28 dezembro 2005

Vinícius


Fui ver o filme sobre o Vinícius de Moraes. Bons momentos, ótimas músicas, depoimentos impagáveis (meus derramados destaques para Chico Buarque e Ferreira Gullar, dois galãs!).

Sobre os momentos-de-poesia, prefiro mil vezes a Bethânia lendo os versos – e se engasgando com o próprio nó na garganta – aos atores (no caso, Camila Morgado e Ricardo Blat) declamando e tentando, a todo custo, dar nó na garganta dos outros. Na minha, não rolou.

No mais, alguns elementos que eu não entendi por que estavam ali, e outros que não entendi por que não estavam. Mas isso sempre tem.

Acho que vale o precinho.


Filosofia de vida corporativa(sorry, não sei o autor)

“Se você está trabalhando e sorrindo, é porque já descobriu em quem colocar a culpa”.

27 dezembro 2005

Planos, planos

Ah, estou mergulhada em planos. 2006 vai ser o ano, não vai?


Contagem regressiva

Faltam 5 dias para o ano novo. Eu vou passar aqui mesmo, pelas vizinhanças.
E vocês?

24 dezembro 2005

E o peru, onde vai?


Não responda. Ninguém sabe. O peru é uma coisa fadada a encalhar na ceia, a verdade é dura: ninguém gosta de peru. Por quê? Ele é duro, ué.

Nunca vi bicho para morrer seco e duro como o peru. Mas é tradicional, Natal tem que ter peru, para... enfeitar a mesa. Ninguém come. É assim porque é assado, acabou-se.

Na minha família, todo mundo começa a discutir o cardápio do Natal uma semana antes, só porque não tem outro jeito.

- Alguma coisa a gente tem que fazer, né – alguém comenta, coçando o queixo, como quem diz que é inevitável.

- É... coisinha simples. Só para não passar em branco.

Cada um sugere uma bobagem, podia ser algo diferente esse ano, uns belisquetes, uma mesa bem colorida (a gente come é com os olhos, não é mesmo?), o importante é estarmos juntos, hoje em dia vendem tanta coisa pronta...

- E o peru?

Silêncio.

- Tem que ter peru. Senão não é Natal.

Sempre tem uma voz que pronuncia a sentença, trazendo à tona o peru que todo mundo fingia esquecer. Mas, como é Natal, não pega bem recriminar o chato que se lembrou – e nos lembrou! – do triste bicho seco.

- Poxa, gente. Senão não é Natal.

Ai, todo chato redunda. Que venha o peru, pois.

Acaba entrando como astro da noite, mas não tem saída alguma. Encalha. Os chamados “acompanhamentos” vão sendo bicados, aos poucos, pelos comensais que fazem a típica cara de “vou começar por aqui”, e terminam também por ali. O peru vai ficando.

O máximo que vi levarem foi uma perna - e o peru perneta, no final da noite, é ainda mais patético.

Secretamente, todos culpam o sem-mãe que tocou no assunto do peru. Boa oportunidade de ficar quieto. Engolisse o peru, guardasse para si! Na certa é quem mais está se entupindo de salpicão, e ainda vai roubar a rodela de abacaxi que eu vi primeiro...

Mas ninguém fala nada, porque é Natal. A ceia some e o peru persiste, intacto, vitorioso. Ano que vem ele aparece de novo, como se nem tivesse pego vento, só para confirmar que é Natal.

Tenho para mim que é sempre o mesmo bicho.

FELIZ NATAL!

21 dezembro 2005

De volta

Fui conhecer Madrid e Paris, e cheguei no Brasil hoje! estou cheia de coisas legais para contar, mas também com muito trabalho e uma pá de burocracia acumulada.

Fora o con-fuso horário no cuco (e na cuca).

Beijos tontos, volto já.

03 dezembro 2005

Viventes, acordantes e dormentes,

estou saindo de viagem e só volto no final de dezembro. Se conseguir meios, prometo vir aqui revelar os fins.

Beijos graúdos desta fujona,

Bíbi Da Pieve
Mofei no shopping

Aqui chove aos cântaros. E, quando chove, a cidade literalmente empaca.

Pois empacada fiquei eu, esperando um táxi no shopping do fim do mundo, exatamente UMA HORA. Isso que tinha pedido por telefone!

Além de mim, uma família de mulheres estabanadas e esparramadas aguardava a sorte de um carro amarelo. Que divertido.

Quando, enfim, tive o privilégio de embarcar no táxi, mais surpresinha: no meio do caminho, o pára-brisa do carro virou “do avesso” (não sei como aconteceu, mas aconteceu!), e deu uma porrada no vidro – que me deixou grudada no capô, de susto.

O motorista – cheio de “hehe” – parou num posto e arrancou o aparelho, praticamente com as unhas (“hehe, desculpe senhora”). Fomos embora com o pára-brisa metade limpo, metade molhado. E todo arranhado (“hehe, isso acontece”).

Tá bom pra você?

Se ele palitasse os dentes com aquele ferro eu não levantaria nem meia sobrancelha de surpresa. Vivendo e aprendendo.

29 novembro 2005

Web log

Você sabia que eu não sabia que a palavra “blog” vem de “web log” (que significa registro na rede)? Putz...


Mundo Pequeno

Estou praticamente viciada em blogs de brasileiros que moram no exterior. Tem uma página - chamada Mundo Pequeno - que reúne dezenas deles. Textos interessantes, engraçados, curiosos; fotos lindas, amadoras, comoventes; comentários consistentes, opiniões sem pé nem cabeça, relatos sobre passeios, compras, comidas e bebidas... enfim, o mundo é pequeno, mas cabe de um tudo nele.


Figurinhas

Tô achando meu blog fraquíssimo de figurinhas. Todos os outros têm mais figurinhas que o meu. Como a inveja é uma merda, aqui vai uma foto que eu tirei de um projeto/matéria muito bacana que O Globo está fazendo sobre os 100 anos da Av. Rio Branco (Centro do Rio). Lá tem um fotolog feito de fotos enviadas por leitores.

Esta é uma vista aérea da Praça Mauá e da zona portuária (por Daniel R. Carneiro).



Ciúmes

Ele: Te contar um segredinho: o mundo não vê isso tudo que você vê em mim, sabia?
Ela: O mundo eu sei que não. Mas A MUNDA VÊ!

Hoho.

23 novembro 2005

Buenas!

Estou escrevendo muito, para depois poder tirar umas “férias”. Entre um escrito e outro, é bom vir aqui bater papo com vocês. (Papo escrito, hoho).

Fui ali almoçar no restaurante a quilo, e encontrei o dono da padaria. Gosto disso: vida de bairro. Está cada vez menos difícil fazer as coisas sem carro no Recreio. Até abriu um café aqui perto, mas ainda não experimentei. Se tiver bolo de aipim, viro freguesa.


Passa rápido

- Veja só, novembro já está terminando...
- Hein?? Como está terminando, se ainda nem começou???

Aaai, meus cabelos!


Velas

Ah, novembro é mês de envelhecer e eu fico monotemática como uma velha engasgada. Sempre tive fascínio pelo passar do tempo. Acho que o assunto é misterioso e encantador: você não vê o tempo passando, mas confere seus efeitos. Queira ou não.

Por isso, cada vez mais, gosto da sensação de me deslocar no espaço. Caminhar, andar de carro, de bicicleta, sentir o vento balançar os cabelos. A estrada é uma maneira confortável de se sentir “operando” o tempo. Cruzar fronteiras é cruzar ponteiros.

22 novembro 2005

Então não tô dizendo?

Semana passada, uma família de Realengo foi posta a correr (de susto) por um invasor inusitado: jacaré entrou na casa, assim, sem bater.

Deus-que-me-livre-duma-dessas. Já chega eu ter encontrado um, perto da praia,outro dia. De duas coisas quero distância: olho gordo e boca grande. É do que menos preciso no momento.


Celebridade 1

Estou escolhendo latas de atum no supermercado, quem eu vejo? Zeca Pagodinho. Sorridente, conversando com quem passasse e puxasse assunto. Maior simpatia.


Celebridade 2

Em São Paulo, semana passada, no caixa do estacionamento do Iguatemi: Otávio Mesquita. Usava óculos escuros maiores que o rosto, mas girava o pescoço e sorria em 360 graus. Outra simpatia.

Praticamente ao lado, entra um “bonitão” (estilo mamãe-sou-forte) e deixa uma Ferrari na mão do manobrista. Passa com o nariz cutucando o teto.

Tenho a mínima idéia de quem seja. Levava o maior jeito de ser ninguém.


Meu aniversário

Não consigo deixar de perder o entusiasmo por esta época do ano. O mês de novembro entra angustiante, é verdade (deve ser o tal inferno astral). Mas, passado o dia 20, começo a respirar aliviada e fico toda alegrinha outra vez. Obaaaa, let’s apagar velas!

Ontem me ligaram da loja onde comprei minha colcha: ganho 20% de desconto em qualquer produto este mês. Vou lá gastar um pouco, que ninguém é de ferro.

Já que parar o tempo não posso, pelo menos envelheço em bons lençóis. Hoho.


Dia do músico

Oba, hoje é dia do músico!
Parabéns aos verdadeiros.
Aos de mentirinha, meus sinceros votos de profundo e prolongado SILÊNCIO.

16 novembro 2005

Milho verde, jacaré e moita


Cariocas cansaram das chuvas (eu estava adorando, confesso), e chegou o sol. De brinde, deu dia lindão no feriado ontem.

Gaúcha aqui teve a idéia de jerico (sou mestra) de ir caminhar na praia BEM na hora do regresso dos banhistas, à tardinha, quando o sol está indo embora e o povo idem – menos a gaúcha branquela, claro, que sai às 6h da tarde com protetor 30 e ainda espreme os olhinhos.

Pois bem. A praia era a sucursal do inferno, e as adjacências estavam absurdamente engarrafadas. Não havia para onde fugir. No calçadão era criança de patins, mãe irritada, pai bêbado, milho-verde rolando no chão e servindo de bola para o futebol atrapalhado dos adolescentes – ah, quantos gambitos tive vontade de chutar!

A ciclovia era invadida por motos, claro.

Nos carros parados, funk no último. (Popozudas não fariam falta alguma, não sei por que escolhem o fofo do urso panda em vez delas...)

Falar em extinção, no canal da lagoa (aquela imundície, como fede!), sobre a pontezinha de madeira apodrecida, uma dúzia de curiosos “admiravam” um banhista tímido: jacaré. Ai, meus sais, aonde vim parar??

Ainda na beira da praia, cansei de desviar dos cocos e dos milhos, e atravessei a rua. Quando pensei que tinha me dado bem, a cena me surpreende: um filho da mãe mijando na árvore. Me deu um susto imenso – embora, a bem da verdade, o “susto” dele nem fosse para tanto.

- Por uma mera questão de proporção, se eu fosse você, mijava numa moita. Ficava menos feio.

(Por que essas coisas não me ocorrem na hora?)

10 novembro 2005

Retrospectiva


Passou finados,
é isto:

outubro
setembro
agosto
julho
junho
maio
abril
março
fevereiro
janeiro

O cotidiano
visto assim,
pelo avesso,
é muito mais
espesso.
Poesia


Ao abrirem as cortinas, o público estava eufórico: ávido pela doce fumaça que lamberia as luzes coloridas piscantes que enfeitariam o chão do palco que abrigaria premiados atores-cantores que entoariam canções lendárias cujos finais parecessem ter sido feitos – e foram mesmo – para provocar um ataque de choro compulsivo coletivo capaz de lavar as almas dos mortais presentes, bem como de seus parentes, e dos ausentes, e (aproveitando) também dos parentes dos ausentes.

Bem, deu-se nada disso.

Veio só o preto no branco: texto dito por um poeta desconhecido, calvo, de estatura mediana, sapato meio gasto, oriundo (o poeta, não o sapato) não se sabia do interior de que parte, importado (o sapato, não o poeta) certamente do raio que o partisse.

Ninguém chorou um pingo. Mas, naquela noite, foram todos (mais ou menos) até a lua – e, olha, alguns até voltaram.

Ou seja: a poesia é uma espécie de “atalho” que a gente cria para andar mais. Daí o sapato gasto.

