30 novembro 2006

Cassandra

Estou lendo Meu reino por um cashmere
, da Ana Cristina Reis, e me divertindo. Até agora, a crônica de que mais gostei se chama “Cassandra”.

Sente o drama. Ela conta que estava tentando selecionar uma empregada, até que achou uma tal de Sandra, ótima. Tudo combinadinho, a mulher ia saindo e comentou que estava com saudades do filho, puxando da bolsa um punhado de fotos. “São as primeiras desde que ele se mudou para a Suíça”.

Ana Cristina foi olhar, e o filho era um travesti. E a mãe Sandra, orgulhosa:

- Ele diz que quer mudar o nome para Cassandra, que é para estar sempre com a mãe.

Pegaram? Sandra. Cassandra, Ca-Sandra. HAHAHAHAHA! Muito bom.


Chuvarada

O Rio está encharcado (que frase). Hoje tive de sair a pé, e foi um suplício, porque ventava muito.

Vem cá, é só comigo que o guarda-chuva vira do avesso O TEMPO TODO??

Minha mãe me reconheceu de longe e ficou acenando, mas eu, entretida em lutar contra aquele morcego rebelde que mais me molhava do que protegia, não retribuía. Até que ela chegou mais perto e eu abanei de volta, mesmo meio cabreira, vai que é outra moça se fazendo passar por Aninha...

Mas era ela mesma, inconfundível.

- Oi. Fiquei te fazendo sinal de longe, mas tu nem viu, né?
- Vi não.
- Pois eu te reconheci de loooonge. Muito fácil.
- É? (Lá vem).
- É. Tinha uma coisinha branquinha (meu rosto), a roupa preta, e mais duas coisinhas branquinhas (minhas canelas, abaixo da calça de ginástica).

Hum.


Drenagem linfática

Da série: coisas boas que a gente faz porque todo mundo diz que é bom, mas fica com aquela impressão de que está jogando dinheiro fora.

Drenagem linfática. Lá fui eu. Dizem que é muito bom na gestação, e eu comecei foi tarde. Morria de preguiça. Ainda morro. Mas fui assim mesmo, até para ver como era.

Primeiro, cheguei lá e a moça foi logo escrevendo na ficha: “pós-parto”.

- Você é que teve o bebê, né?
- Hein?
- Você que é a moça que ligou dizendo que recém teve um filho, né?
- Bom... na verdade eu ainda vou ter. Uma filha.
- Ué! Mas você está grávida?
- De seis meses.
- E cadê a barriga??

Muito bem, considerei-me elogiada e segui em frente. A fisioterapeuta, muito simpática, fez umas perguntas e pediu que eu tirasse a roupa e ficasse só de calcinha e sutiã. Na frente de um espelho enorme. Que ela ia tirar minhas medidas. Ai.

- Vai tirar minhas medidas? Mas justo agora, que estou grávida???

Disse que era bom para acompanhar a evolução do tratamento. Sei. Quero dizer nada, não, mas até fevereiro a tendência é que eu “cresça” mais um bocado. Haja fita métrica.

Começou, enfim, a me fazer aquela espécie de massagem (muito levinha, quase um alisamento) – que, segundo ela, estimularia minhas glândulas do sistema linfático, favorecendo a eliminação dos líquidos retidos.

- Ajuda a eliminar celulite?
- A do grau um, sim.
- E qual é a do grau um?
- É aquela que só aparece se você apertar o tecido, assim (beliscando).

Fiquei pensando, mas não disse: se a drenagem ajuda a eliminar uma coisa que só aparece apertando, também tem outra coisa que ajuda muito. É não apertar. E isso é de graça!

Quase dormi, porque o tratamento realmente é muito suave e dura uma hora. Acho que voltarei na semana que vem. Não sei bem por quê.

Minha mãe quis saber:

- E aí?? O que é que achou?
- Achei caro!!

29 novembro 2006

Transtorno bipolar

Ontem fui ao Shopping da Gávea e comprei Não sou uma só – Diário de uma bipolar
, o novo livro da Marina W.


Teria ficado para a noite de autógrafos, mas vim para casa por motivos técnicos. Também por motivos técnicos (cansaço), joguei-me no sofá e comecei a ler. Varei noite e madrugada, o livro realmente é muito bom! Marina usa linguagem leve para tratar de um assunto tão barra pesada, e nos leva na conversa (no bom sentido!) pelas suas aventuras entre euforia e depressão – sem soar piegas ou dramalhão em nenhum momento.

