aquela caminhada.

Assim que troquei de roupa – calça de ginástica, top, tênis, boné – e me besuntei toda de protetor solar (30 para o rosto, 15 para as partes do corpo que ficam de fora, além do protetor labial), adivinha? Chuva.

Eu tenho vontade de pegar o primeiro que me aparecer na frente e torcer o pescoço. Ah, não brinque com a ira de uma mulher bem grávida. GRRRRRR!!!


Planos

Não faço mais planos de fim de ano, pronto, está decidido.

Imaginem que hoje, por acaso, acaso, acaso, estou mexendo numas gavetas e separando coisas para pôr fora quando encontro um papelzinho lá no fundo. O que diz: “Planos para 2006”. Aaaai, eu me prestei.

Pior não foi ter me prestado a fazer planos. Pior foi hoje, a 12 dias do ano que vem, ter me disposto a ler o papel! Claro que não deu certo.

Vou dizer bem claro: eram 10 metas, das quais não atingi nenhuma. Mentira, vai. Uma que outra bateu na trave, e uma (em particular, aquela que vou chamar de mais “fofa” de todas) deu certinho. O resto foi um fiasco exemplar.

Queria comprar um carro (“à vista”, está lá escrito); comprei nem patins. Queria ter passado dois meses em Paris escrevendo um livro (você foi? Pois é, nem eu). E segue por aí.

Óbvio que minhas metas não eram metinhas... Eram metidas, assim como eu. Mas eu podia ter chegado lá. Podia ter dado mais de mim. Podia ter me esmerado, concentrado, esforçado, gritado, tido chilique, ido ao Sílvio Santos (ainda tem gente que pede coisas no Sílvio Santos? Aliás, ainda tem Sílvio Santos??). Estão vendo?, eu podia ter ao menos me informado!

Bueno, são águas passadas. Uma coisa aprendi: não se mete as metas no fundo de uma gaveta para só olhar de novo quando a gente já se esqueceu completamente delas.

A propósito, por que diabos eu queria tanto um carro? Com esse trânsito... Eu, hein?


Classificados – vendo pé de pato

Não comprei carro, mas estou vendendo um par de pés de pato para bodyboard, da excelente marca Kpaloa. Novíssimo, usei só três ou quatro vezes! Tamanho P (35 – 36). Cem paus (precinho de Papai Noel).

18 dezembro 2006

Campeões do mundo, fazer o quê?

Sou gremista, embora meu blog seja vermelho. Desde que o Internacional venceu o bendito jogo contra o Barcelona, não tenho tido sossego. Em pleno Flamengo (o bairro), desço para dar uma caminhada e dou de cara com um sujeito vestido de colorado dos pés à cabeça. Mas não estou no Rio de Janeiro??? Faço o sinal da cruz e sigo.

Os jornais entram por baixo da porta com a festança colorada estampada nas primeiras páginas. Bufo, tomo um gole de água-de-coco e vou ler sobre outras partidas.

Meu irmão manda torpedos provocativos pelo celular ameaçando transformar minha filha numa torcedora do Inter, “o número 1 do Rio Grande”. Relevo.

Não bastasse, ele aproveitou minha ausência para decorar o apartamento com bandeiras vermelhas improvisadas (camisetas, toalhas, fronhas, lençóis, lenços etc). A área de trabalho do computador virou um quadro de mau gosto – nem preciso dizer com que figura. Quando entrei no meu quarto, que surpresa: meu abajur havia sido transformado em Chapeuzinho Vermelho.

Mas uma mulher grávida não deve se estressar. Por isso, vou encarar essa m* toda com bom humor e fazer de conta que são motivos natalinos... Ho ho ho.

***

Transporte coletivo

Todo ano, perto do Natal, venho aqui e escrevo que estive no Barrashopping e ele estava lotado. Está ficando meio chato dizer sempre a mesma coisa.

Então, esse ano vou dizer diferente: estive no Barrashopping hoje, grávida de sete meses, e EU estava lotada.

Minha filha pesa quase 1.5kg e mede 41cm.

“Não é um bebê grande”, disse o médico.

“Ah, claro que não. A propósito, quantos o senhor já carregou nessa sua flácida barriguinha?”, tenho ganas de questioná-lo.

Não importa se minha filha é grande ou miúda. Nunca houve alguém maior que ela dentro do meu ventre, e isso é suficiente para eu me perceber incrivelmente esticada, pesada e até um pouco empinada para frente. Se hoje sou uma van em horário de rush, amanhã serei um microônibus, e assim por diante. E a pobrezinha vai de classe econômica mesmo.

O fato de não haver mais leito executivo me faz sentir, de certa forma, negociando espaço com ela. Na hora de dormir, por exemplo. Minha filha, o negócio é o seguinte, a mamãe vai virar para cá, mas você promete não fazer aquele treme-treme infinito da noite passada, ok? Olha, ponho até um travesseiro para apoiar a barriga, veja que macio, é feito de penas, e...

- TUM! TUM! TUM!

Ela protesta veementemente, nem quer saber das minhas penas.

Filha, filhota, filhotinha, não foi isso que nós combinamos. (Eu saio com pérolas dessa espécie, como se a criatura já fosse vítima da minha ladainha desde os tempos da concepção... ah, Cristo, ela terá tanto tempo para isso – me ouvir, ouvir, ouvir! A coitadinha.).

Em tempo: o Barrashopping estava lo-ta-do! Você sabe se eles deixam entrar cegonha?

16 dezembro 2006

Natalinas

- Eu queria ver aquela sandália vermelha... 36.