08 novembro 2005

Papo no Pilates


- Minha filha foi convidada para a festa de aniversário de uma amiguinha, e eu estou chocada.
- Por quê?
- A festa é na suíte de um motel. Precisava ver o convite. Cada pessoa paga R$ 40,00. Vão passar a noite num motel. Meu Deus! Motel!

Os comentários que se seguiram foram os mais variados:

- É, tua filha foi escalada para um bacanal. Como são as coisas. A gente cria os bichinhos com todo carinho...

- É nada! Isso é supernormal hoje em dia. Tá na moda! Vocês estão sendo preconceituosas. Saiu até reportagem no Globo.

- E daí?? Sair no Globo é garantia que não tem sacanagem?? Pois eu acho que é muito pelo contrário!

- “Hoje é festa lá no meu apê...” Hihi, essa garotada...

- Se eu fosse você, não deixava ir. Quanto anos ela tem? 21 é muito novinha! Tranca em casa.

- Eu não me abaixava para pegar guardanapo que caísse no chão...

- Acho que eles nem dão guardanapo nessa festa. Vai fazer o que com guardanapo?

- Será que tem comida, pelo menos?

- Você diz, comida, de comer? Ou...

- Brigadeiro, cajuzinho, risólis!

- Cachorro-quente...

- Salsicha, vai ter! Quá quá quá!!!


E a pobre mãe, que entrou na aula apavorada, saiu de lá em perfeito pânico.

04 novembro 2005

Barco


Hoje eu acordei um pouco melhorzinha e fui, saltitante, ler o horóscopo no jornal. Sim, eu leio horóscopo. Mas só acredito no que me convém.

Pois ali dizia, creia você se quiser, que é melhor a sagitariana estar atenta: “às vezes, só se percebe que o barco está afundando quando já está entrando muita água”. Assim, na lata.

P***quepariu. Só pode ser perseguição.

Não dava para me rogar uma praguinha menos resfriada, não? Água?

AAAATCHIM!!!

***

Vozes de família


É interessante como, nas famílias, algumas pessoas têm um timbre de voz semelhante – às vezes, confunde-se ao telefone.

Na minha, por exemplo. Minha mãe e eu temos vozes parecidas. Outro dia, quando estava no RS, tive uma longa conversa por telefone com meu tio. Marcamos um churrasco. E ele ia se despedindo:

- Então tá, Aninha, nos vemos no sábado...

Achou que tinha combinado tudo com a minha mãe.

Como tenho um timbre mais grave, muitas vezes também me confundem com o meu irmão. Tem uma casa de sanduíches aqui perto, onde fazemos pedidos freqüentes – a atendente acha que é sempre a mesma pessoa.

Eu: Boa tarde, eu queria fazer um pedido.
Ela: Oi, Seu Adalberto! Tudo bem? Vai o de frango ou o de tomate seco, hoje?
Eu: O de tomate seco.

Eu sempre peço o de tomate seco. Meu irmão sempre pede o de frango. E a moça jura que o Seu Adalberto alterna.

Quando a confusão é com o meu irmão, é ainda mais divertido. As pessoas ficam sem jeito.

Um dia ligou um amigo dele, e já atacou com essas brincadeiras que homem faz. Atendi:

- Alô?
- Faaaaaaaaala, bundão!!!!
- ...
- Que é, não tá reconhecendo a minha voz??
- Bom... na verdade eu...
- Vai ficar de viadagem, é?
- Viadagem, não... É que eu sou a irmã dele.

Longo silêncio constrangido do outro lado. Confundi a moça com homem, chamei de bundão e viado, e ainda dei um atestado de babaca.

- Não te preocupa, isso acontece toda hora...
- Ai, me perdoa...

Como é bom ver um rapaz constrangido, hoho.

Também já atendi namorada que me chamou de apelidos... fofos. Colegas de trabalho. Músicos, produtores, contratantes. A filha dele!

- Alô?
- Oooooi, paaai!!
- Pai é a #!*@()$¨)_#!@#¨&*(()*!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ah, não. Pai já é demais, concorda?

03 novembro 2005

Me pegou


Agora eu tenho certeza que estou gripada. Porque minha voz soa como um violoncelo desafinado, tocado por um sujeito sem talento que sofre de tendinite crônica. Ah, cuja mãe chega tarde da noite em casa... sem razoável explicação.

Bom, tô p***.

02 novembro 2005

Gripe

Acho que estou gripada, mas não tenho certeza. Aliás, nunca tenho certeza da gripe, a não ser que ela esteja explodindo. Por isso, fico meio assim de tomar antigripais: estaria assumindo que estou com gripe. Tudo vai do psicológico.

Esses antigripais, a propósito, deixam a gente derrubada e imprestável. E eu prefiro ficar derrubada e imprestável na saúde, se é que me entende. Você não prestar para nada por opção é muito melhor do que não prestar para nada por falta de. O ócio é maravilhoso, mas a gente tem que poder puxar a cordinha e saltar na rua, se der na telha.

Eu gosto muito de enxergar a cordinha, nem que seja só para esnobá-la e continuar aboletada na poltrona. Dando tchauzinho pro vento.


Tato de terapeuta

E ela me tranqüilizou:

- Não, querida, claro que não. Nesse caso, você seria uma esquizofrênica completa. Mas posso te tranqüilizar: és apenas uma neurótica supercomum, desse tipo mais vagabundo que existe aos montes por aí.
- Desculpe, mas vagabunda é a senhora.
- Olha aí, não tô dizendo?


e-volução (por falar nisso)

Antes, tínhamos que guardar as coisas na cabeça. Hoje, guardamos tudo nos arquivos, e perdemos a cabeça quando eles dão pau – ou seja, toda hora.

Antes, éramos apenas neuróticos. Hoje, graças à tecnologia, temos fortes motivos.


Constrangedor

Eu estava caminhando e passou uma van cheia de estudantes. Um menino na janela fez BÚÚÚ!!!, e me deu o maior susto. Botei a língua para ele e fiz “nhéééé, seu retardado sem mãe!” (disse bem baixinho, claro).

Mas um sujeito vinha de bicicleta atrás de mim e viu/ouviu meu papelão. Afff! Pior coisa de falar sozinha é quando você está acompanhada e não sabe.

20 outubro 2005

Colo


Os filmes na estante em desordem alfabética, a janela sem cortinas filtrando raios intensos do dia que já se acabou, os cabelos esparramados em lisos cachos de um louro meio azul, meio carvão, a televisão chiando (em silêncio) repetições inéditas e velhos anúncios de lançamentos sem previsão de estréia – todo caos é uma questão de ângulo.

Um giro de 90 graus à direita - as orelhas paralelas ao teto, o horizonte perpendicular à razão. Bochecha esmagada em jeans.

Deitada no colo dele: foi assim que ela corrigiu o mundo.

11 outubro 2005

Futuro


Ameaça chover. Jantarzinho de última hora com uns amigos. Ei, essas pessoas que inventam de um tudo: quando é que vão inventar uma pílula que você toma, espera uns 20 minutinhos, e as unhas aparecem feitas?

Comprimidinho vermelho para unhas vermelhas. Comprimidinho café para unhas café. Comprimidinho chocolate para unhas chocolate...

Esse último podia vir com gostinho.

E diet, please.


Dia dos fedelhos

Amanhã é feriado - as ruas, as praias e os shoppings estarão lotados de diabinhos cheios de vontades esperneando gritando batendo pé exigindo sorvetes balas doces Mac’comidas sintéticas cama-elástica pula-pula escorregador laptop da Barbie e do Homem-Aranha mamãe eu quero eu quero eu quero eu quero ficar em casa Deus me livre sair na rua ou almoçar em algum restaurante e levar de brinde um nugget com maionese no meio da testa tô fora.

06 outubro 2005

Erro de gênero


Quando pequena, eu imaginava que meu sobrenome continha um erro de gênero. Em vez de Da Pieve, deveria ser Do Pieve – afinal, Pieve é como todo mundo chama meu pai, que é muito homem. Não entendia o Da. E mais: achava, por conclusão infantil, simplista e doce, que os sobrenomes de todas as pessoas serviam para isto - dizer de quem elas eram.

Assim, um Maurício que fosse filho de um Lopes se chamaria Maurício Do Lopes, e uma Beatriz que fosse filha de um Antunes, Beatriz Do Antunes.

Mas e as mães? Não seriam igualmente proprietárias?

Minha mãe se chama Aninha. E não é que ficaria interessante – Bíbi D’aninha?


Deutschland


E me vem à memória um episódio de infância. Tinha 10 anos, fiz uma viagem à Alemanha com um grupo de 30 colegas e uma professora de música. Minha melhor amiga foi junto, e passamos o primeiro semestre (que precedeu a viagem) fazendo planos - que delícia ia ser aquilo, viver um mês longe dos pais, morando juntas, como faziam as americanas superadultas que iam para a faculdade.

Já no vôo de ida, quebramos o pau. Terminamos aquela amizade de uma vida inteira, ou seja, dois anos. (Dois anos, naquele tempo, valiam muito mais do que valem hoje. O câmbio do tempo é implacável).

Cheguei na Alemanha com dor de cabeça, confusa do fuso, enjoada do estômago, exausta do vôo e da briga com minha ex-melhor-amiga. Pior de tudo: ia ter que dividir o quarto com aquela inimiga mortal por longos 30 dias, já que tudo estava marcado e não tinha volta. Troço desgastante.

No primeiro dia, fomos dar um lindo passeio pela cidade. Impliquei com ela o quanto pude, e ela não revidava, ou porque era mais sensata, ou vai ver que tinha poderes para prever o que eu não conseguia. Lá pelas tantas, não se agüentou e veio me arrancar os cabelos, isso em pleno solo europeu.

A maioria da turma incentivava, outra parte tentava apartar, e a professora se viu desesperada. Os alemães comportados se horrorizavam com a algazarra brasileira, Deus que me perdoe, só de lembrar me arrepio. Gritaria, balbúrdia, gargalhadas altas. Coitada da tia Fulana, uma senhora tão boazinha.

Depois de nos embolarmos no chão – a Alemanha é ótima para isso, porque os carros param na faixa de pedestres -, aos puxões das tranças e bofetões nas orelhas, além das mordidas em casos extremos (há alguma ética nisso tudo, tá pensando o quê?), por final respingamos, uma para cada lado, não sei se por cansaço ou porque o momento implorava uma pausa. Artisticamente, eu digo.

Era a deixa para a única pessoa adulta impor alguma ordem, usando de princípio mais sóbrio, afinal. Deu nem cinco segundos, senti a sóbria mão da tia Fulana pinçando minha orelha esquerda e puxando como quem vai pendurar num varal. O mesmo ela fez com aquela traíra mirim - que me insultava ainda mais, agora ferida e humilhada gravemente diante das outras crianças.

E fomos nos arrastando, conforme as orelhas apontassem o caminho, sei lá por quantas esquinas daquele velho mundo cruel.

Claro que fizemos as pazes em dois tempos, mas aí já era tarde: sofremos as devidas punições. Passamos o dia seguinte enfurnadas numa saleta de fundos, concentradas na árdua tarefa de escolher duas enormes bacias de feijão. No próximo almoço, sairia uma típica feijoada brasileira, para apreciação dos simpáticos alemães que nos hospedavam.

Acho que eles nunca comeram tanta pedra na vida.

05 outubro 2005

Estiagem


Adoro o “almoço executivo” de um restaurante japonês aqui perto. Baratinho, rápido e caprichado. Faço uma cara de cão sem dono (no caso, cã), e ainda faturo uma entrada de sashimi com salsinha e gergelim – afinal, não se deixa uma moça sozinha esperando comida. Hoho, eu e minhas tranças.

- Aqui, dona, um passatempo pr’ocê...

Outra coisa valiosa é ouvir conversa de garçom. Sai cada uma.

- Mulher só dá trabalho. E tem mais, começa já na primeira olhada. Se a beleza resolve olhar pra você, sei lá por que diabo, sendo que está acompanhada pelo namorado, é encrenca. Pode escrever que o corno é forte e vem tomar satisfação.

E o outro:

- É por isso que eu já começo a selecionar na olhada. Não é qualquer mulher que pode me olhar, não.

Olhei pra ele (curiosa).

- Só deixo me olhar se for bonita e rica.

Olhei de novo. Baixinho, atarracado, meio sem queixo, cabelo espetado. Como é?

- Só se for as duas coisas: bonita E rica. Só uma não serve.

É, vai bem chover na horta dele. Galã desse jeito.

