29 dezembro 2006

FELIZ ANO NOVO!!!

Caso eu não volte aqui até a virada.

27 dezembro 2006

Feliz Natal (atrasado)

Queria agradecer aos recadinhos carinhosos de feliz Natal... Para vocês também! Que 2007 seja realmente um ano de expansão para todos nós.

***

Histeria


Vamos fazer um curso de bebês. Dois sábados seguidos, na maternidade onde vou ter a Lara. Ai, meu Deus. Um curso de bebês.

- O segundo sábado será sobre os cuidados com o bebê, até ele completar um aninho – a moça me explicava por telefone.

Ai, meu Santo Cristo. Um aninho.

- Vamos ensinar como dar banho... Será usada uma boneca como modelo.

Ai, Jesus. Uma boneca como modelo. Já estou me vendo afogando a tal boneca na banheira - e as outras futuras mamães me lançando olhares de reprovação, olha lá a falta de jeito em pessoa, coitada, desastrada, estabanada, mal consegue dar banho na boneca-modelo, o que será da filha? E eu confundindo o bebê com o sabonete, esfregando o maior no menor, a água espirrando, a criança pulando para fora da banheira enquanto eu tento pescá-la no ar pelo pescoço, inutilmente, entre risadas espasmódicas e franco desespero.

- Rá!! Te peguei!

Peguei nada. Agora a boneca-modelo, ainda mais contrariada, já foi parar no colo do marido alheio, um bigodudo de bermudas floridas e unhas mal cortadas que veio do Panamá tocar percussão numa banda chinfrim e se encantou pela loira rebolativa que bebia cerveja quente na primeira mesa, ela piscava porque tinha cacoete mesmo, mas ele achou que era paquera e lhe pagou uma casquinha de siri – pronto, deu no que deu.

Povo engravida pelos mais variados motivos, impressionante.

Está bem, dá para perceber que estou me sentindo um pouco ansiosa. É verdade. Hoje liguei para a minha mãe.

- Tô ficando histérica.
- Calma, filha. Uma coisa de cada vez. É só organizar os pensamentos.
- Tá.

Pausa.

- Mãe... Agora estou histérica em ordem alfabética. Resolveu muito, não.

21 dezembro 2006

Primeiro mundo


Em família ou entre amigos

- Você está linda! Você está linda! Você está linda! Você está linda! (Ad infinitum).


Nos lugares onde ele se apresenta

- Minha mulher está grávida!

(“Óóóóóóhhh!” geral, dezenas de olhinhos comovidos na minha direção, e meu sorriso-cabide-falsa-modéstia a despistar: “que é isso, nem foi nada... He he... Mas vou aceitar os presentes e as homenagens, sim, viu? Humildemente, claro...”)


Na rua, na chuva ou na fazenda, a qualquer hora

- Você está com vontade de comer alguma coisa em especial? Diz, vai, qualquer coisa!

(Sorvete de chocolate amargo. Pizza de atum. Bolo de abacaxi. Sanduíche de salmão defumado. O prato que o casal da mesa ao lado pediu, mesmo que eu não saiba o que é. E mais sorvete de chocolate amargo).


No laboratório (lotado)

- Bom dia. É para pegar uma senha ali, né?
- Não! A senhora tem preferência, imagina. Aguarde naquela cadeira que logo será chamada.

E sou mesmo!


Em casa, depois das refeições

- Você nem ouse se mexer dessa cadeira. Deixa que a gente tira os pratos.

E tiram mesmo!


Na loja de sapatos

- O que é isso, não vá se abaixar para amarrar a sandália, não! Deixa que eu faço...

E faz mesmo!

**

Ou seja, a gestação é a experiência mais primeiro-mundista que uma pessoa pode ter. Estou me sentindo num lugar onde tudo funciona; sou atendida de pronto, não carrego nem sacolinha de farmácia, não me abaixo para absolutamente nada e só me levanto se for para resolver alguma urgência pessoal e intransferível (xixi, por exemplo).

Uma pena ainda não termos a capacidade de terceirizar a urina. Mas chegaremos lá, não deve faltar muito.

Minha filha, por exemplo. Quando ela engravidar, não precisará mais ir ao banheiro de 15 em 15 minutos - como lhe contava a mãe antiquada, coitada. Irá apenas uma vez, pela manhã, e programará numa tela praticamente invisível:

"Urina - 15 em 15 minutos - até 23:00 - Enter!"

Pronto. A cada 15 minutos, uma mensagem de texto vai chegar no seu celular de dedo (será como um anel, mas terá a opção de projetar o conteúdo em qualquer superfície plana), contendo os seguintes dizeres:

"Parabéns! Sua urina foi expelida com sucesso! Se estiver satisfeita, digite 1. Se não, digite 2 para..."

Você sabe, número 2.

20 dezembro 2006

Ira

O dia inteiro foi de um calor insuportável. À tardinha, combinamos de dar aquela caminhada.

Assim que troquei de roupa – calça de ginástica, top, tênis, boné – e me besuntei toda de protetor solar (30 para o rosto, 15 para as partes do corpo que ficam de fora, além do protetor labial), adivinha? Chuva.

Eu tenho vontade de pegar o primeiro que me aparecer na frente e torcer o pescoço. Ah, não brinque com a ira de uma mulher bem grávida. GRRRRRR!!!


Planos

Não faço mais planos de fim de ano, pronto, está decidido.

Imaginem que hoje, por acaso, acaso, acaso, estou mexendo numas gavetas e separando coisas para pôr fora quando encontro um papelzinho lá no fundo. O que diz: “Planos para 2006”. Aaaai, eu me prestei.

Pior não foi ter me prestado a fazer planos. Pior foi hoje, a 12 dias do ano que vem, ter me disposto a ler o papel! Claro que não deu certo.

Vou dizer bem claro: eram 10 metas, das quais não atingi nenhuma. Mentira, vai. Uma que outra bateu na trave, e uma (em particular, aquela que vou chamar de mais “fofa” de todas) deu certinho. O resto foi um fiasco exemplar.

Queria comprar um carro (“à vista”, está lá escrito); comprei nem patins. Queria ter passado dois meses em Paris escrevendo um livro (você foi? Pois é, nem eu). E segue por aí.

Óbvio que minhas metas não eram metinhas... Eram metidas, assim como eu. Mas eu podia ter chegado lá. Podia ter dado mais de mim. Podia ter me esmerado, concentrado, esforçado, gritado, tido chilique, ido ao Sílvio Santos (ainda tem gente que pede coisas no Sílvio Santos? Aliás, ainda tem Sílvio Santos??). Estão vendo?, eu podia ter ao menos me informado!

Bueno, são águas passadas. Uma coisa aprendi: não se mete as metas no fundo de uma gaveta para só olhar de novo quando a gente já se esqueceu completamente delas.

A propósito, por que diabos eu queria tanto um carro? Com esse trânsito... Eu, hein?


Classificados – vendo pé de pato

Não comprei carro, mas estou vendendo um par de pés de pato para bodyboard, da excelente marca Kpaloa. Novíssimo, usei só três ou quatro vezes! Tamanho P (35 – 36). Cem paus (precinho de Papai Noel).

18 dezembro 2006

Campeões do mundo, fazer o quê?

Sou gremista, embora meu blog seja vermelho. Desde que o Internacional venceu o bendito jogo contra o Barcelona, não tenho tido sossego. Em pleno Flamengo (o bairro), desço para dar uma caminhada e dou de cara com um sujeito vestido de colorado dos pés à cabeça. Mas não estou no Rio de Janeiro??? Faço o sinal da cruz e sigo.

Os jornais entram por baixo da porta com a festança colorada estampada nas primeiras páginas. Bufo, tomo um gole de água-de-coco e vou ler sobre outras partidas.

Meu irmão manda torpedos provocativos pelo celular ameaçando transformar minha filha numa torcedora do Inter, “o número 1 do Rio Grande”. Relevo.

Não bastasse, ele aproveitou minha ausência para decorar o apartamento com bandeiras vermelhas improvisadas (camisetas, toalhas, fronhas, lençóis, lenços etc). A área de trabalho do computador virou um quadro de mau gosto – nem preciso dizer com que figura. Quando entrei no meu quarto, que surpresa: meu abajur havia sido transformado em Chapeuzinho Vermelho.

Mas uma mulher grávida não deve se estressar. Por isso, vou encarar essa m* toda com bom humor e fazer de conta que são motivos natalinos... Ho ho ho.

***

Transporte coletivo

Todo ano, perto do Natal, venho aqui e escrevo que estive no Barrashopping e ele estava lotado. Está ficando meio chato dizer sempre a mesma coisa.

Então, esse ano vou dizer diferente: estive no Barrashopping hoje, grávida de sete meses, e EU estava lotada.

Minha filha pesa quase 1.5kg e mede 41cm.

“Não é um bebê grande”, disse o médico.

“Ah, claro que não. A propósito, quantos o senhor já carregou nessa sua flácida barriguinha?”, tenho ganas de questioná-lo.

Não importa se minha filha é grande ou miúda. Nunca houve alguém maior que ela dentro do meu ventre, e isso é suficiente para eu me perceber incrivelmente esticada, pesada e até um pouco empinada para frente. Se hoje sou uma van em horário de rush, amanhã serei um microônibus, e assim por diante. E a pobrezinha vai de classe econômica mesmo.

O fato de não haver mais leito executivo me faz sentir, de certa forma, negociando espaço com ela. Na hora de dormir, por exemplo. Minha filha, o negócio é o seguinte, a mamãe vai virar para cá, mas você promete não fazer aquele treme-treme infinito da noite passada, ok? Olha, ponho até um travesseiro para apoiar a barriga, veja que macio, é feito de penas, e...

- TUM! TUM! TUM!

Ela protesta veementemente, nem quer saber das minhas penas.

Filha, filhota, filhotinha, não foi isso que nós combinamos. (Eu saio com pérolas dessa espécie, como se a criatura já fosse vítima da minha ladainha desde os tempos da concepção... ah, Cristo, ela terá tanto tempo para isso – me ouvir, ouvir, ouvir! A coitadinha.).

Em tempo: o Barrashopping estava lo-ta-do! Você sabe se eles deixam entrar cegonha?

16 dezembro 2006

Natalinas

- Eu queria ver aquela sandália vermelha... 36.

A moça traz a sandália, experimento e gosto muito.

- Gostou? Ficou linda, né? Tem também essa amarela que é show...
- Hum. Mas adorei a vermelha mesmo.
- Tem essa azul-marinho, que está saindo muito, olha que linda!
- Sei. Mas eu queria a vermelha, porque a minha roupa...
- Aaaai, desculpa! Na verdade eu não sei se ainda tem algum par da azul, ou se já foi tudo. Peraí. Berenicêêêê!

Vem a Berenice, afoita.

- Tem ainda a sandália azul? – insiste a maluca de sombra verde.
- Tem, sim. (Berenice me olha bem nos olhos). Qual o seu número, amor?

“Amor” é demais.

- Eu pretendo levar a sandália VER-ME-LHA. Não quero ver nenhuma outra!!!
- Tá. As bolsas em couro estão em promoção.

P*** que me P****! Quem é que dá conta da fúria natalina dessas moças???

07 dezembro 2006

Stones

Dormi como uma pedra. Não sei como Lara deixou; incrível, ficou quietinha e não reclamou quase nada das minhas posições na cama (coisa que tem acontecido com incômoda freqüência).

Dormir como uma pedra é maravilhoso. O problema é levantar também como uma pedra. E hoje me senti assim.

A memória me diz que minhas pernas são fortes e que sou levinha, levinha. A realidade me impõe outros quinhentos, e me surpreendo com o peso adquirido, ainda meio tonta de sono. Força, pernocas!

Daqui a 10 dias eu completo sete meses de gravidez. Falta pouco mais que dois meses, portanto, para o dia mais rock’n roll da minha vida – e por falar em pedras, haja pernas para que te quero nessa reta final.

Às vezes eu apelo. Outro dia fui mudar de posição no sofá e me peguei usando os dois braços como alavancas. Alguém flagrou e perguntou: “já está sentindo o peso da barriga?”.

É tão instintivo que nem havia ligado uma coisa à outra.

Ah, nem me importa a sensação de ser/parecer/carregar pedras. Quero mais é ver a minha pedrinha babando embolada no colo do pai dela. I know, it’s only rock’n roll but i like it!

06 dezembro 2006

Liga/não liga

A máquina de lavar me deu outro susto – dessa vez, simplesmente não ligou. E não ligou de novo. E de novo. Até que tive uma loooonga conversa com ela, e combinei que a deixaria refletindo um pouco sobre o que estava (não) fazendo.

