31 maio 2002

Eu acho MODA um assunto interessante, mas sempre encontro alguma coisa mais atrativa para comprar, e acabo me acoMODAndo.

Essa calça marrom, por exemplo. Eu sei que deveria ter uma bolsa da mesma cor para combinar. Vejo os programas de TV, leio as revistas, e todos são unânimes em afimar: calça e sapato marrom, bolsa marrom.

E cadê que eu compro?

Sou uma mulher - talvez a única - que não tem bolsa marrom. "Acessórios dão aquele toque final no visual" , eles dizem. Pronto. O meu é sem toque final.

Essas pequenas coisas me fazem sentir marginalizada no mundo "fashion". Tenho medo de cometer crimes, de modo que me recolho à minha ignorância no assunto, e assumo uma postura quase monocromática nas peças que visto. Elegi o preto, o vermelho e o marrom - e raramente saio disso.

Em dias ousados, estou de azul. Mas tudo com bolsa preta - ou tipo mochila, ou aquela atravessada (do ombro direito ao quadril esquedo), pequenininha.

Entretanto, confesso, admiro e até invejo aquelas mulheres coloridas e impecáveis, um modelito para cada dia da semana, sem reservas nem receios. E as bolsas, então?

Há quem troque de bolsa como quem troca de roupa, e saia exibindo a ousadia de uma combinação imprevisível: tudo cor de vinho, e uma bolsa... bege!

E ficam lindas, cheias de classe. Que raiva.

Se eu me vestisse toda de vinho, não passaria do portão sem rezar uma Ave Maria e um Pai Nosso. De culpa. E seria capaz de me esquecer da bolsa, tamanha angústia, e enfiar o carro no primeiro poste.

É por isso que nem arrisco.

Ah, se eu tivesse talento... seria daquelas bem peruas. Usaria saia de oncinha, blusa de zebrinha e duas argolas verdes do tamanho de bambolês. Sairia por aí, bem faceira, de sapato bico fino e bolsa com alça de chifre, só pra dar um tchan.

Pink! Abusaria do pink, com direito a variações em roxo e rosa-bebê, conforme a ocasião pedisse. Ousaria na cor do esmalte, nos detalhes das meias e até nos saltos inusitados. Arriscaria sobreposições com tecidos nunca antes combinados; rendas, sedas, paetês e jeans...

Se eu tivesse talento, faria da minha vestimenta uma verdadeira obra móvel da minha criatividade inesgotável, criando meu próprio estilo inconfundível de expressão.

Pensando bem, Deus é sábio.





29 maio 2002

Alguém anda visitando o meu Blog, porque, cada vez que eu chego aqui, o contador denuncia várias visitas.

Alguém anda me lendo.

Ou será que é o contador?

Seja como for, agradeço. Voltem sempre - leitores, contadores, parentes e amigos.

Por falar em amigos, estou revendo os meus. Ontem, por exemplo, foi o dia de ver o Duda tocando no Koloss (Independência, número...? - na sinaleira! Ou sinal, como queiram. Ou semáforo, ou farol - para os paulistas que vierem a São Leopoldo fazer turismo.)

Recomendo Duda e seu parceiro (de PALCO, ô!) chamado... Fininho. Ou algo assim. O moço canta muito bonito, coisas que vão de João Bosco a Djavan, passando por Caetano e Gil, algumas baladas do tipo You’ve got a friend - incluindo a própria -, e outras coisas bem escolhidas e bem executadas.

Tudo isso, ali, pertinho da sinaleira. E vão reinaugurar a pista de dança. Se eu fosse você, não perdia.

E atenção para aquela voz doce e super afinadinha, que parece vir do Além. Não é o Além; é o "back" vocal do Duda, descendo certeiro e justo, como se fosse mesmo um anjo da guarda para a canção.

Aliás, toda "segunda voz" (bem feita) tem algo de Além, não tem? Trata-se de uma voz que não canta: PAIRA. É uma sobre-linha vocal, um Comfort para o refrão. Amacia, suaviza; e, ao mesmo tempo, fortifica.