04 outubro 2005

Estímulo


- Que coisa. Não é estranho receber um cartão com validade de 06/2008? Parece tão longe...

E meu irmão:

- Não é. 2008 chega rápido.
- Pensa bem! Dois mil e OI-TO!
- Chega rápido.
- Tá, pode ser... mesmo assim, será que até lá esse cartão não vai estar todo escangalhado?
- Nada, esse troço é resistente (dando uns petelecos no cartão).
Pausa. Refletiu um pouco.
- Tu vais chegar mais escangalhada que ele... hihi.

Botoques, rápido.

03 outubro 2005

Tecla “mute”

Tô te volta à terra dos merrmão. Gostei. Fui recebida com um lindo dia de sol. No táxi (Band News FM), já fiquei sabendo que o Garotinho vai fazer uma cirurgia nas cordas vocais e vai ter que ficar 10 dias calado.

Oba, cheguei em boa hora.


Não sei puxar assunto com taxista

Falar em calado, muda eu estava quando entrei no carro, muda permaneci o trajeto inteiro. Não adianta, não sei puxar assunto com motorista de táxi. E olha que adoraria. Fico imaginando palavras, inventando frases e deletando mentalmente em seguida. Fiasco. Direita, esquerda, atrás daquele Corsa - isso não conta, né? Zero a zero.


Pizza

Essa nem eu acreditei, mas é verdade. Uma noite, estávamos cansados e resolvemos pedir a melhor pizza da cidade (que eu já conhecia, mas não tinha o número da tele-entrega). Pedimos uma ajuda ao rapaz do hotel. Não sabia. Ligamos 102. Não havia. Achamos um catálogo telefônico na mesinha de cabeceira, oba!

Procuramos em “pizzarias” – mas cadê a página? Tinha sido arrancada.

Pensamos que algum hóspede mal educado tinha arrancado a página de pizzarias do catálogo. Por sorte, havia outro. Qual não foi nossa surpresa quando verificamos que também a outra lista tinha sido desfalcada da página das pizzarias!

Moral da história: como o hotel também fornece pizzas, deu-se ao trabalho de arrancar as páginas de pizzarias de todos os catálogos telefônicos de todos os apartamentos. Para que nenhum hóspede faminto caísse na tentação da melhor pizza da cidade (que certamente não é a deles).

Que barbaridade!

24 setembro 2005

Fôlego

Ando de saco cheio dessas pessoas. Que falam assim. Muito pausadamente. De duas, uma. Ou elas acham. Que a gente vai entender melhor. O que elas dizem. Ou lhes anda faltando. É fôlego mesmo.

Yoga nelas.


Gerações

Ele me pediu uma mãozinha no micro.

- Pai, já desinstalei o Yahoo Messenger...
- Beleza, filha! Assim que puder, desatarraxa o resto.


Ciber-cão de guarda

Sem noção esse cachorrinho vigiando a gente aqui no Word, né?
Vai me ensinar a escrever, Totó?

“Ocultar”, please.

(E Totó finge de morto).


XIS coração

Acho que eu devo registrar aqui que acabo de comer um XIS coração maravilhoso, como nos meus sonhos. (Quem acompanha o blog vai entender).

Agora, sim, sinto que cheguei nos pampas.


e-fofoca

Nunca vi terra mais fértil que a Internet para uma boa fofoca.

As pessoas “esbarram”, acidentalmente, no perfil dos outros no Orkut, e vão deslizando pelos recadinhos alheios, e derrapam nos álbuns de fotos, e comentam, sem querer, e dão uma espiadinha aqui e ali, por engano, e já que estão ali, fuçam mais um pouquinho, abrem um arquivo, por via das dúvidas, quem sabe, de repente, ops!

O mouse é a nova versão da mão-boba. Cuidado, você.

22 setembro 2005

Vim ver minha família na minha cidade. Morreu uma tia superjovem. Mencionei o caso aqui há um tempo, quando ela ainda estava doente: câncer no útero. Lutou o que conseguiu.

Pensei se escrevia aqui sobre isso, ou não...

Ninguém sabe o que dizer numa hora dessas. E nem adianta, porque a morte é uma mão muda e surda que simplesmente leva embora; não negocia. Olhando a morte assim de perto, fica uma certa impressão de que as coisas da vida (TODAS) são muito mais negociáveis do que supõe a nossa pobre consciência. Questões de jogo, equilíbrio, balanço, adaptação: são coisas da vida. Vai-e-vem. Ondas.

E ela foi cremada e quis ser jogada no mar.

15 setembro 2005

Enfim, alguém que me entende
(ah, colegas de zodíaco...)


“E porque eu não posso comer nada* minha geladeira só tem frutas e legumes. E as crianças sofrendo por um chocolate.

*Sou um pouco rebelde porque sou sagitariana. Então sábado eu tomei quatro chopes e comi um monte de pedaços de uma pizza que chegou navegando na gordura. Tudo tem um limite, afinal. Morri? Não. Então pronto.”



Comentário Geral - TVE


Para quem quiser me ver na telinha: dia 29 próximo, às 21h, vai ao ar o Comentário Geral, na TVE.

Gravei um depoimento sobre o livro da Lya Luft “Reunião de Família”. Depois eu lembro vocês de novo.


Propaganda

Quero
sua risada mais gostosa
esse seu jeito de achar
que a vida pode ser maravilhosa

(Tem uma propaganda com essa música na TV. Alguns clichês, quando bem posicionados, têm a capacidade de nos dar nós na garganta. Water, please.)

13 setembro 2005

Amnésia




Você já viu Amnésia?
(Não vale dizer que viu, mas esqueceu...)

O filme é de 2001, mas eu só assisti agora. Depois do assassinato da sua mulher, Leonard (Guy Pearce) passa a sofrer de amnésia recente, e vai tatuando o corpo com anotações – referências que o ajudam a se situar no presente.

O roteiro é muito bem construído, os atores estão ótimos, o suspense é intrigante e mantém o espectador de olhos grudados do início ao fim. Filmaço.
Bronca de pai


- Tu não vais mais atualizar aquele teu blog?
- Pô, pai, tô na maior correria, e...
- Só tem aquele do detergente econômico, já faz um tempão!
- Eu sei, desculpe, é que estou escrevendo outras coisas... Imagina que...
- Tá, tá. Mas escreve no blog também. Assim não dá. Passo lá todo santo dia, várias vezes por dia, e o texto não muda!

Engraçado ele dizendo “passo lá todo santo dia”, como se fosse mesmo um lugar – físico.

Pouco tempo atrás, por mais que mirasse, não acertava uma @ no alvo.

01 setembro 2005

Econômico MESMO!


Comprei um detergente em gel, desses cujo rótulo promete: “muito mais econômico!”

Comecei a usar. Hoje vi que, no fundo do frasco, diz assim: “Usar até: 07/2008”.

Nossa. Põe econômico nisso.
Hoho.


Publicidade na internet


Um site de vendas inventou uma mega-ultra-hiper-liquidação para o mês de agosto, e chamou de “Cachorro Louco”.

Até aí, tudo bem. Nada além de falta de originalidade.

Acabando o mês, eles mandam para os clientes um e-mail com o título: “quem perde o Cachorro Louco fica com raiva”.

Pára, aí já é mau gosto mesmo.


Sabedoria da Radical Chic


"Adoro quando os feirantes, os porteiros e os pedreiros do meu bairro me
chamam de gostosa. É a comunidade solidária!"
Quando eu estive em PQP


Eu tive um sonho assim esquisito: estava indo para Nova York quando, de repente, a minha parte do avião (?) se perdeu do resto (?). E foi parar num lugar para lá de estranho, que eu não tinha a mínima idéia de onde era.

Chegando a esse destino inusitado – que, para fins didáticos, passarei a chamar de “PQP” -, descubro que ninguém lá fala a minha língua. Tampouco inglês. Tampouco alemão. Tampouco espanhol. Tampouco francês. Espanhol já disse? Enfim, ninguém em PQP fala língua alguma que se possa, digamos, tirar de ouvido.

Apavorada, entro num restaurante (a comida PQPnesa eu nem tive chance de provar, sinto muito), e começo a perguntar a todo mundo:

- Do you speak english? Do you speak english?

Necas. Ninguém speak english em PQP. Resolvo reclamar em bom português:

- Puta que me pariu, ninguém fala inglês nesta bodega??!!

Foi quando uma senhora portuguesa me ouviu, entendeu e acudiu. Explicou que eu estava mesmo muuuuuito longe de Nova York, e me indicou o caminho até o aeroporto mais próximo. Que, aliás, também era longe para dedéu. (Como eu havia chegado a PQP a bordo de um “pedaço” de avião - que se despencara do resto do bicho original -, não tinha nem pousado em aeroporto algum. Aterrissei foi no meio da rua mesmo. Em PQP, você sabe, rola de tudo.)

Com dificuldade, andei até o aeroporto. Cheguei esbaforida, e expliquei (?), com gestos (?), a minha triste história. Que eu tinha porque tinha que ir a Nova York, e que me arrumassem um vôo, era tudo que eu pedia, pelo amor de Deus.

PQP, enfim consegui!

Voei até NY (de avião inteiro, que sucesso).

Quando entro no saguão do aeroporto, surpresinha: PQP, esqueci TODOS os meus dólares em PQP! Não tinha dinheiro nem para uma bolacha. Nem uma coca light. Nem o táxi.

7:30 da matina, o porteiro me acorda aqui com o interfone. Levanto meio tonta, assustada, e atendo.

- PQP, alouuuu!!!
- Dona Bíbi, seu táxi chegou.
- PQP! Não pedi táxi nenhum!!!
- Ah, desculpe, então foi engano.

Então é isto. O problema de ir a PQP é que chegar é fácil - qualquer pedaço de avião voa até lá.

Agora, vá tentar sair.

31 agosto 2005

Inverno rigoroso aqui no Rio. Rigorosos picos de 37 graus oficiais (44 nas ruas), e a mufa queima sem – conseguir - pensar. Cruz credo.

Ganhei de presente um ventilador de teto. Mandei colocar persianas na sala, mas ainda não chegaram. Minha vontade é fechar tudo e tacar logo um ar condicionado, mas e a conta de luz?

--

“Que ninguém se engane: só consigo a simplicidade através de muito trabalho”.
Clarice Lispector

26 agosto 2005

O bebê


Uma colega nossa vive contando histórias sobre o seu bebê. Mas não pense que é um filho. Nem um cachorro. Nem o marido. Ganha um doce...?

Eu conto: o “Bebê” é um Buggy amarelo ovo, com uma lista vermelha no meio. “Mostarda com ketchup!” – ela avisa.

Um dia ela chegou arrasada:

- Botei o bebê à venda!!!

Quem não sabia ficou apavorado.

Ontem, veio com esta:

- Menina, nem sabe o que o bebê me aprontou ontem. Tava saindo do supermercado, ali pela Av. Gláucio Gil, foi quando me distraí um pouco com um negócio que fui pegar na bolsa... não é que o bebê subiu na calçada??? Que susto!!! Ai, mas xinguei tanto... mas tanto!

É isso mesmo. Ela estava dirigindo, abaixou-se para pegar alguma coisa na bolsa, e tacou o Buggy meio-fio acima. Tomou um susto e ainda saiu xingando o carro.

Risadas gerais.

- Sua doida!! Já pensou se tivesse alguém passando na calçada??? – alguém criticou.

E ela, indignada:

- Tá maluca, é? Pirou? Acha que o bebê ia subir se tivesse alguém?? Eu, hein!?

E ela fala isso séria, ficou ofendida mesmo. Não bate nada bem...

Aliás, não me admira o bebê ter saído à mãe.



Vendedora musical


Vi uma calça jeans na vitrine e entrei na loja. Vazia. No balcão, uma moça muito compenetrada, acredite, arranhava um ré maior num violão meio desafinado.

- Oi – ela me sorriu. – Fica à vontade. Hehe. Tô aprendendo.
- Ok, obrigada...
- Essas calças estão com um preço ótimo... e vestem superbem... PORRA!
- ???
- Hehe, desculpe. É que esse fá me tira do sério! Dói meu dedo! Isso é im-pos-sí-vel de fazer. Simplesmente. Já avisei meu professor. Não dá, pestana não dá.
Não resisti.
- Dá, sim. No início parece impossível mesmo, mas vale a pena praticar. Depois, você vai fazer fácil, fácil.
- Jura?? Você sabe??
Fiz que sim.
- Ai, que tudo.
- ?
- Tudo de bom. Acho tudo! Um dia eu vou tocar direito.
Silêncio. Eu olho as calças. Ela volta ao ré maior.
- Tá meio desafinado, não tá? Você que entende.
- Tá, sim. Quer que eu afine?
- Quero!!!