A moça traz a sandália, experimento e gosto muito.

- Gostou? Ficou linda, né? Tem também essa amarela que é show...
- Hum. Mas adorei a vermelha mesmo.
- Tem essa azul-marinho, que está saindo muito, olha que linda!
- Sei. Mas eu queria a vermelha, porque a minha roupa...
- Aaaai, desculpa! Na verdade eu não sei se ainda tem algum par da azul, ou se já foi tudo. Peraí. Berenicêêêê!

Vem a Berenice, afoita.

- Tem ainda a sandália azul? – insiste a maluca de sombra verde.
- Tem, sim. (Berenice me olha bem nos olhos). Qual o seu número, amor?

“Amor” é demais.

- Eu pretendo levar a sandália VER-ME-LHA. Não quero ver nenhuma outra!!!
- Tá. As bolsas em couro estão em promoção.

P*** que me P****! Quem é que dá conta da fúria natalina dessas moças???

07 dezembro 2006

Stones

Dormi como uma pedra. Não sei como Lara deixou; incrível, ficou quietinha e não reclamou quase nada das minhas posições na cama (coisa que tem acontecido com incômoda freqüência).

Dormir como uma pedra é maravilhoso. O problema é levantar também como uma pedra. E hoje me senti assim.

A memória me diz que minhas pernas são fortes e que sou levinha, levinha. A realidade me impõe outros quinhentos, e me surpreendo com o peso adquirido, ainda meio tonta de sono. Força, pernocas!

Daqui a 10 dias eu completo sete meses de gravidez. Falta pouco mais que dois meses, portanto, para o dia mais rock’n roll da minha vida – e por falar em pedras, haja pernas para que te quero nessa reta final.

Às vezes eu apelo. Outro dia fui mudar de posição no sofá e me peguei usando os dois braços como alavancas. Alguém flagrou e perguntou: “já está sentindo o peso da barriga?”.

É tão instintivo que nem havia ligado uma coisa à outra.

Ah, nem me importa a sensação de ser/parecer/carregar pedras. Quero mais é ver a minha pedrinha babando embolada no colo do pai dela. I know, it’s only rock’n roll but i like it!

06 dezembro 2006

Liga/não liga

A máquina de lavar me deu outro susto – dessa vez, simplesmente não ligou. E não ligou de novo. E de novo. Até que tive uma loooonga conversa com ela, e combinei que a deixaria refletindo um pouco sobre o que estava (não) fazendo.

Voltei em meia hora, puxei o botão. Ligou.
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Sentiram que estão pintando, aos poucos, os sinais da minha autoridade materna? Já funciona com as máquinas...
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Ventilação

Saiu do banho, esse meu irmão, e andou pelo corredor até a cozinha arrastando os chinelos como se mancasse das duas pernas. Enrolado numa toalha verde musgo, refletiu baixinho (mas eu ouvi):

- Puxa, como é difícil andar de saia...

Isso não é nada, mano. Basta aprender a entrar e sair do carro sem abrir ao público o que é de ser reservado.

Ou não, como mostram as páginas de revista com quadradinho preto em cima para não mostrar nada. Vocês viram na Época dessa semana? Britney está lá, com as pernocas distraídas abertas, e aquela tarja recatada nos aliviando o espanto.

Aliás, é muito boa a idéia desse tipo de lingerie digital; deviam pôr nas lojas. Ia vender um horror, sobretudo agora no verão. Ventila, né.

01 dezembro 2006

Deus, dai-me paciência para aturar...

- As musas do samba (nessa época, começam a brigar em público pelos destaques nas escolas);

- Os musos da política (nessa época, começam a brigar em público pelos cargos do segundo governo mais do mesmo – com a única diferença de que não mostram a bunda, mas, muitas vezes, mostram partes bem piores);

- As pessoas ultra-sensíveis que PRECISAM me contar histórias terríveis de parto e amamentação, nunca esquecendo da dificuldade em recuperar o peso anterior à gravidez;

- As pessoas do estilo POST-IT (parece que nasceram para lembrar você de fazer as coisas): “Já fez o enxoval?”, “Já escolheu o pediatra?”, “Já comprou a farmacinha do bebê? Olha que tem muito produto por aí que dá alergia, hein?”. Não, não fiz nada disso. Vou esperar a Lara nascer e mandá-la fazer tudo sozinha. De ônibus!! E me trazer uma caixa de Bohemia na volta. Não é para isso que filho serve? Não diga.

- O calor e as chuvas do Rio de Janeiro, o trânsito, as calçadas esburacadas e as pessoas sem o menor senso de direção espetando sombrinhas e cotovelos na barriga das outras;

- Está bem, está bem, minha barriga também não está com muito senso de direção;

- Os comerciais natalinos das lojas de departamentos (tudo em tantas vezes sem juros, com o primeiro pagamento só lá no dia em que você não sabe se vai ter dinheiro e o último no dia em que o seu dinheiro, se houvesse, já teria sido gasto com coisa mais relevante);

- Os comerciais natalinos das empresas de celulares – que dão bônus com direito a falar, falar, falar! Cruzes, quem quer falar tanto? Pior, será que alguém ouve?? Duvido.

- A programação da TV por assinatura, cada vez me fazendo entender menos por que eu insisto em assinar aquela nhaca;

- O gerúndio crônico das pessoas do telemarketing, que estão ligando para estar informando que estarão enviando... PQP, já não deram o que tinham que estar dando?

A lista continua. Ai, como é bom desabafar. Hoho.