É humano demais. Mesmo quem não tem o menor interesse na doença vai se identificar. E para quem sofre, já sofreu ou conhece alguém que tem o transtorno bipolar, é também uma ótima fonte de informação, já que o livro é escrito com a consultoria de um psiquiatra especializado no assunto.


Aniversário

É muito bom fazer anos na sexta-feira, porque o fim de semana todo acaba sendo comemorativo. Assim fizemos.

Ganhei presentes e mimos, coisas lindíssimas. Na sexta, minha mãe e eu organizamos uma festinha com salgados típicos da tradição culinária familiar, ou seja: comprados prontos.

Aliás, aquele dia foi uma loucura. Duas doidas pela rua equilibrando bandejas, e eu pagando mico em tudo quanto era loja:

- Tem desconto para aniversariante grávida? (Sorisso amarelo e mão na barriga, em círculos).

Minha mãe se escondia atrás das sacolas, “não diz que eu sou tua mãe, pleeeeease”. Bem ou mal, acabei descolando um casaquinho para a Lara (free!) e um sabonete líquido numa loja de lençóis – que também nos deu 20% (!!!) de desconto nas compras. Quem comprou os lençóis foi ela, mas faz de conta que fui eu...

No sábado, foi ele quem fez um almoço que rendeu suspiros gerais da família, e eu ainda arrematei as sobras no fim de semana! Um espetáculo que nem ouso descrever aqui. Só sei que Lara vai comer muito bem nesta vida, e não será por mérito da mãe – o único prato que cozinho chama-se gororoba. Integral, claro.

Depois teve torta (surpresa, de limão, minha preferida) com velinhas e parabéns a você.

Eu estava tão feliz que, na hora de fazer o pedido, acabei fazendo um agradecimento.


Porque é bem melhor

A astróloga explicava, na tevê, para que servem as fases da lua. Não entendi muito. Alguém perguntou:

- Mas a senhora não acredita que determinadas coisas acontecem porque tinham mesmo que acontecer?

Resposta:

“Não.”

“E por quê?”

“Porque é bem melhor você saber que determinada estrada não está boa, e então desviar, do que se estrepar todo num acidente e depois dizer – foi assim porque tinha que ser.”

Bom... Que é bem melhor, é bem melhor mesmo. Só não sei se foi esse o ponto de quem fez a pergunta...

24 novembro 2006

Obrigada, obrigada!

Passando rapidinho, escrevendo sem editor de texto, só para dar o ar da minha graça em dia de envelhecimento. Aos que me dão parabéns: obrigada! Depois agradeço pessoal-virtualmente no Orkut e aos e-mails recebidos.

É muito bom receber parabéns duplos; é muito bom ter uma guriazinha saracoteando dentro da minha barriga e pensar que ela vai me atrapalhar o cooper para o resto da minha vida.
:o)

Beijos emocionados a todos vocês.

23 novembro 2006

Novembro

Comprinhas básicas no shopping. Susto: não entro em mais nada P ou M.

- Você não está gorda. Está grávida.

Meu senso crítico (que, aliás, sofre de falta de senso) está escrevendo isso 300 vezes num caderno. Que é para ver se fixa. Do jeito que é lerdo, capaz de fixar só quando a Lara fizer 15 anos.

Espertinha, comprei um boné. Está lá escrito: “Tamanho ÚNICO”. Rá rá rá!, não tem preço.

As pessoas estão dizendo muito que eu não engordei “por exemplo, nos braços”. E os exemplos param por aí. Fica todo mundo com cara de três pontinhos, sabe quando quer achar palavra e não vem? Faço graça:

- Você pode falar das minhas orelhas também. E dos dentes...

Vamos rir, é novembro.
:o)


Filme: Os Infiltrados

Fomos assistir ao novo do M. Scorsese – Os Infiltrados, com Jack Nicholson, DiCaprio, Matt Damon, Alec Baldwin (que, um dia, foi um homem bonito), etc. Elenco de primeira, só craque.

Realmente é um filme ótimo, dos melhores que vi nos últimos tempos. O roteiro tem um nó que provoca uma sensação constante de suspense misturado com quero-ver-como-acaba, misturado ainda com tomara-que-não-acabe-logo. Adoro isso.