Voltei em meia hora, puxei o botão. Ligou.
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Sentiram que estão pintando, aos poucos, os sinais da minha autoridade materna? Já funciona com as máquinas...
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Ventilação

Saiu do banho, esse meu irmão, e andou pelo corredor até a cozinha arrastando os chinelos como se mancasse das duas pernas. Enrolado numa toalha verde musgo, refletiu baixinho (mas eu ouvi):

- Puxa, como é difícil andar de saia...

Isso não é nada, mano. Basta aprender a entrar e sair do carro sem abrir ao público o que é de ser reservado.

Ou não, como mostram as páginas de revista com quadradinho preto em cima para não mostrar nada. Vocês viram na Época dessa semana? Britney está lá, com as pernocas distraídas abertas, e aquela tarja recatada nos aliviando o espanto.

Aliás, é muito boa a idéia desse tipo de lingerie digital; deviam pôr nas lojas. Ia vender um horror, sobretudo agora no verão. Ventila, né.

01 dezembro 2006

Deus, dai-me paciência para aturar...

- As musas do samba (nessa época, começam a brigar em público pelos destaques nas escolas);

- Os musos da política (nessa época, começam a brigar em público pelos cargos do segundo governo mais do mesmo – com a única diferença de que não mostram a bunda, mas, muitas vezes, mostram partes bem piores);

- As pessoas ultra-sensíveis que PRECISAM me contar histórias terríveis de parto e amamentação, nunca esquecendo da dificuldade em recuperar o peso anterior à gravidez;

- As pessoas do estilo POST-IT (parece que nasceram para lembrar você de fazer as coisas): “Já fez o enxoval?”, “Já escolheu o pediatra?”, “Já comprou a farmacinha do bebê? Olha que tem muito produto por aí que dá alergia, hein?”. Não, não fiz nada disso. Vou esperar a Lara nascer e mandá-la fazer tudo sozinha. De ônibus!! E me trazer uma caixa de Bohemia na volta. Não é para isso que filho serve? Não diga.

- O calor e as chuvas do Rio de Janeiro, o trânsito, as calçadas esburacadas e as pessoas sem o menor senso de direção espetando sombrinhas e cotovelos na barriga das outras;

- Está bem, está bem, minha barriga também não está com muito senso de direção;

- Os comerciais natalinos das lojas de departamentos (tudo em tantas vezes sem juros, com o primeiro pagamento só lá no dia em que você não sabe se vai ter dinheiro e o último no dia em que o seu dinheiro, se houvesse, já teria sido gasto com coisa mais relevante);

- Os comerciais natalinos das empresas de celulares – que dão bônus com direito a falar, falar, falar! Cruzes, quem quer falar tanto? Pior, será que alguém ouve?? Duvido.

- A programação da TV por assinatura, cada vez me fazendo entender menos por que eu insisto em assinar aquela nhaca;

- O gerúndio crônico das pessoas do telemarketing, que estão ligando para estar informando que estarão enviando... PQP, já não deram o que tinham que estar dando?

A lista continua. Ai, como é bom desabafar. Hoho.

30 novembro 2006

Cassandra

Estou lendo Meu reino por um cashmere
, da Ana Cristina Reis, e me divertindo. Até agora, a crônica de que mais gostei se chama “Cassandra”.

Sente o drama. Ela conta que estava tentando selecionar uma empregada, até que achou uma tal de Sandra, ótima. Tudo combinadinho, a mulher ia saindo e comentou que estava com saudades do filho, puxando da bolsa um punhado de fotos. “São as primeiras desde que ele se mudou para a Suíça”.

Ana Cristina foi olhar, e o filho era um travesti. E a mãe Sandra, orgulhosa:

- Ele diz que quer mudar o nome para Cassandra, que é para estar sempre com a mãe.

Pegaram? Sandra. Cassandra, Ca-Sandra. HAHAHAHAHA! Muito bom.


Chuvarada

O Rio está encharcado (que frase). Hoje tive de sair a pé, e foi um suplício, porque ventava muito.

Vem cá, é só comigo que o guarda-chuva vira do avesso O TEMPO TODO??

Minha mãe me reconheceu de longe e ficou acenando, mas eu, entretida em lutar contra aquele morcego rebelde que mais me molhava do que protegia, não retribuía. Até que ela chegou mais perto e eu abanei de volta, mesmo meio cabreira, vai que é outra moça se fazendo passar por Aninha...

Mas era ela mesma, inconfundível.

- Oi. Fiquei te fazendo sinal de longe, mas tu nem viu, né?
- Vi não.
- Pois eu te reconheci de loooonge. Muito fácil.
- É? (Lá vem).
- É. Tinha uma coisinha branquinha (meu rosto), a roupa preta, e mais duas coisinhas branquinhas (minhas canelas, abaixo da calça de ginástica).

Hum.


Drenagem linfática

Da série: coisas boas que a gente faz porque todo mundo diz que é bom, mas fica com aquela impressão de que está jogando dinheiro fora.

Drenagem linfática. Lá fui eu. Dizem que é muito bom na gestação, e eu comecei foi tarde. Morria de preguiça. Ainda morro. Mas fui assim mesmo, até para ver como era.

Primeiro, cheguei lá e a moça foi logo escrevendo na ficha: “pós-parto”.

- Você é que teve o bebê, né?
- Hein?
- Você que é a moça que ligou dizendo que recém teve um filho, né?
- Bom... na verdade eu ainda vou ter. Uma filha.
- Ué! Mas você está grávida?
- De seis meses.
- E cadê a barriga??

Muito bem, considerei-me elogiada e segui em frente. A fisioterapeuta, muito simpática, fez umas perguntas e pediu que eu tirasse a roupa e ficasse só de calcinha e sutiã. Na frente de um espelho enorme. Que ela ia tirar minhas medidas. Ai.

- Vai tirar minhas medidas? Mas justo agora, que estou grávida???

Disse que era bom para acompanhar a evolução do tratamento. Sei. Quero dizer nada, não, mas até fevereiro a tendência é que eu “cresça” mais um bocado. Haja fita métrica.

Começou, enfim, a me fazer aquela espécie de massagem (muito levinha, quase um alisamento) – que, segundo ela, estimularia minhas glândulas do sistema linfático, favorecendo a eliminação dos líquidos retidos.

- Ajuda a eliminar celulite?
- A do grau um, sim.
- E qual é a do grau um?
- É aquela que só aparece se você apertar o tecido, assim (beliscando).

Fiquei pensando, mas não disse: se a drenagem ajuda a eliminar uma coisa que só aparece apertando, também tem outra coisa que ajuda muito. É não apertar. E isso é de graça!

Quase dormi, porque o tratamento realmente é muito suave e dura uma hora. Acho que voltarei na semana que vem. Não sei bem por quê.

Minha mãe quis saber:

- E aí?? O que é que achou?
- Achei caro!!

29 novembro 2006

Transtorno bipolar

Ontem fui ao Shopping da Gávea e comprei Não sou uma só – Diário de uma bipolar
, o novo livro da Marina W.


Teria ficado para a noite de autógrafos, mas vim para casa por motivos técnicos. Também por motivos técnicos (cansaço), joguei-me no sofá e comecei a ler. Varei noite e madrugada, o livro realmente é muito bom! Marina usa linguagem leve para tratar de um assunto tão barra pesada, e nos leva na conversa (no bom sentido!) pelas suas aventuras entre euforia e depressão – sem soar piegas ou dramalhão em nenhum momento.

É humano demais. Mesmo quem não tem o menor interesse na doença vai se identificar. E para quem sofre, já sofreu ou conhece alguém que tem o transtorno bipolar, é também uma ótima fonte de informação, já que o livro é escrito com a consultoria de um psiquiatra especializado no assunto.


Aniversário

É muito bom fazer anos na sexta-feira, porque o fim de semana todo acaba sendo comemorativo. Assim fizemos.

Ganhei presentes e mimos, coisas lindíssimas. Na sexta, minha mãe e eu organizamos uma festinha com salgados típicos da tradição culinária familiar, ou seja: comprados prontos.

Aliás, aquele dia foi uma loucura. Duas doidas pela rua equilibrando bandejas, e eu pagando mico em tudo quanto era loja:

- Tem desconto para aniversariante grávida? (Sorisso amarelo e mão na barriga, em círculos).

Minha mãe se escondia atrás das sacolas, “não diz que eu sou tua mãe, pleeeeease”. Bem ou mal, acabei descolando um casaquinho para a Lara (free!) e um sabonete líquido numa loja de lençóis – que também nos deu 20% (!!!) de desconto nas compras. Quem comprou os lençóis foi ela, mas faz de conta que fui eu...

No sábado, foi ele quem fez um almoço que rendeu suspiros gerais da família, e eu ainda arrematei as sobras no fim de semana! Um espetáculo que nem ouso descrever aqui. Só sei que Lara vai comer muito bem nesta vida, e não será por mérito da mãe – o único prato que cozinho chama-se gororoba. Integral, claro.

Depois teve torta (surpresa, de limão, minha preferida) com velinhas e parabéns a você.

Eu estava tão feliz que, na hora de fazer o pedido, acabei fazendo um agradecimento.


Porque é bem melhor

A astróloga explicava, na tevê, para que servem as fases da lua. Não entendi muito. Alguém perguntou:

- Mas a senhora não acredita que determinadas coisas acontecem porque tinham mesmo que acontecer?

Resposta:

“Não.”

“E por quê?”

“Porque é bem melhor você saber que determinada estrada não está boa, e então desviar, do que se estrepar todo num acidente e depois dizer – foi assim porque tinha que ser.”

Bom... Que é bem melhor, é bem melhor mesmo. Só não sei se foi esse o ponto de quem fez a pergunta...

24 novembro 2006

Obrigada, obrigada!

Passando rapidinho, escrevendo sem editor de texto, só para dar o ar da minha graça em dia de envelhecimento. Aos que me dão parabéns: obrigada! Depois agradeço pessoal-virtualmente no Orkut e aos e-mails recebidos.

É muito bom receber parabéns duplos; é muito bom ter uma guriazinha saracoteando dentro da minha barriga e pensar que ela vai me atrapalhar o cooper para o resto da minha vida.
:o)

Beijos emocionados a todos vocês.

23 novembro 2006

Novembro

Comprinhas básicas no shopping. Susto: não entro em mais nada P ou M.

- Você não está gorda. Está grávida.

Meu senso crítico (que, aliás, sofre de falta de senso) está escrevendo isso 300 vezes num caderno. Que é para ver se fixa. Do jeito que é lerdo, capaz de fixar só quando a Lara fizer 15 anos.

Espertinha, comprei um boné. Está lá escrito: “Tamanho ÚNICO”. Rá rá rá!, não tem preço.

As pessoas estão dizendo muito que eu não engordei “por exemplo, nos braços”. E os exemplos param por aí. Fica todo mundo com cara de três pontinhos, sabe quando quer achar palavra e não vem? Faço graça:

- Você pode falar das minhas orelhas também. E dos dentes...

Vamos rir, é novembro.
:o)


Filme: Os Infiltrados

Fomos assistir ao novo do M. Scorsese – Os Infiltrados, com Jack Nicholson, DiCaprio, Matt Damon, Alec Baldwin (que, um dia, foi um homem bonito), etc. Elenco de primeira, só craque.

Realmente é um filme ótimo, dos melhores que vi nos últimos tempos. O roteiro tem um nó que provoca uma sensação constante de suspense misturado com quero-ver-como-acaba, misturado ainda com tomara-que-não-acabe-logo. Adoro isso.

O gênero é drama (está na ficha), mas se trata de um complexo caso policial – então tem muito tiro e sangue, mistério, ação e algum humor inteligente. Desses elementos que citei, gosto só do mistério e do humor; não gosto de policial, tiro e sangue me cansam, cenas de ação me dão muuuuiito sono. E, mesmo assim, adorei o filme.

Nos primeiros 15 minutos, é verdade, fiquei um pouco sonolenta. Cheguei a pensar que pudesse ser um daqueles filmes de roteiro embolado e muitos homens “fodões” se agredindo e dizendo frases de efeito, mas a sensação passou rápido e a coisa engatou. Recomendo!


Chiclete bola

Chegamos na praça de alimentação e começamos a rezar para vagar uma mesinha. Assim que vagou, eu me sentei para guardar o lugar (e para bufar um pouco, porque grávida cansa e bufa!), enquanto minha mãe foi se servir no buffet.