Afinei o violão pra moça. E acabei não comprando calça nenhuma.

Acho que entendi por que a loja estava vazia...



Melhor frase


A melhor frase que eu li hoje no jornal O Globo foi da Miriam Leitão, em seu “Panorama Econômico”:

“A economia e a política se cruzam novamente elevando a incerteza. De um lado, a economia chega no bom momento da queda dos juros, que vai incentivar o ritmo de atividade. De outro, a crise na política, com seu festival de CPIs e ruídos diários, aproximou-se do ministro que tem sido a mais importante garantia da estabilidade. Insubstituível ninguém é, mas ele é fundamental num governo anêmico como o do presidente Lula.”

(Para quem não lembra: o ministro Palocci, em sua entrevista no último domingo, disse que “ninguém é insubstituível” – ao ser questionado sobre a possibilidade de sua saída do governo).

25 agosto 2005

TOP


Veja as 10 “Top Letras” (mais acessadas) de um site de música vinculado ao Terra. Como diriam os senadores, pela ordem:

1. Ivo Pessoa - Uma Vez Mais
2. Marjorie Estiano - A Fórmula do Amor
3. CPM 22 - Um Minuto para o Fim do Mundo
4. Tati Quebra Barraco - 69 Frango Assado
5. Tati Quebra Barraco - Atola
6. Shakira - La Tortura
7. Kelly Key - Barbie Girl
8. Black Eyed Peas - Don't Lie
9. Bruno e Marrone - Choram as Rosas
10. Akon - Lonely


Agora leia, na íntegra(?), a letra(?) da canção(?) de número 4:

69 frango assa de ladinha agente gosta se tu não ta aguëntando para um poquinho ta ardendo assopra
69 frango assa de ladinha agente gosta se tu não ta aguëntando para um poquinho ta ardendo assopra
ta ardendo assopra
ta ardendo assopra
ta ardendo assopra
fica de joelho
joelho faz um biquinho e chupa minha



Deus.
Textos & Textos

Há os que escrevem por necessidade filosófica.
E há os que escrevem por necessidades fisiológicas.

* desculpe o desabafo. Tenho lido cada m...


Ê, chuvinha...

O dia começa doce. Nada como tomar o café da manhã com a pessoa em questão.
:o)


Passo aqui mais tarde. Vou pilatar.

22 agosto 2005

OFFertas perdíveis

Domingo eu fui ver as modas, e acabei ficando meio deprimida com as vitrines. Vácuo criativo. Já passamos do inverno, e ainda não chegamos ao verão. As promoções OFFerecem o resto do resto do resto do cavalo do bandido. Clima de fim de festa, total.

Tinha sandália encalhada que, de tanto tempo que vejo, já me chamava pelo nome.

Comprei nada, não.



Comoção

Eu sempre via os mais velhos se emocionarem quando fazia um dia lindo, e pensava: ui, coisa de velho! Dias são todos iguais. Manhã, tarde, noite. Mais sol, menos sol. Tá, tanto faz.

Agora é bem feito para mim. Não só me comovo com dia bonito, como também – confesso - já andei parando para olhar passarinho bicar flor no jardim dos outros.

O tanto faz começou a fazer tanto...



Será?

Estacionei no supermercado, e fui às compras. Pus o tíquete no bolso da calça, pensando – “vou acabar perdendo isso”. Não deu outra.

Na saída, há dois guichês. Um deles é mais perto para mim. Nesse, havia uma moça. No mais longe, um rapaz.

Escolhi o do rapaz.

- Oi... puxa, acabo de me dar conta de que perdi o tíquete... (sorriso meigo)... você quer ver os documentos do carro? (sorriso mais meigo ainda).
- Precisa não, moça. Pode passar.

E eu fico pensando: óbvio, homens sempre são mais gentis com mulheres. E depois fico me culpando por não ter ido ao guichê da moça – vai ver ela ia ser ainda mais gentil, e eu é que sou preconceituosa.

Ou não.


Vírus confusos

Agora tem uma onda de vírus que vêm camuflados de cartões virtuais, mensagens misteriosas usando nomes de empresas que existem de verdade, e por aí vai. (Deleto tudo, claro).

Só dessas mensagens mais "pessoais", já recebi um punhado. Já me disseram que estou sendo traído(?) com meu melhor amigo. E que se lembraram de mim com carinho. Que estão com saudades. Que meu CPF não vale mais. E que me amam "com a alma toda".

Ora, decidam-se.

21 agosto 2005

E por falar em saudade


Faz tempo que não escrevo aqui. Tô em falta. Fazendo agora uma horinha gostosa num cyber... vai um café?
:o)

Te contei que estive em Tiradentes? Cidade gostosa mêss! Fiquei impressionada com um restaurante - cujo nome eu adorei: "Tragaluz" -, comida de primeira, um galeto defumado com arroz de não-lembro-o-quê, só sei que tinha uma noz cravada em cima. Delícia. Bom vinho. Bom clima. Velas. Uau.

---

E por falar em saudade: São Leopoldo.

---

Aqui do meu lado, no cyber, uma menina navega no Orkut. É engraçada essa internet. Na vida real, ninguém puxa assunto com a pessoa ao lado. No virtual, vai ver até que ela é minha amiga de infância.

---

Não consigo escrever direito com barulho e gente em volta. Sorry eventuais esbarrões, mãe. Tenho só mais 10 minutos de acesso. Contagem regressiva. O cartão perece rápido.
(Eu disse perece? Coisa mais antiga...)

---

09 minutos

Olho daqui um garoto de óculos fuçando livros de turismo na prateleira. Morrendo de curiosidade de saber aonde ele está indo.

---

08 minutos

Tem um senhor de óculos na minha frente, usando um computador que fica de costas para o meu. Ele precisa seriamente de alguém que indique como ele deve se vestir - como NÃO deve já está sabendo com precisão. Amarelo-ovo. E esse relógio, hein?

---

07 minutos

Vou sair fora. 06 minutos. Vou postarrápido antesque nãodê maistempo.
Fui!

10 agosto 2005

Seria cômico...


... você sabe.
Olha essa (tirada do blog do vizinho do Roberto Jefferson):

“Bornhausen finge que bate, acm também, marco maciel deve ter emagrecido ainda mais pois desapareceu de vez, pedro simon dá um tapinha que não dói, o garotinho continua pequeno, heloisa helena esperneia para as paredes, frossard pensa no governo do rio e articula com jefferson que está, desde a saída, na forca mesmo.”

09 agosto 2005

Rápidas


O plágio é uma espécie de homenagem que, na hora de se creditar, cretina-se.

**

A melhor poesia da vida
é amar alguém
que vice-verso.

**
Virtua


A conexão não funciona. Ligo para a central do Virtua, e ouço a seguinte mensagem – reparem como é auto-explicativa:

“Bem-vindo à central de atendimento Virtua! Informamos que o acesso está interrompido em algumas regiões da Barra da Tijuc”
(cai a ligação)

05 agosto 2005

Bons dias :o)

Tem feito uns dias lindos, embora um pouco quentes para o meu gosto. Vejo a CPI, e meu instinto sagitariano-otimista quer acreditar que todo mundo ali está a dizer a verdade. Mas aí os dados não conferem.

Asterisco: R. Jefferson pode até estar (AGORA) prestando um grande serviço à nação, mas, pqp, como é canastrão!

***

Pênalti!


Eu estava lendo um negócio sério no Globo On Line. Passo o mouse, sem querer, por uma bola de futebol que está em algum canto, e o que me acontece? Ronaldinho Gaúcho toma conta da tela, com uma &$@#$)&¨# de uma propaganda de imóvel que não quero saber nem onde fica, nem quanto custa, nem nada.

E cadê que eu consigo terminar de ler a notícia?

Quem é que tira o craque da minha área agora, sr. juiz?

Francamente, prestenção! Pro diabo com essa publicidade inconveniente da internet. Pro diabo.

29 julho 2005

Cafezinho


Psiu, cá pra nós. Você não sente, às vezes, no fundo do gole de cafezinho, um leve gosto de cigarro?

Eu sinto. Nunca fui fumante na minha vida, mas sinto. E tenho uma explicação.

Sabe aqueles fumantes que param de fumar, e depois ficam um tempo reclamando que não conseguem tomar café sem ter gana de acender um? Pronto: eu acho que é esse o gosto que eu sinto.

Dos cigarros não fumados dos abstêmios.

Mas não é em todos os cafés, não. Acha que eu sou doida? Calma, é só em alguns...


Padelli


Descobrimos uma pizzaria ma-ra-vi-lho-sa aqui no Recreio – il forno di Padelli. Uma entradinha, sugerida pelo garçom (gentil), já ameaçava o desfecho trágico. De tão bom.

A mozarela de búfala veio se desmanchando, literalmente. Tomate seco e rúcula - não menos frescos, apetitosos. E aquele pãozinho, tipo uma massa de pizza, como se chama mesmo? Chama-se assim: tô perdida.

E a pizza não deixou por menos. Das melhores que já comi aqui no Rio (está bem, a cidade não é exatamente conhecida pelas pizzarias, mas...). Essa é realmente muito boa. Vale a pena. Palavra de gaúcha com descendência italiana!


Tamanho quê??


Cena dos sonhos: chego numa loja, vejo uma blusa linda e pergunto se tem de vários tamanhos. A moça:

- Acho que, para você, tem que ser a “P”...

Minha frase imediata:

- Já disse hoje que te amo??

Mas acabei não dizendo nada. Hehe. Mentiras sinceras me interessam.


3 frases do meu irmão


Meu irmão tem umas frases ótimas. Algumas são dele mesmo. Outras, citações. Mas ninguém citaria com tamanha propriedade. Isso já nem é mais citação: é pirataria.

1. “Tem dia que, de noite...” (com cara de preocupação)

2. “Hoje em dia, com a internet...” (essa vale para absolutamente tudo. Qualquer coisa que cause espanto, uma notícia no jornal, um banco quebrado na praça - lá vem a explicação-consolo: é... hoje em dia, com a internet...)

3. “Foi o que eu disse!!!” (quando ele acabou de dizer exatamente o contrário)

27 julho 2005

O mundo é dos vivos
O mundo é dos bancos
E os bancos dos mendigos

O mundo é de loucos
Que mundos não têm dono
E só somos vencidos pelo sono

O mundo é do novo
E o novo dos antigos
O mundo é quem sobrar no fim da noite
Dos amigos

(Nei Lisboa)
No Jô


Ontem, no Jô, o senador Delcídio “Boa Pinta” Amaral (PT-MS), presidente da CPI, respondia à relevante questão de ser considerado o galã do senado.

- Bem... Hãm... é... (risos tímidos)... ainda bem que a minha mulher está viajando, senão o bicho ia pegar, hehe...

Francamente, os homens têm cada coisa...

Então tá, devo concluir que a mulher dele vai é ficar feliz e tranqüila quando voltar de viagem e souber que o maridão declarou, em rede nacional, durante o auge de sua popularidade/assédio, que “ainda bem que ela estava viajando”.

E quantas peruas levantaram do sofá e foram calçar as botas de vinil, depois da notícia fresquinha de que a patroa andava voando bem longe?

Se o marido é meu, o bicho nem pega. O bicho já é morto.



Outra do galã


E hoje, Delcídio apareceu nos noticiários dizendo que recebia “com indignidade” as insinuações de que a CPI estaria omitindo informações.

Acho que ele queria dizer indignação, né?

Vá lá. Talvez tenha ficado com vergonha de usar, em meio a tantas patacoadas, o termo “nação”. Hoho.



Menas, presidente!


Vem cá, o máximo da humildade de Lula é dizer que foi filho de analfabetos???

Sim, porque, ainda outro dia, ele dizia que não tinha pecados. Agora que o partido que ele ajudou a fundar está visivelmente emporcalhado (e emporcalhando...), o discurso é de que não nasceu ninguém capaz de DISCUTIR ética e moral com ele.

Não cabia uma sandalinha da humildade, não?