Isso não vale para os sertanejos, claro. Os sertanejos não usam Comfort - eles "amaciam" no grito. Lá do jeito deles.

Nada contra, gente. (Agora eu ia fazer uma piada de mau gosto sobre algumas duplas que têm a voz do Além - literalmente -, mas aí já seria muito humor negro... hoho.)

Preste atenção, você que nunca reparou nos (nas) vocalistas das bandas.

Agora me ocorreu uma dúvida, que vergonha: "Backing vocal" é a PESSOA que faz a segunda voz, ou é A PRÓPRIA segunda voz?

Alguém me socorra no inglês, please.

Que o meu inglês - não é de hoje - is going to the brejo.

27 maio 2002

Este texto é do meu irmão, achei hilário e resolvi postar aqui:


"Taha falando ca Creonice esses dias, sobre o pobrema desse menino, o Tóxico.

Ninguém segura mais esse menino, não! Ninguém segura!

E os pessoal daqui não sabe nem de quem é o menino, não. Dizem que é do Cleisson, da rua ali de
cima, mas o Cleisson diz que não, que é do Adelmir. Adelmir, sabe como é, não fala com os pessoal daqui da rua: diz que os pessoal é bem mais ou menos, coisa que ele aprendeu com os grão-fino lá de baixo.

Taha doida pra ver eles fazerem um teste desses de DNA, que tem aí, pra ver de quem é o menino. Danado... já não chega o que tá fazendo com a Mel, do Crone, tem visto o Crone?

Pelo menos, que dizem né, que lá no Projac, onde é o Crone, anda tudo perfumado porque a Mel aquela anda peidando cherôso, tanto de perfume que ela toma. Pelo menos isso, né vizinha?"

25 maio 2002

Faz um dia azulão aqui em São Leopoldo, um sábado cinematográfico.

Coisas dos pampas.

O vizinho da esquerda ouve Zélia Duncan; o da direita, Gaúcho da Fronteira. E eu acordei com o Nei Lisboa. No rádio.
Na Maternal Santa Margarida, ali em frente, eles dão aulas de dança do ventre, violão, teclado, yoga e recreação para a terceira idade. Além das crianças, claro.
Também tem massagem, segundas e quintas.

Coisas do Brasil.

Daqui a pouco, nós vamos comer um peixinho ali na casa da Vó. Esperando a mãe voltar da caminhada, só.
Não fui com ela, porque ontem nós fomos fazer os pés numa moça que é "calista", e ela cutucou fundo no meu dedão - tirou uns 20% dele, e botou fora, sem perguntar se eu ainda ia precisar. Eu achei que era assim mesmo, de tirar coisinhas, mas não imaginei que a moça fosse tão... calista.
Resultado: tenho um buraco considerável, bem ali, no cantinho do dedão, onde a carnezinha ficou vermelha como cereja. E me dói tanto.

Coisas de calista.

Meu dedão sempre foi bom de bola; ia muito bem, obrigada. Nunca precisei de ninguém cutucando ali. Mas tinha uma enorme placa, aqui pertinho de casa, escrito assim: "CALISTA". Quem é que resiste?
Fui lá.
O que é a publicidade. Paguei (caro) para uma mulher me arrancar o couro, literalmente. A gente pode não perceber, mas tem um pouco de masoquismo. Lá no fundo, tem.

Não que isso tenha alguma importância, mas quis postar aqui.

Coisas de Blog.

Pensamento do fim de semana: Em dedão que está ganhando, não se mexe.

Beijos.

22 maio 2002

MANO'S DAY

Hoje é o aniversário de um dos homens da minha vida - meu irmão: guitarrista, cabeludo, e (pior!) geminiano. Aliás, o mapa dele tem gêmeos para tudo que é lado. Uma confusão organizada; a cara dele, por sinal.

Mantenho um respeito considerável pelos geminianos - nativos de um signo que é complementar ao meu (sagitário), e, portanto, oposto. Dizem que os opostos se atraem. No nosso caso, foi acidente mesmo. Coisa de berço, literalmente. Calhou.