Mal dei minhas primeiras bufadas, apareceu um casal – ele tinha cara de bobalhão de bermudas, e ela era um show à parte: calça jeans dessas que embalam a bunda a vácuo (será que conserva?), sandália com saltão de acrílico, cabelo colorido e chapado, blusinha cor de chiclete bola.

Ainda se diz chiclete bola? Enfim.

- Você está sozinha na mesa? – Perguntou a toda-boa.

Pensei que eles queriam arrastar alguma cadeira dali, óbvio, respondi:

- Estou esperando só uma pessoa. (Como quem diz: sobram duas cadeiras, podem levar para a mesa de vocês).

E a moça se vira para o companheiro mudo:

- Viu, fulano? Só está esperando mais UMA pessoa. Vamos sentar aqui?

!!!

A mesinha não acomoda nem quatro bandejas da mesma família, que dirá um bobalhão de bermudas e uma perua embrulhada a vácuo! Ah, não.

- Escuta, moça, estou esperando SÓ UMA PESSOA, mas nós vamos usar A MESA INTEIRA. Tendeu??

Bobalhão puxa a dama pelo braço, e ambos saem quicando pelos corredores. Para a sorte deles. Se ficam mais um pouco, pego logo um palito de dentes e furo os peitos dela.

Iam todos ver o que é chiclete bola.

22 novembro 2006

Sonho doido

Estou numa loja que não conheço e comento com alguém que não conheço:

- Eu odeio psicólogos!

Nisso a vendedora dá uma risada e aponta para um homem que está assinando alguma coisa no balcão:

- Xiiii... Ele é psicólogo.

Mas ele corrige:

- Sou psiquiatra.

Quando todo mundo espera que eu vá sair com uma piadinha (a meu estilo), olho para o homem e faço uma cara de nada.

- Grande coisa. Aliás, pior ainda.

!!!

Freud explica? A propósito: não odeio psicólogos; muito pelo contrário, sou adepta da psicoterapia!

**

Abandono

Estou ficando com medo da minha máquina de lavar. Depois de algum tempo, elas começam a achar que são gente e querem sair andando pela área de serviço, já viu? A minha rebola e faz um barulhão enquanto centrifuga.

Acho que já entendi por que se chama centri fuga.

Não devo estranhar se aparecer um bilhete grudado na geladeira: “Briguei com o microondas, motivo: essa mania que ele tem de esquentar muito rápido! Fui.”

Vai embora não, maquininha... Sou uma ótima conselheira sentimental.

**

Clic

Fomos fazer uma primeira visita ao pediatra. Achei maravilhoso, sobretudo porque ele não quis ver nada dentro de mim (meio cansada desse pré-natal, todo mês tem um senhor muito gentil investigando minhas áreas de acesso restrito, saquinho)...

O pediatra, também muito gentil, apenas perguntava o que eu queria perguntar. Cheguei lá meio despreparada, não tinha uma listinha de perguntas.

- Qualquer coisa que o senhor me disser eu vou considerar relevante. Não tenho a menor idéia de como tratar um bebê.

- Não se preocupe. Na hora vai dar um “clic” e você saberá o que fazer.

Já gostei. Um clic na minha cabeça é tudo de que eu preciso, afinal. Com tanta novidade, ando me sentindo um pouco sem clic. E como faz falta.

17 novembro 2006

Dura caminhada

Fui caminhar na praia de manhã; saí às 9:20 pensando: “oba, com o horário de verão é sol de 8:20, não há de ser tão quente...”.

Gaúcha branquela, sagitariana (leia-se: otimista crônica), grávida (leia-se: acalorada), empapada de protetor solar fator 50, blusinha que já não cobre a parte de baixo da barriga – vocês imaginam a cena. Andei três minutos e comecei a praguejar, horário de verão o #!@¨#!*&!, ôôô calor dos infernos, onde é que vamos parar???

Mas fui, porque tenho compromisso no final da tarde (único horário realmente suportável). Liguei meu novo MP3 player, concentrei-me no ritmo da música e fui. Coragem.

Funcionou nem dois minutos, parou o som. Essas coisas novas a gente tem que carregar antes de usar, né? Pois eu achei que bastava carregar na cintura, é o que dá ter nascido muito tempo atrás. Segui no silêncio mesmo, frustrada. E o sol na cuca.

Passei diante de uma obra. Aqui no bairro há muitas obras, não há como evitá-las. Honestos trabalhadores martelavam seus tijolos, concentrados, até que me viram e pararam. De repente, começaram a entoar um funk obsceno cujos termos reconheço 30% - porque, vocês sabem, na internet a gente acaba lendo de um tudo. Os outros 70%, valha-me Deus, quero crer que não faziam referência a mim.

Não se respeita nem mais mulher com criança na barriga? – fiquei com vontade de indagar, aos berros, mas achei mais prudente apertar o passo e garantir que a serenata permanecesse fixa naquela cobertura inacabada.

O sol cada vez mais escaldante, eu cada vez mais esbaforida, as obras, o funk, o reflexo do mar estourando nos meus olhos, minha barriga chacoalhando meio desajeitada - apesar de tudo, acabei praticando o tempo necessário para não me tornar uma sedentária e alegrar os médicos.

Na volta, que surpresa, de longe enxerguei minha mãe correndo de bonezinho. Pensei, interrompo ou não interrompo o cooper dela?, interrompo ou não interrompo?, o certo seria não interromper, mas estou tão carente, o sol na moleira, e grávida pode tudo, não pode?

Satisfeita e mimada, decidi interromper e puxar uma conversa. Fiz um estardalhaço, acenei cruzando os dois braços no alto, dei uns pulinhos e sorri. Ela deu uma gargalhada, e só.

Bom, não era a minha mãe.

16 novembro 2006

Ainda bem

Daqui a uma semana (sexta) eu faço 29 anos. Você olha o número 29 e sente que ele pende para o 30, não sente? Parece que o 9 é muito mais “pesado” que o 2, assim: 29.

Ontem ele mesmo confundiu a minha idade.

- Você vai fazer 30 anos!
- Vou, mas só no ano que vem.
- Ah, é, querida... Ainda são 29.

Ainda?

Ele diz ainda porque só quem viveu 29 anos comigo - assim tão de pertinho, sem férias, fim de semana ou feriado - fui eu mesma. Minha sincera expectativa é de que ele siga dizendo ainda, querida, ainda, querida e ainda e querida por mais 30 anos, e ainda confunda os meus noves e os meus zeros quando eu tiver vários trintas. Sinal de que as coisas vão muito bem, afinal – quem não sabe? –, o amor é mesmo ruim de cálculo.

(Calendário e balança agradecem).

15 novembro 2006

Sem culpa

Acabei ficando impossibilitada de ir à Expo Bebê e Gestante comprar o enxoval da minha filha. Motivos de saúde, vocês sabem como é. Minha sorte é que tenho anjos da guarda que fizeram tudo por mim, e está resolvida a parafernália. Aliás, muito bem resolvida!

Ensaiei sentir um pouco de culpa por não ter participado das compras, mas depois resolvi assim: deixa eu relaxar, vou ter muuuuito tempo pela frente para sentir o peso das culpas maternas. E soltei o ar.


Inconveniências

Divertidíssimo um tópico da comunidade de grávidas, no Orkut, onde as minhas colegas de barrigão reclamam das bobagens que são obrigadas a ouvir por aí. Tem cada coisa!

Uma moça reclama que ninguém JAMAIS está satisfeito com o tamanho da barriga dela. Quando era muito pequena, reclamavam que era muito pequena.

- Tem certeza que está grávida? Olha que pode ser mioma, hein?

!!!

Finalmente, a barriga começou a crescer. Quando ela pensou que iria agradar, ledo engano.

- Nooooossa! Tem certeza que é para fevereiro??? Sua barriga parece que vai explodir a qualquer momento!

E as piadinhas óbvias:

- He he he... Jura que é um só? Seu médico olhou direito? Pelo tamanho da sua barriga... he he he...

Muitas reclamam dos abusados – e abusadas - que, sem ter a menor intimidade com a futura mãe, vêm logo botando a mão na barriga. “É como se a minha barriga fosse pública!”, dizem.

Uma moça contou (essa é de doer) que foi a uma festa com o marido; lá pelas tantas, uma conhecida sapecou:

- Cadê o fulano, hein? Se eu fosse você cuidava bem do seu marido, onde será que ele está? A essa altura, minha filha, com você desse jeito, ele não deve mais agüentar ver barriga pela frente, e sempre tem um bando de magrinhas querendo dar em cima do homem das outras...

Pode???

---

Portanto, nem tenho podido reclamar. Comigo acontece, claro, mas até que é light. Há quem sempre goste de comentar um ou outro caso de aborto, uma tia que sofreu de um negócio raro assim e assado (coisas cabeludas), o parto da fulana – imagine que o médico era praticamente um a-çou-guei-ro! Freqüentemente, terminam as histórias com: “... mas, imagina, com você vai dar tudo certo!”.

Ah, bom! – Faço aquela sobrancelha de quem se alivia e agradece pela solidariedade, termino a lista de compras que vinha mentalmente fazendo enquanto a doida contava causos que não me interessam e vou à luta.

A propósito, ontem comentei que estava completando seis meses de gravidez e tive que ouvir, no ato:

- Ah, então te prepara, porque os últimos três é que são os PIORES!!!

Não diga, meu bem.

Detalhe: a autora do comentário jamais esteve grávida.

09 novembro 2006

Mais feira

Amanhã vamos à Expo Bebê e Gestante(última do ano), e dessa vez faremos compras de roupinhas de bebê baratas. Estou com a planilha de custos afiadíssima. Já sabemos que Lara é Lara mesmo, então que venham os babados e bordados cor-de-rosa, com bolinha ou sem bolinha, lacinho, pompom, fita, frufru, casinha de abelha, purpurina, lantejoula e gloss.


Ops, menos!

Nunca fui de peruagem, ora, eu que não invente de brincar de Barbie-over com a pobrezinha que ainda nem pode berrar para se defender. Neca. Minha filha vai ser chique, meu bem, mas chique do tipo básica, bom gosto evidente, adequada, ponderada, tudo no esquema. Fina, sabe como?

Claro, gostará de uma extravagância aqui e ali, que ninguém é de ferro. Um chapéu cor de abóbora, um pingente do tamanho de uma caneca, botas de onça ou zebra ou penas de galinha-d’angola – vez em quando, que mal tem?
...

E uma voz interna me arranca bruscamente do delírio, avisando:

“Vá fantasiando, mãezinha. Até que ela faça 13 anos e saia arrastando coturnos pelos seus tapetes, vá sonhando...”

08 novembro 2006

Cããããibra!

Hoje está um dia ótimo para não fazer absolutamente nada, mas eu acordei querendo fazer tudo, porque é uma data importante para mim (fiquem curiosos). Acabei não fazendo nada. Vamos ao estúpido motivo.

Acreditem, na segunda-feira de manhã tive uma cãibra ultra-mega-power-violentíssima, como eu nem sabia que existia. Na panturrilha direita. Depois que passou, ficou aquela coisa meio dolorida, como se eu tivesse feito musculação demais (não faço demais nem de menos; faço Pilates).

Pois bem, a tal dorzinha foi crescendo e crescendo, e hoje estou virada numa grávida manca. Dói toda a extensão da panturrilha até o dedão do pé. É só mexer que dói. Uuuui!

Agora eu estou aguardando o retorno da ligação do meu obstetra para saber o que devo fazer com esta perna ordinária. E de repouso. I hate repouso.

Cãibras aparecem entre os possíveis incômodos da gestação. Minha mãe conta que teve muitas – aliás, foi o principal inconveniente da gravidez para ela. Perguntinha: tinha que me incomodar justamente no meu dia importante??

Acho que meu texto hoje está sem graça, por isso vou parando por aqui. Não sei como vocês agüentam queixume de grávida. Beijos.

Atualização
O médico acaba de ligar. "É falta de potássio, comum na gestação. Coma banana e beba muita água-de-coco e suco de laranja".

07 novembro 2006

Barriga X Ego

Barrashopping. Mulher classuda, 40 e poucos anos, passa por nós com as duas filhas – entre 8 e 10 anos – abraçadas. Uma das meninas, discretíssima, comenta:

- Olha ali outra grávida, mãe!
- Aham.
- De quantos meses ela está?

Ouço-a responder, muito convicta, depois de breve reflexão:

- Um mês.

???

Minha barriga se sentiu ofendidíssima, diminuída e tal, mas eu até que gostei. Tudo bem que a mulher é sem noção, porque UM MÊS de gravidez não dá nem sombra de barriga! Mesmo assim, foi ótimo para a parte do meu ego que não está gestante.

