31 agosto 2006

Piadinha maldosa

Bastou um brasileiro ir ao espaço, já sumiu um planeta. Dizem que a preocupação, agora, é com os anéis de Saturno...


Bem treinado

Essa não é piada. Liguei para a farmácia.

- Tem carvão vegetal?
Silêncio do outro lado. E o rapaz desembucha:
- Isso é para fazer churrasco, dona?

É, sim. Vou tacar fogo num comprimido e assar carne para o condomínio todo. Faz favor...

29 agosto 2006

Chuva torrencial

Acordei com o barulho da chuva, mas que chuva! Abri a janela do quarto e fiquei olhando para ela, com cara de pasma. As árvores se curvam, e as nuvens viajam rapidamente.

Não sei por que a pressa. É tão bonito assim.


Vai dar tudo certo

Dei bom dia à minha barriga, digo, ao meu filho ou filha: “bom dia, filhote-ota. Güenta firme aí, que a mamãe aqui está tratando das suas coisinhas. Vai dar tudo certo, viu?”.

Gosto de dizer que vai dar tudo certo. Foi a primeira “frase de mãe” que me veio à cabeça, então adotei como refrão pré-natal. Não era bem a minha praia – sempre muito desconfiada, ponho vírgula até em ditado consagrado, afinal, pode ser que sim, pode ser que não, talvez, quem sabe, quem foi que disse? Mas uma barriga crescendo, além de engordar, também nos vai inchando de alguma estranha confiança. Deve ser coisa dos hormônios, hoje em dia tudo são hormônios...

E Deus é justo: veja que até mesmo a celulite é capaz de apresentar uma contrapartida.

28 agosto 2006

Mais para baixo

Aqui em frente à janela do meu quarto (primeiro andar, lembrem-se) estão alguns rapazes, munidos de marretas, a abrir buracos no solo desde manhã cedinho até o cair da tarde.

(Uma mulher grávida sente muito sono. A tarde tem caído meio de lado ultimamente).

Mais adiante há outros buracos, e outros rapazes, e outras marretas, e muita sinalização em volta – de modo que não se enxerga nada do que há no meio, porque é muito bem cercado. Mas intui-se, pelo áudio. Uma pena que não tenham inventado cercas que isolem o barulho. Isso, sim, levaria meu voto.

Hoje cheguei em casa e perguntei ao meu sempre atento irmão:

- Isso aí é para fazer um bom esgoto?

Ele deu uma espiada e estalou o beiço, cético.

- Duvido. Deve ser apenas para empurrar as merdas mais para baixo.

Empurrar as merdas mais para baixo. Tá parecendo, Deus me perdoe, uma metáfora política do que nos aguarda em outubro – e em 2007, naturalmente.


Mais para cima

Essa minha empolgação alimentícia, superada a fase dos enjôos da gravidez, resultou em histórica disparada no ponteiro da balança rumo a caminhos pouco desejáveis, sobretudo porque ainda estou no (final do) quarto mês de gestação. A criança que me habita o ventre pesa algo em torno de 25gr., e provavelmente é ainda menor que um Playmobil, ou seja, não justifica um aumento do volume interno – vamos dizer assim – do modo como se apresentou, implacável, diante dos olhos do (ai) obstetra.

- É. Vamos controlando isto.

“Isto”, no caso, sou eu. Aliás, nós.

22 agosto 2006

Alimentos

Fomos viajar para a fazenda de uns amigos no interior de Minas. Broa de milho, pão de queijo, café com leite, silêncio e pássaros. Demos um pulinho em Tiradentes (gracinha), comi pato com molho de manga e cuscuz marroquino - não sei dizer se foi bem isso, mas a ave eu garanto.

Comi de um tudo. Até paçoca.

Com o fim dos enjôos, tenho me empolgado um pouco nas questões alimentícias. Outro dia, levantei de uma soneca à tardinha e me comportei assim: mandei ver um punhado de batata chips, cookie de café integral e uma fatia de pudim de leite. Pode?

Mas li no blog de uma (outra) grávida que ela teria comido um pudim in-tei-ro sozinha, então estou relativamente tranqüila. Por enquanto, estou fracionando os absurdos.


Bônus

Dia desses, juro que não tenho feito isso, mas cometi alguma indelicadeza da ordem das... indelicadezas, mesmo.

- Vai brigar comigo? – me arrependi no ato.
- (Bufada clássica). E eu vou brigar com mulher grávida??

Me senti na categoria Advanced Plus Exclusive Ultra Gold Premium. Mas é bom que tome logo jeito, porque essa mamata vence no próximo carnaval.
Provérbio

"Quem não sabe dançar vive reclamando que o chão é torto".

A-do-rei isso. Volto mais tarde para outro post, beijos.

17 agosto 2006

Tácio Oliveira

Dedico este post ao Tácio, um rapaz inteligente e extremamente divertido que me lia na revista Época e agora me achou no blog - leiam, no post anterior (abaixo), o comentário dele e comprovem o que estou dizendo. Vai longe!

Segundo o bem humorado Tácio, seu objetivo sempre fora "tirar o lugar da Bíbi". Queria, de todo jeito, fazer tudo que eu faço - porém, claro, muito melhor.

Quando achou meu nome no Google, ficou feliz e decepcionado ao mesmo tempo. Feliz porque me achou. Decepcionado porque, ao digitar seu próprio nome lá, não encontrou nadica. Pois bem, Tácio, ao menos um problema eu resolvi para você: meu blog vai aparecer no Google para quem digitar Tácio Oliveira! Repito: Tácio Oliveira! Tácio Oliveira!

