28 setembro 2002

PORRE DE NESCAU LIGHT NA NIGHT DE SÁBADO

Experimente ficar em casa, num sábado à noite, e encher a cara de Nescau. Mas vá com calma: escolha o “light”, para não acordar pesando mais no domingo. E use leite desnatado. De uma só marca – dizem que não se deve misturar bebida.

É o que estou fazendo hoje. Acabo de notar que já se foi mais de meio litro de leite, e ainda nem senti a tonturinha aquela. Bom, não? Tenho várias caixas aqui; prometo me esforçar e só ir para a cama quando estiver achocolatadamente embriagada.

Enquanto isso não acontece, bato um papo aqui com vocês.

Eu bebo é para esquecer, meu filho. Minha amiga foi viajar com o maridão para a região dos Lagos – olha que chiquérrimos! -, e eu fiquei por aqui mesmo. Meu único amigo e baterista, o Lori Guimarães, deu-me uma dispensada quando o convidei, já meio de lado, para darmos uma volta pelo centro da cidade, ou Lapa. Ele já tinha umas voltas agendadas com alguma pretendente, e as amigas sempre sobram para o Nescau quando pinta alguma pré-namorada ou casinho. Mais que justo.

Meu irmão saiu com a namorada, foram curtir a “night”.

E eu estou, novamente, sem namorado. (A propaganda é a alma do negócio, hoho).

Se morasse no Flamengo, ou na Glória, ou na Tijuca mesmo, poderia muito bem descer e entrar num boteco desses, fazer amizade com alguém. Mas, aqui, no Recreio dos Bandeirantes, o boteco mais próximo fica muito longe para se ir a pé. E meu irmão saiu com o carro.

Hoje eu fui ao cinema à tarde e, na volta, já muito mal intencionada, passei numa lojinha de conveniências e enchi uma cestinha com leite Parmalat. Bêbado é fogo, faz tudo de caso pensado mesmo. Olha o meu estado, olha o meu estado!, e ainda nem são 10h da noite.

Que filme eu vi? “Sinais”, com o Mel Gibson. É filme de ETzinho, eu me diverti.

Digamos que o Mr. Gibson, esteticamente, já não me agrada lá muito. Na verdade, nunca me agradou – não sou fã de olhos azuis, principalmente em homens. Ele estava charmoso, não mais que isso. (Sorry, Melzinho, capaz de você não dormir hoje, depois que passar aqui, como de costume, para ler meu Blog... mas a verdade precisa ser dita).

Se bem que, depois de umas doses de Nescau, acho que eu até encarava.

Mas chega de Hollywood, que esse papo já está me dando enjôo. (Ou seria o Nescau?) Agora ouço a rádio MPB FM, um desses oásis que a gente encontra no dial hoje em dia. Rola um Djavanzinho, Nana, Melodia, Chico, João Bosco, Caetano, Zeca Baleiro, e o Gil me dizendo “não chores mais”, como quem diz “larga dessa vida, deixa o Nescau pra lá... tudo, tudo, tudo vai dar pé.”

Já sei, vai aparecer um engraçadinho no SHOUT OUT para me perguntar “vem cá, tem certeza que era Nescau mesmo que você estava bebendo??”, de modo que já esclareço: sim, é Nescau Light, juro pela felicidade dos ETzinhos do Mel Gibson.

Neste momento, a lindíssima Paula Toller canta Casinha de Sapê – eis algo mais doce que o meu choco-porre desnatado -, e uns cachorros latem na rua só para quebrar o clima. Parmalat também. (Sorry, meu anjo, não resisti ao trocadilho).

Acho que já estou sentindo alterações na consciência. Quase choro com a Zizi Possi cantando “perigo é ter você perto dos olhos, mas longe do coração”. Isso é normal?? (Soluço).

Queridos, vou ficando por aqui, submersa no vício, que este pó (MARROM!) é um conforto, mas me deixa deveras sensível. Só pelo fato de eu escrever “deveras” já se tem uma noção.

Jamais escrevo “deveras” em sã consciência.

Boas noites, durmam com os anjos, que já vou indo embora. Rezando para não topar com nenhum bafômetro virtual no caminho.
Íííííííc !!!!

27 setembro 2002

AUTOPROPAGANDA & DICAS

* Fiquem de olho: em meados de outubro, reestréia o site “Oficina do Pensamento”, de conteúdo novinho em folha. Esta que vos fala será a colunista musical da oficina. Depois eu passo o endereço certinho.

** Quem puder, corra até as melhores prateleiras das melhores livrarias, e compre “Buscando o Seu Mindinho”, de Mario Prata, lançado pela Editora Objetiva. Esta que vos fala está lá, presente em crônica, na página 79. Discorro sobre a situação dos mindinhos no contrabaixo – como me convém. E o resto do livro também é muito bonzinho. Hehe.

*** Visitem o site www.carlosmaltz.com.br e adquiram o CD de Carlos Maltz (ex-baterista e fundador dos Engenheiros do Hawaii, hoje cantor e compositor), de nome “Farinha do Mesmo Saco”. Esta que vos fala (de novo) está lá, presente em baixo e voz, na faixa “O Sorriso do Escorpião”. E o resto do CD também é muito bonzinho. Hehe.


