15 maio 2006

Dia das mães

Ninguém tinha tempo de sair para comprar um presentinho para ela. Que vergonha. Meu pai se prontificou.

- Eu vou. Compro um presente em nome dos filhos.

Oba! Ele compra - em nome dos filhos, dos espíritos santos, amém. E foi na quinta-feira anterior ao domingo em questão. Mas ela foi junto. (A mãe em questão).

- Não tem graça ela ir junto! – protestamos.
- Claro que tem. Xá comigo. Ponho ela sentadinha numa praça de alimentação e vou às compras. Tem erro, não. Xá comigo.

Na volta, ela me ligou:

- Acabo de chegar do shopping. Ganhei de vocês um perfume ma-ra-vi-lho-so!
- Pô, mãe! Sacanagem! Era para ser surpresa!
- Ah, minha filha, não resisti. Fui lá e escolhi junto. Perfume é tão pessoal, né? Experimentei uns cinco, e escolhi o melhor de todos.
- E qual foi o eleito?
- Sabe que eu não sei? Esqueci.

Provou tantos que esqueceu o escolhido. Mandou embrulhar para presente, e saiu da loja balançando a sacolinha do perfume cuja marca não lembrava mais.

“Só vou abrir no domingo.”

Domingo ela abriu o pacotinho e se perfumou toda. Cheguei para o almoço e comentei que o cheiro era maravilhoso. E, de fato, era.

Até agora não sei o nome do perfume que meu pai comprou em nome dos filhos, ela própria escolheu, mandou embrulhar, esperou até domingo, abriu e ganhou de surpresa.

Não é verdade que só muda o endereço. A minha é modelo exclusivo.