O geminiano do meu irmão é irritantemente inteligente. Lê todas as publicações do universo, e pouco se importa com o assunto. É o de menos. O bacana é ler, e depois sair comentando. Como comentam, os geminianos!

Ele também é muito convicto. Em tudo (o assunto é o de menos, já disse). E o mais curioso, no caso, é a convicção contraditória - oriunda da dupla personalidade, característica marcante dos geminianos. Eles são dois em um. Portanto, num dia, odeiam palmito. São alérgicos, inclusive. E, no dia seguinte, são capazes de devorar um vidro inteiro de palmitos, afirmando, enfaticamente: "Eu? Alérgico? Nunca! Sempre adorei palmito! A vida toda!"

Se você pensa em conviver com um geminiano, o palmito é um problema a ser discutido. Minha sugestão: faça-o assinar um documento, com data e tudo, no qual ele se declare apaixonado (ou não) pelo palmito. Guarde uma via, numa pasta lacrada. Quando surgir o primeiro sinal de dupla personalidade em relação ao palmito, abra a pastinha e prove ao geminiano que ele está "variando". Pra variar.

Naturalmente, você será acusado de falsificação de assinatura - até porque, a essa altura, o geminiano já assina o próprio nome de modo totalmente diferente. Se é que já não mudou de nome.

Palmito à parte, outra peculiaridade aparece nas horas de lazer - é praticamente impossível manter um geminiano parado, por exemplo, em frente à televisão. Parado e quieto. Imóvel, eu digo.

Meu irmão tem compulsão por apertar, freneticamente, os botões do controle remoto. Quando não está mudando de canal, está pressionando os botõezinhos com o controle apontado para baixo - só para exercitar a compulsão, mesmo. Sentado, com as pernas cruzadas, balançando o pé. O tempo todo.

Já perdemos alguns controles assim; ele afunda os botões em poucos meses. Pensei em comprar-lhe uma bolinha de silicone, mas ele diz que "não tem a mesma graça". Pensei num chocalho, mas aí o barulho vai ser infernal. Cheguei a olhar com carinho para um osso de borracha quando passei em frente a uma pet-shop, mas fiquei com medo da reação dele. Podia me morder, sei lá. Nunca se sabe.

Contudo, o geminiano é super indicado para quem deseja sair da rotina. Se você acha a sua vida monótona, case com um geminiano. Mas depois não diga que eu não avisei.

Reações adversas: muito cuidado; se você não tiver uma cabeça cem por cento lúcida, há grandes chances de se deparar com questões do tipo: será que o doido aqui sou eu??

Não entre nessa. É ele, garanto.

Jamais espere que um geminiano repare que você cortou o cabelo, ou que está usando um vestido diferente. A não ser que você raspe a cabeça, ou apareça de batina na frente dele, os "detalhes" do seu visual jamais serão percebidos espontaneamente. Acostume-se.

Pensando bem, ele pode achar que a batina é um "pretinho básico", e nem ligar. Melhor ousar mais.

Quando o geminiano está "no mundo da lua", esqueça. Ele costuma se demorar por lá. Meses, às vezes. O bom é que, não raro, costuma trazer de lá alguma idéia genial, que pode inclusive mudar a sua vida. São idéias "de outro mundo", realmente. Mas não se assuste, e não fuja da raia. À primeira vista, parece loucura completa. Não descarte; aprenda a expandir seus limites - abra a sua cabeça.

Se já tem uma cabeça aberta, ótimo. Você vai precisar dela para acompanhar um geminiano. Só cuide para não perdê-la no meio do caminho.

Conviver com o geminiano é um risco constante. Praticamente uma gincana, eu diria. Vai ver é por isso que o sagitariano (aventureiro) topa o desafio. Outra característica do sagitariano é o senso de humor: esqueça o batom, mas não esqueça o senso de humor.

