29 setembro 2006

Diagnóstico e tratamento

Fui à ortopedista. Dra. Célia ouviu minhas queixas, depois começou a me esticar aos pedaços.

- Dói?
- Não.
- E agora?
- Não.
- Dói assim?
- Nada...
- E assim?

Pelamordedeus, parece que eles fazem de propósito! E fazem mesmo. Não sossegam enquanto não ouvem um gemido.

- Ui... Dó-óóói.

Só então ficou satisfeita.

- Arrá. Negócio é o seguinte: isso nada tem a ver com a sua hérnia de disco. É da gravidez mesmo. Lá pela metade da gestação, seu caso, os ossos da bacia começam a se afastar, porque entendem que o bebê vai ter de... você sabe... passar... ali no meio.

- Tô sabendo.

- Então. Isso causa um (esqueci o nome) que pode ocasionar uma (tampouco me interessa), gerando (blá blá blá, será que aqui tem banheiro?), é por isso que você sente essas dores.

- Ahm. E a solucionática da problemática? Tens ou não tens?

Tinha, claro. Remédio e RPG. Lá vou eu...

27 setembro 2006

O sexo do bebê – deu segundo turno

Não foi dessa vez. Passei uma noite sem dormir (curiosa) e fui fazer, ontem, a ultra para saber o sexo do bebê. Bueno. Como tudo que vive em mim, também esta criaturinha derrama ironia pelas beiradas: me apareceu sentado(a), de ladinho, e ainda com as duas mãozinhas cobrindo o, digamos, objeto (ou a objeta!) que deveria nos ser útil.

Implicante!

Está bem, pode ser timidez. Mamãe perdoa.

A médica me esfregava o aparelho na barriga e fazia uma cara de três pontinhos. Percebi logo, desse mato não sai coelho é tão cedo. Coitada, ficou numa situação.

- Hum... Hum... É, sinto muito, mas não vou poder arriscar, não... A margem de erro é muito grande, e...

Já sei, Dra. Três Pontinhos, a margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos – o que, em termos de sexo de um bebê de 20cm, é voto para mais de metro! Ela ficou nos indecisos. Deu segundo turno.

Já disse, mamãe perdoa. Mas, assim que nascer, vamos ter uma conversinha séria sobre essa coisa feia de não comparecer aos debates! Pode, não.

22 setembro 2006

Coluna do meio

Naquela fase: quanto mais faço alongamentos achando que vou resolver o problema, mais me dói a coluna. Estou com um nódulo de tensão, na lombar, do tamanho de um ovo. Entre outros ovinhos. Dói. Hérnia de disco. Gravidez. Massagens custam os olhos da cara, e nem sei se adiantam lá isso tudo. Tô com medo de ter de voltar ao RPG (que custa os olhos dos olhos da cara, além de ser um saquinho). Já faço Pilates, religiosamente, e tenho uma postura ótima, à custa de disciplina. Não sei o que mais é preciso.

Por que é que tudo que é “o certo a fazer” custa tão caro?

Por que é que a maioria das coisas boas é “ilegal, imoral ou engorda”? Ou custa caro?

O certo era não estar sentada aqui diante do computador, esta praga moderna, mas alguém poderia me dizer onde mais posso escrever e publicar? Bah!


Vício e desvício

Parece mesmo que a gente vive a compensar os vícios. Alongamentos X horas de computador. Dieta X um pedaço de torta de chocolate vez por outra. Caminhadas X chopinho no fim de semana (que ninguém é de ferro). Etc, etc.

Poderia chamar de “vício e virtude”, mas desvício me parece mais adequado (embora não exista), porque se trata claramente de um movimento de compensação. Como na física, querendo anular fazendo força na direção oposta. Fica tudo zero a zero.

No fim, é um engodo. A gente envelhece igual, engorda igual, entorta igual, fica cheio de manias, perde a censura, enfia o pé na jaca, briga com o cônjuge, sente-se um lixo e ainda vota errado. Poderia dizer que não existe empate no jogo da vida, mas aí já seria o cúmulo do clichê (aliás, outro vício a se evitar sempre que possível).

Cristo, mas o que estou dizendo?

Meu filho, não ligue para as bobagens que a mamãe escreve. Acordei com o pé esquerdo – um dia você saberá o que isso significa, e também acordará com os ovos virad... ops!, com o pezinho errado, e mamãe saberá compreendê-lo. No fundo, no fundo, mamãe é uma otimista crônica, embora nem toda crônica da mamãe seja otimista.

São os vícios e os desvícios do ofício.

21 setembro 2006

Blindado

Deveriam fazer uma pesquisa científica para descobrir de que material é feita a pele do presidente – e, depois, utilizá-lo na blindagem de carros. Daria uma grana preta.