Além do mais, como diz o Millôr, não se deve contrariar a oftalmologia alheia.

**

Tour

Não valho nada mesmo. Mal cheguei no Rio e já estou morrendo de vontade de passear de novo, mas já me prometi: nada de viagens até a Lara nascer. Muda muito a rotina. Come-se fora, faz-se pouco exercício, hooooras sentada (aeroportos, carros, longas esperas), a coluna reclama, o organismo bagunça todo, e já aprendi que gravidez requer muita disciplina. Como quase tudo nesta vida, aliás. Deus me sossegue aqui até fevereiro, portanto.

Depois que eu me recuperar do parto, ponho a Lara no bolso e - que venham as turnês! Do jeito que ela anda pulando dentro da minha barriga, disposição não há de faltar.

**

Preferencial

Foi a nossa primeira vez. Resolvemos ir ao cinema, escolhemos a sessão e começamos a andar em ziguezague pelas intermináveis cordinhas organizadoras daquela fila homérica. Distraídos, mas irritados, dialogávamos economicamente: cada um entrava com um travessão e uma bufada. Só.

Até que ele, de súbito (eu adoro quando o homem tem um ataque súbito, confesso), puxou-me pela mão e saiu(ímos) pulando cordinhas até o primeiro guichê. Aquele. O do atendimento preferencial.

- Pois não, qual o filme?

Furamos a fila, numa boa. E ninguém questionou minha conduta, nem esboçou protesto, nada, nenhum pio.

Resultado: a partir de agora, estou me sentindo uma poderosa portadora de credenciais abdominais. Rá, metam-se a besta!

01 novembro 2006

Quilos

Já estou naquela fase em que ficam dizendo “você está ótima”. Depois dessa, vem a “você está COM UMA CARA ótima”. E ainda tem a fase final, sofrível, quando comentam: “você está COM UMA ENERGIA ótima!”.

Quanto mais espiritual é a categoria do elogio, menos fisicamente interessante você está. Como diria o (re-)presidente, VEJA, O DADO CONCRETO É QUE eu já engordei além da conta. Blérgh.

Não vou entrar em números (ja-mais!), até porque os números é que já não estão entrando mais em mim. Se é que me entendem. Digamos apenas que extrapolei – um pouquinho, vá lá - o ideal sugerido pelo médico para a progressão dos quilos.

Filhos porque quilos!!


Filhos

E nem adianta pôr a culpa na Lara – como alguns, gentilmente, têm me sugerido -, porque a barriga ainda não está nenhuma Brastemp. Para cinco meses e meio de gravidez, há quem não acredite. Chovem vizinhas, primas, enteadas e até atrizes conhecidas (dos outros, não minhas) que, segundo consta, vão ter bebê na mesma época que eu, mas já ostentam barrigão de respeito. E eu nessa aqui, devagar e sempre.

“Sorte sua, que é alta e então distribui” – dizem.

A imagem até que é bacana. Fico imaginando a minha Lara bem distribuída em mim, as mãozinhas entrelaçadas na nuca, os pezinhos cruzados à frente (estilo “dê férias para os seus pés”), óculos de sol, viseira, suco de maracujá no canudinho em espiral, tranqüila da Silva, bordando miçangas coloridas para a fantasia da estréia.

Sim, porque eu não sei se vocês sabem, mas Lara deve chegar no carnaval.

27 outubro 2006

Enxoval

Sabe quando vai caindo a ficha?

Chegando a hora de começar o enxoval da Lara. Vocês não têm noção. Ou vai ver que têm; eu é que não tenho a mínima.

Baixei listas e mais listas de sites especializados. Cada qual tem uns dez itens cujo nome da coisa me sugere logo a própria coisa, ou seja, soa algo familiar. O resto é mistério. Objetos dos quais nunca ouvi falar, tampouco palpito alguma finalidade. Meu Deus, pânico. Sem contar com os falsos cognatos.

Recomendam, por exemplo, que eu compre culotes. (!!!)

É para dar risada, né? Já que a celulite e as estrias vêm de graça, não custa nada a gente abrir a mão e... Francamente.

Quando começaram com essa coisa de culote, fui atrás de um glossário. E achei. Culote (atenção para o apelido: mijão) é calça comprida de bebê. Pode ser com pé ou sem pé.

E cueiro, você sabe? É para enrolar o bebê. Ops, mas isso não era manta? Sim, e manta tem lá também. Até agora, a diferença que encontrei é que a manta é mais... bonita. Mas tem de comprar de ambos. Vááários.

Outra figura fácil da lista: pinça. Minha filha nem nasceu ainda e já devo me preocupar com o seu buço???

Calma, mamãe. É pinça de plástico, para manusear mamadeira esterilizada...

Tem fralda de boca, fralda de ombro e fralda de mão (?). Além das descartáveis, claro.

Outro que achei curioso foi um tal de porta-bebê. Assim como porta-jóias, agora temos o porta-bebê. Dá uma estranha impressão de ser um recipiente qualquer onde se guarda o filho (ora, tivemos um dia estressante no trabalho!), e deve vir com tampa ornamentada em tons pastéis com dizeres do tipo “não perturbe”, ou ainda “cuidado com o bebê”, dependendo do gênio da criaturinha.

Ficará muito belo em cima da cômoda ou da penteadeira da mamãe.

25 outubro 2006

Cachorro reflexivo

Voltava da praia e vi uma mulher caminhando com seu cachorro. Fiquei olhando para o bicho. Parecia mesmo que pensava. O preço da ração, novo namorado da dona, colesterol, cadelinhas da vizinhança, segundo turno...

Cheguei, finalmente, à conclusão do que me atrai nos cachorros: não a raça, o pêlo, o design do fucinho, nada disso. Gosto é do cão que reflete.

Ou, se não reflete, finge muitíssimo bem.


Rótulo auto-explicativo

Acreditem, comprei um produto cujo rótulo ostentava a seguinte pérola: “CONSERVAR DE MODO ADEQUADO”.

Ah, tá.

18 outubro 2006

Ultrasom – 22 semanas

- É uma menina.

Estranhamente, eu não quis acreditar. Tem certeza? Checa bem esse negócio aí, alô, alô, tá funcionando o aparelhinho que mede? Olha, o senhor desculpe, mas eu já passei por isso antes, cheguei aqui e o bebê me apareceu sentado e...

- Estou dizendo, é uma menina.

Vai por mim, doutor, essas coisas às vezes enganam, estou calejada, imagine que minha primeira experiência deu segundo turno, Deus me livre de empatar um jogo desses, esse gelzinho é de boa qualidade? Gruda bem o, como chama isso, enfim, o scanner que você passa na minha barriga, está bem grudado? Digo, aderindo? Olha, a imagem na tela não está lá essas coisas, não. Quero dizer nada. Muito chuvisco. Tem risco de haver interferência com os bebês das outras?

- A sua filha é uma me-ni-na! Está muito claro, olha lá o sexo!!

Não havia Cristo que me fizesse engolir a ficha. Eu seria mãe de uma menina. Que alegria doce; um suspiro bem ensaiava, mas não me acontecia. Continuei tentando me certificar, e apertava a mão do pai cada vez mais forte, como quem pedia que me dissesse que era isso mesmo, soprasse no meu ouvido sem que o médico estivesse olhando: psiiiu, ele está falando sério!

A verdade é que só acreditei quando olhei para ele.

Dizem que as mulheres são mais sensíveis às formas não verbais de comunicação, um franzir de testa, um jeito, acento de sobrancelha. Na tela eram pedacinhos de pés, braços, boquinha, mão, ossos e feições confusas. Na voz do médico eram palavras.

Mas o pai fez lá um ar, e foi no lá e no ar que eu enxerguei inteira a minha Lara.

16 outubro 2006

Cadê?

Hoje me disseram que eu “já perdi a cintura”. Deus queira que eu a encontre de novo, algum dia (depois do carnaval, claro).

PS: Completei cinco meses de gravidez, cruuuzes, como passa rápido!


Argentina

Se você quer fazer uma viagem maravilhosa e barata, voe para Buenos Aires. Já. Sem preconceito, né? Afinal, se os argentinos têm um monte de defeitos, quem não os “temos”?

Falando sério, os preços lá são convidativos – sobretudo comida e transporte. Os táxis são velhos e poucos têm ar condicionado, mas a corrida sai quase de graça se compararmos com os preços daqui. Tem um transporte ainda mais barato e divertido: andar a pé! A cidade é linda, vale gastar as panturrilhas e depois repor as calorias em algum café daqueles bem tradicionais, cheios de delícias amanteigadas e açucaradas. Hummm.


Como resistir a (quase) tudo

Como gravidez é coisa séria, controlei-me diante das barbaridades calóricas portenhas. Não foi fácil recusar as medialunas (espécie de croissant em forma de meia-lua, doce ou salgada, sempre um escândalo) e as empanadas (pastel de forno) tradicionais. Provei uma de cada, e só. À noite, ficava só na saladinha. Claro, vários lanches com barrinhas de cereal para segurar a onda. Graças a Deus, não como carne vermelha mesmo – seria uma tentação atrás da outra!

Todo esse esforço é porque - já percebi - ganhar peso na gravidez é muito fácil. E, dizem, perder depois é difícil demais.

Quando não se está “embaraçada”, se você quiser enfiar o pé na jaca hoje, pode perfeitamente compensar malhando três horas amanhã, ou ficando só no suquinho com salada o dia todo. Esperando um filhote, no entanto, não me arrisco nessas imprudências. Se enfiar o pé na jaca agora, engulo a jaca. E a jaca conta pontos na balança. Gravidez é ao vivo e não tem ensaio.


O bebê mexeu – e abriu para o público

Não sei se ele quis fazer uma exibição futebolística em terras argentinas, para estimular a rivalidade, mas o fato é que o bebê mexeu em plena Buenos Aires. Claro que eu já vinha sentindo antes, havia algumas semanas, mas não sabia que o evento seria aberto ao público tão cedo!

Estávamos no apartamento, descansando e batendo papo. Volta e meia falávamos nele – nosso principal assunto, disparado! -, o pai com a mão na minha barriga, mas sem nenhuma intenção de estimular resposta.

Será que é menino ou menina?

Como será a carinha dele ou dela?

Enfim, esses assuntos bobos de pai e mãe. Dali a pouco, sem esperar o som do apito, a criaturinha bate: tum!

O pai deu um pulo:

- Mexeu!!!
- Jura que dá para sentir daí?? – Levei um susto.
- Claro que dá! Olha, de novo! E de novo! Chutou! Chutou!!!

Agora sim, virou um evento interessante. Não podem mais dizer que estou inventando. Ou que é pum.

14 outubro 2006

De volta

Mil perdões. A grávida aqui esteve ausente nos últimos 10 dias por conta de viagens. Não consegui acesso à internet e tempo suficiente para postar durante, mas prometo que, assim que desfizer as malas, volto com novidades.

PS: adorando os diálogos de vocês, Tácio e Batz!
:o)

04 outubro 2006

Gravidez em camadas – da primeira metade


Ninguém comenta nada a respeito, mas a verdade é que a gente fica grávida em camadas. Por etapas, quero dizer. Fui me dar conta agorinha.

Primeiro tem aquela camada que, você sabe, é a melhor de todas. Não vou me ater aos detalhes porque fica feio; sou quase uma mãe de família. (Ocorreu-me agora: semi-mãe?).

Segundo, a fase em que não vem aquilo que deveria vir mensalmente. Sustinho. Apreensão? Torcida? Cada caso é um caso.

Enfim, o exame positivo, que é a resposta para os seus problemas – ou o início deles, ou uma mistura de tudo isso e mais uma pá de emoções diversas, a granel, a gosto da freguesa. O choro é cortesia da casa. Chora-se um bocado, cruzes.

Uma vez consumado o fato (quase disse o feto!), começa o período enjoado. No meu caso, até que foi leve. Não tinha vontade de ver ninguém, disposição zero, comida embolava todinha no estômago; num dia odiava café, noutro adorava – um samba do crioulo doido. Mas tem gente que vomita!

Próxima camada: com a náusea vencida, volta-se a ter gosto pela vida. E tudo fica muito divertido, porque vão achar que você é extremamente magra, basta dizer a senha:

- Estou grávida!

Gravidez é sinônimo de formas redondas, mas o bacana é que a cintura demora a fugir sobre as calças. Vão dizer:

- Nossa, você está ótima!
- Nãããão creiooooo!
- Mas então você engravidou on-tem!!!

E tudo isso é muito agradável enquanto dura.