É fundamental, por exemplo, para conseguir assistir a um documentário inteiro sobre os parafusos das rodas dos carros de corrida de mil novecentos e guaraná de rolha, sem querer voar no pescoço do agitado e concentrado (ao mesmo tempo!) sujeito que está ao seu lado, exclamando "que interessante!" a cada dois minutos.

PARABÉNS, MANO!!!
Beijos da
Bíbi
p.s.: ele ganhou uma camiseta do Internacional. Pena que nenhum dos dois lados da dupla personalidade é gremista.
Ele responderia: "Sou louco mas não sou burro!!!".










19 maio 2002

Pequenas doses (homeopáticas) de VENENO:

-> Antes da novelinha Malhação, na Globo, vem outra novelinha: Malhação da Goela. Lá, alguns artistas - que não entraram na casa do Sílvio Santos porque foram considerados "muito talentosos" - passam todo o tempo do mundo malhando as suas ricas goelas potentes. Tal como o Fat Family (e tantos outros adeptos da goelização da música), os artistas praticam o "canto" como se estivessem condenados à forca: os três minutos da canção são os últimos de suas vidas; portanto, praticamente não respiram. Fazem da linha melódica uma montanha russa, entram dentro dela e se contorcem em gritos e gemidos, malhando a goela e mostrando todos os músculos, ininterruptamente, sobretudo na hora das (saudosas) pausas.

-> Ouvir uma música goelizada equivale, mais ou menos, a olhar para o corpo da Feiticeira. Você sabe que tem alguma coisa inchada ali, mas não sabe precisar onde. É que a coisa é generalizada; para qualquer canto que se olhe (ouça), ali está o exagero.

-> Deus que livre meus ouvidos de estarem sobre esta Terra quando inventarem os anabolizantes para goela. Já pensou?

-> É por essas e outras que, no próximo fim de semana, estarei assistindo ao Carijo - festival de música gaúcha, em Palmeira das Missões. Vou me lembrar dos bons tempos em que a arte não tínha músculos, e, sobretudo, não era apresentada pela Angélica e pelo Toni Garrido. Meu pai até comprou uma roupa campeira.

-> Acho que os participantes do Carijo não devem interpretar suas canções como se fossem a última oração antes da morte. Assim, evitarão que também nós, ouvintes, sintamos uma proximidade desconfortável com o chifrudo. (Sim, porque o paraíso é que não deve ser feito de frenéticos grunhidos vocais, e assustadoras reviravoltas melódicas que assassinam a composição. Isso deve ser até pecado.)

-> Agora eu entendo por que é que a cordeona (sanfona) chora há tantos anos.

-> Aliás, mais um belo título de livro: "A profecia da cordeona - goelização da música brasileira". Ainda escrevo. Se os anabolizantes não chegarem antes, claro.

17 maio 2002

Fórmula Um

Vão me desculpar, mas eu não entendo coisas do tipo "se fosse eu, não deixava passar", ou chamar o cara de bobalhão porque segurou a taça de primeiro lugar sem ter ganho os tais pontos. A Fernanda Young, no programa Saia Justa (GNT), dizendo: "Pra mim, para praticar esse esporte o cara tem que ser WILD."

Selvagem, a Fernada quis dizer (mas disse em inglês, porque - de certo - é mais "wild"...)

Selvagem?

Ser selvagem não é para quem quer correr - e ganhar a vida, aliás - na F1, não. WILD MESMO é correr de táxi ou de ônibus, e estar sujeito a receber um passageiro torto das idéias que, sem mais nem menos, enfia um cano frio na sua cabeça e estoura os seus miolos por dinheiro.

Bem pior que a Ferrari, não é?

Ora, pneus. Então o Rubinho, o Zezinho ou o Luisinho (tanto faz) não assinaram lá um contrato com o Tio Patinhas? Não fizeram uma boa corrida? Não estavam em primeiro?

Não... tinham que mostrar que são raçudos, ir contra o contrato, e receber a primeira bandeirada, só para mostrar para o povo brasileiro que nós somos... nós quem, cara-pálida?? Nós, torcedores verde-e-amarelos daquele carrinho vermelho??

