22 novembro 2002

Buenas!

Vejo que gostaram do meu álbum virtual, e – especialmente – da minha prova de honestidade, mostrando, em cores, a performance de minha cunhada Erica e sua sombrinha do frevo.

Muito bem, também concordo que ela é lindíssima, “fofa”, e os demais adjetivos que foram justamente postos no nosso muralzinho de recados para elogiá-la. Quem não concorda com isso, naturalmente, carece de saúde mental e/ou necessita comparecer com urgência a um oftalmologista. (Eu escreveria “oculista”, mas minha mãe Aninha viria, toda autoritária, no “shout out” – onde ela só aparece para me dar broncas ou enfatizar seu gosto pelos quilômetros que nos separam, bradando: NÃO É OCULISTA, MINHA FILHA! DIZER OCULISTA É FEIO!!! DIZ-SE OFTALMO, OFTALMO!!).

Em tempo: onde minha mãe diria “é feio”, leia-se É CRIME. Para ela, dá no mesmo.

Mas, voltando. Rasgo-me em elogios à minha cunhada Erica, sim, sem vergonha de parecer que estou puxando o saco ou coisa que o valha, pois nem teria motivo algum para isso, e não é do meu feitio, todos sabem.

Está certo que, terça-feira passada, véspera de feriado aqui no Rio, Eriquinha – uso diminutivos somente quando prezo a pessoa além da média – convenceu meu sensato irmão a atravessar a Av. das Américas, em pleno horário de pico, cruzando Barra da Tijuca, São Conrado, Leblon, Ipanema e Copacabana (dando então uma paradinha estratégica num quiosque à beira da praia, onde havia uma maluca com cabelo de piaçava gritando com seu ex-marido e ameaçando chamar a polícia), depois ir até o tradicional bairro de Botafogo, encarando um trânsito de querer chutar o guarda, tudo isso somente para quê?

PARA ME LEVAR AO “BAR DO ACARAJÉ”!!!

Sim, caros amigos, eu não farei 25 anos sem ter provado um saboroso, apetitoso, cheiroso e crocante... acarajé. Digo-lhes, com franqueza absoluta, que o salgado me cativou logo de início, quando me apareceu, dividido ao meio, transbordando de recheio, aboletado naquele felizardo pratinho.

O que pude entender do petisco – para quem eventualmente o desconheça - foi o seguinte: tratava-se de uma massa, com uma gosma por cima, mais um molho colorido e uns camarões. Não sei que tipo de massa, nem o que era a gosma, nem o nome do molho, e nem bem tenho certeza de que aqueles animais eram, de fato, camarões. Mas, garanto: o conjunto da coisa funciona. E como.

É algo mais ou menos como ouvir jazz: você não entende nada, mas concorda – só por via das dúvidas.

A diferença entre o acarajé e o jazz, contudo, fica por conta da rebordosa. Meus queridos, não queiram saber o quanto passei mal naquela noite – e, juro, comi somente UM bolinho daqueles. Foi o suficiente.

Cá entre nós, é praticamente uma bomba gástrica, cuja digestão não acontece antes de, no mínimo: uma noite em claro, umas colheradas generosas de sal de frutas, dois litros de água mineral com gás, quatro voltas na quadra e dezenas de visitas (frustradas ou não) ao vaso sanitário.

No dia seguinte, não acordei – porque sequer havia dormido -, mas levantei-me ainda com a nítida impressão de estar grávida de uma dinamite querendo explodir a qualquer hora.

No entanto, era pior: eu paria de quinze em quinze minutos. (Sem querer entrar em detalhes, claro).

Mas nada disso me surpreende, amigos. Eu nasci há dez mil anos atrás. Já vi de tudo nesta vida.

Só não vi (e desafio que me mostrem) presente de cunhada que não acabe em bomba.

Hihihi...