15 junho 2006

Cortaram o meu cabelo


É sempre assim: saio de casa dizendo que “vou cortar” o cabelo e volto conjugando o verbo diferente. Cortaram. Não fui eu que fiz isso. Cortaram, cortaram!

Eu disse qua-tro-de-dos, mas ela entendeu um palmo, e meu cabelo ficou pela altura dos ombros. Está bem, um dedinho abaixo. Mesmo assim, quanta diferença... E ela ainda queria fazer escova! Claro que não deixei, tenho horror à escova - meu cabelo é fininho e fico com cara de Mortiça Addams, com tudo escorrido pela cara, parece que as olheiras saltam para fora dos olhos. E tem uma creche bem em frente ao salão, não ia ficar nem bem.

Insistiu, queria secar e espichar meus cachos, mas fui firme: não e não. Você acredita que ela até fez beicinho?

Loira oxigenada, de calça com cintura alta e apertada com um cinto fino. Sapato pontudo, blusinha justa que depois vem afofando cá em cima. Olhando assim, nem precisava empunhar uma tesoura para se prever logo o perigo. Ah, se eu tivesse juízo.

Claro que saquei a tramóia dela: queria me alisar as madeixas para que eu não percebesse como ficaram curtas! Sou boba?

- Deixa assim que eu já vou me acostumando ao novo visual – eu repetia para ela e para mim mesma, com um olho no espelho e outro na consciência, Deus do céu, o que é que eu fui inventar?

Mas assim somos nós, mulheres. Nós inventamos o tempo todo, e ainda achamos bonito dizer que inventamos. Como somos criativas, blá, blá, blá.

Tudo muito bom, tudo muito bem. Mas CADÊ O MEU CABELO, PEDRO BÓ???