26 fevereiro 2007

Paz



Com vocês, minha filha Lara...

23 fevereiro 2007

Os 10 dias de Lara

Ela é morena e nasceu cabeluda. Faz caretas divertidíssimas, tem o bocejo mais lindo do mundo e enruga a testa quando abocanha o bico do seio para depois sugar. Dedos compriiiidos. Narizinho arrebitado, pernas longas, olhos doces amendoados.

Improvisa sorrisos que nem ela sabe e deixa todo mundo babando - imagina só quando ela souber que sabe sorrir!

Chora só quando se sente incomodada - uma cólica aqui e ali, nada de mais, logo passa. No resto do tempo mantém o rosto sereno, mesmo acordada; olha para os lados e parece refletir sobre coisas sérias como o papel da filosofia no mundo contemporâneo, a cotação do dólar, a previsão do tempo, a vida dos outros...

Ontem fomos ao pediatra, primeira vez que ela saiu de casa. Foi calada daqui até lá. Volta e meia abria bem os olhos e me mandava a seguinte mensagem subliminar:

"Estou colaborando, mas não abusa."

Durante a consulta o médico apertou a barriguinha, examinou o ouvido, a boca, o nariz, o diabo a quatro. Ela chorava, inconsolável. Mandava a seguinte mensagem subliminar:

"Estou avisando para não abusar!!!" (Agora com exclamações lacrimejantes).

Quando o doutor a levantou e testou os reflexos fazendo-a "caminhar" sobre a mesa, esgotou-se a paciência:

Lara, minha filha, fez cocô no final do percurso e batizou a bancada do médico.

E foi ótimo, porque ali mesmo ele pôde fazer a análise visual do material: "o cocô dela está muito bom, viu?".

Eu sabia, eu sabia. Mamãe abriu um sorriso amarelo e saiu toda orgulhosa. Não quero dizer nada, mas o cocô da minha filha é um sucesso.

18 fevereiro 2007

13/02/2007 - Lara nasceu!!!

Só hoje tive tempo (modo de dizer, estou correndo) de passar aqui e contar a novidade: já sou mãe. Fazíamos previsões e mais previsões, mas a verdade é que Lara chegou correndo por fora!

Ela é linda. Não sei o que dizer. É pequena e linda, linda, linda. Estou sem dormir desde terça-feira, os dias mais felizes da minha vida. Me dá um nó na garganta escrever aqui, sorry. Queria passar e contar a vocês que deu tudo certo no parto, aqui estamos todos ótimos.

Detalhes no decorrer dos períodos entre as mamadas.

Beijos maternais.

12 fevereiro 2007

Careca pós-parto


Fui cortar o cabelo (preparativos para o grande dia). A moça que me atendia tem três filhos e uma cara ótima.

- Menina, engordei 21kg na última gravidez!

Diga-se de passagem, a moça tem um corpo ótimo. Esbelta mesmo.

- Mas, quando minha filha fez três meses, eu já havia voltado ao peso inicial. Você não engordou foi nada, né?

Digo, entre constrangida e orgulhosa, que engordei pouco menos de 9kg.

- Uau! Você tem muita sorte! Vai sair da maternidade de jeans. É para poucas.

Quando eu já estava toda boba-alegre, ela veio com esta:

- Agora se prepare, vá dando adeusinho aos seus lindos cabelos. Cai tudinho. É de ficar desesperada. Assim que a neném nascer, mamãe ficará careca. Anota aí.

- Sei. Mas dizem que volta rapidinho, né?

- Onde foi que você ouviu isso? É nada!!! Demora horrores. Sua filha já vai estar bem gordinha e você ainda estará perdendo os fios pelo ralo.

- Hum.

- E a amamentação?

Cristo, ela engatou.

- Que é que tem?

- Ave Maria, quanta dor! Dói quando o peito enche, depois dói quando o bebê suga. Quando ele não suga, dói porque racha o bico. Você tem bico?

Nem respondi.

- Quem não tem bico dói mais, porque até fazer... Mas quem tem bico dói também. Quem fala que não dói é, como se diz? Romantismo! Está bom esse comprimento aqui na frente?

