26 setembro 2008

Meu vizinho de baixo

Vocês sabem, eu tive uma banda e tocava baixo elétrico. Minha banda durou uns 12 ou 13 anos (meu Deus!), e estou pagando esse tempo com juros e correção monetária auditiva: meu vizinho do apartamento de baixo, isso mesmo, tem uma banda e toca baixo.

Todo santo dia, eu tento trabalhar aqui e ele tenta repetir lá, zilhares de vezes, a mesma frase em seu baixo elétrico: dum-dum-dum, ponto e vírgula, dum-dum-dum outra vez. Ai, minhas exclamações! Quando estou a ponto de desistir, ele também desiste. E o ar que entra pela janela indica que ele está a fumar umas coisas.

Mas eu não estou a fumar nada, e assim seguimos com a nossa impressionante afinidade químico-musical que algum dia, já posso prever, nos levará a parceria nenhuma.

Para não dizer que não vejo as coisas com imparcialidade, ainda ontem, os dois diante do espelho do elevador, descobri um talento em comum: ele disciplinava uns fios de cabelo arrepiados, e eu investigava a ameaça de rugas. Ambos, convicta e inutilmente.

19 setembro 2008

Quando quis comprar botas novas no inverno passado, quando sofri com determinada infecção e quis ler a bula de algum remédio, quando pensei em melhorar a saúde com geléia real, quando imaginei um presente para minha mãe, quando senti desejo de comer bolo de quinoa, quando pretendi saber os benefícios da quinoa, quando procurei sobre a história de Cervantes.

Quanto tive preguiça de abrir a gramática para consultá-la, quando não quis me levantar para pegar um livro que estava a dois palmos de distância, quando ponderei se alguma idéia era mesmo Freud, quando...

Quando foi que imaginamos que os nossos mais variados verbos passados estariam armazenados num “histórico” de buscas do Google???

PS: E também quando procurei saber se o correto era “quinua” ou “quinoa” para escrever aqui. Aceita-se os dois.