26 agosto 2002

Buenas!

Venta um bocado aqui no Rio, e o vento me dá uma espécie de alívio misturado com expectaiva - que coisa esquisita. O alívio é porque o vento varre, e a expectativa é porque parece mudança; as folhas mudando de lugar, a poeira levantando, as árvores balançando... parece que alguma coisa está por acontecer, não parece?

Eu gostaria muito de que algumas coisas acontecessem, e outras deixassem de acontecer. Poderiam, por exemplo, parar de me perguntar por que motivo eu não me inscrevi no FAMA. O vento poderia varrer essa pergunta pra mim.

Outra coisa que o vento poderia varrer para bem longe - além dos bombons de uva-passa e dos amplificadores Peavey, claro - seria as pessoas que acham que tudo sabem. Quem nunca ouviu falar em banana, por exemplo, e jura que é nutricionista de macaco. Como tem gente metida a sabida neste mundo! E não há nada mais corta-tesão do que um "sábio" desses. Brad Pitt vira Zé do Caixão na hora.

O vento poderia trazer coisas boas e diferentes. Uma surpresa no fim da tarde: flores. Faz tempo que não recebo, e sempre digo que não gosto lá muito - mas é mentira.

Olhar para o lado, e, quando olhar de volta, encontrar as unhas feitinhas. Plim! Sequer entrei no salão.

Um dia frio, mas beeeem frio, em pleno Rio de Janeiro. E uma casa com lareira, queijo e vinho. E o bofe, que ninguém é de ferro. Mas tem que ser O cara, senão é melhor fofocar com as gurias ou ler um livro.

Uma música nova, prontinha: o vento trouxe a inspiração; eu escrevo tudo de uma vez só, pego o violão, e, ao olhar para o papel de novo, já está tudo cifrado. Plim! Trata-se de um hit em potencial.

Esta teria que ser uma ventania, mas não custa tentar: acordo, olho no espelho, e - plim! - estou a cara da Meg Ryan. Eu pareço um anjo, só que não tenho asas. Vou passar um dia interinho sorrindo docemente, esbanjando meus olhos azuis e comendo sorvete sem engordar uma grama, tal como nas comédias românticas.

São essas coisas inesperadas que eu vejo e ouço no vento. Ele tem um sotaque misterioso, não tem? Parece que está dizendo: "nunca sssse ssssabe... nunca sssse ssssabe..." O vento é todo reticente.

Há quem tenha medo da expectativa do vento, há quem se angustie. Eu acho que, na verdade, daqui a gente enxerga muito pouco. Só sabemos que tem vento porque a poeira levanta, e ter medo da poeira vir nos olhos é a parte mais fácil.

O difícil - e o melhor - do vento é saber confiar no bafo de quem o sopra.





Isso aqui eu achei interessante, olha só:

"Vídeo-games não influenciam crianças. Quer dizer, se o Pac-man tivesse
influenciando uma geração, estaríam todos correndo em salas escuras,
mastigando pílulas mágicas e escutando músicas eletrônicas repetitivas."

Kristian Wilson, Nintendo Inc, 1989.

Poucos anos depois surgiriam
a festa rave,
a música techno
e o famoso ecstasy...