Desculpem, mais uma vez. Mas eu não entendo, e não vou entender.

12 maio 2002

A primeira cena da minha manhã foi o alemão cedendo o lugar no pódium.

Não sou dada a assistir às corridas - de nenhuma espécie -, sempre fico com a impressão de que estão perdendo alguma coisa no meio do caminho... essa ânsia de chegar logo não me seduz. Até porque sou demorada; não sei se por falta de talento ou excesso de zelo com as circunstâncias - não sei, fato é que não sou de fazer o cabelo voar.

Isto posto, a cena do pódium foi triste e cheia de beleza - cá na minha ótica sentimentalóide e ignorante do esporte. Paciência.

Hoje foi o dia das mães, e eu tive o privilégio de curtir a minha. Depois de quatro anos de abstinência, tomando apenas doses homeopáticas de mãe, digamos que o domingo foi tão precioso quanto preciso. E ainda não sei como é que ela cabe ali dentro.

Pensando bem, deve ser de família. Minha Vó Maria, mãe dela, também é de miúdas medidas, e meio que se transborda toda - tamanho encanto.

Acho que foi isso que sempre me surpreendeu naquelas mulheres da família; uma delicadeza de traços e dimensões, uma doçura espontânea e incansável - unhas feitinhas, pés macios, carinhos, carinhos... e, por outro lado, a força exuberante que transcende a forma, explodindo e jogando para o alto qualquer semelhança com a meiga e frágil mocinha que o espelho teimasse em refletir diante de seus olhos.

Desde pequenininha, eu sempre vivi entre um afago e um susto. O afago da doçura, do conforto e do aconchego do abraço; o susto da ruptura, do gesto brusco, da (quem sabe?) loucura. Era o susto da evolução.

Hoje eles dizem - vai passear, vó, curtir a vida!

E ela vai mesmo. Mas não é que esteja paradinha, não. Ela já está passeando, porque nasceu passeando - ora intuitiva, ora inteligentemente - por entre os caminhos malucos da transformação. De ter nascido numa época, ter crescido noutra, ter parido noutra, ter criado noutra, e noutra, e noutra, e noutra. E passeou, colhendo flores e pedras de todos esses tempos, sorvendo as décadas, os filhos, os netos. Absorvendo a vida.

Todas elas têm nos olhos a ternura e a luta, todas se derretem e se solidificam conforme a mais absoluta necessidade. Nunca vi nenhum sentimento fútil, nenhuma dor gratuita, nenhum carinho vazio. São mulheres de motivos concretos, de atitudes certeiras e de corações convictos.

Assim são as mulheres da família, assim é a Vó Maria. Doce feito um afago. E doida de pedra.




04 maio 2002

O YAHOO tem umas salas de bate-papo com voz. O Mano foi quem me deu a dica, ontem - "experimenta, não custa".

O interessante, a meu ver, é quando você tem um parente ou amigo que mora longe (pais com filhos no exterior); pode criar uma sala só para vocês, e ficar matando a saudade quase de graça, quanto tempo quiser, ou a conexão permitir.

Aqui em casa não funcionou lá essas maravilhas. Ficou tipo rádio amador, meio precário. Mas dá.

Você entra, clica no "viva voz", e fica ouvindo os diferentes sotaques discutindo sobre os mais diversos assuntos. É curioso. Também dá para compartilhar uma musiquinha: tem gente que põe o MP3 pra tocar, e fica curtindo com os demais.

Tinha uma moça baiana, mais animada, que cantava junto e tudo. Tascou Ivete Sangalo a mil por hora, e, volta e meia, gritava: "TIRA O PÉ DO CHÃÃÃÃO!!!!!!!". Isso às 2h da madrugada, de sexta para sábado. Garanto que ainda molhava o bico, lá do outro lado, e chacoalhava os gelinhos do copo, dando risada. Diversão a pulso único - sem consumação ou couvert.

(É "pulso" ou "impulso" que se diz? Já vi dos dois jeitos.)