O gênero é drama (está na ficha), mas se trata de um complexo caso policial – então tem muito tiro e sangue, mistério, ação e algum humor inteligente. Desses elementos que citei, gosto só do mistério e do humor; não gosto de policial, tiro e sangue me cansam, cenas de ação me dão muuuuiito sono. E, mesmo assim, adorei o filme.

Nos primeiros 15 minutos, é verdade, fiquei um pouco sonolenta. Cheguei a pensar que pudesse ser um daqueles filmes de roteiro embolado e muitos homens “fodões” se agredindo e dizendo frases de efeito, mas a sensação passou rápido e a coisa engatou. Recomendo!


Chiclete bola

Chegamos na praça de alimentação e começamos a rezar para vagar uma mesinha. Assim que vagou, eu me sentei para guardar o lugar (e para bufar um pouco, porque grávida cansa e bufa!), enquanto minha mãe foi se servir no buffet.

Mal dei minhas primeiras bufadas, apareceu um casal – ele tinha cara de bobalhão de bermudas, e ela era um show à parte: calça jeans dessas que embalam a bunda a vácuo (será que conserva?), sandália com saltão de acrílico, cabelo colorido e chapado, blusinha cor de chiclete bola.

Ainda se diz chiclete bola? Enfim.

- Você está sozinha na mesa? – Perguntou a toda-boa.

Pensei que eles queriam arrastar alguma cadeira dali, óbvio, respondi:

- Estou esperando só uma pessoa. (Como quem diz: sobram duas cadeiras, podem levar para a mesa de vocês).

E a moça se vira para o companheiro mudo:

- Viu, fulano? Só está esperando mais UMA pessoa. Vamos sentar aqui?

!!!

A mesinha não acomoda nem quatro bandejas da mesma família, que dirá um bobalhão de bermudas e uma perua embrulhada a vácuo! Ah, não.

- Escuta, moça, estou esperando SÓ UMA PESSOA, mas nós vamos usar A MESA INTEIRA. Tendeu??

Bobalhão puxa a dama pelo braço, e ambos saem quicando pelos corredores. Para a sorte deles. Se ficam mais um pouco, pego logo um palito de dentes e furo os peitos dela.

Iam todos ver o que é chiclete bola.

22 novembro 2006

Sonho doido

Estou numa loja que não conheço e comento com alguém que não conheço:

- Eu odeio psicólogos!

Nisso a vendedora dá uma risada e aponta para um homem que está assinando alguma coisa no balcão:

- Xiiii... Ele é psicólogo.

Mas ele corrige:

- Sou psiquiatra.

Quando todo mundo espera que eu vá sair com uma piadinha (a meu estilo), olho para o homem e faço uma cara de nada.

- Grande coisa. Aliás, pior ainda.

!!!

Freud explica? A propósito: não odeio psicólogos; muito pelo contrário, sou adepta da psicoterapia!

**

Abandono

Estou ficando com medo da minha máquina de lavar. Depois de algum tempo, elas começam a achar que são gente e querem sair andando pela área de serviço, já viu? A minha rebola e faz um barulhão enquanto centrifuga.

Acho que já entendi por que se chama centri fuga.

Não devo estranhar se aparecer um bilhete grudado na geladeira: “Briguei com o microondas, motivo: essa mania que ele tem de esquentar muito rápido! Fui.”

Vai embora não, maquininha... Sou uma ótima conselheira sentimental.

**

Clic

Fomos fazer uma primeira visita ao pediatra. Achei maravilhoso, sobretudo porque ele não quis ver nada dentro de mim (meio cansada desse pré-natal, todo mês tem um senhor muito gentil investigando minhas áreas de acesso restrito, saquinho)...

O pediatra, também muito gentil, apenas perguntava o que eu queria perguntar. Cheguei lá meio despreparada, não tinha uma listinha de perguntas.

- Qualquer coisa que o senhor me disser eu vou considerar relevante. Não tenho a menor idéia de como tratar um bebê.

- Não se preocupe. Na hora vai dar um “clic” e você saberá o que fazer.

Já gostei. Um clic na minha cabeça é tudo de que eu preciso, afinal. Com tanta novidade, ando me sentindo um pouco sem clic. E como faz falta.

