27 janeiro 2007

Quase

- Agora estamos na reta final!

O obstetra me olhava arregalado como quem espera qualquer reação. E eu, péssima em providenciar reações – bem como outros embrulhos para presente -, apenas empacotei o susto da iminência do parto numa vogal redonda como a minha barriga:

- Ô!

Estou com 37 semanas completas. Para os leigos: faltam só três. Como a Lara está ótima e não demonstra sinais de incômodo com o seu (meu? já não sei mais) habitat, diz o bom senso que ela deve nos brindar com o primeiro choro só lá pelo dia 22.02, quinta-feira após o carnaval. Veremos.

Se estou assustada? Imagina. Preocupada? Tampouco. Dizem que estou até com cara de mãe. Sorrio muito, no fundo me agrada. E só.

Mentira, de madrugada eu entro em pânico.


Gula

Outra observação do obstetra (aliás, você sabia que o termo obstetra vem de observar?): engordei só o mínimo. Elogios mil. Mas subi na balança e tinha engordado, só em janeiro, 1.8kg.

- Ainda assim é pouco, no geral, porque você pesava pouco para a sua altura antes de engravidar.

Deus sabe como isso entra doce nos ouvidos de uma mulher. E emendou, como um papo-de-anjo:

- Agora você até poderia comer um pouco mais!

Pra quê? Saí de lá cheia de desejos. Só ontem comi pastel de queijo e camarão, depois salmão marinado e baguete quentinha com manteiga. Sobremesa explosiva: bomba de chocolate!

Trouxemos para casa um farto naco de patê de pato com laranja (minha perdição) e outros pãezinhos. Mas isso vou deixar para beliscar quando a consciência parar de me cutucar as culpas.


São tantas contrações (como diria o Rei)

A partir de agora, as consultas serão semanais até a Lara nascer. Folgo em saber. De vez em quando tenho contrações, ainda que leves e curtas, e sinto uma dorzinha na parte baixa do útero. O médico disse que é normalíssimo - o corpo está esquentando os tamborins para o grande dia. Huuum.

Mas a gente, que é grávida de primeira viagem, nunca sabe quando é que a princesa vai inventar de abrir alas, né? Fico nervosa se tenho três ou quatro contrações. Aliso a barriga, bufo, bufo e converso com ela.

- Filhota, assusta não... Estamos só aquecendo os tamborins, viu?

A barriga endurece ainda mais, mudo de posição e bufo outra vez.

- Querida, queridinha, a mamãe está calma, ok? A mamãe está absolutamente calma, pode ficar tranqüila também. Ninguém com pressa aqui. Temos todo o tempo do mundo.

Sinto a pele esticar numa espécie de Pão de Açúcar abdominal.

- Epa, segura esse bondinho aê!! Dá para acalmar, dá? Já falei uma vez, já falei duas vezes. Era para aquecer os tam-bo-rins! Tam-bo-rins!

E termino com a frase típica do desabafo maternal:

“Avemaria, não sei o que teu pai tinha na cabeça quando inventou de te comprar essa tuba!!!!!!!!”

22 janeiro 2007

Tudo muito lindo com a tal convergência das mídias, está bem, mas haja saco (analógico) para tanta tralha digital! É só comigo, ou acontece com todo mundo?

Outro dia fomos fazer uma compra no shopping – numa loja de verdade, palpável, física, até robusta. Questionamos o preço da mercadoria; o mesmo produto, no site da própria loja, estava mais barato! O vendedor admitiu:

- É verdade. Perdemos muitas vendas para o site.

!!!

O fenômeno é explicável pela ausência, na loja virtual, de despesas próprias do mundo físico. Mesmo assim, acho esquisito.

Para não falar na confusão dos sites das empresas multifuncionais (vamos dizer assim). Telefonia móvel que também vende linha fixa, internet por banda larga, jogos, músicas, horóscopo, notícias, e, procurando bem, dá até um descontinho nos sutiãs para amamentação.

Você digita www-ponto-o-nome-da-loja-ponto-com, jurando que vai encontrar simplesmente a informação que procura, e ponto. Acaba saindo cheio de vírgulas ponto sem.

Saquinho, né?

11 janeiro 2007

Curso de bebê


Fomos ao tal curso para casais grávidos (é assim mesmo que chamam). Fiquem calmos, ainda não afoguei a boneca na banheira porque o capítulo do banho é só no próximo sábado. Ando ansiosa.

No geral, foi ótimo. Aprendi coisas fantásticas sobre parto, amamentação e cuidados com o bebê. Mil exemplos, mas aqui vai um ponto alto: se o bebê chorar – e vai chorar -, não se deve começar oferecendo o peito (que se chama “mama” nos ambientes respeitáveis, fui aprender agora, antes tarde do que nunca).

Se o pequeno chorão der com a mama diante da sua boca, irá sugá-la por puro instinto. Mesmo sem estar com fome. A confusão estará instalada: desregula-se o ritmo da mamada e, depois, para arrumar tudo de novo, vai ser um parto (ops!).

