23 fevereiro 2009

Gênio oriental

Outro dia eu tive uma insônia horrorosa que contraria o senso comum; em vez de pensamentos horripilantes e preocupações com direito a previsão de desgraças na família, tive uma ideia genial atrás da outra. Incríveis as minhas ideias. Começaram às duas da manhã e se empilharam pela madrugada adentro, derrubando qualquer chance de um cochilo sequer. Vi nascer o sol no dia mais genial da minha vida.

Tomei o café da manhã, ainda insone, e já meio perturbada com tanta produtividade. E a minha memória ia dando sinais de cansaço – esqueci metade das ideias geniais, mas pensei: que mal há nisso? A fartura é tanta, me viro muito bem com 30% dessa enxurrada criativa. Escrevo dois livros, um filme e uma peça de teatro, e ainda sobra para compor um refrão, vá lá, de boa linha melódica. Um refrão razoável, está bem.

Antes das 8h, contudo, eu já estava zonza e burra outra vez, com agravante: olheiras de urso panda. Faço força, mas não lembro nem meia ideia genial. Saio na rua tipo um zumbi, encho a cara de coca-cola e não me conformo com a estupidez: há um gênio em mim, mas ele dorme em pleno horário de expediente.

Deve ser um gênio oriental, vem me visitar e não liga para o fuso. Grandes coisas.

A outra possibilidade é que, na tontura da insônia, eu tenha ficado generosa comigo mesma e as minhas “ideais geniais”, vistas à luz do dia, sejam mera bobice. Sendo assim, melhor que fiquem no escuro mesmo, ou ainda vão me dar mais trabalho do que já estão dando agora.

Que a burrice nos rouba tempo, é verdade, mas a "genialidade" (entre aspas) é capaz de nos tomar dinheiro grande.