PRESENÇA DE JOSÉ MAYER

Saco!, não sei por que foram reprisar Presença de Anita logo agora. Infelizmente, tenho que assistir todo santo dia. Impossível ir para a cama sem o José Mayer, sabendo que ele anda desfilando aquele charme grisalho bem em frente ao meu sofá da sala, ao simples ligar de um botãozinho. Irresistível.

Rede Globo 1 X 0 Bíbi Da Pieve.



PEGANDO INTIMIDADE COM ELE - PARTE II


Tem gente que só reza quando está aflito. Eu, como prezo os deuses e os santos e o mais que paira noutro
mundo, converso com essas figuras todas as noites. Estou aqui, minha gente - eu digo -, não é para pedir nada. Só
vim pegar amizade, mesmo.

A pessoa vai ficando íntima aos poucos; assim é neste plano, não deve ser diferente nos outros, se é que há outros. O negócio é pegar amizade devagar, porque um dia a gente precisa de verdade e aí não fica bem chegar de supetão e pedir coisa.

Já deu vontade de pedir uma grana, um namorado gente boa (com furinho no queixo) e até um pouco mais de paz. Mas não peço. Anoto, e guardo tudo para quando estiver mais chegada.

A lista vai engordando, assumo, e pior ainda fica em tempos de crise. Mas não tem nada, que eu já estou quase chamando todo mundo lá pelo primeiro nome.

Jesus é um. Já me deu abertura, inclusive, para deixar de "senhor isso", "senhor aquilo". Jesus é você.

Dona Maria, mãe de Deus, ainda não consigo tratar sem o dona. Respeito, acho. Mas, assim que eu tiver a
idade dela, vai virar você também.

Onde quer que eu vá, levo a minha listinha. Nunca se sabe; se calhar de eu morrer antes da hora, já chego por lá preparada e peço pessoalmente, vou direto ao assunto:

- Seguinte. Passei a vida toda de conversinha com vocês, de modo que mal morri e já me sinto em casa. (Sento e cruzo as pernas.) Aqui está a minha lista de pedidos, mas preciso fazer umas observações. (Levanto, para soar enfático.) Paz, por exemplo. Esse negócio de paz era mais para disfarçar, achei que ficaria bonito, e tal. Mas não se preocupem com isso. Vamos direto ao dinheiro, que pode vir, naturalmente, na próxima encarnação. Mas, que fique claro: vai render uma eternidade de juros! Ou nasço podre de rica, ou sigo morta até vocês me descolarem a grana.

Aí eles vão me dar um protocolo, e me mandar esperar ali na sala ao lado. Não admito:

- Sala ao lado? Não vou. Fico aqui até ser atendida, tenho direito, nunca pedi nada em vida! (O dedo em riste.)

Burburinho, gente recém-morta e veteranos falecidos falando ao mesmo tempo, o pessoal do balcão indignado com a minha astúcia. Sigo:

- Me chama o Jesus. Me chama o Jesus, e vamos acabar com esse reboliço de uma vez. Ou a Maria, qualquer um.

Interfonam para Jesus, dizem que tem uma doida querendo furar a fila. Ele aparece, do nada, e me reconhece.

Pronto, calei a boca de todo mundo. Fui levada para uma sala vip – com cafezinho e broa de milho feita pela Maria -, e tirei uma foto com o cara.

- Na próxima encarnação – ele me disse -, tu levas esta foto e ficarás rica.

Não estou dizendo que é bom ir pegando amizade aos poucos? Morri cedo, mas morri bem. E ainda rolou a maior tietagem.


26 setembro 2002

O VARAL

Agora que percebo, esse varalzinho aí em cima é muito adequado, que
o texto, depois de feito, pede mesmo ar fresco. Sabia disso?

O ideal é centrifugar ao máximo, mas quem não tem máquina caça
com vento. De minha parte, prefiro as fases do tempo. Ora chove no
verbo, ora esquenta o sujeito, evapora o objeto e dá-se um jeito.

O varal é bom que é uma variedade de possibilidades. Outro dia
pendurei um verso que, depois de seco, virou canção. Passei a ferro,
ficou bem reto, fiz um refrão e ainda sobrou pro jantar. Tinha que ver
que delícia, misturado no feijão; um lá menor e um violão.

O varal é bom que a gente pendura e depois olha de longe pra ver que
jeito tem. Outras vezes, nem tem. Mas nunca se joga fora, que a
literatura não vem toda junta - a gente é que mistura, meia daqui, cueca
dali, e sai compondo, vai embora.

Meu sonho é me pendurar no varal, inteirinha, e ficar ali balançando a
arte, dia e noite.

Viveria de brisa e rima.
E acabaria rica, rica.


INSANO

Quase querido:
quase consigo,
o conflito é comigo,
não liga.
Quero mais que isso -
que torcer pela corrida
e morrer fazendo figa.
Quase te pego,
quase que chego,
quase me apresso,
quase dá tempo.
Quase te fisgo,
é quase um plano.
Quase te digo te amo,
mas aí já seria muito insano.