Nada, absolutamente nada pega nele. Incrível. Isso nem é mais uma caso político; é esotérico.


Boneco promocional

Coitadinho, teve que fazer uma cirurgia na mão e está todo entalado (com tala). Sobrou-lhe a mão direita, orgulhosa e ativa, mas visivelmente abalada com a baixa da colega.

- Faz um café pro mano?

Às vezes ele ainda fala na terceira pessoa, como quando éramos crianças, e acho tão bonitinho. Me dá confortável sensação de ser protegida – mimos de caçula são eternos, abafa o caso...

Detalhes cirúrgicos à parte, o médico mandou que ele mantivesse a mão para cima o máximo de tempo possível. Ajudar na cicatrização. Essa é a parte engraçada, porque olho para o lado e ele está aqui, no computador, arrastando o mouse com a mão boa e apontando a ruim para o alto, num aceno eterno, como um bonequinho promocional desses de posto de gasolina. Hihi.

Descolasse um bico, garanto que vendia mais que o tigre da Esso.
(É da Esso?)


Festival da cenoura ralada

Não posso ver uma promoção, comprei um saco de cenoura ralada pelo preço de... sei lá, de meio saco. Fiz mau negócio. Não posso mais ver cenoura ralada.

Meu filho, please não vire um coelho.


O primeiro vestido

Achei uma ponta de estoque de moda gestante, lá fomos nós. Coisas lindas, acredite. Minha mãe me deu de presente um vestidinho: meu primeiro vestido de grávida.

Experimentei e achei o máximo, todo soltinho, suuuuper confortável, além de preto. Contudo, saí de lá já meio ressabiada: vou mesmo poder usar isso na rua? Minha mãe diz que sim, que a gente se sente meio pelada mas é legal. (Como será que é MEIO pelada??)

O que eu mais ouço: “você vai precisar de roupas fresquinhas para o verão”. As pessoas dizem muito isso, estou quase me imaginando uma bola incandescente, suando em bicas e me arrastando, com as duas mãos em concha segurando o barrigão. Mas é verdade, porque o rebento rebenta em fevereiro, imagine o calor do Rio nos meus meses mais críticos. Então, vou me habituando desde já aos vestidos. Nunca fui muito chegada a eles – pior, nem eles a mim -, mas vamos lá.

Quando criança, rejeitei um vestido que me arrumaram e devia mesmo ser muito lindo, ou fofo, ou gracioso ou coisa assim, mas tinha um defeito que arrasava qualquer adjetivo: pinicava. Tanto que o apelidei de “vestido de estátua”, porque tinha para mim que era impossível me mexer enfiada naquele traje.

Mas como as coisas mudam. Aos 14 anos, comprei para mim mesma um vestido (está certo, empurrada por uma colega, mas paguei com o meu dinheiro!) que, esse sim, era um escândalo. Feito de retalhos de cotton (naquele tempo se dizia cotton) e vinil (naquele tempo se usava vinil, tá?), o negócio era tão grudado no meu corpo, mas tão grudado que logo na estréia me acusaram de salsicha. Tinha mesmo feito uma dieta, andava meio magrela, mas me achando.

Gostei tanto que usei umas duas ou três vezes. Para um vestido, era recorde! Está bem, confesso que ainda é.

Não há de ser nada, agora vai ser diferente, eu sinto, estou empolgadíssima. Acho que essa coisa de ser mãe implica, entre outras coisas, em vestidos.

Acho que esse negócio de ser mãe pinica (entre outras coisas, claro).

15 setembro 2006

Literalmente correndo, passando para deixar um oi. Pilates, caminhada na praia, calor de mais de 30 graus, vamos que vamos. Compras, limpeza, banco - fila enorme! (Ainda não tenho coragem de entrar no caixa preferencial, mas deveria).

Fome, muita fome. Comidinhas, frutinhas para ir enganando o estômago nos intervalos. Droga, viciei noutra barrinha de cereal (chocolate, fibras e ameixa). 90 cal. Se eu comesse só uma...

***

- Grávida???
- Siiiim!
- Quantos meses?
- Quatro.
- Nem sabia que vocês estavam tentando! Estavam?
- Que pergunta, é CLA-RO! ... ... Só que também não sabíamos.

Hoho.

***

Meu irmão:

- Quando é que nasce o coloradinho?

Uma ova. Providenciar uniforme tricolor, urgente. Unissex.
No Rio já está decidido: será Flamengo. Influência paterna, mais que justo.

***

Cariucho

Outro dia fiquei sabendo (mui ignorante, abafa): meu filho não será carioca da gema. Da gema é quando pai e mãe são cariocas.