Já tem petista com saudade do tempo em que ele falava menas laranja...

26 julho 2005

Tá ruim, mas tá bom


Meus pés estão doendo (caminhando de botas), minha coluna voltou a incomodar um pouco (hérnia, você sabe), peguei um trânsito infernal na Av. Niemeyer hoje (de ônibus!), choveu e eu não esperava (cabelo espigado – tóim!), entrei numa loja e paguei o maior mico porque achei que a sandália custava R$ 49,00 – tolinha, não tinha visto o fatídico “3x”, miudinho, acima do número.

Praticamente saí de costas, para fingir que estava entrando. Hehe (meu risinho amarelinho).

Pronto, já reclamei bastante da vida.

Um parágrafo, em blog, é uma eternidade.


Terapia


- Você já dirigiu à noite, na neblina?
- Já.
- Não se enxerga mais do que 10m adiante do pára-brisa, né?
- É.
- E aí? O que é que você faz? Pára no meio da estrada?
- Não...
- Joga o carro numa ribanceira, desesperada?
- Não...
- Vai andando, devagar, mesmo sem saber o que vem pela frente, né?
- Hum-hum.
- Então. É assim mesmo. Você não pode enxergar a estrada inteira. O negócio é ir andando, aos poucos, conforme é possível. O tanto que você vê é o tanto que você anda. E assim por diante.

Detalhe: a terapeuta é cega.
E anda muitíssimo bem.

20 julho 2005

AutoMarketing

Por acaso você já viu que a minha coluna na revista Época agora tem foto com ilustração?

A cada edição, uma figurinha nova.



Passa lá na banca. Ou faz a assinatura, melhor ainda!
:o)

15 julho 2005

O xis dos meus sonhos


Todo mundo sabe que no RS tem uma comida maravilhosa chamada “xis”. E que não tem igual aqui no Rio, e que eu vivo morrendo de saudades de um baita “xis galinha”, ou “xis coração” (sim, coração de galinha!), ou qualquer outro que me apareça em sonho. E eles aparecem mesmo.

Noite dessas, sonhei que estava no RS. Minha mãe e meu irmão sugeriram: vamos pedir um xis por telefone?

Faminta, liguei logo e fiz o pedido. Um xis galinha, um xis coração e um xis filé.

- São R$ 820,00, moça.

Dei um pulo.

- Quanto???
- Oitocentos e vinte reais.
- Acho que você não entendeu. Não estou comprando a sua televisão. Só quero três xis.
- Sim. O preço é esse mesmo.
- Mas isso é um absurdo! Nunca vi xis custar tão caro! Ou você vai me dizer que é a taxa de entrega??? Não tô no Rio, não! Estou a cinco minutos da *(#$!@% da sua barraca de xis, ô seu maluco!!!
- Moça, eu sinto muito, mas o valor está correto. Xis galinha, xis coração e xis filé. 820 pilas. Vai querer troco?

Virei para o meu irmão, procurando socorro.

- Olha a viagem do cara: tá me dizendo que os três xis dão 820 reais! Ha-ha! Doido, né?
- Ué, por quê? Acho que está certo...
- !!!!!!!!!
- Pensa bem, o xis andou subindo mesmo... e são três, né?

Indignada, mandei vir. E fui preencher o cheque. A saudade de comer xis era maior que a minha capacidade de contestar o absurdo.

Motoqueiro chega e me entrega o pacote. Despeço-me dos meus 820 reais, viro essa folha (de cheque) na minha vida. Pronto, passou.

Na mesa, já saboreando a iguaria, não resisto e toco no assunto.

- Absurdo... 820 reais pelos xis...

E meu irmão, deixando cair um naco de filé da boca:

- QUANTO????????
- 820, ué. Te falei.
- TÁ MALUCA???
- Mas eu te disse!!! E você disse que estava certo!!!!!!
- Eeeeeeeu??? Eu não me lembro de ter dito isso. Jamais eu iria dizer que está certo, imagina, 820 reais, que isso...?!

(Comentário extra-onírico: comportamento típico de geminiano. Quem tem um em casa sabe do que eu estou falando).

Mas era muito bem feito para mim. Tinha que ter caído naquela conversa do xis de ouro? Maluquice. Peguei o telefone de novo. Atende o mesmo rapaz.

- Olha, moço, eu acho que houve algum engano. Tentei engolir, mas não consegui. Ocorre que eu acabei de entregar um cheque de 820 reais para o seu motoboy, e...

- Oitocentos e vinte reais??? Caramba!!! A senhora ficou doida??? Comprou o quê, aqui, por esse valor? A nossa televisão?????

Aí eu acordei. Antes que alguém me vendesse um coração de galinha por cem reais.

Ou, sei lá, um pinto por duzentos.
Piadinha do fagote


Não resisti. A piada é ótima...
--

Na escola, a professora pergunta a cada um dos alunos:

- Aline, qual a profissão do seu pai?
- Ele é médico, tia.
- Médico, que bacana! Curando as pessoas... E o seu pai, Igor, o que ele faz?
- Tia, o meu pai é bombeiro.
- Bombeiro!!! Que profissão bonita, salvando vidas... Joãozinho, e o seu pai?
- Meu pai é músico, fessora.
- Músico? Que legal... Alegrando as pessoas, tocando os corações... O que ele faz? Canta, toca algum instrumento?
- Ele toca fagote...
- Que gracinha... hihi... Não é fagote, meu amor, é pagode. Preste atenção na boquinha da tia: pa-go-de!!
- Não, tia, ele toca na orquestra. É fagotista.
- Que imaginação... Na orquestra... Meu lindinho, não é fagote. É pa-go-de. E não é "fagotista". É pa-go-dei-ro.

14 julho 2005

Recuperação


Faz Pilates comigo uma senhora que teve derrame há uns dois anos, e ficou meio paralisada do lado esquerdo. Precisa ver a carinha que ela faz ao notar que evoluiu algum movimento (não conseguia fazer, e agora faz com facilidade). Muito bonitinho. Dá beijo nas professoras e sai, andando bem devagar, e sempre sorridente.



Paz e felicidades no gerúndio


Minha mãe aniversariou no dia 13. Diz que passou metade do dia recebendo cumprimentos de gente de verdade; a outra metade, atendendo ao pessoal do telemarketing festivo.

Telemarketing festivo é um termo que eu criei agora: não sei se você já notou, mas a última moda do telemarketing ativo é aproveitar a sua data de aniversário para, digamos, “ativar” o produto.

Maldito cadastro de preenchimento obrigatório. Fazem a gente revelar a idade no balcão da loja, e ainda vêm nos importunar no dia da festa. Dose!

Ainda se valesse a pena... Outro dia, recebi aqui uma ligação de telemarketing festivo para o meu irmão (que fazia aniversário naquele dia). Era uma “promoção” do restaurante mineiro. O premiado comia “de graça”, caso levasse cinco (eu disse cinco!) amigos para a festinha gastronômica. Pagando, claro.

Isso não é uma promoção de aniversário. Isso é uma boa idéia para quem tem cinco amigos sobrando no currículo, e quer removê-los rapidamente dessa condição.

Quanto ao teor dos cumprimentos recebidos pelo telemarketing festivo, não há muita variação: meia-dúzia de frases no maior estilão auto-ajuda.

Tudo no gerúndio.



Planejamento familiar vegetal


A planta-árvore do meu irmão continua crescendo e dando galhos, os galhos dando ramos, os ramos dando folhas, as folhas...

Já que ela quer dar tanto, vou enfiar uma pílula anticoncepcional na terra do vasinho, e não se fala mais nisso.

09 julho 2005

Pauzinhos, né?


Fui a uma mercearia oriental - mas oriental meeeesmo -, e quase fiquei tonta com tantas coisas esquisitas e potencialmente gostosas empilhadas nas prateleiras. Gosto muito de comida japonesa. Não saco nada, mas adoro. Chamo os pauzinhos de, imagina, pauzinhos.

O problema é que eu não posso ver aqueles pacotinhos com guloseimas do tipo bolinho disso, pastelzinho daquilo: tenho logo vontade de apertar. Assobio e disfarço, finjo que estou olhando outra coisa, viro de costas e - pá! -, belisco tudinho. Um por um.

É muito bom beliscar os pacotinhos alheios, sobretudo pela surpresa da consistência (que é o maior barato da beliscada, claro). Você olhar uma coisa que tem cara de biscoito, jeito de biscoito, e apostar: é biscoito. Aí você vai e belisca. Supresa! É molenga, feito massa de modelar.

O prazer de esmagar um negócio desses é quase tão intenso quanto o de ver a marca do seu dedo ali, para a posteridade, através do filme plástico. Digitais e tudo.

Imagino que o meu polegar vá parar no microondas de alguém.

Apertei também pacotes de sopa instantânea, macarrão e sei lá mais o quê. Até porque, convenhamos, não se pode ler as instruções daquilo nem com muita boa vontade: japonês, além de comer, também escreve com pauzinhos!

06 julho 2005

Registro


Chove ainda. Tempinho propício para cama, café, livros, edredom, pãozinho quente, letras e músicas...

No entanto, há a vida. A torneira do tanque deu de ter incontinência urinária – do nada. Mas o porteiro me resolveu o problema em minutos. Foi lá e comprou a pecinha, trocou, e ainda deu um polimento na danada.

- Tá nova, olhaí! – gabou-se.

Antes disso, contudo, demorei meia hora para achar o tal registro. De quatro, procurava e praguejava: quem foi o ¨$&@#$ que escondeu essa ¨#!@& desse registro, ô &$*@# !!!

Desisti. Eu nem queria mesmo (me dizia). E ia deixar a água correndo, quando me levantei e resolvi olhar para cima, tipo “Deus, me ajude!”. E Ele ajudou. O registro estava um pouco acima da linha dos meus olhos.

Fosse um bicho, me mordia.

É muito bom você sorrir amarelo quando paga um mico desses e não tem ninguém assistindo. Hoho.

__

Cara-de-pau


Na aula de Pilates, tinha uma moça que se achava engraçada, e por isso se permitia falar sem parar e desconcentrar todo mundo. Andava de um lado a outro, entre os exercícios. Ia à sala da secretária, voltava, ia de novo, pegava uma bala, abria, chupava, comentava, ria alto. Ah, e tinha um sotaque espanhol muito forte. (Tô dizendo nada, não. Só para ilustrar melhor).

Sabe essas pessoas que acham engraçado se comportar como crianças? Ave Maria.

Claro que eu era a única aluna que estava quietinha no meu canto, fazendo questão de não sorrir para a moça quando ela fazia uma (sem)gracinha qualquer. Claro que eu ignorava. E é claro que, por eu ser a única a ignorá-la, ela se apaixonou logo por mim.

Ficava perguntando para as professoras como era o meu nome, de onde eu vinha, o que fazia etc. Elogiou o meu cabelo. E a minha pele. Só para ver se eu me dirigia a ela e fazia amizade.

Fiquei muda, fantasiada de pufe. Todo mundo estranhando, porque a moça só faltava pedir para eu falar com ela.

Aqui, ó. Não falo. Nem é comigo.

Eu adoro ser cara-de-pau com as pessoas que são cara-de-pau com as outras, e acham que ninguém vai ser com elas.

Esse é um dos meus maiores prazeres da vida.
Desagradável


Tentávamos jantar num restaurante bacaninha da Gávea, enquanto um grupo de #¨&*#$)_(!, na mesa ao lado, sofria de um mal que acomete parcela cada vez mais significativa da população: o desagradabilismo crônico. Conversavam (eufemismo) num volume tal, que você não me acredita. Só ouvindo – até porque, no momento, não havia outra saída possível.

O comportamento humano é algo curioso. Todo vai do psicológico - eu já dizia, outro dia, numa coluna da Época em que eu comparo o “psicológico” das pessoas com os diversos tipos de cães. Psicológico de madame (irritante). Psicológico de bêbado (cão sem dono). E por aí vai.

Pois o psicológico dos desagradáveis, sinceramente? – por mim, podia virar logo sabão. Ia fazer falta nenhuma.



Chuvinha


chuvinha
dá uma vontade
de se enroscar
na pessoa
em questão

para os
questão
felizes,
sim

para os
questão
infelizes,
não


E para os
fora
de questão,

marquises

30 junho 2005

Qualquer uma


Fui cortar o cabelo, mas a moça que eu conhecia saiu do salão, então o jeito foi encarar qualquer uma mesmo. Quando me sentei na cadeira e olhei para a cara daquela 'qualquer uma' que me arranjaram, tive vontade de sair correndo. Mas já era tarde. E o café estava ótimo, verdade seja dita.