- Tá ótimo. Vai cair tudo mesmo.

“Rárárárá!!!”... (Ela ria, como se a doida fosse eu).

11 fevereiro 2007

Das novidades

Estou apenas um pouco mais redonda, dilatada e ansiosa. Achamos que vamos atravessar o carnaval sem parto, mas tudo são reles previsões – desde que caí na malha médica, aliás, nunca estive tão próxima dos termos do esoterismo. Que ironia!

Pode ser que sim, pode ser que não, quem sabe, talvez, é possível, provavelmente... Meu médico repete, como um mantra:

- Veja bem, a medicina ainda não é uma ciência exata!

Exatamente. E paga-se caro (em todos os sentidos) por isso.

Como a Lara ainda não tem a chave de casa, o jeito é acender uma vela e ficar acordada esperando. Aaaai, meus úteros!!!

09 fevereiro 2007

Vou dizer e é verdade, está cada vez mais difícil escrever aqui porque me dói a coluna. Minha barriga deu uma franca crescida agora, na reta final. Embora ainda seja tamanho P, já me exige da espinha mais do que o justo (sentiu meu ensaio de mãe dramática? Pobrezinha da Lara).


Ultrasom

Ontem fizemos o último ultrasom, e ela apareceu com a mão na boca. O médico frisou:

- Não está chupando o dedo, não. Está chupando a mão toda!

Realmente, Lara cerrou o punho e enfiou na boquinha o que foi possível. Vez em quando mexia o braço para ver se cabia mais um pouco. Teria puxado a teimosia da mãe?

Fiquei achando que, se não nascer logo, é capaz de comer a mão.

Mas tudo está nos conformes. Ela não apresenta sinais de sofrimento, a quantidade de líquido está ok lá dentro, placenta idem, circulação impecável. Tenho que contar: o médico disse que, se depender da circulação no cérebro dela, será um gênio!

Brincadeirinhas à parte, Deus nos livre de ter uma filha genial. Já pensou a briga eterna para decidir de quem ela puxou o privilégio? Periga dar divórcio, tô fora.


Em 14 dias serei mãe

É bobagem aconselhar mulher grávida a dormir muito: “aproveita agora, porque depois...”.

Sei. Quantas vezes já ouvi isso?, perdi as contas. Quero saber quem é que consegue dormir com a barriga habitada por um ser que desconhece se é dia ou noite, podendo praticar qualquer tipo de exercício quando lhe dá na telha. Pior: indo ao banheiro de uma em uma hora. Pior: arrastando uma contagem regressiva que tem o peso da expectativa da maternidade.

Não é mole. Depois, tem as particularidades de cada uma. Eu, por exemplo. Faz nove meses que estou grávida e ainda me esqueço completamente disso quando vou:

- me virar na cama (aaaai, o que foi que houve no meu abdômen?)
- levantar, de manhã (de repente minhas pernas ficaram fracas... Eeeeu, hein?)
- me olhar no espelho (credo, andei engordando mesmo...)
- bater perna por aí (que cansaço repentino! Preciso fazer um check up.)

Isso para não falar no modo estranho como as pessoas me olham na rua. Penso logo se estou com algum botão aberto, a blusa suja ou um colar que não combina. Só então me dou conta de que os olhares não são para mim: são para a minha superbarriga, essa ladra de atenções.

É mais ou menos como se estivesse carregando um poodle espalhafatoso pela coleira, com a diferença (grave) de que não posso emprestá-lo para outra pessoa dar uma voltinha. Vontade não me falta.

- Com licença. Você, que está aí olhando fixo para a minha barriga, será que se incomodaria de levá-la para passear um pouquinho enquanto eu...

Nem te conto o que eu ia fazer sem o poodle.

05 fevereiro 2007

Maldades de última hora


É desesperador, descobri agora que estou no nono mês de gravidez e ainda não cometi maldades o suficiente para abusar do direito. Grávidas podem tudo! Isso deve significar que entramos no caixa preferencial do perdão, ou seja, temos créditos para pisar na bola à vontade e não dar em nada. Passe livre, meus amores. Lá vou eu, pulando a roleta.