Mas o maior problema do mundo eu criei (juro, foi sem querer!) para o Tácio, aquele que quer tirar meu lugar em tudo... diacho, engravidei. Como diz ele, Bíbi vai ser mãe. E agora?

Tácio, que está até fazendo aulas de canto para me superar, tem um desafio biológico injusto pela frente. E, pelo que entendi em seu comentário, já entregou os pontos. Rendeu-se.

Compreensível, amigo Tácio. Mas, se serve de consolo, não fiz o que fiz sozinha. Para ser sincera, contei com parceria irreparável.

Portanto, não se exija tanto. Vamos combinar que, para fins de competição, valem só as obras de carreira solo. E muito boa sorte.

13 agosto 2006

De bandeja

Vi uma mulher tão grávida, mas tão grávida, que a parte de cima da barriga dela era quase uma bandeja – dava para servir o café da manhã ali, com conforto, e até um vasinho de flores caberia na borda como enfeite. Ela ia atravessando a rua, correta, pela faixa de pedestres. Fico pensando em quando eu estiver assim, “quase tendo”. Deus me ajude, estabanada como sou, a calcular minhas dimensões de modo a não sair atropelando criancinhas e/ou idosos com a minha bandeja implacável.

P.S. Não era daquelas bandejinhas de avião, não... Primeira classe!

Roupas

Fui às compras. Confesso, vai: encarar os espelhos frios dos provadores das lojas não foi exatamente uma alegria. Tudo em mim está arredondando, lenta e consistentemente. Estou naquela fase em que ainda não pareço grávida, mas já não pareço uma mulher em forma. As pessoas em volta (que sabem do meu estado) percebem, mas não sabem direito em que tom comentar. Eu também não sei em que tom ouvir. Às vezes, ouço em tom maior (com alegria); outras vezes, rola um blues em ré menor. Esses hormônios formam uma banda de baile: tocam mesmo de tudo.


Ultra

Futilidades à parte, o melhor lado segue sendo o de dentro. Gravamos o ultrasom em VHS e trouxemos o primeiro filme do nosso filho para casa. A sensação é indescritível. Tenho vontade de gritar que é um astro, uma estrela, que o rostinho é lindo, que o formato da cabeça é único, que as perninhas são de arrasar, que os olhos doces sairão aos do pai, que as orelhas são iguais às minhas, miúdas, que o pezinho, que os dedinhos, que... Está certo, por enquanto é um precário chuvisco em preto e branco boiando em partes minhas com as quais não tenho a menor intimidade, mas vá lá, nota-se que é um bebê.

Mesmo assim, já é ultrafantástico.


Paparico


Se continuarem me paparicando desse jeito nos próximos seis meses, vou virar uma criatura insuportável. Não levante, deixe que eu faça, deixe que eu pegue, quantas colheres? Quer que esquente mais um pouco? Te busco em casa, o sol está muito quente, te levo ao salão, precisa de algo do supermercado? Tem frutas em casa?

Quando saio sozinha, faço questão de carregar algumas sacolas. Só para me lembrar de não ficar tão besta.

03 agosto 2006

12 semanas

Estou no final do terceiro mês. Meu médico liberou o Pilates, ando eufórica para voltar. Entre as professoras, soube que rolou o seguinte comentário: oba, teremos uma mascote! Euzinha, no caso.


Não se manifesta

Dizem os sites especializados que, a essa altura, meu filhote (ou minha filhota) já dá saltos e cambalhotas lá dentro do útero – aventuras que, infelizmente, ainda não posso sentir. Outro dia eu me confessei preocupada:

- Estou ansiosa pela próxima ultra, ver como nosso filho está. Sei lá, rola sempre uma preocupação, afinal, ele não se manifesta...

E ele, ostentando know how:

- Você vai sentir saudades dessa época!

Hoho.


Instável

Estou começando a aprender, a duras penas, a ficar calma diante do inesperado. Para quem gosta de tudo sempre muito combinado, na ponta do lápis e sob controle, não poder prever como o corpo vai se comportar no dia seguinte – pior, nas próximas horas! - é um belo exercício de paciência.

Sabe aquela comidinha que caiu tão bem? Daqui a 40 minutos, sem avisar, parece pesar como uma laje. Já parei de procurar a azeitona da empadinha, porque o negócio é tão maluco que, às vezes, aquilo que me faz mal hoje deixa de fazer amanhã. E vice-versa. Sem motivo algum.

O negócio é relaxar e seguir as dicas do médico, o resto é loteria. Tenho sido bastante razoável, isso ajuda.


Celestial exceção

Mas, outro dia, vi numa vitrine um pedaço de bolo de laranja com calda de açúcar que tinha mais ou menos o tamanho do meu monitor. Namorido prevê o desastre e me oferece ajuda:

- Se você quiser dividir...

- Já estou dividindo!!! – Arregalei os olhos e mandei ver; derrubei o tijolo num só fôlego, sobrou nem farelo.

Pedimos a conta e fomos embora logo, eu ainda lambendo os cheiros daquele bolo que, inexplicavelmente, tinha gosto de... céu (?!). Ele, meio admirado, decerto torcia para que não me desse um treco.

Treco não me deu, mas a sensação, 20 minutos depois, era de ter tomado um porre de céu – e, claro, fui parar direto no inferno. Doía meu estômago, ardiam minhas nuvens, ai, meus sóis, céus, nunca mais! NUN-CA-MAIS!

Aliás, nunca mais eu iria comer nada. Plano modesto para quem recém devorara o firmamento. Meia horinha mais tarde, no entanto, me deu uma vontade de comer pizza de tomate seco com manjericão...

Pisei no chão, fui de pão light e frutas.