17 novembro 2006

Dura caminhada

Fui caminhar na praia de manhã; saí às 9:20 pensando: “oba, com o horário de verão é sol de 8:20, não há de ser tão quente...”.

Gaúcha branquela, sagitariana (leia-se: otimista crônica), grávida (leia-se: acalorada), empapada de protetor solar fator 50, blusinha que já não cobre a parte de baixo da barriga – vocês imaginam a cena. Andei três minutos e comecei a praguejar, horário de verão o #!@¨#!*&!, ôôô calor dos infernos, onde é que vamos parar???

Mas fui, porque tenho compromisso no final da tarde (único horário realmente suportável). Liguei meu novo MP3 player, concentrei-me no ritmo da música e fui. Coragem.

Funcionou nem dois minutos, parou o som. Essas coisas novas a gente tem que carregar antes de usar, né? Pois eu achei que bastava carregar na cintura, é o que dá ter nascido muito tempo atrás. Segui no silêncio mesmo, frustrada. E o sol na cuca.

Passei diante de uma obra. Aqui no bairro há muitas obras, não há como evitá-las. Honestos trabalhadores martelavam seus tijolos, concentrados, até que me viram e pararam. De repente, começaram a entoar um funk obsceno cujos termos reconheço 30% - porque, vocês sabem, na internet a gente acaba lendo de um tudo. Os outros 70%, valha-me Deus, quero crer que não faziam referência a mim.

Não se respeita nem mais mulher com criança na barriga? – fiquei com vontade de indagar, aos berros, mas achei mais prudente apertar o passo e garantir que a serenata permanecesse fixa naquela cobertura inacabada.

O sol cada vez mais escaldante, eu cada vez mais esbaforida, as obras, o funk, o reflexo do mar estourando nos meus olhos, minha barriga chacoalhando meio desajeitada - apesar de tudo, acabei praticando o tempo necessário para não me tornar uma sedentária e alegrar os médicos.

Na volta, que surpresa, de longe enxerguei minha mãe correndo de bonezinho. Pensei, interrompo ou não interrompo o cooper dela?, interrompo ou não interrompo?, o certo seria não interromper, mas estou tão carente, o sol na moleira, e grávida pode tudo, não pode?

Satisfeita e mimada, decidi interromper e puxar uma conversa. Fiz um estardalhaço, acenei cruzando os dois braços no alto, dei uns pulinhos e sorri. Ela deu uma gargalhada, e só.

Bom, não era a minha mãe.

16 novembro 2006

Ainda bem

Daqui a uma semana (sexta) eu faço 29 anos. Você olha o número 29 e sente que ele pende para o 30, não sente? Parece que o 9 é muito mais “pesado” que o 2, assim: 29.

Ontem ele mesmo confundiu a minha idade.

- Você vai fazer 30 anos!
- Vou, mas só no ano que vem.
- Ah, é, querida... Ainda são 29.

Ainda?

Ele diz ainda porque só quem viveu 29 anos comigo - assim tão de pertinho, sem férias, fim de semana ou feriado - fui eu mesma. Minha sincera expectativa é de que ele siga dizendo ainda, querida, ainda, querida e ainda e querida por mais 30 anos, e ainda confunda os meus noves e os meus zeros quando eu tiver vários trintas. Sinal de que as coisas vão muito bem, afinal – quem não sabe? –, o amor é mesmo ruim de cálculo.

(Calendário e balança agradecem).

15 novembro 2006

Sem culpa

Acabei ficando impossibilitada de ir à Expo Bebê e Gestante comprar o enxoval da minha filha. Motivos de saúde, vocês sabem como é. Minha sorte é que tenho anjos da guarda que fizeram tudo por mim, e está resolvida a parafernália. Aliás, muito bem resolvida!

Ensaiei sentir um pouco de culpa por não ter participado das compras, mas depois resolvi assim: deixa eu relaxar, vou ter muuuuito tempo pela frente para sentir o peso das culpas maternas. E soltei o ar.


Inconveniências

Divertidíssimo um tópico da comunidade de grávidas, no Orkut, onde as minhas colegas de barrigão reclamam das bobagens que são obrigadas a ouvir por aí. Tem cada coisa!

Uma moça reclama que ninguém JAMAIS está satisfeito com o tamanho da barriga dela. Quando era muito pequena, reclamavam que era muito pequena.