"Impulso único" é bonito, não? Bom nome para... para... sei lá, filme, livro, qualquer coisa - menos filho, claro.

Livro de suspense: Impulso único. Nas melhores casas do ramo.

Hein?

02 maio 2002

RAIOS!!!
As cifras ficaram todas grudadinhas no início das frases...
Desculpe a minha falha. Faz assim: vai na intuição, tá? Vai por mim, que rola.
Se não rolar, também não tem problema. O que vale, nesses casos, é o lá menor. Um bom lá menor diz tudo; e, se bobear, canta também.

Um - e - dois - e...
Tem coisa, my dear, que só um lá menor e uma melodia arrastada, mesmo. Puxa aí:

VERDADE CHINESA (Emílio Santiago)

Tom: Am

Am A7
Era só isso que eu queria da vida
Dm Bm E7
Uma cerveja, uma ilusão atrevida
Am C7
Que me dissesse uma verdade chinesa
B7 E7
Com uma intenção de um doce beijo na boca
Am A7
A tarde cai, noite levanta a magia
Dm Bm E7
Quem sabe a gente vai se ver outro dia
Am C7
Quem sabe o sonho vai ficar na conversa
B7 E7 Am
Quem sabe até a vida pague essa promessa
Dm
Muita coisa a gente faz
G7 C
Seguindo o caminho que o mundo traçou
F Bm
Seguindo a cartilha que alguém ensinou
E7 Am
Seguindo a receita da vida normal
Dm
Mas o que é vida afinal?
G7 C
Será que é fazer o que o mestre mandou?
Am F#m
É comer o pão que o diabo amassou
B7 E7 A7
Perdendo da vida o que tem de melhor

Dm G7 C
Senta, se acomoda, à vontade, tá em casa
Dm E7 Em A7
Toma um copo, dá um tempo, que a tristeza vai passar
Dm G7 C
Deixa, pra amanhã tem muito tempo
F Bm
O que vale é o sentimento,
E7 Am
E o amor que a gente tem no coração

01 maio 2002

Foi a primeira vez, em toda vida, que eu joguei tinta no telhado.

Cortei minhas longas madeixas, revoltadas e pós-adolescentes que só. E pintei de uma cor que a moça chamou de "rubino" - ou algo assim, porque recordo que era parecido com "rabino", mas acho que mudava uma ou duas letras. E vários tons, em direção ao roxo-avermelhado... coisa assim.

Existe cor rubino, mesmo? (Respostas por e-mail, please. E muito cuidado, porque disso depende toda a parte externa da minha cabeça.)

Enfim, aquela cabeleira cor-de-burro-quando-foge era muito do meu agrado, mas devo confessar que o rabino (?) da moça me caiu, modestamente, muito bem. E o corte, idem.

Sabe o que ela fez? Puxou meu cabelão todo para a frente, fez um só rabo, e tascou uma tesourada certeira: morte súbita. Eu, com o pescoço inclinado, alheia ao golpe. O primeiro sinal da coisa foi a queda brusca de um naco de cabelo, molhado e ainda quase vivo, na ardósia verde daquilo que elas chamam de salão de beleza. A partir daí, eu entreguei para Deus.

Quando dei por mim, já era tarde. O repicado armou um reboliço nos fios, de modo que há uma espécie de franja - ou sei lá o quê - aqui na frente, e depois uma camada, e outra, e outra, e mais outra. Até que os fios descem, lisos e modestos, até os ombros. E só.

Já acostumei, mas levei vários sustos, todas as manhãs, até entender que o meu rosto deixou de ter uma moldura reta, marrom e comprida - para ter uma revolta, vermelha e (parcialmente) curta.

As minhas amigas dizem que não é necessário combinar a cor dos sapatos e das bolsas com a do cabelo, mas eu estou animadíssima, de loja em loja, tentando achar um acessório que faça parzinho com o rabino do telhado novo.

E sabe que não tenho achado?

Por favor, se alguém achar uma bolsa de cor "rubino", mande-me o endereço da loja.

Esmalte também, ok?

Obrigadaíssima.