A moça estava maquiada de arco-íris. Bochechas, pálpebras, boca, cílios - cada coisa de uma cor diferente. E falava como quem se dirige a uma criança. Sabe voz de “tia”? Estava vendo a hora de ela sacar um pirulito do bolso.

- Ooooooooi, tudo bem???
- Tudo.
- E então. Me conta, vai, me conta tuuuuuudo. Quem foi que te indicou? Como você ficou sabendo do meu nomezinho? Hein?

(O sorriso colorido era uma caricatura, parecia mastigar um cabide).

- Ah... na verdade, eu cortava o cabelo antes com a...
- E como a princesa vai querer o cabelinho?
- Quem?
- Vai querer tirar as pontinhas, vai querer fazer outro corte, vai seguir nessa mesma linha, vai...
- Só tirar as pontas.


E ela tirou mesmo. E até que ficou direitinho.

Bonita era a minha cara de alívio quando saí de lá. Vim saltitando até em casa. Afinal, não é todo dia que se enfrenta uma doida com tesoura na mão, e se escapa com vida. Graaaaaças!

__

E o papo da mulher loira que fazia os pés e abanava as mãos para secar o esmalte:

- Preciso ficar linda hoje, hein? Capricha aí, porque o meu marido é perfeccionista.

(Nessa hora, quase me intrometo: “jura que o pé é dele? Tá meio maltratadinho mesmo, mas ninguém diz que é de homem... hoho, maldade).

- Maridão chega hoje de Boston. Nós moramos lá, mas eu vim primeiro com as crianças. E ele repara tu-di-nho. Impressionante. Outro dia, a gente conversando pela webcam, e ele logo disparou: fez a sobrancelha hoje, amor?? Não tô dizendo? Então não conheço a figura?

Sei. Então tá. Eu não deixava um marido que repara desse jeito solto em Boston, não...

29 junho 2005

Sonho de Valsa de Morango


Eu sei que isso pode constituir falha de caráter, mas... confesso: a-do-rei!
Experimenta.
;o)

__
Reflexolítica nacional


Outro dia me peguei refletindo acerca dos recentes acontecimentos da nossa política. E, mão no queixo, concluí:

Mas, também... o que é tudo isso, diante disso tudo?

A título de reflexão, no quesito clareza, em nível de compreensão, salvo qualquer equívoco em termos de questionamento singular de cujo princípio já me olvidei faz é tempo, só posso afirmar: minha reflexão não reflete senão a própria condição da presente cena política. Ou seja, redunda.

É, pois, uma reflexão vaga. Bunda.

23 junho 2005

Distração matinal


Tô meio dormindo, e resolvi responder a este questionário que circula nos blogs... ah, como era bom no tempo em que eles circulavam nos cadernos com figurinhas! E a gente podia confessar os amores, admirar os mais criativos, rir dos menos inspirados, enfim, era a revista Caras dos colégios. Valia fortunas.

__

Comida: sashimi de salmão!
Uma coisa que falta no seu currículo: canudo.
Novela: Top Model (1989)
Cartunista: vários.
Carro: um Gol verde que eu tive um dia...
Paraíso: cama.
Flor/árvore: tô na fase do girassol.
Luxo: ócio, sempre.
Animal: cão.
Poeta: Vitor Ramil.
Sabonete: que tenha cheirinho bom.
Pasta de dente: que tenha gostinho bom.
Uma pessoa: aquela nos braços de quem meu pai se Aninha.
Homem elegante: não entendo disso...
Mulher elegante: tampouco disso...
Ator: Roberto Jefferson - hoho.
Ritmo: rock!!!
O que nunca comeria: gente!
Mania: pré-ocupar-me inutilmente.
Medo: de perder tudo, ainda que não tenha nada.
Sentimento predileto: amor é muito óbvio?
Tirinha: Urbano – O Aposentado.
Seriado: Friends!
Programa de tevê: um que ainda não surgiu.
Livro: muitos (chata, eeeu?)
Roupa preferida: uma saia cor-de-rosa, estampada, que comprei há meses – mas nunca usei.
Casal (público) perfeito: não existe casal privado perfeito, que dirá público.
Frase: “Se a força falta no braço, na coragem me sustento”
Cd: sinceramente? O meu.
Cantora: Elis Regina.
Atriz: Leandra Leal.
Música: Tom Sawyer (Rush)
Filme: Encontros e Desencontros (para citar um moderno)
Bebida: Coca Light (vício!)
Pior defeito num homem/mulher: ser mentiroso(a)
Gravação preferida: Angel of Harlem (U2), no Rattle and Hum
Maior qualidade num homem/mulher: saber ouvir.
O que é moderno: (de novo) saber ouvir.
O que não é: falar compulsivamente.
Mulher bonita: Malu Mader.
Homem bonito: o meu.
Lugar onde gostaria de morar: de frente para o mar.
Filosofia de vida: “...e se foi o boi com a corda!”

22 junho 2005

Do sofrimento feminino


Abaixo, um trecho do e-mail que recebi de uma amiga, relatando a compra de uma roupa. É para nós, mulheres, rirmos do nosso sofrimento... (ou do das outras, como é o caso).
___

“Sabe a Úrsula? Daquela loja metida a chique? Que eu sempre evitava comprar lá, porque tinha preguiça da dona?

Pois hoje fiquei sem opção: tive que ir. Mas a mulher é mesmo um portento (que palavra, hein?)! Mas é o que aquela mulher é.

Entrou comigo numa cabine daquelas e começou a me colocar saias e blusas e calças e vestidos... e falava, falava, falava... e me colocava echarpes, e puxava meus seios para cima, e baixava a alça do meu sutiã... e dizia que era consultora de moda, e falava de Deus e que tínhamos que ter fé...!

E começou a me elogiar, que eu era muito bonita, que tinha uma coisa muito bonita (que fica entre o ombro e o seio), enfim, me deixou tonta.

Me ajudou a comprar o sapato numa outra loja.

E tem mais: dizem que a mulher faz caridade, que é maravilhosa, enfim... imagina, eu fiquei lá quase que duas horas comprando e ouvindo falar de Deus. Pode???!!! risos... e o melhor: estou muito satisfeita!

Comprei uma pantalona preta, uma longuete (te mete!) preta e uma regata preta (eu, que não queria saia pela canela nem blusa de alcinha).

A tal regata é bordada com lantejoulas ou canutilhos, sei lá, umas coisinhas brilhantes pretas, e tem um tipo de saiote - que a minha amiga não me ouça - colocado nos ombros. É mais ou menos isso.

Conseguiu imaginar como vou ficar bonita?

Ah! Comprei, também na loja da minha amiga, a bolsa. É pequena, dourada, prateada, preta, enfim... seja o que Deus quiser.

Se é que ele - como diz minha amiga Úrsula - existe.”

21 junho 2005

Blog confessional


O artista americano Frank Warren criou um blog onde publica confissões (as mais variadas) em forma de arte. Funciona assim: as pessoas que têm um segredo e querem compartilhá-lo com Deus e o mundo registram, de alguma forma, suas confissões num cartão-postal anônimo e enviam ao artista.

O resultado é um sucesso. Tem coisas engraçadas, curiosas, comoventes, dramáticas... eu até me identifiquei com algumas delas. Não conto nem a pau.

Para conhecer o blog (em inglês), clique aqui.

17 junho 2005

Clean?


Estava vendo aquele programa do GNT, “Mulher Procura”. Uma mulher de trinta anos reclama que não gosta dos homens que a abordam “na noite”. Que a noite é para conversar com os amigos, beber, relaxar etc. Não é lugar para paquera. Sujeito fica inconveniente quando vem interromper o bate-papo dela com os amigos para puxar conversa, pedir telefone, essas coisas.

- Acho isso muito agressivo! Prefiro uma abordagem mais... clean.

Aí você olha o braço da moça: é estampado (eu disse estampado!) de tatuagens, do bíceps ao punho. E ela fala sem parar, gesticula o tempo todo, mal respira.

As pessoas são curiosas, não?

E tem mais.


***
Marido = mecânico


Mais tarde, aparece a moça indo a uma agência de matrimônios. O dono é um personagem pronto, só vendo. Eles conversam. Ele faz altos elogios à sua agência – diz que, lá, o negócio é sério. Que só aceitam homens que realmente tenham interesse em se casar. Inclusive, os três primeiros encontros acontecem nas dependências da própria agência.
Pensando o quê?

Pronto, a nossa heroína se convence de que o caminho é aquele mesmo. E, para fechar o quadro, sai com esta:

- Tá certo! Quando o carro da gente quebra, a gente vai a uma oficina procurar um mecânico, não é? Então!

Vocês entenderam a conexão?

Eu demorei um pouco, mas entendi: quando a gente quer um marido, vai a uma agência de matrimônios.

Essa deve ser a abordagem clean que ela procura. Hoho.


***
Sozinho ou em dupla?

Nenhum de nós dois teria coragem. Mas, se tivesse que saltar de pára-quedas um dia, eu preferiria saltar em dupla – com alguém mais experiente, claro. Já meu irmão, sozinho.

E você?


***
Outro dia faz tempo


Passando, a pé, por uma rua aqui do bairro, me peguei pensando:

“Ah... eu me lembro dessa rua, passei aqui outro dia...”

Foi quando me dei conta: o “outro dia” já fazia uns cinco anos.

Xampu tonalizante, urgente.


***

Olha as horas
Olha as horas como passam
Distraídas em silêncio
Como marcam seus compassos
Olha as horas como esperam
Como se espreguiçam
Olhas as horas como voam
E não marcam compromissos

(...)

Olhas as horas
Como mudam pelo mundo afora
Como fazem hora, como viram zero
Olha as páginas da história
Olha a folha solta pelo vento
Olha a cor do teu cabelo
Olha as horas como fazem seu serviço

Máquinas de fazer máquinas (Nei Lisboa)

15 junho 2005

4 vias


a via de regra
é mão única.

a via-láctea
é muito mingau.

havia
já passou.

e a via-crúcis
credo!

***

Via Letras


Ela comia um Toblerone
em triângulos.
(como A A A)

E anoitecia pela estrada
em linhas curvas.
(como S S S)

E os edifícios já apareciam
em torres altas.
(como I I I)

E as pessoas já repousavam
em sonos profundos.
(como Z Z Z)

E ela estava bem feliz
(Como nenhuma letra diz)

08 junho 2005

Buenas!

Desculpem a ausência longa. É que estou fora do Rio, fora de casa, e isso sempre atrapalha um pouco – e ajuda outro tanto.


Gerald Thomas na Gabi

Eu me presto a assistir certas coisas. Gerald Thomas, lacônico e depressivo, falando que já não acredita em “absolutamente nada”. Gabi insistindo: “Gerald, você está feliz!”.

Não sei se Gerald está ou não feliz, não o conheço. Mas, vou dizer: essa praga que, às vezes, dá nos homens de meia-idade - de se acharem mais charmosos por ostentarem um jeito desiludido da vida, indignação permanente, olhos tipo “já vi de tudo e não gostei de nada” -, pelo amor de Deus... os laboratórios poderiam parar um pouco de pensar em pílula contra a impotência, e se dedicar a outras vias de prazer.

Porque não há clima que resista a um homem de pensamento brocha.


Falar nisso

Um leitor veio, gentil e discretamente, por e-mail, me alertar sobre os perigos dos meus vícios e desvícios (relatados em publicação anterior). Diz ele:

“E olhe, vc já deve saber, agora vc ainda é jovem e talvez nem note, mas a cafeína (do café, da coca) e os calmantes dos chás - são inibidores do apetite sexual, ou seja, são "brochantes"... vc não quer isso, hein?!!!”

Eu agradeço pela parte do “ainda é jovem e talvez nem note”. Mesmo assim, tive uma crise de pânico ao ler esse e-mail – já que havia um estoque de coca cola em casa, e me senti, de repente, ameaçada pelas garrafas.

Sem hesitar, livrei-me de tudo.

Agora eu tenho ralo, tubos e conexões brochas. Mas o resto vai muito bem, obrigada. Hoho.