ELE ME AMA

O meu cabelo na cintura,
a minha pinta de madura,
a minha ardósia,
a rima óbvia,
o papo firme,
a boca fina,
a perna grossa
e a fala terna:
tudo frescura,
fachada.
Não valho o que como,
e não como quase nada.
E quanto a esse negócio de partitura -
quem pode, pode,
quem não pode, rock.
A vida não dura lá muito,
é pouco mais de um compasso,
eu acertando meio tempo já é lucro,
juro.
O mais é fase.
Cansou?, troca de clave.
Troca de tese, inverte, vê se consegue.
Faz outro cenário,
contrata um canário que não canta um ovo
e põe na Globo a vender disco,
diz que é novo.
E não reclama,
não reclama que pra tudo tem um jeito,
não vê eu?
Não vê eu?
Não faço sucesso,
nem sei se mereço.
Mas que Ele me ama,
me ama.
E o meu cabelo na cintura,
a minha pinta de madura,
a minha ardósia,
a rima óbvia,
o papo firme,
a boca fina,
a perna grossa
e a fala terna.
Tudo isso Ele ama, bem ama.

25 setembro 2002

É no silêncio da madrugada que a paixão esquece os perigos, que a razão perde os trilhos e a loucura encontra abrigo.
É quando a trilha acaba, a luz se apaga, é no melhor da festa – no silêncio da madrugada.

Nada pode haver de maior conteúdo que o céu escuro; texto aberto e infinito, sempre, sempre... Três Marias reticentes...

A monografia divina desconhece o tempo, a imensidão pretende continuar no escuro, misteriosa.
Não tem futuro, não tem frescura. Apenas requer uma leitura silenciosa.

É no silêncio da madrugada, na fresta da noite, no vão da escada. É quando o mundo escreve, de próprio punho, o rascunho do próximo dia.

Quando a gente deita, reza e dorme, enquanto ainda pode.

Até o burburinho. Até o cafezinho. Até o chorinho do filho do vizinho.

Quando o sol e o barulho invadem a arte, é que não tem outra solução:
óculos escuros e algodão.

24 setembro 2002

PROCURO

O amigo do Duda que deixou um post aqui falando sobre um jornal de Novo Hamburgo. Please, me desculpe a falta de jeito, mas, se puder, mande um e-mail para bdapieve@centroin.com.br e vamos conversar sobre a proposta, ok?

23 setembro 2002

Ah, não me levem a sério!! (De novo)

A reclamação é coisa do ofício, a rabugice é o tempero do texto. Minha ironia não seria a mesma se não houvesse a insatisfação constante, percebem? Se estivesse confortável com o mundo real, não escreveria um ovo. Qual graça?
Claro que eu amo de paixão – como todos vocês – o porco elétrico! Claro que sou amiga do Word; ele me livra das piores gafes, assim como a vocês também! No entanto, se eu não meter o dedo no focinho do porco, se não espinafrar o Word, o Windows, a uva-passa, os amplificadores Peavey e o que mais houver para ser espinafrado neste mundo, não há sentido em fazer meus escritos.
Não é rabugice aleatória, não. Há fundamento, mas pouco além disso.
Eu chutei, com minhas botas desastradas, o fio que levava meu texto ao porco. E perdi tudo. Em vez de me atirar pela janela ou fazer uma poesia melosa e cabisbaixa, espremo o limão e faço um texto ácido e auto-irônico xingando o porco.
Garanto que vocês não suportariam nem duas linhas de mim, não fosse a vitamina C.
E ainda espirrariam no meu Blog.

Eu, hein!?

Beijos, beijos e obrigada!

22 setembro 2002

PERDI TUDO OUTRA VEZ – O MUNDO É DO PORCO ELÉTRICO.


Eu queria que vocês tivessem visto a minha cara de indignada, diante do que se passou ainda agora comigo e esta encrenca da tecnologia que atende por microcomputador.

Eu tinha acabado de digitar um texto enorme quando, de repente, enfiei o pé na jaca da extensão que liga um fio a outro e desemboca na tomada. Vi uma tela negra na minha frente; o mundo pareceu sumir sob minhas botas de cano alto. Era o fim.

Perdi tudo outra vez. Desnorteada, ainda meio zonza, mordi os lábios com a força que Deus me deu, no intuito de não acordar a vizinhança, nesta cinzenta manhã de domingo, com expressões de baixo calão.

Não adiantou porra nenhuma.

Um segundo depois, minha boa intenção foi parar lá onde o diabo perdeu as botas – ou seria Judas? -, de modo que soltei o grito, com afinco:

“PUTAQUIPARIU!!!!!!!!!!!!!!!!!!”

Nove da manhã. As paredes aqui são muito finas. Metade do prédio, a metade que me cerca, fatalmente está, no momento, a indagar-se sobre quem teria sido a filha da p*** a ter tomado umas e outras e enfiado o dedo na tomada – ou coisa que o valha, porque o berro foi grande.

Outra metade, a metade que ouviu de longe, deve estar morrendo de pena da metade que despertou, não com o cantar do galo, mas com o estardalhaço de uma galinha insatisfeita, injuriada e extremamente bem dotada de predicados vocais – no sentido do grito, mesmo.

