24 março 2006

Passa ou não passa?


A rua era estreita. Está bem, nem tanto. Meio estreita. Estreitinha, vai. Eu vinha dirigindo, tranqüila, quando encontrei dois carros estacionados: um de cada lado da rua.

Quem disse que eu passava?

Fiquei ali, parada. Mirei bem, concluí que não dava. Vou arranhar um deles - no mínimo. E o meu. Não dava mesmo. Gente estúpida, estacionar em lugar proibido! Tomara que não apareça ninguém atrás de mim.

“BIIIP BIIIIIIIIIIP!!!”

Foi só pensar, que apareceu um sem-mãe querendo passar. E outro atrás dele. E outro. Eu, empacada.

“BIIIIP! BIIIIP! BIIIIIIP!”

Era uma orquestra, maestro! Regida pela minha placa traseira, imóvel, bem no meio da rua. Cristo! O que eu faço agora???

Dei uma avançadinha, e suspendi o coro. Ficaram todos em silêncio, de repente. Rufaram os tambores. Calculei o carro que sairia mais barato estragar, e me arrastei na direção dele. É nesse que eu vou. Se der m*, descasco o Gol. Raspo na trave!

Nessa altura, nenhum pedestre gentil aparecia para me dar uma força. Engraçado como os pedestres se escondem justo na hora em que mais precisamos deles. Rezei por um flanelinha. Nada.

Azar do goleiro – pensei -, vou me enfiar aqui de qualquer meio jeito. Se não houver meio jeito, um quarto de jeito já me serve. Importante é passar. Tem que passar. Tem que passar. Tem que pass...

- Eeeeeei, dona!!!

Benzadeus! Um porteiro saía da toca.

- Seu Geraldo vai puxar o Gol agorinha. Aí não passa, não!

Rá. Eu disse que não passava.