13 maio 2003

Vamos lá, eu não estou legal.

Mas não é aquele “não estou legal” fechado, denso, sujeito a trovoadas. É apenas um – dá licença de eu não estar legal? Obrigada.

Nada vai explodir; eu não vou pensar que a vida não vale a pena, nem vou me atirar pela janela, nada disso. Talvez coma um chocolate, ou dois, ou três, e depois fique com a herança do mau humor, pequena e amarelada, bem na ponta do meu nariz.

Minto! A única explosão será esta, e talvez ela seja a pior de todas: a explosão do espelho.

Sonhei que alguém me perguntava: “vem cá, quanto tempo faz que você não chora, hein?”.

Não sei, não lembro. Não é meio pecaminoso chorar num mundo onde os livros mais vendidos trazem receitas “tiro-e-queda” para ser feliz? Que motivo há, afinal, para que o sujeito não se sinta completo, se, hoje em dia, é até possível trocar o refrigerante por um suco na sua Mac Oferta?

Outro dia eu passei numa banca, lá no Catete, e comprei a revista Nova, que eu não lia há anos, acho que desde a adolescência. Pois eu deveria ser contratada para trabalhar como ombudsman dessas revistas femininas. Taí, vou escrever para esse pessoal.

Faz um tempinho, também, que eu não consigo rezar direito. Sim, porque eu costumava rezar, mas ando meio dispersa até nisso. Deus que me perdoe, mas é a pura verdade.

Viram? Nem um texto eu consigo terminar com clareza, acabo misturando os assuntos.

É como se terminasse uma oração assim:

O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, mexendo o tempo todo em fogo brando, acrescentando sal a gosto, até que a morte nos separe, amém.

Rende quatro porções.

***

Dizem que o Garotinho anda declarando que, durante seu governo, investiu muito em educação. Prova é que, antes, as balas eram perdidas. Agora, estão ingressando na universidade.