Dia do preparo

Vi uma menina vestida de noiva, num programa de TV, dizendo:

- Eu acho importante, sim, a gente se preparar para ficar com a pessoa que a gente ama...

Eu não acho. Acho que, para ficar com quem a gente ama, não precisa preparo. É moleza...

Agora, se for para ficar com quem a gente odeia – aí, sim, haja preparação!!

02 junho 2005

Íntimo

Nesses programas de TV, ficam dizendo muito - diabo isso, diabo aquilo.
Para ser franca, não acredito na existência de um diabo.
Mas, se acreditasse (como eles dizem que acreditam), certamente não ficaria dando essa intimidade toda.

31 maio 2005

Cinema - Melinda e Melinda (o novo do Woody Allen)


A crítica considera “o retorno da inspiração de Woody Allen”. Eu achei insosso. Para uma comédia dramática (que pretende ser), não diverte, tampouco comove. Ouvi risos na platéia, é verdade. Mas – perdoem o azedume - não vieram de situações que os justificassem.

O que eu vi foi muita comédia física (como no momento em que o sujeito está espionando o quarto da amada, e, acidentalmente, prende um pedaço do robe na porta), e também ouvi muito clichê. Um ou outro bom momento, com texto inteligente e atuação de acordo. Em geral, nem isso.

Talvez o pior de tudo seja Will Ferrel (na foto abaixo, com Woody Allen), tentando imitar o próprio – sem sucesso. Constrangedor.



***

Silêncio de Clint



Assisti a uma entrevista com o Clint Eastwood, muito legal, num programa exibido pelo Multishow. Chamou minha atenção o fato de ele fazer um certo elogio ao silêncio, dizendo coisas como: “gosto muito mais de ouvir do que de falar”.

Mas este foi o melhor momento: quando perguntado se era verdade que ele, enquanto diretor, não gritava coisas como “AÇÃO!” e “CORTA!”, respondeu:

- Verdade. Digo somente “ok, agora gravando”, ou então “ok, era isso por hoje”...
- E por quê?

Contou que aprendera com os filmes de bangue-bangue, quando tinham que contracenar com cavalos. Ele era um ator iniciante. Os cavalos – explicou – ficam muito tensos no set, e é difícil enquadrá-los conforme a necessidade do diretor. Uma vez enquadrados, a equipe sentia um alívio – ufa, vamos poder começar a filmar!

Aí, entrava o diretor e gritava, histérico: AÇÃÃÃO!

Resultado: os bichos se estressavam, e saíam todos da marca. Era um inferno. Tudo de novo.

“AND... ACTION!!!”

E ele pensava: Deus do céu, será que não dava para começar a filmar sem essa carga extra de adrenalina, que só serve para inibir – cavalos e atores?

E ele, então, virou um (o único) diretor que não grita. Aprendeu com os cavalos.

Adorei isso.


Silêncio de Waters...


E tem outra sobre silêncio. Roger Waters, também numa entrevista para a TV, disse que a coisa mais importante que ele ensinava para as bandas que passou a produzir – depois de sua saída do Pink Floyd – era a noção de pausa: “Vocês têm que deixar alguns compassos para a canção respirar” – teria dito, no afã de desacelerar os novatos afoitos.

Os cavalos certamente agradecem.

29 maio 2005

Pingo


Contando os passos
intuiu
que a vida não caminha
galopa.

Soltando os laços
concluiu
se a vida não espera
espora.

23 maio 2005

Valsa (3 poemas)

Estava me doendo muito a
razão não encontrei
cabeça, fazia frio, vento e
procurei um sentido
sol, embora pouco,
eterno que me explicasse
entrava um raio pela janela
alguma luz que me aliviasse
as cortinas brancas balançavam
o coração
ouvi uma valsa
foi quando alguma estranha sensação
quis me levantar
me descompassou o pensamento
não achei as sapatilhas
então esqueci a dor e a solidão
e nem precisei delas
era ternura.
aquela valsa já me voava inteira.

19 maio 2005

Saia


Estou escrevendo por compulsão mesmo. Cappuccino à meia-noite, ventilador ligado, pênaltis na Globo. Assisti à reestréia do Saia Justa (GNT) e não gostei. A impressão é que juntaram muita mulher que fala com nenhuma que ouve. Aliás, minto: Mônica ouve. Mas fala muito pouco. E, de longe, é a que mais tem a dizer.

__

Nomes


A moça caminhava na praia, com uma menina (uns dois anos) e uma cadelinha. Ambas se afastaram dela.

- Tatiana!! Volta aqui, Tatiana!!

Quem se virou? A cadelinha. E era com ela mesma.

Apressei o passo. Quero nem saber o nome da menina...

__

Exibida



Alguém comentou, na academia, que estava voltando para as aulas de italiano. A outra, lá de longe, lançou o seguinte:

- Nossa! Italiano é maravilhoso. E os italianos, então, são tuuuuudo de bom!!

Outras concordaram. E a exibida (sabe cara de exibida?) seguiu:

- Meu italiano já foi ótimo, mas hoje estou sem praticar... Meu alemão, coitado, já está quase zerado. Meu francês, ih, hoje em dia eu só leio! Meu espanhol está muito meia-boca. Salvou-se só o meu inglês mesmo, que, graças a Deus, ainda é show de bola.

Meu italiano, meu alemão, meu isso, meu aquilo. Sei. Conheço o tipo.
100 paus como ela fala menas.

18 maio 2005

CÂNCER


Eu sei que ninguém gosta nem de ler essa palavrinha: câncer. Mas vou fazer um apelo, mesmo correndo o risco de parecer coisa de programa matinal de TV aberta, porque eu sei que muitas meninas, moças e mulheres vêm aqui me ler de vez em quando.

Quero crer que TODAS as mulheres que visitam este blog façam, regularmente, o exame preventivo de câncer no útero (Papanicolau). Uma vez por ano. Nem dói.

Uma mulher da minha família não fazia o exame. Ela está com 35 anos, e descobriu há poucos dias que tem câncer no útero – já num estado muito avançado. Passou por uma cirurgia complicadíssima, e agora está se recuperando num quarto de hospital, aguardando para saber como vai ser o tratamento daqui para frente.

A única coisa que a gente pode fazer por ela, neste momento, é torcer. Rezar para que ela fique boa.

A única coisa que a gente pode fazer PELA GENTE é o tal exame. Sempre!

17 maio 2005

Maio


Maio é o mês da luz indireta, quando tudo fica mais bonito. Fui andar na praia à tardinha. Um grupo de surfistas, lá longe, deslizava em espuma branca enquanto meu pensamento duro ia virando farelo de sal e brisa.

Na volta, flagrei o sol se pondo, espremendo laranjada nas nuvens que passavam. Cheguei em casa até meio embriagada.

Desconfio que era Hi Fi.


Cupuaçu


Pela primeira vez na vida, provei um suco de cupuaçu. Paixão ao primeiro gole. Amei! Fazia tempo que não me empolgava tanto com o sabor de uma fruta.

Fui pesquisar a respeito. O cupuaçu é aparentado do cacau, e nasce do cupuaçuzeiro (!). A produção, no Brasil, é concentrada na região amazônica. O estado do Pará é o principal produtor, seguido por Amazonas, Rondônia e Acre.

O nome vem do Tupy, onde “Kupu” = que parece com o cacau, e “uasu” = grande. Gostei de como se chama no México: cacau blanco. Charme, não?

Agora, note a seguinte descrição:

“O fruto é uma baga capsulácea de 12 cm a 25cm de comprimento e 10 cm a 12 cm de diâmetro, pesando em média 1,2 kg. O epicarpo é lenhoso, de coloração marrom, coberto com pêlos ferrugíneos, que quando raspado, expõe outra camada clorofilada; o mesocarpo é esponjoso, pouco resistente e levemente mais duro que o endocarpo, que é macio, fino e claro, limitado internamente por uma película. As sementes, em média 36 por fruto, apresentam 2,5 cm de comprimento por 0,9 cm de espessura, superpostas em cinco colunas em torno de um eixo central.”

Eu sei, eu sei, depois disso fica difícil acreditar. Mas, vai por mim: é uma DELÍCIA!


Uma árvore no apartamento


Meu irmão ganhou de presente uma árvore.

Veio num vasinho de barro. Mentira, claro que não é uma árvore; a verdade é que ninguém aqui sabe o que é. E o problema é justamente este: ter, dentro de casa, um vegetal incógnito, aparentemente inofensivo, mas potencialmente ninguém-sabe-dizer-o-quê.

Ui, que meda.

Mas vamos às características científicas. Trata-se de uma planta verde – com perdão da redundância -, de cujo galho central brotavam, dois meses atrás, folhinhas semelhantes ao nosso conhecido tempero verde. Aquele mesmo, parente da salsa-e-cebolinha.

Ameacei dar um fim naquilo, logo que chegou.

- Oba! Vou fazer um risoto! – Salivei.

Meu irmão deu um pulo para frente:

- Te mato! Na minha planta, ninguém mexe!

Prometi, fingindo sensibilidade, que não carnearia a árvore, nalgum possível acesso sanguinário de madrugada qualquer. E cumpri.

Confesso que começo a me arrepender. Imaginem que o galho central, aquele, que já fora um mero fiozinho verde, hoje exibe fortes intenções de se tornar – de fato – um tronco. Começa a ficar marrom, inclusive. E engrossou um tanto.

Do tronco, nasceram galhos. Dos galhos, sub-galhos. E, dos sub-galhos, sub-outros-galhinhos, para os quais já não acho denominação científica plausível – de modo que não vejo saída a não ser juntar tudo isso, mais as folhas, a terra e até o vaso de barro e chamar de uma palavra só: árvore. É o que temos no apartamento.

O robusto vegetal ostenta hoje mais de meio metro de altura, e suas folhas são verdes, sim; mas não verde claras, tampouco verde escuras, verde oliva, verde limão, verde, verde... são “verde alegre”, pronto. Não saberia descrever o tom de outro jeito. A planta está feliz.

Por enquanto, não dá frutos. Estamos no aguardo.

Meu irmão segue tranqüilo. Eu, contudo, confesso que tenho certo nervoso quando acordo e percebo que a árvore vem se espichando dia após dia. E não é uma questão de falta de consciência ambiental, não.

É que não suporto hóspede espaçoso.

10 maio 2005

Comentários


Como podem notar, o espaço para comentários voltou a funcionar. A Carolzinha me deu um socorro virtual, e acomodou o serviço noutro lugar. Portanto, adoraria que vocês voltassem a me escrever por aqui!

A autora é toda gratidão.


O dia delas – sem falsa modéstia


Como foram de dia das mães?

O meu foi legal. Pena que a minha Aninha – aquela nos braços de quem meu pai se aninha - mora noutro estado. Mas nos falamos por telefone mesmo, e trocamos os seguintes elogios-sem-falsa-modéstia:

- Tu é a melhor mãe do mundo!
- Eu sei! E tu é a melhor filha do mundo!
- Eu sei!!!

Havia, tempos atrás, aquela falsa modéstia de praxe. Você sabe como é. “Que isso!” pra cá, “imagina...” pra lá, “nem precisava!”, “estou te dando trabalho!” etc etc.

Mas deixamos disso - desde que um valor muito grande começou a operar sobre a nossa família.

O do interurbano.
Hoho.


A Queda! – As Últimas Horas de Hitler



Eu não sou chegada a filmes de guerra. Mas este não é um filme de guerra qualquer, né? Acho que é um filme obrigatório.

Gostei muitíssimo. É frio, cruel, chocante, e sem anestesia. Recomendo enfaticamente.


Vício e desvício

Acordo e bebo café preto. Ao longo do dia, me entupo de Coca Cola. Light, claro – porque a única coisa que me interessa e não contém aspartame é o meu namorado.

Lá pelas 8h da noite, começo a perceber que estou, talvez, um pouco agitada demais. Desando a beber chá de camomila misturada com erva-doce, que é para sossegar o diabo do meu facho.

Bebo uma chaleira inteira, até a hora de dormir. E vou para a cama, achando que – oba! – vou tirar um soninho tranqüilo.

Que nada. Levanto, de 20 em 20 minutos, para fazer xixi. Ou seja, acabo dormindo mal. Dia seguinte, café e coca... (ad infinitum).
___


Como resolver esse problema?