Então eles sugerem uma seqüência de checagem do choro. Cocô? Xixi? Calor? Frio? Cólica? Dor de ouvido? Etc. Já me esqueci da ordem correta, mas trouxe a apostila em CD ROM e vou estudar direitinho em casa. Assim, na hora do nervosismo-pega-pra-capar, estarei totalmente apta a esquecer tudo de novo e gritar bem alto, chamando pelo pai dela – que virá correndo me atender e começará a checar, agora em mim: cocô, xixi, calor, frio... E é capaz de encontrar tudo isso, no desespero a gente nunca sabe.

Se nenhuma das alternativas anteriores e malcheirosas for a correta, o pimpolho faz cara feia é de fome mesmo. Aí, segundo consta, é só com a mãe e sua mama (não me refiro a avó, mas ao peito, com todo o respeito). Parece simples.

Além disso, para verificar incômodos como dor de ouvido ou cólica, a medida não poderia ser mais elementar: aperte o ouvido. Se piorar, era dor de ouvido. Ora, isso eu sei fazer!

Na hora da cólica, o médico/professor veio desafiando os alunos: alguém sabe como se faz para ver se é cólica?

Bom, eu não quis dizer a verdade. Que minha filha e eu já desenvolvemos um fino sistema de placas, cada qual com letras coloridas e desenhos da Minnie, em que ela levantará o cartaz “CÓLICA” se estiver com cólica, assim por diante. Não tive coragem de confessar. E, como o método usado pelo médico - lançar perguntas desafiadoras e ficar esperando hooooras até que um tímido se manifestasse – já estava cansando a nossa beleza, resolvi fazer uma graça.

- Aperta o bebê!... Estica! (E sorri amarelo, estimulando outras risadinhas tímidas dos colegas).

Me dei mal: quis fazer piada, mas acertei sem saber. Era isso mesmo. Pressionando um pouco a barriguinha – se o choro piorar, é cólica – ou espichando as duas perninhas do baby, resolve-se a parada. Isso porque tendência dele é ficar encolhidinho quando sente esse tipo de dor.

Resumindo: se o bebê chorar, é melhor – para ele - que esteja bem sujo de cocô ou urina. Caso contrário, é tarefa da mãe sair judiando da criança (beliscando, apertando, puxando, esticando) até que alguma dessas ações produza o efeito esperado: piorar o choro. Aí, conclui-se o motivo e liga-se para o pediatra:

- Doutor, socorro! Não sei o que deu nessa criança! Está chorando e agora berra cada vez mais alto, parece até que alguém apertou o bichinho...

Hoho.

03 janeiro 2007

2006... 2007!


Meu irmão, no final da tarde de 31/12, veio com um plano sobre a virada:

- Tô com a maior preguiça. Vamos deixar para amanhã?

***

Lara, por outro lado, esteve agitada. Minha barriga faz ondinhas. Ela saracoteia como se estivesse sob lençóis – e a parentada boba, olhando (mamãe aqui, então...). Não preguei o olho a noite toda. Ansiedade pura.

***

Hoje é dia 03 e ainda não parou de chover. Preciso resolver coisas – buscar a calça que mandei reformar, comprar fita adesiva, manicure; isso fora as caminhadas diárias que, se interrompo, me sinto uma criminosa da pior espécie. Podendo fazer nada disso, encaixoto minhas dúvidas e dívidas, dentro de casa mesmo, e jogo fora o que já era para ter ido há muito tempo.

Muita mudança. Como diria o rei: são tantas contrações...

***

Esconde-esconde

Outro dia, na depilação, a mulher começou o serviço e não se tocou que eu estou grávida. Tudo bem que a minha barriga é tamanho P, mas, francamente.

Pior foi que eu não me dei conta de que ela não havia se dado conta. E fui fazer uma brincadeirinha (sou ótima em querer espantar o silêncio constrangedor com brincadeirinhas tipo Chandler, do Friends, que finalizo com um sorriso amarelo e quase pedindo perdão pelo ocorrido – minhas piadinhas infames, sou conhecida por elas).

Então, esperei justamente a mulher se virar de costas para mexer com a cera e saí com esta:

- Caaaalma, minha filha... (esfreguei a barriga, mas ela não viu, óbvio: estava de costas).

Num segundo percebi: a moça achou que eu me dirigia a ela. “Calma, minha filha!”, como quem diz “pega leve aê, sua depiladora abrutalhada!”. E reagiu:

- HEIN??

E eu:

- Estou falando com a minha filha!

E ela (decerto pensando: mulher maluca, acha que trouxe a filha, mas deve ter esquecido dentro do carro, porque aqui não tem criança nenhuma):

- Falando com quem???

- Aqui, ó. Dentro da minha barriga (sorriso amarelo-ovo).

- Ah! Você está grávida?

Não, minha filha é que tem o hábito de brincar de esconde-esconde quando a mãe começa a pagar mico!

***

Gogó aceita

No horóscopo só dá que eu vou ficar rica, ficar rica, ficar rica. E nada.

Hoje veio uma dica: “aceite colaborações”.

Finalmente, uma luz! Primeiro passo: comprar um chapéu. Que o violão e o gogó eu já tenho. Hoho.