- Tem certeza que está grávida? Olha que pode ser mioma, hein?

!!!

Finalmente, a barriga começou a crescer. Quando ela pensou que iria agradar, ledo engano.

- Nooooossa! Tem certeza que é para fevereiro??? Sua barriga parece que vai explodir a qualquer momento!

E as piadinhas óbvias:

- He he he... Jura que é um só? Seu médico olhou direito? Pelo tamanho da sua barriga... he he he...

Muitas reclamam dos abusados – e abusadas - que, sem ter a menor intimidade com a futura mãe, vêm logo botando a mão na barriga. “É como se a minha barriga fosse pública!”, dizem.

Uma moça contou (essa é de doer) que foi a uma festa com o marido; lá pelas tantas, uma conhecida sapecou:

- Cadê o fulano, hein? Se eu fosse você cuidava bem do seu marido, onde será que ele está? A essa altura, minha filha, com você desse jeito, ele não deve mais agüentar ver barriga pela frente, e sempre tem um bando de magrinhas querendo dar em cima do homem das outras...

Pode???

---

Portanto, nem tenho podido reclamar. Comigo acontece, claro, mas até que é light. Há quem sempre goste de comentar um ou outro caso de aborto, uma tia que sofreu de um negócio raro assim e assado (coisas cabeludas), o parto da fulana – imagine que o médico era praticamente um a-çou-guei-ro! Freqüentemente, terminam as histórias com: “... mas, imagina, com você vai dar tudo certo!”.

Ah, bom! – Faço aquela sobrancelha de quem se alivia e agradece pela solidariedade, termino a lista de compras que vinha mentalmente fazendo enquanto a doida contava causos que não me interessam e vou à luta.

A propósito, ontem comentei que estava completando seis meses de gravidez e tive que ouvir, no ato:

- Ah, então te prepara, porque os últimos três é que são os PIORES!!!

Não diga, meu bem.

Detalhe: a autora do comentário jamais esteve grávida.

09 novembro 2006

Mais feira

Amanhã vamos à Expo Bebê e Gestante(última do ano), e dessa vez faremos compras de roupinhas de bebê baratas. Estou com a planilha de custos afiadíssima. Já sabemos que Lara é Lara mesmo, então que venham os babados e bordados cor-de-rosa, com bolinha ou sem bolinha, lacinho, pompom, fita, frufru, casinha de abelha, purpurina, lantejoula e gloss.


Ops, menos!

Nunca fui de peruagem, ora, eu que não invente de brincar de Barbie-over com a pobrezinha que ainda nem pode berrar para se defender. Neca. Minha filha vai ser chique, meu bem, mas chique do tipo básica, bom gosto evidente, adequada, ponderada, tudo no esquema. Fina, sabe como?

Claro, gostará de uma extravagância aqui e ali, que ninguém é de ferro. Um chapéu cor de abóbora, um pingente do tamanho de uma caneca, botas de onça ou zebra ou penas de galinha-d’angola – vez em quando, que mal tem?
...

E uma voz interna me arranca bruscamente do delírio, avisando:

“Vá fantasiando, mãezinha. Até que ela faça 13 anos e saia arrastando coturnos pelos seus tapetes, vá sonhando...”

08 novembro 2006

Cããããibra!

Hoje está um dia ótimo para não fazer absolutamente nada, mas eu acordei querendo fazer tudo, porque é uma data importante para mim (fiquem curiosos). Acabei não fazendo nada. Vamos ao estúpido motivo.

Acreditem, na segunda-feira de manhã tive uma cãibra ultra-mega-power-violentíssima, como eu nem sabia que existia. Na panturrilha direita. Depois que passou, ficou aquela coisa meio dolorida, como se eu tivesse feito musculação demais (não faço demais nem de menos; faço Pilates).

Pois bem, a tal dorzinha foi crescendo e crescendo, e hoje estou virada numa grávida manca. Dói toda a extensão da panturrilha até o dedão do pé. É só mexer que dói. Uuuui!

Agora eu estou aguardando o retorno da ligação do meu obstetra para saber o que devo fazer com esta perna ordinária. E de repouso. I hate repouso.

Cãibras aparecem entre os possíveis incômodos da gestação. Minha mãe conta que teve muitas – aliás, foi o principal inconveniente da gravidez para ela. Perguntinha: tinha que me incomodar justamente no meu dia importante??