Nosso caso, pai carioca e mãe gaúcha, será um(a) cariúcho(a). Cariúcho. Cariucho. Com ou sem acento? (Socorro, mãããee!).


TIME IS OVER. Fui.

13 setembro 2006

Como bem lembrou a Pati, estou há quase uma semana sem postar. Uma vergonha. Não me deixem mais fazer isso!

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Não que esteja sem assunto. Pelo contrário; são muitos. E também algum trabalho – ninguém é de ferro.

A futura mamãe aqui ainda não sabe o sexo do bebê. Segunda fui ao shopping da Gávea e tomei um susto: o segundo andar simplesmente foi invadido por lojas de bebês e crianças! (Claro que já estavam lá, mas eu não me ligava nesse assunto). É muito legal olhar roupinhas e sapatinhos e ficar imaginando uma criatura “made in minha barriga” desfilando por aí com aquelas estampas. Vestidinho? Bermudão? Ainda não sei. Ai, curiosidade...
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Todos querem minha barriga

Agora já está mais difícil disfarçar a gravidez. Quem não sabe, dependendo da roupa que eu esteja usando, ainda não desconfia. Mas quem sabe já percebe a protuberância do – perdão da palavra – útero. E eles vêm com tudo. Já mal me cumprimentam e logo partem ao que interessa:

- Oi-como-vai-blá-blá-blá, E A BARRIGA??? (Olhos curiosos na direção do meu – perdão da palavra - útero).

Gentilmente, abro o ventre à visitação pública. E nem cobro ingresso.

Os visitantes ficam com cara de quem observa arte abstrata; ainda não entendi direito o que vêem – se é um bebê pronto, uma criança já empacotada em fraldas, um reles embrião meio sujinho, ou, simplesmente, uma barriga. Branca.

- Aaahhmm... tomando forma!
- Olhaaaa! Crescendo, hein?
- Uaaau!
- Hummmm!

E por aí vai. Na dúvida, eu concordo com tudo. Não sei o que estão pensando, mas concordo. E sorrio muito.

- Não estou dizendo? – faço uma cara de mãe orgulhosa que exibe um boletim tudo 10.

Estou pensando em, daqui a alguns meses, organizar melhor esse negócio da visitação à minha barriga. Sabe como é, para não estressar a pobrezinha. Providenciar uma roleta, uns cones, estabelecer horários, controlar o fluxo... Claro, as pessoas mais “especiais” (parentes, etc) poderão ter um cartão VIP que dará direito à freqüência 24 horas por dia, sem restrições, free ticket, open bar...

Mas custará uma baba.

06 setembro 2006

Botando barriga

Disseram hoje, no Pilates:

“Você é o tipo da grávida que só vai botar barriga.”

Com isso, querem dizer que devo engordar mais é na barriga mesmo (algo assim). Mas que a expressão é gozada, lá isso é. Por mais que me esforce, não consigo me imaginar “botando barriga”.

E, quando consigo, a cena certamente é proibida para menores.

De mais a mais, o corpo da gente só a gente mesmo é que conhece. Cá entre nós, saibam que já ando, imaginem... Botando pernas.

E se o negócio é assim, de botar coisas, eu bem gostaria de fazer meu pedido como na pizzaria:

- Me vê uma bunda aí; meia Juliana Paes, meia Globeleza. Pra viagem, tá?

Ia botar a maior banca se pudesse botar essa superbunda. Hoho.


Do contra

História ótima que ouvi num programa de TV sobre o desenvolvimento dos bebês (só se fala nisso, é incrível!). A família andava doida para ouvir o pimpolho dizer a primeira palavra. Cada um apostava, vai dizer papai, não, vai dizer mamãe, vovó, titia, Totó, etc. Moleque, um dia, abre a boca e cala os babões:

“Água!”

Água???

Pois afogaram o pentelho na banheira, e foi bem feito. (MENTIRA! MENTIRA! Um pouquinho de humor negro, só para dar um clima...).

04 setembro 2006

Doce

Olhar o nariz da Heloísa Helena me dá uma vontade danada de comer cajuzinho.
...
Meu caso é sério?


Mulher que estamos no plural

Nós estamos temporariamente no plural, porque estou grávida.

Sendo assim, expandimos o útero e flexionamos os verbos – que, depois, voltarei ao tamanho natural singular.

Mas é bom que exageremos nos emos, imos, e sobretudo nos amos, enquanto assim ficamos.

Nossos benefícios são imediatos, porque é evidente que esperamos.

Temos permissão simbiótica para discordar da gramática, afinal, dentro de mim ovulamos, concebemos, crescemos, um dia nascemos.

Enquanto isso, tenho licença poética para estar toda prosa.

E como estamos!