Até que vem a fase atual (no meu caso); aquela em que você, de tão mal acostumada que está, custa a acreditar que as pessoas já estão acreditando que você está grávida. Ora, nem você acreditou direto ainda! Em vez da surpresa, o silêncio.

- Estou grávida!
- ...
- Grávida! Eu disse que estou grávida!!
- Ãh-hãm.

A senha antiga já não faz efeito algum. Ninguém vai dizer “UAAAU!”, “nem parece!”, “juuuuura”? É um baque, requer preparo.

Bom, só posso falar da primeira metade. Por enquanto, estou recém passando para a segunda (4 meses e meio). Ainda há dias em que não me acordo tão grávida. Noutros, gravidíssima. Varia legal.

02 outubro 2006

Deu segundo turno. Vou dormir feliz.

29 setembro 2006

Diagnóstico e tratamento

Fui à ortopedista. Dra. Célia ouviu minhas queixas, depois começou a me esticar aos pedaços.

- Dói?
- Não.
- E agora?
- Não.
- Dói assim?
- Nada...
- E assim?

Pelamordedeus, parece que eles fazem de propósito! E fazem mesmo. Não sossegam enquanto não ouvem um gemido.

- Ui... Dó-óóói.

Só então ficou satisfeita.

- Arrá. Negócio é o seguinte: isso nada tem a ver com a sua hérnia de disco. É da gravidez mesmo. Lá pela metade da gestação, seu caso, os ossos da bacia começam a se afastar, porque entendem que o bebê vai ter de... você sabe... passar... ali no meio.

- Tô sabendo.

- Então. Isso causa um (esqueci o nome) que pode ocasionar uma (tampouco me interessa), gerando (blá blá blá, será que aqui tem banheiro?), é por isso que você sente essas dores.

- Ahm. E a solucionática da problemática? Tens ou não tens?

Tinha, claro. Remédio e RPG. Lá vou eu...

27 setembro 2006

O sexo do bebê – deu segundo turno

Não foi dessa vez. Passei uma noite sem dormir (curiosa) e fui fazer, ontem, a ultra para saber o sexo do bebê. Bueno. Como tudo que vive em mim, também esta criaturinha derrama ironia pelas beiradas: me apareceu sentado(a), de ladinho, e ainda com as duas mãozinhas cobrindo o, digamos, objeto (ou a objeta!) que deveria nos ser útil.

Implicante!

Está bem, pode ser timidez. Mamãe perdoa.

A médica me esfregava o aparelho na barriga e fazia uma cara de três pontinhos. Percebi logo, desse mato não sai coelho é tão cedo. Coitada, ficou numa situação.

- Hum... Hum... É, sinto muito, mas não vou poder arriscar, não... A margem de erro é muito grande, e...

Já sei, Dra. Três Pontinhos, a margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos – o que, em termos de sexo de um bebê de 20cm, é voto para mais de metro! Ela ficou nos indecisos. Deu segundo turno.

Já disse, mamãe perdoa. Mas, assim que nascer, vamos ter uma conversinha séria sobre essa coisa feia de não comparecer aos debates! Pode, não.

22 setembro 2006

Coluna do meio

Naquela fase: quanto mais faço alongamentos achando que vou resolver o problema, mais me dói a coluna. Estou com um nódulo de tensão, na lombar, do tamanho de um ovo. Entre outros ovinhos. Dói. Hérnia de disco. Gravidez. Massagens custam os olhos da cara, e nem sei se adiantam lá isso tudo. Tô com medo de ter de voltar ao RPG (que custa os olhos dos olhos da cara, além de ser um saquinho). Já faço Pilates, religiosamente, e tenho uma postura ótima, à custa de disciplina. Não sei o que mais é preciso.

Por que é que tudo que é “o certo a fazer” custa tão caro?

Por que é que a maioria das coisas boas é “ilegal, imoral ou engorda”? Ou custa caro?

O certo era não estar sentada aqui diante do computador, esta praga moderna, mas alguém poderia me dizer onde mais posso escrever e publicar? Bah!


Vício e desvício

Parece mesmo que a gente vive a compensar os vícios. Alongamentos X horas de computador. Dieta X um pedaço de torta de chocolate vez por outra. Caminhadas X chopinho no fim de semana (que ninguém é de ferro). Etc, etc.

Poderia chamar de “vício e virtude”, mas desvício me parece mais adequado (embora não exista), porque se trata claramente de um movimento de compensação. Como na física, querendo anular fazendo força na direção oposta. Fica tudo zero a zero.

No fim, é um engodo. A gente envelhece igual, engorda igual, entorta igual, fica cheio de manias, perde a censura, enfia o pé na jaca, briga com o cônjuge, sente-se um lixo e ainda vota errado. Poderia dizer que não existe empate no jogo da vida, mas aí já seria o cúmulo do clichê (aliás, outro vício a se evitar sempre que possível).

Cristo, mas o que estou dizendo?

Meu filho, não ligue para as bobagens que a mamãe escreve. Acordei com o pé esquerdo – um dia você saberá o que isso significa, e também acordará com os ovos virad... ops!, com o pezinho errado, e mamãe saberá compreendê-lo. No fundo, no fundo, mamãe é uma otimista crônica, embora nem toda crônica da mamãe seja otimista.

São os vícios e os desvícios do ofício.

21 setembro 2006

Blindado

Deveriam fazer uma pesquisa científica para descobrir de que material é feita a pele do presidente – e, depois, utilizá-lo na blindagem de carros. Daria uma grana preta.

Nada, absolutamente nada pega nele. Incrível. Isso nem é mais uma caso político; é esotérico.


Boneco promocional

Coitadinho, teve que fazer uma cirurgia na mão e está todo entalado (com tala). Sobrou-lhe a mão direita, orgulhosa e ativa, mas visivelmente abalada com a baixa da colega.

- Faz um café pro mano?

Às vezes ele ainda fala na terceira pessoa, como quando éramos crianças, e acho tão bonitinho. Me dá confortável sensação de ser protegida – mimos de caçula são eternos, abafa o caso...

Detalhes cirúrgicos à parte, o médico mandou que ele mantivesse a mão para cima o máximo de tempo possível. Ajudar na cicatrização. Essa é a parte engraçada, porque olho para o lado e ele está aqui, no computador, arrastando o mouse com a mão boa e apontando a ruim para o alto, num aceno eterno, como um bonequinho promocional desses de posto de gasolina. Hihi.

Descolasse um bico, garanto que vendia mais que o tigre da Esso.
(É da Esso?)


Festival da cenoura ralada

Não posso ver uma promoção, comprei um saco de cenoura ralada pelo preço de... sei lá, de meio saco. Fiz mau negócio. Não posso mais ver cenoura ralada.

Meu filho, please não vire um coelho.


O primeiro vestido

Achei uma ponta de estoque de moda gestante, lá fomos nós. Coisas lindas, acredite. Minha mãe me deu de presente um vestidinho: meu primeiro vestido de grávida.

Experimentei e achei o máximo, todo soltinho, suuuuper confortável, além de preto. Contudo, saí de lá já meio ressabiada: vou mesmo poder usar isso na rua? Minha mãe diz que sim, que a gente se sente meio pelada mas é legal. (Como será que é MEIO pelada??)

O que eu mais ouço: “você vai precisar de roupas fresquinhas para o verão”. As pessoas dizem muito isso, estou quase me imaginando uma bola incandescente, suando em bicas e me arrastando, com as duas mãos em concha segurando o barrigão. Mas é verdade, porque o rebento rebenta em fevereiro, imagine o calor do Rio nos meus meses mais críticos. Então, vou me habituando desde já aos vestidos. Nunca fui muito chegada a eles – pior, nem eles a mim -, mas vamos lá.

Quando criança, rejeitei um vestido que me arrumaram e devia mesmo ser muito lindo, ou fofo, ou gracioso ou coisa assim, mas tinha um defeito que arrasava qualquer adjetivo: pinicava. Tanto que o apelidei de “vestido de estátua”, porque tinha para mim que era impossível me mexer enfiada naquele traje.

Mas como as coisas mudam. Aos 14 anos, comprei para mim mesma um vestido (está certo, empurrada por uma colega, mas paguei com o meu dinheiro!) que, esse sim, era um escândalo. Feito de retalhos de cotton (naquele tempo se dizia cotton) e vinil (naquele tempo se usava vinil, tá?), o negócio era tão grudado no meu corpo, mas tão grudado que logo na estréia me acusaram de salsicha. Tinha mesmo feito uma dieta, andava meio magrela, mas me achando.

Gostei tanto que usei umas duas ou três vezes. Para um vestido, era recorde! Está bem, confesso que ainda é.

Não há de ser nada, agora vai ser diferente, eu sinto, estou empolgadíssima. Acho que essa coisa de ser mãe implica, entre outras coisas, em vestidos.

Acho que esse negócio de ser mãe pinica (entre outras coisas, claro).

15 setembro 2006

Literalmente correndo, passando para deixar um oi. Pilates, caminhada na praia, calor de mais de 30 graus, vamos que vamos. Compras, limpeza, banco - fila enorme! (Ainda não tenho coragem de entrar no caixa preferencial, mas deveria).

Fome, muita fome. Comidinhas, frutinhas para ir enganando o estômago nos intervalos. Droga, viciei noutra barrinha de cereal (chocolate, fibras e ameixa). 90 cal. Se eu comesse só uma...

***

- Grávida???
- Siiiim!
- Quantos meses?
- Quatro.
- Nem sabia que vocês estavam tentando! Estavam?
- Que pergunta, é CLA-RO! ... ... Só que também não sabíamos.

Hoho.

***

Meu irmão:

- Quando é que nasce o coloradinho?

Uma ova. Providenciar uniforme tricolor, urgente. Unissex.
No Rio já está decidido: será Flamengo. Influência paterna, mais que justo.

***

Cariucho

Outro dia fiquei sabendo (mui ignorante, abafa): meu filho não será carioca da gema. Da gema é quando pai e mãe são cariocas.

Nosso caso, pai carioca e mãe gaúcha, será um(a) cariúcho(a). Cariúcho. Cariucho. Com ou sem acento? (Socorro, mãããee!).


TIME IS OVER. Fui.

13 setembro 2006

Como bem lembrou a Pati, estou há quase uma semana sem postar. Uma vergonha. Não me deixem mais fazer isso!

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Não que esteja sem assunto. Pelo contrário; são muitos. E também algum trabalho – ninguém é de ferro.

A futura mamãe aqui ainda não sabe o sexo do bebê. Segunda fui ao shopping da Gávea e tomei um susto: o segundo andar simplesmente foi invadido por lojas de bebês e crianças! (Claro que já estavam lá, mas eu não me ligava nesse assunto). É muito legal olhar roupinhas e sapatinhos e ficar imaginando uma criatura “made in minha barriga” desfilando por aí com aquelas estampas. Vestidinho? Bermudão? Ainda não sei. Ai, curiosidade...
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Todos querem minha barriga

Agora já está mais difícil disfarçar a gravidez. Quem não sabe, dependendo da roupa que eu esteja usando, ainda não desconfia. Mas quem sabe já percebe a protuberância do – perdão da palavra – útero. E eles vêm com tudo. Já mal me cumprimentam e logo partem ao que interessa:

- Oi-como-vai-blá-blá-blá, E A BARRIGA??? (Olhos curiosos na direção do meu – perdão da palavra - útero).

Gentilmente, abro o ventre à visitação pública. E nem cobro ingresso.

Os visitantes ficam com cara de quem observa arte abstrata; ainda não entendi direito o que vêem – se é um bebê pronto, uma criança já empacotada em fraldas, um reles embrião meio sujinho, ou, simplesmente, uma barriga. Branca.

- Aaahhmm... tomando forma!
- Olhaaaa! Crescendo, hein?
- Uaaau!
- Hummmm!

E por aí vai. Na dúvida, eu concordo com tudo. Não sei o que estão pensando, mas concordo. E sorrio muito.

- Não estou dizendo? – faço uma cara de mãe orgulhosa que exibe um boletim tudo 10.

Estou pensando em, daqui a alguns meses, organizar melhor esse negócio da visitação à minha barriga. Sabe como é, para não estressar a pobrezinha. Providenciar uma roleta, uns cones, estabelecer horários, controlar o fluxo... Claro, as pessoas mais “especiais” (parentes, etc) poderão ter um cartão VIP que dará direito à freqüência 24 horas por dia, sem restrições, free ticket, open bar...

Mas custará uma baba.

