20 julho 2002

Ah, se me permitem, hoje eu estou para conversa. Vim aqui ter com vocês, de novo. (Hein? Gostaram do "ter com vocês"?). Contudo, sugiro que passem direto para o post abaixo, que desse aqui não vai sair nada de interessante. Tenho certeza.

Estou ficando velha. Saí de casa na quinta à noite, e também na sexta. Hoje, sábado à noite, não arredo o pé daqui nem por um decreto. Deus me livre do sereno, do barulho e do cheiro de fumaça. E das minhas botas de salto, claro.

Uns cinco anos atrás, a essa hora, eu já estaria cantando "com que roupa eu vou?", toda saltitante, louca para perambular por aí até o sol raiar. E ainda achava pouco. Cruzes!, quanta disposição se tem aos dezoito ou vinte anos. (Tudo bem, estou só com 24 - mas, para quem vive DA noite, cada ano vale por dez). Ou vocês acham que eu estou pintando os meus cabelos só porque gosto de variar a cor??

Sabem de uma coisa? Eu acho que descobri de onde vem a arte. Prepara, que lá vem filosofia de amador. Já disse, o post abaixo é bem mais interessante. Mas vocês insistiram...

A arte vem do amor. E brega é a senhora sua mãe. Claro que não estou falando do amor romântico - muito embora, no caso do Wando... ops!, chega de falar do Wando.

Noite dessas, sem muito o que fazer, fui me deitar e me pus a pensar no fofo do meu irmão. (Desculpe, Mano!) Pensei bem forte, que eu tenho os miolos malhados, eles agüentam bastante pensamento. Quando percebi, estava vendo coisas: via meu irmão em casa, na rua, no palco (onde eu sempre o vejo do melhor ângulo, desculpem-me...), e no aeroporto. No saguão, a me esperar. Quando saí para o saguão, com o meu carrinho de bagagens, abracei o moço e segurei o pensamento no abraço.

Pronto. Imediatamente, como num passe de mágica, começou a chuva. Palavras, frases inteiras, versos, melodias, harmonias, uma linha de contrabaixo, um soprinho de metal ao fundo, uma batucada, umas imagens coloridas, uma floresta, uma fogueira, a lua - tudo veio, subitamente, chover nas minhas idéias. Eu que me virasse com aquele caos; que decidisse quem é texto, quem é som, quem vai, quem fica, quem faz parzinho com quem, quem é joio e quem é trigo.

Todo caos pede uma nova ordem. O turbilhão de "idéias" que saltaram do abraço no saguão do aeroporto diretamente para a minha cachola é a matéria-prima caótica da arte. Haja texto, haja melodia, haja rima e haja poesia para colocar de volta, no mundo, o que já é do mundo e ninguém tasca.

É por isso que arte é transformação, qualquer que seja a via de expressão. Há muita coisa em jogo, uma canção não é só uma canção. Vocês percebem isso, ou concordam?

A senha tem quatro letras: A M O R. Pode ser amor por um irmão, um momento, uma causa, uma árvore - qualquer coisa. Mas tem de ser verdadeiro. Aí, a passagem é livre.

É claro que não estou dizendo novidade nenhuma. "Só o amor constrói". Acontece que estou, aqui, organizando um pouco da confusão em que me meti por ter nascido mulher e louca na mesma vida. Acho que, na euforia de encarnar, marquei com "X" as duas opções ao mesmo tempo. Deu no que deu.

É muita coisa, acreditem.

Ok, o post ficou até bacana. Tchau.





ANTES QUE EU ME ESQUEÇA

A banda Vide Bula - www.bandavidebula.cjb.net - sobe ao palco da São Leopoldo Fest, no Ginásio Municipal de São Leopoldo, às 20:30h de amanhã, domingo, dia 21.
Esta baixista que vos escreve vai fazer uma participação, não tocando baixo, mas dividindo um vocal com o Volnei Cavalheiro.
Conferi um ensaio, e prometo que vai ser um show DAQUELES. Apareçam!!

FALANDO NISSO...

Existe uma banda chamada Jack Brown, aqui de São Leopoldo, que toca no bar do André todas as quintas-feiras. Como eu não tenho mais nenhuma quinta-feira pela frente aqui no RS, deixo a dica para os que ficam: quase chorei de saudade ao ouvir covers bem executados de TNT, Garotos da Rua, Kleiton & Kledir - e gauchada a quatro. Show de bola.

E CHEGA DE MÚSICA!

Para mim, existem dois tipos de homem: os que vêm conversar comigo sobre música, e os que vêm conversar comigo sobre música e depois MUDAM DE ASSUNTO. Confesso que prefiro o segundo tipo. Rock'n roll é legal, mas não põe a mesa.

SHOUT OUT!

Gostaria de agradecer publicamente aos oito - até agora - SHOUT OUTS que recebi em resposta ao texto manhoso e carente do dia 18.
Vocês são uns amores, e entendem a TPM como ninguém.

A VOLTA - parte I

Ontem eu compus duas músicas, depois de quase seis meses de seca. Sorry... I'm back!

A VOLTA - parte II

Espero que o Cristo Redentor ainda esteja de braços abertos, que eu vou jogar um abraço pra ele, lá de cima, antes do pouso. E pedir algumas coisinhas...

Espero que o meu apartamento esteja em boas condições de higiene - que não haja cabelos no ralo do boxe, que não haja mais barba na pia branca do que no rosto do Lula, que a chaleira esteja brilhando, que não haja restos de comida do tempo em que eu viajei na geladeira, que a ardósia da varanda (sacada, como queiram) não tenha virado um terreno aterrado, que as almofadas estejam respeitando as suas cores originais, que não se tropece em nenhum cabo de luz ou som ou vídeo, que não se quebre o pé num amplificador pesado que esteja no meio da sala, que não haja teias de aranha e mofo no meu quarto, que meu colchão cheire muito bem, em nome do Pai, do Filho, do Espírito-Santo, amém.

Beijos!