***
Gente muito feia devia ser proibida de fazer careta. Não é por mal, não. É que gera uma expectativa (no outro) difícil de ser atendida. Quando se desfaz a careta, o quadro seguinte é tão quanto ou pior, se é que me entendem. Quem olha fica meio sem chão, judiaria.

***
O mesmo ocorre com o burro que diz tolices “de propósito”. Ora, se o idiota é mesmo naturalmente freguês da imbecilidade – todos são -, não fica bem sair dizendo asneira por esporte, sob pena de confundir o interlocutor.

Será que agora ele está dizendo isso porque pensa isso mesmo ou é para fazer graça?

E, pior ainda, fica-se esperando que o coitado vá se redimir logo adiante, pelo amor de Cristo, dizendo alguma coisa melhorzinha. Só que, a exemplo da pessoa feia desfazendo a careta, também o burro não sairá com frase alguma meramente compatível com a inteligência média. Aí, o azarado que topou a conversa pode até se arrepender, mas será tarde demais.

Geralmente, o burro metido a engraçado não sabe ser breve – e, por ser burro legítimo e militante, jamais aprenderá.

***
Ainda sobre o burro. Toda pessoa curta de pensamento, ao contrário do ladrão, retorna freqüentemente ao local do crime, por motivos óbvios: conhece três ou quatro caminhos, todos infrutíferos, mas julga saber tirar leite de pedra.

Funciona assim: o burro diz uma sandice (crime), e o povo gentilmente disfarça, mas o desgraçado não sabe silenciar e aproveitar a boa oportunidade. Dá voltas e depois cai em redundância, fazendo ecoar sua bobagem pelo resto do dia ou da noite como um refrão desafinado.

Pior, freqüentemente se envaidece do dito e nem sequer disfarça a autoria.

***
O que fazem alguns homens com seus corpos é algo digno de intervenção judicial. Dizem que são as mulheres as maiores vítimas da obsessão pela estética, mas há homens que malham exageradamente e saem por aí inflados - braçudos, pernudos, peitudos e até bochechudos -, dando impressão de que basta um espetar de guarda-chuva no pescoço deles e se ouvirá um “PUFFFFF!!!!” (esvaziamento instantâneo capaz de nos levar à calvície só pela ventania).

Não dá, francamente. Esses meninos (de 15 a 65 anos) estão perdendo um pouco a noção do ridículo. Outro dia eu vi um moço no shopping que andava feito João-Bobo, pendendo para um lado e outro, pois o rapaz tinha os braços em meia-lua em relação ao corpo e formava uma bolota ambulante que dava gosto...

Gosto por fugir dali o quanto antes (não sabia quando ia tropeçar e sair quicando, daí a atropelar os outros é um pulo e um prejuízo).

***
Para não falar naquela coisa da orelha, valha-me Deus.

***
Bom, por hoje chega de maldades. Vou ali me sentar numa nuvem e tocar harpa, amanhã vai ver que volto absolvida e restaurada.

04 fevereiro 2007

Dedinhos

Mais uma consulta com o obstetra. O tal exame de toque é algo a que já estou acostumada desde o início da gravidez, ora pois, coisinha de rotina e sem importância. De mais a mais, ele sempre vem com o mesmo texto:

- O colo (do útero) está loooongo e fechado, tudo certinho por aqui. Pode se vestir.

Só que, dessa vez, veio com novidades.

- É, mamãe. Já temos um dedinho de dilatação.

Temos – quanta gentileza. Dedinho! – quanta delicadeza.

- DILATAÇÃO??? – quis saber a supermãe dilatada.

- Sim, mas não se assuste. Pode não significar muita coisa. Tem mulher que passa semanas com esse dedinho e nada.

Ou seja, a natureza é mesmo um troço estranho que vem cheio de dedinhos – e, quando menos se espera, ataca de punho cheio. Ou não, vá saber.


38 semanas

Tecnicamente, faltam apenas duas semanas para a Lara nascer. Mas continuamos mantendo a previsão para o dia 22, por conta de um cálculo baseado no ultrasom (detalhes que não vêm ao caso).

Ou a qualquer momento, em edição extraordinária.