06 setembro 2006

Botando barriga

Disseram hoje, no Pilates:

“Você é o tipo da grávida que só vai botar barriga.”

Com isso, querem dizer que devo engordar mais é na barriga mesmo (algo assim). Mas que a expressão é gozada, lá isso é. Por mais que me esforce, não consigo me imaginar “botando barriga”.

E, quando consigo, a cena certamente é proibida para menores.

De mais a mais, o corpo da gente só a gente mesmo é que conhece. Cá entre nós, saibam que já ando, imaginem... Botando pernas.

E se o negócio é assim, de botar coisas, eu bem gostaria de fazer meu pedido como na pizzaria:

- Me vê uma bunda aí; meia Juliana Paes, meia Globeleza. Pra viagem, tá?

Ia botar a maior banca se pudesse botar essa superbunda. Hoho.


Do contra

História ótima que ouvi num programa de TV sobre o desenvolvimento dos bebês (só se fala nisso, é incrível!). A família andava doida para ouvir o pimpolho dizer a primeira palavra. Cada um apostava, vai dizer papai, não, vai dizer mamãe, vovó, titia, Totó, etc. Moleque, um dia, abre a boca e cala os babões:

“Água!”

Água???

Pois afogaram o pentelho na banheira, e foi bem feito. (MENTIRA! MENTIRA! Um pouquinho de humor negro, só para dar um clima...).

04 setembro 2006

Doce

Olhar o nariz da Heloísa Helena me dá uma vontade danada de comer cajuzinho.
...
Meu caso é sério?


Mulher que estamos no plural

Nós estamos temporariamente no plural, porque estou grávida.

Sendo assim, expandimos o útero e flexionamos os verbos – que, depois, voltarei ao tamanho natural singular.

Mas é bom que exageremos nos emos, imos, e sobretudo nos amos, enquanto assim ficamos.

Nossos benefícios são imediatos, porque é evidente que esperamos.

Temos permissão simbiótica para discordar da gramática, afinal, dentro de mim ovulamos, concebemos, crescemos, um dia nascemos.

Enquanto isso, tenho licença poética para estar toda prosa.

E como estamos!

31 agosto 2006

Piadinha maldosa

Bastou um brasileiro ir ao espaço, já sumiu um planeta. Dizem que a preocupação, agora, é com os anéis de Saturno...


Bem treinado

Essa não é piada. Liguei para a farmácia.

- Tem carvão vegetal?
Silêncio do outro lado. E o rapaz desembucha:
- Isso é para fazer churrasco, dona?

É, sim. Vou tacar fogo num comprimido e assar carne para o condomínio todo. Faz favor...

29 agosto 2006

Chuva torrencial

Acordei com o barulho da chuva, mas que chuva! Abri a janela do quarto e fiquei olhando para ela, com cara de pasma. As árvores se curvam, e as nuvens viajam rapidamente.

Não sei por que a pressa. É tão bonito assim.


Vai dar tudo certo

Dei bom dia à minha barriga, digo, ao meu filho ou filha: “bom dia, filhote-ota. Güenta firme aí, que a mamãe aqui está tratando das suas coisinhas. Vai dar tudo certo, viu?”.

Gosto de dizer que vai dar tudo certo. Foi a primeira “frase de mãe” que me veio à cabeça, então adotei como refrão pré-natal. Não era bem a minha praia – sempre muito desconfiada, ponho vírgula até em ditado consagrado, afinal, pode ser que sim, pode ser que não, talvez, quem sabe, quem foi que disse? Mas uma barriga crescendo, além de engordar, também nos vai inchando de alguma estranha confiança. Deve ser coisa dos hormônios, hoje em dia tudo são hormônios...

E Deus é justo: veja que até mesmo a celulite é capaz de apresentar uma contrapartida.

28 agosto 2006

Mais para baixo

Aqui em frente à janela do meu quarto (primeiro andar, lembrem-se) estão alguns rapazes, munidos de marretas, a abrir buracos no solo desde manhã cedinho até o cair da tarde.

(Uma mulher grávida sente muito sono. A tarde tem caído meio de lado ultimamente).

Mais adiante há outros buracos, e outros rapazes, e outras marretas, e muita sinalização em volta – de modo que não se enxerga nada do que há no meio, porque é muito bem cercado. Mas intui-se, pelo áudio. Uma pena que não tenham inventado cercas que isolem o barulho. Isso, sim, levaria meu voto.

Hoje cheguei em casa e perguntei ao meu sempre atento irmão:

- Isso aí é para fazer um bom esgoto?

Ele deu uma espiada e estalou o beiço, cético.

- Duvido. Deve ser apenas para empurrar as merdas mais para baixo.

Empurrar as merdas mais para baixo. Tá parecendo, Deus me perdoe, uma metáfora política do que nos aguarda em outubro – e em 2007, naturalmente.


Mais para cima

Essa minha empolgação alimentícia, superada a fase dos enjôos da gravidez, resultou em histórica disparada no ponteiro da balança rumo a caminhos pouco desejáveis, sobretudo porque ainda estou no (final do) quarto mês de gestação. A criança que me habita o ventre pesa algo em torno de 25gr., e provavelmente é ainda menor que um Playmobil, ou seja, não justifica um aumento do volume interno – vamos dizer assim – do modo como se apresentou, implacável, diante dos olhos do (ai) obstetra.

- É. Vamos controlando isto.

“Isto”, no caso, sou eu. Aliás, nós.

22 agosto 2006

Alimentos

Fomos viajar para a fazenda de uns amigos no interior de Minas. Broa de milho, pão de queijo, café com leite, silêncio e pássaros. Demos um pulinho em Tiradentes (gracinha), comi pato com molho de manga e cuscuz marroquino - não sei dizer se foi bem isso, mas a ave eu garanto.

Comi de um tudo. Até paçoca.

Com o fim dos enjôos, tenho me empolgado um pouco nas questões alimentícias. Outro dia, levantei de uma soneca à tardinha e me comportei assim: mandei ver um punhado de batata chips, cookie de café integral e uma fatia de pudim de leite. Pode?

Mas li no blog de uma (outra) grávida que ela teria comido um pudim in-tei-ro sozinha, então estou relativamente tranqüila. Por enquanto, estou fracionando os absurdos.


Bônus

Dia desses, juro que não tenho feito isso, mas cometi alguma indelicadeza da ordem das... indelicadezas, mesmo.

- Vai brigar comigo? – me arrependi no ato.
- (Bufada clássica). E eu vou brigar com mulher grávida??

Me senti na categoria Advanced Plus Exclusive Ultra Gold Premium. Mas é bom que tome logo jeito, porque essa mamata vence no próximo carnaval.
Provérbio

"Quem não sabe dançar vive reclamando que o chão é torto".

A-do-rei isso. Volto mais tarde para outro post, beijos.

17 agosto 2006

Tácio Oliveira

Dedico este post ao Tácio, um rapaz inteligente e extremamente divertido que me lia na revista Época e agora me achou no blog - leiam, no post anterior (abaixo), o comentário dele e comprovem o que estou dizendo. Vai longe!

Segundo o bem humorado Tácio, seu objetivo sempre fora "tirar o lugar da Bíbi". Queria, de todo jeito, fazer tudo que eu faço - porém, claro, muito melhor.

Quando achou meu nome no Google, ficou feliz e decepcionado ao mesmo tempo. Feliz porque me achou. Decepcionado porque, ao digitar seu próprio nome lá, não encontrou nadica. Pois bem, Tácio, ao menos um problema eu resolvi para você: meu blog vai aparecer no Google para quem digitar Tácio Oliveira! Repito: Tácio Oliveira! Tácio Oliveira!

Mas o maior problema do mundo eu criei (juro, foi sem querer!) para o Tácio, aquele que quer tirar meu lugar em tudo... diacho, engravidei. Como diz ele, Bíbi vai ser mãe. E agora?

Tácio, que está até fazendo aulas de canto para me superar, tem um desafio biológico injusto pela frente. E, pelo que entendi em seu comentário, já entregou os pontos. Rendeu-se.

Compreensível, amigo Tácio. Mas, se serve de consolo, não fiz o que fiz sozinha. Para ser sincera, contei com parceria irreparável.

Portanto, não se exija tanto. Vamos combinar que, para fins de competição, valem só as obras de carreira solo. E muito boa sorte.

13 agosto 2006

De bandeja

Vi uma mulher tão grávida, mas tão grávida, que a parte de cima da barriga dela era quase uma bandeja – dava para servir o café da manhã ali, com conforto, e até um vasinho de flores caberia na borda como enfeite. Ela ia atravessando a rua, correta, pela faixa de pedestres. Fico pensando em quando eu estiver assim, “quase tendo”. Deus me ajude, estabanada como sou, a calcular minhas dimensões de modo a não sair atropelando criancinhas e/ou idosos com a minha bandeja implacável.

P.S. Não era daquelas bandejinhas de avião, não... Primeira classe!

Roupas

Fui às compras. Confesso, vai: encarar os espelhos frios dos provadores das lojas não foi exatamente uma alegria. Tudo em mim está arredondando, lenta e consistentemente. Estou naquela fase em que ainda não pareço grávida, mas já não pareço uma mulher em forma. As pessoas em volta (que sabem do meu estado) percebem, mas não sabem direito em que tom comentar. Eu também não sei em que tom ouvir. Às vezes, ouço em tom maior (com alegria); outras vezes, rola um blues em ré menor. Esses hormônios formam uma banda de baile: tocam mesmo de tudo.


Ultra

Futilidades à parte, o melhor lado segue sendo o de dentro. Gravamos o ultrasom em VHS e trouxemos o primeiro filme do nosso filho para casa. A sensação é indescritível. Tenho vontade de gritar que é um astro, uma estrela, que o rostinho é lindo, que o formato da cabeça é único, que as perninhas são de arrasar, que os olhos doces sairão aos do pai, que as orelhas são iguais às minhas, miúdas, que o pezinho, que os dedinhos, que... Está certo, por enquanto é um precário chuvisco em preto e branco boiando em partes minhas com as quais não tenho a menor intimidade, mas vá lá, nota-se que é um bebê.

Mesmo assim, já é ultrafantástico.


Paparico


Se continuarem me paparicando desse jeito nos próximos seis meses, vou virar uma criatura insuportável. Não levante, deixe que eu faça, deixe que eu pegue, quantas colheres? Quer que esquente mais um pouco? Te busco em casa, o sol está muito quente, te levo ao salão, precisa de algo do supermercado? Tem frutas em casa?

Quando saio sozinha, faço questão de carregar algumas sacolas. Só para me lembrar de não ficar tão besta.

03 agosto 2006

12 semanas

Estou no final do terceiro mês. Meu médico liberou o Pilates, ando eufórica para voltar. Entre as professoras, soube que rolou o seguinte comentário: oba, teremos uma mascote! Euzinha, no caso.


Não se manifesta

Dizem os sites especializados que, a essa altura, meu filhote (ou minha filhota) já dá saltos e cambalhotas lá dentro do útero – aventuras que, infelizmente, ainda não posso sentir. Outro dia eu me confessei preocupada:

- Estou ansiosa pela próxima ultra, ver como nosso filho está. Sei lá, rola sempre uma preocupação, afinal, ele não se manifesta...

E ele, ostentando know how:

- Você vai sentir saudades dessa época!

Hoho.


Instável

Estou começando a aprender, a duras penas, a ficar calma diante do inesperado. Para quem gosta de tudo sempre muito combinado, na ponta do lápis e sob controle, não poder prever como o corpo vai se comportar no dia seguinte – pior, nas próximas horas! - é um belo exercício de paciência.

Sabe aquela comidinha que caiu tão bem? Daqui a 40 minutos, sem avisar, parece pesar como uma laje. Já parei de procurar a azeitona da empadinha, porque o negócio é tão maluco que, às vezes, aquilo que me faz mal hoje deixa de fazer amanhã. E vice-versa. Sem motivo algum.

O negócio é relaxar e seguir as dicas do médico, o resto é loteria. Tenho sido bastante razoável, isso ajuda.


Celestial exceção

Mas, outro dia, vi numa vitrine um pedaço de bolo de laranja com calda de açúcar que tinha mais ou menos o tamanho do meu monitor. Namorido prevê o desastre e me oferece ajuda:

- Se você quiser dividir...

- Já estou dividindo!!! – Arregalei os olhos e mandei ver; derrubei o tijolo num só fôlego, sobrou nem farelo.

Pedimos a conta e fomos embora logo, eu ainda lambendo os cheiros daquele bolo que, inexplicavelmente, tinha gosto de... céu (?!). Ele, meio admirado, decerto torcia para que não me desse um treco.