É nisso que dá. Estamos todos “conectados”, não estamos? Pois então. Enchemos a boca quando aprendemos a palavrinha mágica: conexão. Agora, estamos aqui, conectados e mal pagos.

Patético. Todo conhecimento de uma civilização cabe em dois furinhos, somente dois furinhos que muito lembram um nariz de porco. Fizemos um serviço suíno, de fato. Aprisionamos nosso próprio mundo num porco elétrico, frio e calculista, que deve estar, a essa altura, a nos fitar com aquela cara deslavada, assim dizendo: “ÓINC!! ÓINC!!”, e zombando da nossa desgraça.

O mundo agora é do porco elétrico. Nada mais há para se fazer.

Empacotamos tudinho – nossos livros, nossos discos, nossos dinheiro, nossas amizades e, se bobear, até o nosso sexo -, e demos de presente ao porco. O bicho que come e vira o cocho.

Felizes eram nossos avós, nos idos tempos em que o porco era tão frágil que, pobrezinho, acabava invariavelmente quebrado quando a coisa apertava e alguém decidia descer o martelo bem no meio dele. Vomitava umas moedinhas, e pronto: vovó ia à feira.

Hoje, que ironia, o porco retorna em grande estilo. Enfiando o nariz em nossas paredes, ele chega, de mansinho, iludindo, iluminando, conectando. E toma conta.

Eis a tradução para esta era tecnocrata de bytes desmedidos e conexões vitais: a vingança do porco.

21 setembro 2002

PENDÊNCIAS

Para Luka: um jogo de cordas para contrabaixo (o que eu uso, marca D’Addario ou GHS – com 5 cordas, importante) custa cerca de R$ 60,00. Ou 50, talvez. Depois te mando o número da agência e conta corrente, aí você poderá ter o prazer de me presentear e depois passar o resto da vida contando aos amigos: ajudei a pobre da menina do Blog! Isso deve contar pontos lá em cima, mais tarde. Hehe, ajoelhou...

Para todos: não levem tão a sério as minhas lamentações financeiras e/ou sentimentalóides. O que eu escrevo em prosa é passível de exagero, ficção e TPM – o que, no fundo, acaba sendo tudo a mesma coisa. O que eu escrevo em verso, sim, é verdadeiro.

Mas também não vão levar a verdade a sério, que isso dá rugas e enlouquece o vivente.

Falar em insanidade mental, acho-me beirando a doidice, aqui, enquanto tento escrever, e sou impedida pelo prepotente e estapafúrdio instinto de AUTOCORREÇÃO DO WORD (sim, porque não escrevo direto no Blog, que gastaria telefone. Mas não levem a sério.) E burro, ainda por cima.

O amigo WORD quer me ensinar, a todo custo, que “não se separa, com vírgula, o sujeito e o verbo”. Coisa, aliás, que aprendi antes mesmo da menarca – menarca literária, eu digo.

Agora, vejam vocês: se eu escrevo “Hehe, ajoelhou...”, ele me sublinha, com uma cobrinha vermelha antipática, “Hehe”. Para me avisar que a “palavra” não existe. Ah, que ótimo, não existe, obrigada.

E me sublinha, com uma cobra verde, “ajoelhou” – para me advertir que, dona Bíbi, não se separa, com vírgula, o sujeito e o verbo. (Outra coisa: Bíbi também NÃO existe, e ganha cobra vermelha.)

Caríssimo WORD: se “hehe” NÃO existe, como é que o senhor entende que “hehe” seja o SUJEITO de alguma cousa?? Algo há de muito errado consigo, não acha? Ou vai ver que a doida aqui sou eu.

Essas picuinhas da informática surgiram, definitivamente, para convencer a nós, seres humanos analógicos e pensantes, que estamos cada vez mais “fora da casinha”. Que somos invasores, estranhos homenzinhos querendo penetrar num mundo perfeito – o digital, é claro.

Nunca vi coisa mais careta e burra: O WORD, desculpem o termo, cagando leis gramaticais descabidas na minha tela. Muito minha!

Mudando de assunto, hoje tem o aniversário da Carlinha (também não existe, segundo o WORDono-do-mundo) num boteco em Copa, e também tem um aniversário na Lapa, e também tem a Sigilo tocando no Ballroom. Haja perna e pila.
Estive compondo um samba, mas não publico aqui porque tenho medo de que me roubem os direitos. Não vocês, é claro, mas algum outro aventureiro virtual que, acaso, simpatize com a idéia de afanar um sambinha composto por roqueira.

Essa é demais: SAMBINHA TAMBÉM NÃO EXISTE!!!
Argh!! Pior: SAMBINHA EM CAIXA ALTA EXISTE!!! Tá liberado o SAMBINHA, mas o sambinha ainda ganha cobra vermelha.
D E S I S T O !

