29 abril 2005

Lembrete


O computador vive emoldurado por dezenas de post-it - que eu grudo, compulsivamente, para me lembrar dos compromissos. Até para tomar comprimido tem post-it. Acabou o sabão em pó. Post-it. Médico. Post-it. Filme que vai estrear no cinema. Post-it. Assunto para coluna na revista. Post-it. E eles estavam acabando.

Cheguei em casa, toda animada.

- Olha! Comprei mais um moooonte de post-it!

Meu irmão, balde-d’água:

- Bah, Bíbi. Abre essa mão e compra logo um Palm.

Homem, para gostar dessas engenhocas, nunca vi. Graça nenhuma. Se o post-it é tão mais coloridinho...

***

Não sei se vocês já perceberam, mas eu estou postando pra caramba durante a semana. É para distrair vocês - já que, como têm notado, nos fins de semana é mais raro eu escrever aqui. Tem fundamento. Este blog está se profissionalizando. Passo a passo.

Primeiro passo: a folga.
Hoho.

***

Faço frete


Sem entrega
dá mais barato
- ponderou.

Montou-se
Instalou-se
Ligou-se
Divertiu-se
Brigou-se
Desculpou-se
Voltou-se
Amou-se.

Entregou-se, enfim.

Deu foi um barato
maior ainda.
Papo no salão


Mãe da Gabriela (7 anos) contando:

- A Gabi inventa cada uma! Outro dia, voltávamos de Angra quando ela anunciou: “Mãe, temos que correr!” Tinha festa de um amiguinho, no play, dali a uma hora.

Chegamos em casa, ela numa euforia só. Tomou banho, enfeitou-se toda e saiu, mandando beijinhos no ar.

Lá pelas tantas, voltou, com uma sacolinha cheia de doces. Chapeuzinho, língua-de-sogra etc.

Dia seguinte, chega em casa o Vítor, irmão mais velho, contando: corria no prédio o boato de que a Gabi tinha sido expulsa da festa no play.

“Que história é essa, minha filha??”

“Mentira, mãe! Tudo mentira. Eu não fui expulsa, nada. A tia lá (mãe do aniversariante) uma hora olhou pra mim e disse que não me conhecia, o que é que eu tava fazendo lá, e tal. Eu falei a verdade. Quem me convidou foi o filho dela!!”

Detalhe crucial: o garoto fazia um ano.

“Gabriela!! Você entrou de penetra na festa, que coisa mais feia!! Que vergonha, minha filha, ser expulsa...”

“Já disse que não fui expulsa, mãe! A mulher só pediu para eu me retirar. Só que eu ainda tava com fome, daí enchi uma sacola com os docinhos e vim embora, foi isso. A festa tava meio chata, mesmo. Uma pirralhada, não tinha ninguém da minha idade. Mas o brigadeiro tava show...”

***

As outras mulheres no salão ficaram indignadas com a tal mãe do aniversariante, que coisa feia fazer isso com uma menina de sete anos, tadinha! Aí a mãe da Gabriela contou outra.

***

Um dia, fui levar a Gabi para brincar na piscina do prédio. Cheguei lá, e, como de costume, esparramei os brinquedos dela pela água. Foram chegando outras crianças, outros brinquedos – é sempre assim, acaba todo mundo partilhando, mistura tudo, depois cada um cata os seus e vai embora, né?

Pois bem. A Gabi, lá pelas tantas, brincava com a boneca de outra menina. Foi quando a mãe dessa menina chegou para mim e disse, com o maior jeito de antipática:

- Você poderia pedir à sua filha que devolvesse a boneca da MINHA filha, por favor?

Não tive dúvida.

- Pois não. Gabi, querida, devolve a boneca da sua amiguinha.
- Ah, mãe, mas ela me emprestou... (realmente, a amiguinha não estava nem aí para a boneca).
- Eu sei, filhinha, que ela te emprestou. Mas a mãe dela é sem educação, e não quer que você brinque com a boneca dela.

Falei bem alto, todo mundo viu. A mulher ficou a-zul.