09 fevereiro 2003

Buenas!

Tudo ok com vocês, minhas poucas e boas (leitoras)? Aqui, tudo azul. Literalmente; céu e mar. É pena que...
O RECREIO NÃO É MAIS O MESMO

O Recreio dos Bandeirantes é uma praia que fica ao lado da Barra da Tijuca – em direção ao lado mais longe. Para quem não conhece o Rio, funciona mais ou menos assim: a Barra é um bairro grande, que fica “muito longe” – como dizem todos que moram, ou perto do Centro da Cidade, ou perto da Zona Sul (Copacabana, Ipanema, Lebon...).

Mas o “muito longe” é relativo, claro. Quando morei em Ipanema, por exemplo, demorava meia hora para atravessar três quadras de carro até chegar em casa. Isso, para mim, era muito “longe”. Dava vontade de descer do carro e ir a pé. Tudo é lento na Zona Sul.

O Recreio, onde moro hoje, é realmente muito longe do Centro da cidade. Dependendo do trânsito, pode-se levar uma hora ou mais. O caso é que, aqui no Rio, o “Centro” não é como na maioria das cidades brasileiras – um bairro onde se precisa ir quase que diariamente, para se fazer qualquer coisa importante.

Nem me lembro da última vez em que fui ao Centro (graças a Deus, porque aquilo ninguém merece). “O Rio é uma cidade de cidades misturadas”; desse modo, os bairros são relativamente auto-suficientes, como se fossem cidades mesmo.

Quando pus meus pés aqui no Recreio pela primeira vez, no verão de 89/90, tratava-se de uma prainha-matagal pacata, simpática e pouco povoada. Viemos – meus pais, meu irmão e eu – num táxi desses com guia turístico, um homem muito simpático que perguntou se queríamos conhecer a praia onde era filmada a novela Top Model.

Eu tinha 12 anos e era fã daquela novela. Queria ser a Malu Mader quando crescesse. Já contei isso a vocês, né?

Pois bem. Chegamos na tal prainha, cujo nome me agradava, não sei por quê: Recreio dos Bandeirantes. Soava tão bem!

Quando chegamos em frente à “Casa do Gaspar” (Nuno Leal Maia vivia um surfista quarentão super boa gente), eu me derreti. Além de ser a Malu Mader, eu queria morar bem ali quando crescesse, naquela praia com cara de interior, mar imenso e uma brisa que seguiu soprando nos meus ouvidos durante os próximos anos em que eu virava gente no Rio Grande do Sul.

Pois, que ironia, vim parar justo aqui. No Recreio.

Infelizmente, treze anos depois, o Recreio já não é mais o mesmo. Hoje eu fui à praia, que está mais suja do que nunca, e me deparei com o “progresso” do meu bairro. No caminho até lá, a brisa que vem do mar é misturada ao cheiro desagradável que sai dos canos de descarga. Dezenas e dezenas de carros barulhentos amontoam-se pelas ruas – e até pelas calçadas – em busca de um lugarzinho; coisa que está cada vez mais difícil por estas bandas.

Pior, muito pior é a constatação de que a desgraça está instalada, e daqui para frente só tende a piorar: vários homens, com seus isopores, vendiam bebidas no engarrafamento!! Isso é o fim.

Bebida no engarrafamento é um péssimo sinal. Sinal de precisamos achar outra casa para o Gaspar.