P.s.: Ainda para LUKA: Estive pensando. Se for sobrar algum aí, por favor, traga também: um Cappuccino Diet (Palheta, de preferência), macarrão integral, ricota fresca, bifes de hambúrguer (de peru, Sadia ou Perdigão), xampu e condicionador Dove (para cabelos tingidos), leite desnatado, ovos, iogurte (Corpus com pedaços de frutas) e molho de tomate Parmalat (tradicional). E uma caixa de Skol, que ninguém é de ferro. Obrigada.

19 setembro 2002


Sofro também de falta de jeito. Queria ter o tato, o papo certo, o andar, o mover, o mostrar preciso.

Mostro pouco, e ainda assim sai meio torto.
Morro, mas não peço socorro.

É minha falta de jeito, defeito que adia meu sucesso, tanto o das notas, quanto o das bocas que beijo – cá do meu semijeito, sempre com receio do novo que surge do perfume do amor-perfeito.

Eu sofro de mim mesma; corro contra o tempo, esbarro na impossibilidade da arte, na audácia do texto, na lerdeza do “penso”. O “sinto” vem sempre antes, apressado e sem talento, trazendo o sofrimento e me lembrando da falta de jeito, essa que eu trago entre muita rima e pouco ato - é muito papo, é muito papo.

É minha falta de jeito, de me perder nas linhas, de pontuação precipitada e definição equivocada. Gramaticalmente até funciono; o que reclamo é além-texto, entende, é quando esbarro lá no infinito e alguém me acorda, no grito, pedindo um cigarro ou bebida.

Dizem que é a vida.

Sofro, garanto, mas também não é pra tanto. O que me anima é aquilo que respinga, o inesperado.

Volta e meia, dou uma mirada, mesmo de revesgueio, e – pasme! – acertei bem em cheio!

18 setembro 2002

Oi, meus fofos leitores. Hoje estou bem perua, aqui, de coque, nesta noite calorenta do inverno carioca.

A propósito, ainda estamos no inverno? Perco-me neste imbróglio de estações tropicais, perdoem a minha falha meteorológica.

Ontem um amigo me lembrou, inteligentemente, que o inverno carioca não se dá em julho ou agosto, mas sim em intervalos mais curtos, como: das 4h da manhã às 9h. Depois das 9h, seja inverno, verão, primavera ou outono, é tudo muito quente. O casaco do carioca, portanto, dura muitos invernos mais do que o do gaúcho. Faz sentido.

Meu irmão me interrompe, aqui, enquanto escrevo, para me puxar a orelha. Quer que eu pare de expor a intimidade dele nas minhas traquinagens virtuais; que ele não é personagem, que é muito homem de verdade, e nada tenho eu que ficar aqui fofocando sobre seus hábitos domésticos – como lavar a louça uma vez a cada eclipse solar, por exemplo.

Pois, muito bem, dou-lhe toda a razão. Cada pessoa decide o que é ou não publicável em sua vida. Um beijo, e durma bem.

Agora que ele já se foi deitar (vejam como estou literariamente ortodoxa, hoje), então, retorno ao texto, sempre me lembrando de não invadir privacidade de irmão algum.

Mudando de assunto, hoje ouvi uma frase-pérola, não tenho como privá-los dela. O sujeito estava com uma preguiça homérica, e me saiu com esta:

“Estou com preguiça até de ir dormir, acredita??”

Não dei bola, continuei aqui no micro escrevendo. Dali a pouco, completou:

“E de tomar banho, também. Mas o banho, pelo menos, é opcional.”

Ri um pouco, enquanto ele me explicava que o banho se tratava de um “plus”, algo como vidro elétrico ou direção hidráulica, por exemplo. Dormir, não. Dormir já vem de fábrica, é indispensável. Entendi o raciocínio.

Segui escrevendo. Mais dez minutos, o elemento levantou-se num pulo indignado, e ligou o chuveiro. Perguntei, daqui mesmo, se o banho não era opcional. Respondeu-me, contrariado:

“A porra do banho é, mas a FEDENTINA NÃO!!”

Fedentina original de fábrica, portanto. “Fedentina”, amigos, eu não ouvia desde que li Incidente em Antares, do Erico Veríssimo, há cerca de dez anos. Mas a palavra é ótima, não é?

Uma pérola. Coisa de família, coisa de família.

15 setembro 2002

Alou, macacada, cá estou de volta ao mundo dos vivos, de carne e byte. Pois vejam vocês, caros assinantes do BiBlog, como são as coisas. Estou com 4500 visitas neste site, e o saldo do banco está no vermelho. Ninguém me emprega, ninguém me chama nem para fazer locução do carro das frutas. Convite para escrever, então, nem pensar.

Ninguém sabe quem sou eu, além de vocês e poucos outros.

Nunca fui assalariada, a bem de verdade; sempre obtive meus centavos por meio de meus esforços esporádicos - fosse em tempo de frenéticas turnês pelo interior rio-grandense, fosse em tempo de vacas magras, mas sempre tirei leite das minhas pregas vocais. (Que nome horrível resolveram dar a isto, Deus do céu, esse pessoal das ciências bem que poderia ter um pouquinho mais de senso estético ao batizar pedaços do corpo alheio).