Acho que meu texto hoje está sem graça, por isso vou parando por aqui. Não sei como vocês agüentam queixume de grávida. Beijos.

Atualização
O médico acaba de ligar. "É falta de potássio, comum na gestação. Coma banana e beba muita água-de-coco e suco de laranja".

07 novembro 2006

Barriga X Ego

Barrashopping. Mulher classuda, 40 e poucos anos, passa por nós com as duas filhas – entre 8 e 10 anos – abraçadas. Uma das meninas, discretíssima, comenta:

- Olha ali outra grávida, mãe!
- Aham.
- De quantos meses ela está?

Ouço-a responder, muito convicta, depois de breve reflexão:

- Um mês.

???

Minha barriga se sentiu ofendidíssima, diminuída e tal, mas eu até que gostei. Tudo bem que a mulher é sem noção, porque UM MÊS de gravidez não dá nem sombra de barriga! Mesmo assim, foi ótimo para a parte do meu ego que não está gestante.

Além do mais, como diz o Millôr, não se deve contrariar a oftalmologia alheia.

**

Tour

Não valho nada mesmo. Mal cheguei no Rio e já estou morrendo de vontade de passear de novo, mas já me prometi: nada de viagens até a Lara nascer. Muda muito a rotina. Come-se fora, faz-se pouco exercício, hooooras sentada (aeroportos, carros, longas esperas), a coluna reclama, o organismo bagunça todo, e já aprendi que gravidez requer muita disciplina. Como quase tudo nesta vida, aliás. Deus me sossegue aqui até fevereiro, portanto.

Depois que eu me recuperar do parto, ponho a Lara no bolso e - que venham as turnês! Do jeito que ela anda pulando dentro da minha barriga, disposição não há de faltar.

**

Preferencial

Foi a nossa primeira vez. Resolvemos ir ao cinema, escolhemos a sessão e começamos a andar em ziguezague pelas intermináveis cordinhas organizadoras daquela fila homérica. Distraídos, mas irritados, dialogávamos economicamente: cada um entrava com um travessão e uma bufada. Só.

Até que ele, de súbito (eu adoro quando o homem tem um ataque súbito, confesso), puxou-me pela mão e saiu(ímos) pulando cordinhas até o primeiro guichê. Aquele. O do atendimento preferencial.

- Pois não, qual o filme?

Furamos a fila, numa boa. E ninguém questionou minha conduta, nem esboçou protesto, nada, nenhum pio.

Resultado: a partir de agora, estou me sentindo uma poderosa portadora de credenciais abdominais. Rá, metam-se a besta!

01 novembro 2006

Quilos

Já estou naquela fase em que ficam dizendo “você está ótima”. Depois dessa, vem a “você está COM UMA CARA ótima”. E ainda tem a fase final, sofrível, quando comentam: “você está COM UMA ENERGIA ótima!”.

Quanto mais espiritual é a categoria do elogio, menos fisicamente interessante você está. Como diria o (re-)presidente, VEJA, O DADO CONCRETO É QUE eu já engordei além da conta. Blérgh.

Não vou entrar em números (ja-mais!), até porque os números é que já não estão entrando mais em mim. Se é que me entendem. Digamos apenas que extrapolei – um pouquinho, vá lá - o ideal sugerido pelo médico para a progressão dos quilos.

Filhos porque quilos!!


Filhos

E nem adianta pôr a culpa na Lara – como alguns, gentilmente, têm me sugerido -, porque a barriga ainda não está nenhuma Brastemp. Para cinco meses e meio de gravidez, há quem não acredite. Chovem vizinhas, primas, enteadas e até atrizes conhecidas (dos outros, não minhas) que, segundo consta, vão ter bebê na mesma época que eu, mas já ostentam barrigão de respeito. E eu nessa aqui, devagar e sempre.

“Sorte sua, que é alta e então distribui” – dizem.

A imagem até que é bacana. Fico imaginando a minha Lara bem distribuída em mim, as mãozinhas entrelaçadas na nuca, os pezinhos cruzados à frente (estilo “dê férias para os seus pés”), óculos de sol, viseira, suco de maracujá no canudinho em espiral, tranqüila da Silva, bordando miçangas coloridas para a fantasia da estréia.

Sim, porque eu não sei se vocês sabem, mas Lara deve chegar no carnaval.