Treco não me deu, mas a sensação, 20 minutos depois, era de ter tomado um porre de céu – e, claro, fui parar direto no inferno. Doía meu estômago, ardiam minhas nuvens, ai, meus sóis, céus, nunca mais! NUN-CA-MAIS!

Aliás, nunca mais eu iria comer nada. Plano modesto para quem recém devorara o firmamento. Meia horinha mais tarde, no entanto, me deu uma vontade de comer pizza de tomate seco com manjericão...

Pisei no chão, fui de pão light e frutas.

27 julho 2006

Expo Bebê & Gestante

Lá fomos nós ao Rio Centro, a fim de conferir as últimas novidades e os anunciados descontos na parafernália que envolve, cobre, diverte, balança, enfeita, limpa e seca a pirralhada. Um show.

Adorei!

Nunca vi tanta mulher grávida num só ambiente. Fiquei imaginando como serei daqui a alguns meses, com barrigão. Para não falar nos bebezinhos, de todos os tipos, cores e sabores; dos dorminhocos aos ligados em 220V; dos arrastados pelas mães aos que as arrastam, apressados, de olho na próxima fantasia de Homem Aranha. Enfim, uma feira realmente variada.

Os descontos eram, sim, convidativos. Mas não compramos nada, preferimos esperar a próxima edição – que deve ser em novembro, e aí já saberemos se o pimpolho é pimpolho ou pimpolha.


Aliás, compramos

Mamãe aqui, entretanto, saiu abraçada numa sacola de calças jeans com elásticos na cintura, preços camaradas, que não sou boba e já me previno. Claro que tive de insistir para que me atendessem na loja, e não entendia muito bem por que a discriminação, até que uma vendedora paulista não se agüentou e mandou na lata:

- Desculpe, mêêu, mas você está grávida??

Aí foram só elogios, aos quais agradeci, falsamente acanhada e quase pedindo que me pusessem também alguns na sacola – eu pago, eu pago! Afinal, sabe-se lá quando é que vão me chamar de “muito magrinha” outra vez nos próximos meses, é bom aproveitar.


Próximos capítulos

Daqui a pouco, já estou vendo, virão aqueles elogios genéricos:

“Como ela está bem!”

“Está com uma cara ótima, hein?”

E assim por diante, além de uma infinidade de perguntas sobre como “temos” passado – sempre no plural, novidade que eu, meu ego e eu mesma não teremos dificuldade alguma em absorver. Ao contrário, vamos nos divertir horrores respondendo a tudo como fazem os políticos e os jogadores de futebol: nós isso, nós aquilo, fizemos, pintamos, bordamos, etc etc.

Se eu me empolgo de verdade, sou capaz de aproveitar a licença-maternidade-poética e começar a variar também na terceira pessoa, como faz o Pelé:

“A Bíbi hoje está passando muito bem, acordou disposta, está com uma cara ótima, blá blá blá...”

O que acham?

21 julho 2006

Uma mãe portuguesa, com certeza

A internet tem dessas coisas. Estou me deliciando, desde ontem, com este blog
que descobri por completo acaso, nem lembro mais como, e nem importa.

Chama-se “Mãe Galinha”. É de uma moça portuguesa, 34 anos (acho), mãe de três meninas – a caçula tem uns cinco meses, a do meio tem dois anos e a mais velha(?), cinco. Os posts são quase todos dedicados às “miúdas”, ou à arte de ser mãe e equilibrar a rotina de mulher que trabalha fora, etc etc.

O humor dela é peculiar, cheio de ironia e ótimas tiradas – muitas vezes, devidamente creditadas às próprias filhas; pelo jeito, uma mais sapeca que a outra. Tem o charme do português de Portugal, que é um atrativo à parte, e uma doçura que, muitas vezes, chega a ser comovente.

Passei horas tentando escolher um trechinho para colar aqui para vocês, como aperitivo, mas é muito difícil!

Acabei pinçando este aqui, que é fofo e tem aquela tristeza infantil de nos fazer perder o rebolado:

A NOSSA CASA

Dia de semana; o pai em Lisboa. Em casa, apenas a mãe e as filhas. Nem sequer por lá andava a avó São. Só nós.

E diz a Inês, de mão na anca e pé ao lado:

- Já não estou a gostar desta casa!...
- Porquê? - Pergunto eu
- Estão por aqui tantas pessoas que eu já não estou a gostar.
- Mas porquê?
- Olha.... - E virou-me as costas - Porque não...

(Ai estas crises de irmã do meio...)

Leia outros.

20 julho 2006

Meia barriga / susto inteiro

É divertido, embora muito incômodo, estar grávida assim, no início. Quando estou bem, estou ótima. Quando estou mal, estou péssima. O diacho é que não sei se essa tendência aos extremos é universal – coisa de grávida mesmo - ou se é fruto da minha singular incapacidade de lidar com meias barrigas.

Está certo que, hoje em dia, a vasta literatura disponível on line ajuda a gente a sentir – sintomas! sintomas! - as mais diversas e improváveis tolices. E eu leio muito, faço questão. É muita coisa séria, mas também muita bobagem. Faço questão, tudinho.

Não sei se vou querer ficar grávida outra vez na vida, e isso me dá uma estranha sensação de querer engolir a gravidez de um só gole, para não deixar escapar nada. Sei lá se vou viver isso de novo, né? E o tempo segue.

Imaginem vocês que eu, quando recebi o resultado do hemograma que fazia parte do pré-natal, grudei os olhos e quase desmaiei quando vi lá um número altíssimo associado à rubéola. Conferi dez vezes. Eu tinha rubéola, estava tudo perdido.

Liguei para o médico, já segurando o pranto e as pernas bambas.

- Tudo bem?
- Não, doutor. Eu tenho rubéola. (A voz dramática de barriga inteira).
- Qual o tipo?
- Rubéola, ora, tipo rubéola!
- Mas é a IgG ou a IgM?
- Deixa ver... é a IgG!
- Então não tem problema. Isso só indica que você já teve rubéola um dia, ou que tomou a vacina.
...

É mesmo, eu tinha tomado a vacina.

Por Deus, que susto!!! Essas crianças ainda me deixam de cabelos brancos...

14 julho 2006

Chata

A novela está muito chata. Ontem só tinha gente se semi-despindo e longos silêncios com musiquinha de fundo. De lascar. A. P. Arósio, sempre linda, não pegou o jeito ainda - parece fazer teatro na telinha (nessa novela, eu digo, porque já a vi fazendo bons papéis na TV). Além da química zero com Edson Celulari.

Não entendi o papel da Daniele W., outra moça muito bonita, mas um pouco madura para aquelas atitudes pré-adolescentes e uma obsessão inverossímil pelo Thiago Lacerda. Quantos anos tem a personagem dela? 14, 15? 20? Difícil...

Mas o pior mesmo é o insistente apelo sensual, digamos, gastando metade do tempo com gente tomando banho ou se beijando numa espécie de preliminares das preliminares. E R. Duarte sofrendo em frente ao espelho. Aff! Arósio, dizem, vai propor sexo a três ao maridão militar. Tá bem.

Gosto mais quando eles põem cenas divertidas, porque esse mostra-e-esconde à meia luz com musiquinha hipnótica, vamos combinar, estimula só o sono da gente!

Aliás, garanto que o casal Celulari/Arósio poderia muito bem enveredar para a pura comédia, e ganharíamos todos. São bons atores que já se mostraram ótimos quando desafiados a fazer rir, simplesmente. Mas eles têm essa mania teimosa de despir os bonitos a qualquer custo, e os coitados ficam engessados em caras e bocas que garantem os postos de galã e bela mocinha, em detrimento da boa atuação.

O resultado é insosso, bonecos de cera, bah.
Balcão de padaria

- Eu queria um pedaço desse queijo Minas aqui, ó. Ele é novinho?

O rapaz me olhava, mudo. Tentei de outra forma.

- É velho?

Mudo.

- O queijo... é antigo?

Olhei fixo e fiquei esperando, parecia pegadinha. Ele me olhando, eu olhando a cara dele, e o queijo no meio de nós. Até que ele ressuscitou.

- Ó, dona, tem esse outro aqui que chegou hoje... Mas aí só posso vender o queijo inteiro.

Tudo bem que estou grávida, mas o queijo era para trigêmeos.

- É muito. Mas esse aqui, que está cortado, é de quando? Qual é a validade dele? – insisti.

- Deixa ver... É dia 21 de juio.

- Hein?

- 21 de juio.

- Junho ou julho?

- Ju-iô! (Decerto pensando: mulher surda!).

- Querido, então já está vencido, é isso?

- Não, senhora. Ainda vai vencer. Dia 21 deste mês.

Levei o queijo. Venceu-me o balconista, de lavada.

12 julho 2006

Novela das 8h

Assisti a dois capítulos da nova novela do Manoel Carlos. Ainda gosto de ver o Rio de Janeiro nas novelas dele e achar tudo bonito, engraçado... Mesmo morando aqui há oito anos, ainda não me acostumei – de fato, é lindo demais. Ponto, parágrafo.

Tem uma atriz ali, não vou citar nomes, mas é uma que sempre faz papel de neurótica. Nesta nova novela, sabem qual é o papel dela? Bingo, neurótica. Se me chamassem para fazer sempre papéis de neurótica, sei não, mas acho que eu ia ficar meio ressabiada.

Ou será neurose minha?


Mais futebol – quem agüenta?

Tem sido um pouco difícil dormir aqui, porque uma turma permanece jogando futebol até altas horas na praça que fica em frente ao meu prédio. Melhor dizendo, em frente à janela do meu quarto (detalhe: primeiro andar). Vocês acreditam que eles só param lá pelas 2h da manhã?

Fico me virando na cama e torcendo para não sair mais um gol, que aí o barulho é insuportável. E se xingam mutuamente o tempo todo, claro.

Estou com vontade de sair na rua de chinelos e dar uma cabeçada no primeiro perna-de-pau que encontrar, por Deus do céu, e que zidane!
Estou com o Zidane e não abro!

Se for mesmo verdade que o italiano xingou a irmã dele (vejam bem: irmã!), eu dou força ao movimento, digamos, meio brusco do craque Zidane. Piadinha maldosa: quando o jogador de futebol tenta agir com a cabeça, olha aí no que dá... hoho.

Pois fez até pouco. Como irmã – única e caçula - que sou, defendo o direito que os irmãos devem ter de cabecear os estúpidos agressores da maninha alheia. Falta de compostura.

E tem mais, do meu irmão também ninguém fala. Não vou de cabeça, que meu buraco é mais em cima, mas saio ofendendo a parentada toda de volta, sem dó. Quem quer medalha de prata?

“E se alguém me desafia
e bota a mãe no meio
Dou pernada a três por quatro
e nem me despenteio.”


Aos fatos (?)

Observação do presidente Lula, hoje, quando perguntado se a violência em São Paulo não poderia virar questão eleitoral:

“O dado concreto é que os fatos estão existindo. Os bandidos não estão preocupados se vai ou não vai ter eleição. Os bandidos estão aterrorizando São Paulo, e nós temos que tomar atitudes.”

Bom, se o dado concreto é que os fatos estão existindo, o que seria do dado abstrato em relação aos fatos enquanto existentes, ou mesmo inexistentes, do ponto de vista concreto, já que os dedos estão exigindo, e os dados confirmam que os credos, abstratos, de fatos secretos já estão fartos...?

De que estávamos mesmo falando?

Ô, tristeza. Alguma coisa acontece no meu (no nosso!) coração...

11 julho 2006

Agora essa: tô grávida!

É verdade verdadeira. Não se trata de mais uma gaiatice literária, não. Pegou-nos (a mim e ao namorido) de surpresa, o danadinho. Ou a danadinha.

Quando dei por mim, estava habitada por uma figurinha (desculpem o exagero nos diminutivos, mas como dizer?) do tamanho de um grão de feijão. Pode?

- Não é do tamanho de um grão de feijão, boba... 6mm é bem menor que isso! Talvez um grão de arroz.

Bueno, não importa; de mais a mais, a criança (!) já cresceu um bocado. Isso foi na sexta semana. Primeira ultra, você sabe, não dá para ver praticamente nada. Aliás, eu não sabia. Sou grávida de primeira viagem. O médico mostrou duas manchinhas brancas e disse:

- Olha lá, são as perninhas!

Espichei o pescoço e apertei os olhos. Rá, meu filhote tem perninhas! E o coração já bate a milhão. Vi num gráfico – que, aliás, me lembrou os programas de gravação/edição de áudio no computador. Loucura.