Agora, em meio à tempestada financeira, só me resta pedir ao grande patrão dos céus, como diz meu irmão - que, aliás, é outro duro -, que me dê condições de sobreviver nesta selva civil que atende por São Sebastião (ainda por cima) do Rio de Janeiro (ainda por baixo).

Essa foi terrível, mas não me contive.

Não que estejamos passando fome, mas podia rolar um alfinete ou outro de vez em quando, um supérfluo sempre cai bem, vocês sabem, até o J.C. não podia só com pão e água, tanto que adicionava um vinhozinho à dieta sempre que podia - está escrito no Livro Sagrado, não sou eu quem está dizendo.

Pois minha dieta tem sido desprovida de qualquer frescura a mais, ando comprando esmalte barato, e passo metade da semana retocando a unha, pinto o cabelo em casa mesmo, saio daqui desconfiada dos olhares, minhas cordas do contrabaixo estão vergonhosamente enferrujadas, mas toco assim mesmo, meu irmão reclama, digo que isso é coisa de guitarrista, que as cordas da guitarra são muito mais baratas, mas não convenço muito, vejam como não tenho obtido lucro nem no discurso argumentativo, vocês podem notar que meu texto está virado praticamente numa só frase, porque estou economizando até na pontuação.

Dêem graças a Deus que ainda estou usando as vírgulas.

É isso, caríssimos, escrevo por prazer, toco, canto e respiro por pura necessidade, a situação do músico no Rio de Janeiro está a degringolar-se, sua-se muito, paga-se pouco, gasta-se mais do que se pode, a culpa é inimiga da perfeição, os juros correm tal como cataratas ordinárias encharcando nosso saldo de dívidas, corta-se a vaidade, a auto-estima acende a luzinha da reserva, o celular só recebe, a Rosinha "Garotinho" vai vencer as eleições, os jovens estão enfartando cada vez mais, o trânsito só falta andar para trás, o Chacrinha não continua balançando a pança, e aqui eles têm o hábito de colocar UVA-PASSA dentro do cachorro-quente.

Ah, me desculpem - eu havia prometido não mais falar em apocalipse.

Desconsiderem, portanto, o tópico do cachorro-quente; que, para o resto, ainda há salvação.

09 setembro 2002

BARBA, CABELO E BIGODE


Eu citei aqui, outro dia, que faço depilação no bigode. Com cera.
E houve gente dizendo que "as mulheres não devem confessar esse tipo de coisa", que "perde o encanto", etc. E que o nome da coisa é "buço", ainda por cima.

O QUÊ?? CENSURA NO BiBlog???

Não, senhores!

Ok, vou explicar aos censores desavisados: pisar na jaca, vez por outra, é um ato artístico cuidadosamente planejado, ou acidentalmente muito bem colocado. Minhas linhas não são retas; elas têm calombos. E meu bigode é douradinho e fininho, TÁ? Um luxo de bigode.

Olha, que maravilha, poder compartilhar meus aborrecimentos estéticos com vocês. Não são reles pêlos, caríssimos. Tudo é texto em potencial, e a poesia mora justamente nos seus bigodinhos, caso não saibam - o bom da arte é justamente encontrá-la na inusitada cera quente, num improvável sentimento, ou num desprezível acontecimento.

A olho nu, tudo é completamente sem graça. Cabe a nós a tradução; colocar um batonzinho nos fatos não é crime nenhum.

Portanto, deixem-me em paz com minha barbinha pública (eu disse PÚBLICA, não vão me acusar de estar usando palavras de baixo calão!). Qual é a graça de sentir a dor da cera e não contar a ninguém?

Eu, portanto, ponho o meu bigode no mundo. Meu cavanhaque, idem. Minhas mazelas cutâneas são dignas de prosa e verso, e daí? Sagitariano tem mania de grandeza; é o sotaque de Júpiter - nosso planeta regente é justamente o da EXPANSÃO.

Não venham querer segurar a coisa que em mim se expande, porque eu expando e explodo, hein?! Olha que eu explodo!!

E outra: "buço", artisticamente falando, não chega nem aos pés de um bom "bigode". Leia em voz alta: BIGODE. Sinta os fonemas: BIGODE!

Eu me recuso a usar BUÇO, tendo BIGODE à disposição. Seria muita falta de senso estético; buço é um tremendo desperdício literário, e me fere a ética.

Fiquem vocês com esse tal de buço inconfessável, privadíssimo e sem sal, que eu vou de bigode, um bigode amplo e irrestrito, meu bigodinho muito público, chiquérrimo, feminino e... fashion.

Perco o encanto, mas não perco a piada. E tenho dito.

07 setembro 2002

Tá bom, vou abrir um buraco nas minhas choradeiras eleitorais e falar um pouco de outras coisinhas.
Mas eu VOLTO, hein?
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Estive comentando hoje com meu irmão que está na hora de eu fazer um TÁ, mas ele não entendeu do que se tratava, então eu suponho que vocês também não entenderiam, de modo que já explico: "fazer TÁ" é ir até aquelas moças que enfiam cera morna no seu bigode (elas dizem buço) e depois... TÁ!!! - elas puxam tudo bem rapidinho, e a dor dura o tempo de um TÁ.