Primeira hipótese. Se eu parasse com o café e com a coca, talvez dormisse bem durante a noite – porque não precisaria também do chá para me acalmar, e o xixi não me viria, então, perturbar o sono. E outra: não precisaria mais do café e da coca no dia seguinte para me manter acordada. Problema resolvido? Negativo.

Acompanhe meu raciocínio. Se eu paro com o café e com a coca durante o dia, durmo no ato. Aí, não consigo dormir naquela noite. E sigo trocando a noite pelo dia. Não dá.

Outra hipótese. Beber o café e a coca durante o dia, como de costume, mas não beber o chá (para não urinar desvairadamente). Tampouco resolve. Sem o chá, fico agitada noite adentro, ou seja: não faço xixi, mas também não durmo. Adianta é nada.

Ainda outra. Não beber coisa alguma; nem estimulante, nem relaxante. Podia ser uma boa opção, mas temo dormir eternamente, e isso me impede de experimentar a abstinência – até porque vou estar dormindo. Opção vetada.

De modo que concluo: a única solução é comprar um penico. Só que vou perder o namorado, claro, porque ninguém quer uma mulher de penico. Diacho de vício.

Aí eu vou namorar - sei lá, o Aspartame!

05 maio 2005

Meu blog-de-ventos


Tenho uma coisa com datas. Adoro lembrar eventos – e qualquer coisa que tenha data é um evento. Eu sei que é besteira, mas eu acho.

Evento sem data é vento.

Tinha mania de agenda, desde criança. Lá pelos 10 anos, comecei a notar que o tempo passava muito rápido (!), e resolvi que ia anotar os eventos mais importantes num diário. Gostei da brincadeira, tive vários. Vários diários e vários eventos. Além, é claro, de vários ventos.

Um dia eu fui a um show de um cantor argentino e me apaixonei pelo som dele. Cheguei em casa e registrei tudo no diário. Aí não queria dormir, para “prender” o que eu tinha ouvido na minha cabeça por mais tempo. Quanto mais forte eu conseguisse prender a música do cara na minha cachola, mais acessível (eu pensava que) ela ficaria na minha memória dali a 20, 30, 40 anos...

Eu tinha uma preocupação louca com esse negócio de futuro. Freud explica.

Agora eu me pego fuçando meu passado recente nesta bolha virtual que é a internet, e caio do cavalo. Sempre achei estranha essa definição de blog: “diário virtual”. O meu não era – eu pensava. O meu é de brincadeira. O meu são pílulas do dia-a-dia, coloridas. O meu é de mentirinha (nem tudo aqui é verdade).

De mentirinha, nada. Este blog é de verdadinha. E, no próximo mês, faz quatro anos.

Claro que eu não registro aqui nem 1% do que acontece na minha vida. Fantasio, camuflo, galhofo. Depois ainda edito. Deleto. Capricho. Conto meio conto, e aumento um ponto-e-vírgula. Faz parte da brincadeira.

Mas, quer saber?, eu tropeço e caio nas minhas próprias entrelinhas. Sei muito bem quem eu fui nesses quatro anos – evento a evento, post a post, conto a mim mesma o meu subtexto... diacho!

Tem coisa que a gente preferia nem lembrar. Também, quem manda ter essa mania de datas?

Por outro lado, outras coisas me dão puro prazer – reler, reler... até nunca mais acabar.

É muito bom, anyway, ter esses registros todos. Ainda que meio tortos, ainda que difusos, confusos, hilários, dramáticos, até surreais – mas sempre com datas. Datas são balcões que a gente cria no tempo, para a memória ter onde apoiar os cotovelos.

E para mantermos a doce ilusão de que os eventos da vida não são é ventos.

04 maio 2005

Me mande um e-mail

Passei horas tentando arrumar o espaço para comentários do meu blog.
A única coisa que consegui foi adicionar o acento no meu primeiro “i” – ali em cima, no título.
É brabo.



Artigo


Um dia ainda vou escrever um artigo.
Acho muito chiques essas palavras que terminam em igo.
Tem nada, não.

Um dia eu consigo.



Outra de criança


Yasmim (4 anos):

- Vó, sabia que a minha mãe tá com um bebê dentro da barriga?
- Sabia, sim, Yasmim. É o seu irmãozinho! Legal, né?
- É... Se ele chorar eu vou bater nele.

A vó, toda delicada, fez um discurso comovente. Que não podia bater no irmãozinho, imagina, toda criança chora. Quando você era pequena, também chorava, e ninguém bateu em você por causa disso. A criança chora não é por querer, não. É porque está com fome, ou porque está com cólica, coitadinha... não é, Yasmim?

- É... mas se ele chorar eu vou bater nele.



Que filme você é?


Você já fez este teste?

Deu pra mim: Você é "Imensidão Azul" de Luc Besson. Você é sonhador, único. Muito sublime e encantador(a).

Ao que acrescento, com uma ponta de excitação: Uau! Isso que ainda nem “me” assisti!
Hoho.

03 maio 2005

Bons dias


Ainda friozinho no Rio. Benzadeus. Levantei da cama e fui direto ao armário pegar algo para vestir. No que eu olho aquela pilha de roupas - a minoria em uso, a maioria em coma absoluto há meses (anos, talvez!) -, começo a tirar tudo prateleira abaixo. Chega de roupa doente. Vincos de dobras feitas há séculos. Pretos desbotados, brancos encardidos, beges deprimidos, amarelos anêmicos. Mangas sem pulso, golas asfixiadas. No pasaran!

Lenços guardados choram sozinhos.

***

Confessando bem
todo mundo faz pecado
logo assim que a missa termina.
(Chico)

***

Sonho


Eu entrava num táxi, o motorista me dizia:

- Desculpe, senhora, mas eu não trabalho assim.
- Assim como?
- Levando as pessoas aos lugares.
- Não? E o que é que você faz dirigindo um táxi, então?
- Eu só comprei o carro, não tenho culpa se ele veio pintado assim.
- Ah, tem sim! Pensei que era um táxi, acenei e você parou!
- Parei para explicar à senhora. A senhora entrou porque quis.
- Entrei porque preciso ir para casa! E estou cheia de sacolas! Agora você vai me levar.
- Não posso, senhora. Tenho um compromisso.
- Onde fica o seu compromisso?
- No Recreio, senhora. (O engraçado é que ele falava como motorista de táxi, tinha cara e jeito de motorista de táxi, e se vestia como motorista de táxi.)
- Mas é lá que eu moro também! Você pode me levar, então.

Como ele percebeu que eu – como diria o presidente – não ia tirar o meu traseiro do carro dele, resolveu me levar. Chegamos na minha casa, eu pedi que ele encostasse. No que estou procurando dinheiro na bolsa, bate no vidro dele um cara muito mal encarado. Ele faz que vai abrir o vidro, eu grito:

- Não!! Não abre, que é ladrão!! Arranca o carro, rápido! Sai daqui!!!

Ele arranca. Eu peço que dê umas voltinhas antes de retornar à minha casa – vai que o ladrão ainda está lá esperando...

Ele começa a dar umas voltas. Estaciona em frente a uma casa que não conheço. Me convida para descer. Desço.

- Onde é que nós estamos? – Pergunto.
- Na casa de uma amiga minha.

Entramos. Tem uma festa, ele começa a cumprimentar todo mundo. Fico morrendo de vergonha, não conheço ninguém. Era o tal compromisso que ele tinha.

Olho num canto, tem alguns homens ao redor de uma churrasqueira. Fico indignada.

- Vem cá, isso aqui é um churrasco?
- É, sim senhora – ele responde, tranqüilo.
- Mas eu não como carne!!!
E ele, vingativo:

- Não tem problema, senhora. EU TAMBÉM NÃO SOU MOTORISTA DE TÁXI!!!!!!

30 abril 2005

Quando a gente pensa que já viu de tudo...


Olha essa. Deu hoje no Globo:

Com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para os “preconceitos nossos de cada dia”, a Secretaria especial dos Direitos Humanos elaborou e está distribuindo a cartilha “Politicamente correto”. A publicação reúne 96 palavras, expressões e piadas consideradas pejorativas e que revelam discriminações contra pessoas ou grupos sociais, como negros, mulheres, homossexuais, religiosos, pessoas portadoras de deficiência e prostitutas.

E por aí vai. Mais adiante, a matéria apresenta uma série de expressões “condenadas” pela tal cartilha. Selecionei algumas, e ia comentar cada uma delas, mas acho que as “explicações” falam por si próprias. Veja:


A COISA FICOU PRETA: forte conotação racista contra os negros, pois associa o preto a uma situação ruim.

BAITOLA: utilizada para depreciar os homossexuais, assim como bicha e boiola. Sugeridos como corretos: gay e entendido (a).

FARINHA DO MESMO SACO: junto com expressões como todo político é ladrão, todo jornalista é mentiroso, os muçulmanos são terroristas, ilustra a falsidade e leviandade das generalizações apressadas, base de todos os preconceitos. O fato de haver políticos corruptos, jornalistas imprecisos e muçulmanos extremistas não significa que a totalidade desses segmentos mereça aquelas respectivas acusações.

GILETE: o termo adequado é bissexual.

NEGRO: a maioria dos militantes do movimento negro prefere este termo a preto. Mas em certas situações as duas expressões podem ser ofensivas. Em outras, podem denotar carinho nos diminutivos neguinho ou minha preta.

PALHAÇO: o profissional que vive de fazer as pessoas rirem pode se ofender quando alguém chama de palhaço uma terceira pessoa a quem se atribui pouca seriedade.

SAPATÃO: usada para discriminar lésbicas,mulheres homossexuais. Entendidas e lésbicas são termos mais adequados.

VEADO: uma das referências mais comuns e preconceituosas aos homossexuais masculinos. Expressões adequadas são gay, entendido e homossexual.

Clique aqui para ler a matéria na íntegra.
Sábado bom


Sábado amanheceu com chuva e árvores dançando aqui em frente.

“Venta / ali se vê / aonde o arvoredo inventa um ballet”
(Nei Lisboa)


Americanas.sem


Meu irmão fez uma compra pela Americanas.com, que não chegou dentro do prazo prometido. Mandou e-mail cobrando. Ninguém respondeu. Mandou outro. E nada.

Ligou para a central de atendimento (você é quem paga a ligação). Hoooooras e horas para ser atendido.

- Eu queria saber do meu pedido, número tal.
- Um momentinho que eu estarei verificando, senhor...
Um momentão se passou.
- Realmente, senhor, consta aqui que a sua compra não chegou.
- Sim, isso eu sei. Queria saber onde foi parar, então.
- Consta aqui que o produto estará voltando à loja, senhor.
- Voltando? Mas por quê??
- Não tenho essa informação, senhor, desculpe...
- Tá bom. E eu vou receber quando, afinal?
- Depois que o produto retornar à loja, teremos um prazo de seis dias úteis para a nova entrega.
- E quando é que chega na loja?
- Não temos essa informação.
- Sei. Então eu quero cancelar o pedido.
- O pedido só poderá ser cancelado depois que o produto chegar à loja, senhor.

Aí ele armou uma quizumba, e a moça “abriu uma exceção”: cancelou o pedido na hora mesmo.

29 abril 2005

Lembrete


O computador vive emoldurado por dezenas de post-it - que eu grudo, compulsivamente, para me lembrar dos compromissos. Até para tomar comprimido tem post-it. Acabou o sabão em pó. Post-it. Médico. Post-it. Filme que vai estrear no cinema. Post-it. Assunto para coluna na revista. Post-it. E eles estavam acabando.

Cheguei em casa, toda animada.

- Olha! Comprei mais um moooonte de post-it!

Meu irmão, balde-d’água:

- Bah, Bíbi. Abre essa mão e compra logo um Palm.

Homem, para gostar dessas engenhocas, nunca vi. Graça nenhuma. Se o post-it é tão mais coloridinho...

***

Não sei se vocês já perceberam, mas eu estou postando pra caramba durante a semana. É para distrair vocês - já que, como têm notado, nos fins de semana é mais raro eu escrever aqui. Tem fundamento. Este blog está se profissionalizando. Passo a passo.

Primeiro passo: a folga.
Hoho.

***

Faço frete


Sem entrega
dá mais barato
- ponderou.

Montou-se
Instalou-se
Ligou-se
Divertiu-se
Brigou-se
Desculpou-se
Voltou-se
Amou-se.

Entregou-se, enfim.

Deu foi um barato
maior ainda.