03 setembro 2004

Tele-coisas


Estou sem paciência para as novelas. Logo eu. Ontem, resolvi dar uma chance para a nova das 7h, e liguei a TV. Havia dois ratos falando, animadíssimos. Ratos. Falando.
Desisti.

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Também não vejo a novela das 8h faz um tempão, mas ontem eu vi. Ri um pouco com Glória Menezes e Raul Cortez, fofos. No mais, é apreciar a beleza redundante de Marcelo Anthony, e esperar que o casal de sapatas pegue fogo. Ou não.

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E “A Grande Família” continua sendo uma das melhores coisas da televisão brasileira. Ontem a Marilda e o Tuco encheram a cara, e acordaram na cama dele. Depois ele ficou todo apaixonado, querendo namorar, mas ela nem bola. Que pena. Adoro essas transgressões etárias nas relações amorosas. Hoho.


E-(outras)coisas

Não sei se já aconteceu com você, mas estou quase certa que sim. Os compromissos dão uma amainada, e você resolve pôr a correspondência eletrônica em dia. Ressuscita e-mails não respondidos, perdidos na sua caixa postal, e responde. Tim-tim por tim-tim. Demoradamente. Carinhosamente. Põe seus amigos a par das novidades, declara amor a quem é de amor, amizade a quem é de amizade, pede desculpas aos credores, e até dá uma cobrada nos devedores - assim, como quem não quer nada. Afinal, está com tempo; e quem está com tempo pode usar de eufemismos, ser sutil.

Aí você vai à academia, toma um banho, dá uma voltinha na rua e volta para checar as respostas. Nada. Nadinha. E assim sucessivamente, enquanto você está meio de bobeira. Silêncio total.

Na semana seguinte, quando o mundo parece cair no seu colo, e você não tem tempo nem para secar o cabelo depois do banho, eis que aquela avalanche retorna, subitamente, sem dó nenhuma do seu estado assoberbado.

Poderíamos dizer que é um dos artigos da Lei de Murphy, claro. Outro exemplo – da mesma família – é aquele indefectível olhar da loira arrasa-quarteirão que o amigo está querendo pegar há anos, mas ela nem tchuns. Seria o céu, não fosse lançado justamente no momento em que o sujeito está acompanhado de outra, numa tentativa frustrada de esquecer a ex-esnobe.

Está bem, este último exemplo pode bem ser atribuído, não à Lei de Murphy, mas àquela fama que as mulheres têm, sabe-se lá por quê, de manifestarem repentino interesse por um rapaz antes desprezado – desde que ele esteja, agora, acompanhado por uma vagab..., digo, por outra moça qualquer. (Moça qualquer, aqui, não fazendo alusão alguma às mulheres de vida fácil – bem entendido. E, também, se fizesse, não haveria nenhum preconceito. Estou me enrolando, vamos adiante antes que piore.)

Eu vou tentar explicar esse fenômeno, humildemente, como me convém. Não é que as mulheres queiram competir entre si. E também não é que o sujeito acompanhado seja valorizado além dos outros por estar, afinal, em uso. Não sei se fui clara: “em uso”, ou seja, na ativa, e aprovado – ainda que momentaneamente – por algum órgão (sexual ou de defesa da consumidora, tanto faz neste caso).

O que acontece quando uma mulher, antes adorada e declaradamente cobiçada, e que agora encontra o canalh..., digo, o homem em questão se esfregando com outra, é simples: capricho. Mastigando (que o texto também é para homens): quando você era criança, e um carrinho lhe parecia feio e sujo, até que um outro garoto resolvesse inventar as melhores manobras justo com aquela tranqueira rejeitada. Lembra? Você então pensava: “que ambos, o meu amiguinho e o carrinho, sejam felizes para sempre!” – e ia embora assobiando? Ou rolava no barro com a gostosa, digo, com o pirralho até conseguir tomar aquela máquina possante dele, insistindo: “EU VI PRIMEIRO! É MEEEEEEU!!!”? (Responda para si).

Portanto, querido, pense trezentas vezes antes de julgar aquela moça que o menosprezava antes de você se arranjar com a vizinha porque estava mais perto. Todo mundo tem direito a um ataque infantilóide, volta e meia, não tem?

Ou vá me dizer que você não ficou animado quando eu escrevi (e grifei) “rolava no barro com a gostosa” e, desde então, não prestou mais atenção nenhuma ao que eu escrevi? Me engana, que eu gosto.

P.S.: Meninos, brincadeirinha. Adoro vocês. Hoho.