Preciso fazer TÁ no queixo e no bigode. Tipo da coisa que eu não entendo, mas faço porque a minha mãe ensinou que é preciso. O pior é que, neste mundo, nem o TÁ é de graça. Pode?

O Rio de Janeiro veio abaixo com a ventania da madrugada de ontem. "Ninguém merece", como dizem os cariocas e os gaúchos que saem repetindo expressões engraçadas.

Graças a Deus, eu já tinha chegado da Lapa quando começou a folia. Vocês viram que bombas de um posto de gasolina foram literalmente ARRANCADAS com o vento?

Quem saía na rua, hoje, via destroços. Fui até a Tijuca e voltei, apavorada. Demos com uma árvore no meio da pista, tivemos que desviar para não engolir galho com cacos de vidro. Ninguém merece.

É, o fim se aproxima.

Mas não quero falar do apocalipse, porque li a Época desta semana e concluí que o apocalipse foi capitalizado até não poder mais (grande novidade). Os livros mais vendidos tratam do fim do mundo, os fiéis gastam horrores, enfim, todo mundo anda lucrando em cima do dia "D", e não sou eu que vou querer audiência no BiBlog apelando para o juízo final.

Mas, que o fim se aproxima, isso é certo.

Pelo menos a gente não vai mais precisar fazer TÁ.

06 setembro 2002

FAAALA, MACACADA!!

Confesso que estou em silêncio proposital, desde o dia 3/9, no intuito de manter a "Campanha Virtual Ana Lógica no Jô" por mais tempo no ar. Precisamos de você, cidadão consciente. Sua ligação é muito importante para nós. Ops!, seu voto.

Amigos e companheiros de todas as querências, reflitam um minutinho sobre a situação dos SEM-GRAVADORA. São anos de estrada, de persistente batalha artística. Vou contar-lhes uma história triste. Sem querer me aproveitar de sua sensibilidade, é claro. Trata-se da verdade.

Puxem um banco e vão sentando, que o depoimento é espaçoso.

Esta baixista que vos escreve, companheiros, ainda era uma fedelha de 13 anos quando começou a se enfiar no mundo da música profissionalmente. Andava tocando na noite, durante horas a fio - naquele tempo, as bandas de bar costumavam tocar até cinco horas por noite. E ganhava-se muito pouco (coisa que não mudou nada até hoje).

Os dedinhos doíam muito, as cordinhas vocais - que ainda não eram denominadas PREGAS VOCAIS, como hoje -, coitadinhas, clamavam por justiça a cada nota aguda meio desafinada. Mas a pirralha insistia, por amor à arte, e para poder faltar às aulas do dia seguinte com a desculpa de que "estava trabalhando".

Companheiros, isso já faz mais de uma década. A fedelha não largou o osso, e envelheceu com o contrabaixo pendurado no pescoço, o que lhe causou uma lesão na coluna - chamada ESCOLIOSE. Pela beleza do nome, imaginem o tamanho da encrenca no esqueleto.

Bíbi Da Pieve abandonou os pampas gaúchos, amigos eleitores, vendeu o que tinha e o que não tinha, e veio cair nesta cidade-purgatório-da-beleza-e-do-caos.

(Sim, Bíbi Da Pieve sou eu mesma; estou discursando na terceira pessoa que é para dar mais veracidade política, se é que me entendem.)

Atualmente, já com um disco gravado - e muito bem gravado, diga-se de passagem -, caminhando e cantando e seguindo a canção, aquela baixista, outrora fedelha, hoje moça feita, dedos mais resistentes, pregas vocais mais maduras, só um momentinho que eu me perdi - não posso com frases longas, vou começar tudo de novo.

Atualmente, já com um disco gravado, Bíbi Da Pieve quer conscientizar a nação de que uma banda como a Ana Lógica, experiente e eticamente correta, tem direito a subsídios básicos como saúde, alimentação, habitação, escolaridade e, sobretudo, um pulinho no SOFÁ DO JÔ.

É por isso que eu vos convoco, colegas trabalhadores: VENHAM FAZER PARTE DESTA CAMPANHA! VOTE ANA LÓGICA NO JÔ!

Meu nome é Bíbi Da Pieve, e meu número é o 28.906 (registro na Ordem dos Músicos do Brasil).

03 setembro 2002

CAMPANHA ELETRÔNICA - VOTE ANA LÓGICA NO JÔ !


Caros leitores do Biblog,


nossa produtora enviou um material muito bem elaborado para
a produção do Programa do Jô. Trata-se de um Kit-Ana-Lógica, cheio
de informações e surpresas diversas.

Estamos fazendo uma "campanha" (já que o momento é
propício) para que a nova empreitada seja bem sucedida. Uma banda
como a Ana Lógica - com 11 anos de estrada, um disco gravado, mas
ainda SEM GRAVADORA - não tem facilidade de conseguir espaço na
mídia, como sabem. Por isso, pedimos a força dos amigos, e contamos
com o apoio dos fãs-eleitores.

Sem mais para o momento: VOTE ANA LÓGICA NO JÔ!!!

