05 março 2003

Bom dia, gente, são 7h da manhã de quarta-feira de cinzas. Como podem perceber, não caí na gandaia neste carnaval – do contrário, acordaria só no meio da tarde, e não a esta hora de dona-de-casa que vai lavar as calçadas enquanto o sol ainda não está forte.

Não, também não vou lavar as calçadas, até porque não as tenho.

Desculpem-me, mas hoje estou com uma preguiça homérica; não vou “cronicar” – sem sob encomenda, nem sob inspiração. Sorry.

Vou fazer um momento “Meu Querido Diário”.

Pois bem. Estou decidindo se vou à padaria comprar um pãozinho francês, que acordei com desejo. Cappuccino com pão francês e margarina é tudo, ainda mais numa quarta de cinzas sem ressaca.

Vai fazer mais um dia lindo e quente aqui no Rio de Janeiro. Através da janelona (porta?) de vidro que dá para a minha varanda, vejo daqui um rapaz, com a sua pastinha, todo de preto. Vai sofrer, coitado. Uma menina passa caminhando com seu boxer pela pracinha aqui em frente. Um galo canta. Essas coisas.

Aliás, o apartamento seria bem menor sem essa janelona de vidro.

Estive pensando em ir ao cinema nesse feriado que passou, mas eu passei o feriado pensando, de modo que não houve tempo para ir ao cinema. Estive pensando, também, em pensar menos.

Mas aí eu iria gastar muito com cinema, e não estou em condições.

O último filme a que assisti foi Cidade de Deus, e não gostei. Desculpem-me se ofendo. Sei que todo mundo gostou desse filme, mas eu achei péssimo. Muito tiro e sofrimento para pouco argumento e significado. Sim, chega a dar para rir de vez em quando. O que considerei um desaforo à parte.

Não vejo muito mérito nesses filmes que têm a pretensão de “mostrar a cruel realidade”. Por mais que eu tenha boa vontade, ainda me cheira a mercantilismo de urubu. Fazer arte da miséria alheia, e ganhar prêmios.

Outra coisa: o sofrimento REAL daquela criança que, obviamente, acreditava mesmo estar sendo ameaçada de levar bala, o choro, o desespero, o pânico nos olhos dela... tudo isso não me lembra, nem de longe, o significado que atribuo à palavra ARTE. Mas, cada um...

Sim, mas isso nada tem a ver com o Meu Querido Diário!

Voltando ao tópico. O garrafão de água (20 litros) acabou, precisamos comprar mais.

Outra coisa que acabou foi a minha paciência com esse diário aguado.
Fui!