04 julho 2003

Mãe.com X Mãe.sem


Minha mãe está sem computador. E eu fico aqui, esperando e-mails, como uma boba. Já me acostumei a ser uma e-filha, desde o tempo em que minha mãe tornou-se também uma e-mãe. Agora, isso.

Morar longe da família é uma merda, sim. Mas, filha que tem relação cem por cento com a mãe, é pior ainda. Eu poderia dizer que me vi livre do policiamento dela, aos 20 anos, quando saí de casa. Mas não havia policiamento algum.

Poderia dizer que me vi livre dos sermões, mas também não havia falatório, não havia chatice, não havia controle excessivo. Fui uma adolescente (quase) rebelde sem causa, e agora fico louquinha da vida, aqui, querendo saber como é que está o cabelo dela, se tem comido as frutas que meu pai compra, se tem rido bem alto, se está soltando os ombros, relaxando, meditando, dançando, levando a vida como ela merece.

Está certo, confesso que o que mais me tira o sono é a questão do cabelo. Questão de visualização. Como é que a gente vai deitar e rezar por alguém sem saber como está o cabelo da pessoa?