Segue abaixo um roteiro explicando como se deve proceder
diante da urna eletrônica que todos vocês têm em casa. E Não se esqueçam, por favor, de repassar o nosso "e-santinho" ao MAIOR NÚMERO DE PESSOAS possível.

Ana Lógica no Programa do Jô: você pode tornar este sonho realidade.
Ana Lógica no Programa do Jô: pela música de qualidade na TV aberta. Ana Lógica no Programa do Jô: DAQUI A POUCO A GENTE VOLTA!

Muito grata,

Bíbi Da Pieve
baixista e vocalista da Ana Lógica.
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Vá em

www.globo.com/programadojo

clique em "o programa"

clique em "sugestão de pauta"

Aparecerá alguns campos para preencher. São eles:

Entrevistado - coloque aqui "Ana Lógica"

Assunto - coloque algo como música, banda de rock

Telefone para contato - coloque os telefones "(21)24987141"
"(21)24987142", "(21)96033109" ou "(21) 88133801". Qualquer um
deles ou mais de um.

e-mail - Coloque "aleventos@aleventos.com.br"


OU vá em:

www.globo.com/programadojo

clique em "e-mail"

Preencha seus dados e escreva uma mensagem para o Jô pedindo a
Ana Lógica no programa!!!
SÓ JESUS SALVA

Vocês me desculpem a demora, novamente, mas ontem foi de lascar. Escrevi um big texto aqui, e, quando fui postar no blog, houve uma queda de luz e eu perdi tudinho. Claro, não havia salvo. Só Jesus salva, né?!

Aí eu me tapei de nojo, larguei tudo e fui para a Lapa.


MAS, VOLTANDO AO QUE NÃO FOI SALVO

Eu ia explicando, ontem, à Luka - e demais interessados - que, sim, eu tenho uma banda. Chama-se ANA LÓGICA, é um trio formado por mim e mais dois moçoilos que são minhas caras-metades musicais: Lori Guimarães toca bateria, e Adalberto toca guitarra. Este último, por obra do destino, nasceu da mesma Aninha que me colocou no mundo.

Eu toco baixo e sou a vocalista da ANA LÓGICA (repetindo o nome para fixar, sei tudo de marketing, hoho...).

O estilo da banda é rock; devo dizer que não se parece com nada, infelizmente não sou boa de descrever o que é cantável e tocável, se é que me entendem. Mas posso garantir que é audível, não se assustem. Nada muito pesado, nem muito leve. Bah, acho que não ajudei muito.

Gravamos o primeiro CD no ano passado, mas ainda não o lançamos por falta de gravadora e/ou verba para lançamento independente. Há 11 músicas minhas, e uma regravação do Caetano em versão roqueira - com todo respeito, claro.

Quando houver o próximo show (já tá pintando) eu aviso aqui, e a gente vai se vendo e se ouvindo na estrada, certo? O prazer será todo meu.
Ok, 80%.

Ah, já teve gente me perguntando se eu toco baixo e canto "tudo ao mesmo tempo", então já vou explicando que é isso mesmo, amigo, e nem é tão difícil quanto parece. Decore muito bem a linha do baixo, e depois saia cantando em cima como se não fosse com você. Dá certinho, certinho.

(Eu ia fazer um trocadilho com "tocando - em - baixo e cantando em cima", mas aí seria infame demais, vou me segurar).

Só não recomendo mascar chiclete ao mesmo tempo, porque desconcentra.

E, para as moças, não recomendo salto muito alto - morro de medo de despencar no meio do palco, porque tocar, cantar e respirar ao mesmo tempo já é o suficiente para se atrapalhar; não se pode querer pular de salto altíssimo, né? Isso a gente deixa para a Daniela Mercury, que o nosso instrumento é pesado, e não deve ser legal cantar estabacada no chão com um contrabaixo atravessado no pescoço.


FALANDO EM MÚSICA

Emerson Nogueira, anota aí. Descobri ontem um CD desse cara, lançado pela Sony, só de covers internacionais em versão acústica. Violão e voz, com uma percussãozinha volta e meia.

Meniiiina, vale a pena. Coisas como "Wish you are here", "Every breath tou take", "Smoke on the water" e até "Forever young", muito bem tocadinhas, para ouvir à luz de velas, sabe como é?

R$ 17,90 - na Saraiva tem.


SOBRE O TEMPO, PARA MUDAR DE ASSUNTO

Ontem fazia 18 graus, à tarde, no Rio de Janeiro. Chovia, e tudo. A beleza desta cidade se acentua ainda mais nos dias cinzentos, enquanto o mar se revolta, entra em crise existencial, bate nas pedras e atira a espuma branca para cima.

O mar dança rock'n roll com a maior poesia nos movimentos. É pena que os cariocas não gostem dos dias chuvosos. Eu trocaria uma aglomeração na beira da praia ensolarada por uma solidão em frente ao mar roqueiro, sem dúvida alguma.

Como é que se ouve o mar com tanta gente gritando "Ô, COCA! Ô, ÁGUA! Ô, SKOL! Ô, MATE!" ???

Ah, não. Da última vez em que um moço desses gritou "Ô, MATE!" no meu ouvido, deu vontade de obedecer à ordem dele.

Fui.