Hoje estou no início da nona semana. Eles contam em semanas, não em meses. Nada ainda de barriga, claro – embora eu já me sinta meio rechonchuda perto daquela esbelteza que havia conquistado a duras penas. Tudo que ouço é: “relaxa, depois volta!”. Espero que Deus também esteja ouvindo.


E o blog com isso?

Ok, será inviável passar os próximos sete meses sem falar no assunto. Muito! Prometo, entretanto, que não vou pintar este blog com paredes de tons pastéis, nem pipocar bolinhas coloridas enquanto vocês arrastam o mouse.

Outra coisa que não vou fazer (não me peçam, please!) é colocar fotos minhas de barrigão aqui. Tudo muito bom, tudo muito bem, mulher grávida é linda porque ostenta a delicadeza da vida e blá blá blá, mas vamos com muita calma nessa hora. Nunca dei para modelo, não irá essa condição esférica me tornar uma top nos flashes, assim, de uma hora para outra.

De resto, o blog continuará sendo o que sempre foi, apenas com mais novidades. Afinal, o pimpolho deve sacudir a minha vida (a começar pela barriga mesmo) em ritmo frenético, e não vou ser doida de deixar passar essa bagunça sem registro on line.

Me aguardem!

28 junho 2006

Clic! Baixe meu conto


Foi publicado um conto meu nesta edição do site Webwritersbrasil. Chama-se “Clic! Biquinho” - é a história de uma moça cujo namorado é ótimo, exceto por um pequeno detalhe: em todas as fotografias, o sujeito aparece fazendo um biquinho ridículo.

Prestes a se casar com o cara do biquinho, a pobre noiva está desesperada com a certeza daquele anexo desastroso em cada retrato do seu álbum de casamento. Não sabendo mais o que fazer para se livrar do biquinho, ela enveredará por caminhos inimagináveis (e cômicos, claro).

Se você quiser saber o resto da história, clique no link do site Webwritersbrasil – ao lado, na lista dos meus favoritos.
Percalços

Queridos, obrigada pelas visitas de sempre! Tenho tido uns percalços por aqui, por isso a demora em novos posts. Aos que perguntam e se interessam: o exame de sangue que eu fiz foi apenas um check up habitual, e passei no teste, estou ótima, pronta para driblar percalços e correr para o abraço.

Volto logo – mas é logo mesmo, hein?
:o)
Beijos.

16 junho 2006

Querem meu sangue

Coisinha curiosa: mosquito acaba de me picar no braço, bem ao lado do furinho que a moça fez hoje de manhã com a agulha. Maria vai com as outras, né?

Decerto pensou: oba, o petróleo é nosso! Hunf.
Sangue, bunda e adjacências

A vampira que me furou nem mostrava os dentes.

Fico nervosa nessas horas, olho pela janela, respiro fundo e nada adianta. Quando elas amarram aquele elástico no braço da gente e começam a procurar a veia, cruz credo, que sensação horrorosa. Algodão com álcool. “Olha, é descartável” – ela me mostra a seringa, e quem disse que eu quero olhar?

Se é descartável ou não, veja bem, se você diz que é eu acredito piamente. Tô em condições de questionar? Fura logo e acaba com isso, bandida!

Começou a puxar tubos e mais tubos do meu sangue, não queria mais parar. Perguntei se ia sobrar alguma coisa para mim. Ela riu, mas nem mostrou os dentes. Graças a Deus. Minha mãe observava com cara de dó.

Sim, eu levei a mãe, confesso. Sempre levo, sobretudo nestas duas ocasiões: hemograma e quando vou posar pelada. Mães ficam nervosas pela gente, é ótimo, terceirizamos o pânico e fica tudo bem. Minha mãe até bufa por mim (eu gosto muito de bufar, me acalma).

A última vez em que posei pelada eu tinha um ano e meio. Agora estou dando um pequeno intervalo, devo posar outra vez aos, sei lá, 40. Chiquérrima.

Até lá eu tenho algum tempo – se bem que passa rápido, é o que dizem -, posso malhar muito, fazer todos aqueles tratamentos em que a bunda esquenta, depois a bunda esfria, depois gela, depois amassam a bunda, depois dão choque, depois alisam, depois passam alguma coisa bem cheirosa e a gente sai de lá com uma bunda que, vou te contar, é praticamente outra bunda! Sem falar nas coxas e adjacências.

Você sabe, mulher é cheia de adjacências.

Não que adiante alguma coisa, pois os homens só olham mesmo é para a bunda.

15 junho 2006

Cortaram o meu cabelo


É sempre assim: saio de casa dizendo que “vou cortar” o cabelo e volto conjugando o verbo diferente. Cortaram. Não fui eu que fiz isso. Cortaram, cortaram!

Eu disse qua-tro-de-dos, mas ela entendeu um palmo, e meu cabelo ficou pela altura dos ombros. Está bem, um dedinho abaixo. Mesmo assim, quanta diferença... E ela ainda queria fazer escova! Claro que não deixei, tenho horror à escova - meu cabelo é fininho e fico com cara de Mortiça Addams, com tudo escorrido pela cara, parece que as olheiras saltam para fora dos olhos. E tem uma creche bem em frente ao salão, não ia ficar nem bem.

Insistiu, queria secar e espichar meus cachos, mas fui firme: não e não. Você acredita que ela até fez beicinho?

Loira oxigenada, de calça com cintura alta e apertada com um cinto fino. Sapato pontudo, blusinha justa que depois vem afofando cá em cima. Olhando assim, nem precisava empunhar uma tesoura para se prever logo o perigo. Ah, se eu tivesse juízo.

Claro que saquei a tramóia dela: queria me alisar as madeixas para que eu não percebesse como ficaram curtas! Sou boba?

- Deixa assim que eu já vou me acostumando ao novo visual – eu repetia para ela e para mim mesma, com um olho no espelho e outro na consciência, Deus do céu, o que é que eu fui inventar?

Mas assim somos nós, mulheres. Nós inventamos o tempo todo, e ainda achamos bonito dizer que inventamos. Como somos criativas, blá, blá, blá.

Tudo muito bom, tudo muito bem. Mas CADÊ O MEU CABELO, PEDRO BÓ???

14 junho 2006

O Rei

Você sabe qual é o rei que nunca morre e que é vitalício? É o reinício. (De uma música do Luiz Tatit, simplesmente adoro essa idéia).
**
Então eu estou me divertindo, porque vou tocar/cantar no sábado. Se alguém quiser assistir me avisa, que eu dou as devidas coordenadas.


O Orkut é pop

Olha que coisa inusitada. Fui levar meu violão para dar uma regulada, e o cara da loja (que também conserta instrumentos) perguntou meu nome. Quando eu disse, ele perguntou: “Ué! Não tem uma comunidade com o seu nome no Orkut?”.

Caramba! Ele reconheceu porque, ainda outro dia, um amigo dele (músico) tinha enviado um convite para entrar lá. Me disse o nome do amigo, mas eu acho que não conheço, ou devo conhecer por outro nome. Achei muito engraçado, as pessoas agora se reconhecem a partir do Orkut!

13 junho 2006

Brasil X Croácia - Copa / Cozinha

COPA
Então o jogo foi aquilo que todos nós vimos. Muitos dizem que o Kaká vai ser a verdadeira boa dessa Copa. O gol dele foi mesmo lindão.

COZINHA
Agora... Essa euforia em torno da sua beleza (do Kaká, não a sua!), well, questão de gosto; eu acho o rapaz muito do sem graça. Sabem quem eu acho mais engraçadinho? Robinho. Já viram o jeito como ele ri? Isso conta, oras.

O Kaká ri muito certinho.

COPA
O futebol, para quem não entende nada (como eu), tem uma penca de coisas engraçadas. Frases estranhas. Fulano não estava impedido porque o zagueiro beltrano de tal, número tal, lhe dava condição. Acho tão antigo, dar condição.

Sem falar no termo “enfiada de bola”. Desculpem, mas o que é isso?

De modo geral, observo que o jogador bate com o pé na bola e ela vai para algum lugar, cai nalgum canto, quica, rola, enfim – tudo isso não é enfiada de bola? Não. Enfiada de bola parece ser alguma coisa mais específica, talvez quando é feito um passe para, sei lá, um daqueles caras que ficam na frente, para mó di tentar um gol. “Enfiada de bola”, eles dizem, com aquela voz de Galvão Bueno e bem amigos da Rede Globo. Eu fico boiando, mas acho bacana e tal.

COZINHA
Durante o jogo aconteceu uma coisa muito estranha. Uma família vizinha, segundos antes do gol, gritou: GOOOOOOOLLLL!

Pensei que eram videntes. Mas aí me explicaram que eles tinham antena parabólica.

Ai, que sem graça. Ia bem lá fazer uma consultinha básica.

COPA
Um jogador disse que faltam ainda seis ‘degrais’. E então eu já acho que faltam mais!

COZINHA
A camisa da Croácia não parecia toalha de mesa de pizzaria de quinta?

COPA
Desisto, desisto mesmo de tentar adivinhar quando o jogador está impedido. Não sei como os homens saem acusando “tá impedido! tá impedido!”, e quando vê está mesmo. Me dá uma raiva, porque eu sei o que é o impedimento, mas fico emocionada com a jogada e me esqueço de olhar para o diacho do infeliz do zagueiro no momento do lançamento.

COZINHA
Aliás, hoje o bandeira demorou para sinalizar o impedimento, e alguém disse: melhor levantar (a bandeira) atrasado do que não levantar.

Bom, enfim alguém diz alguma coisa que eu já sabia!!

09 junho 2006

Genérico

Quando acordei (aliás, enquanto ainda tentava dormir), tinha um infeliz cortando a grama da pracinha aqui em frente. Não sei se vocês conhecem esses prédios feitos de paredes que parecem de papel. Aqui é assim. Você ouve até a vizinha escovando os dentes, imagine o "resto". É constrangedor.

Pois agora imagine o cortador de gramas na pracinha, sendo que o meu quarto tem janela que dá para ela. (Fim de frase desastroso, mas vocês me entendem).

Bom, aí eu me levanto e sigo a vida. Às 11:30 (agora), quando estou começando a me concentrar de verdade no trabalho, aparece aquele pastor – que chega num carrão, abre o porta-malas e liga um microfone nos alto-falantes enormes. Começa a pregar na praça; volta e meia ele “canta”. Muitas aspas.

Aliás, acho que nem pastor ele é. Deve ser um genérico...

Sendo que esse genérico incomoda incomoda muito mais.

08 junho 2006

Sobressalto


A gente pega umas manias (fazendo o favor: diga que não é só comigo). Lia sempre o jornal de trás para diante. Agora inverti. É outro jornal! Iniciar com as notícias locais e a previsão do tempo estava estreitando minha visão de mundo.

Gostaram, “visão de mundo”? Esta coisa de ler muito jornal, se não cuidar, vai deixando a gente assim, meio clichê, e o pior: sem direito à errata no dia seguinte.

Ia do regional ao geral – e, quando chegava lá, já estava meio cansada. Café acabado. Labuta esperando, a cobrança. Sofá até essa hora? Tomasse vergonha!

Dava uma olhadela rápida nos artigos e nas colunas das primeiras páginas, e me enfiava na vida de qualquer jeito.

Agora, não. Agora leio primeiro as primeiras páginas (que devem estar nesta ordem por algum motivo, oras!), depois vou averiguar se chove, se venta, quantos foram atropelados, quantas balas perdidas foram achadas, etc, etc.

Tem um probleminha. Em vez de entrar pela vida de qualquer jeito, agora entro francamente sobressaltada.

07 junho 2006

Realidade virtual


Estava navegando nesse site lindo
(dicas de Marina W
, sempre ótimas); lá você escolhe um ponto do Rio, clica e vê a imagem em 360°. Deslumbrante!

Aliás, as imagens da web (e os monitores, e as câmeras) estão cada vez melhores – dá impressão que a gente está mesmo lá. Fico pensando, daqui a pouco vai ser possível clicar, por exemplo, na praia do Leblon, depois escolher entre um chope e uma água-de-coco, basta um clique (e um cartão de crédito, claro) e eles trazem em casa, 10 minutos ou o seu dinheiro de volta, e o entregador manda um torpedo quando estiver na portaria (interfone, o quê!), e você abre o portão com um clique, ou pelo celular mesmo, e recebe o pedido, e bebe com os pés para cima jurando que está no Leblon.

Se você quiser, também pode mandar vir uns caras de sunga correndo em volta. Tá, é só uma idéia.

Se bem que isso já é possível hoje em dia... Hoho.