28 dezembro 2004

Grosso mesmo


Essa é da coluna do Ancelmo Gois, no Globo de hoje. Diz que uma churrascaria do Méier espalhou pela cidade um outdoor com a seguinte pérola:

“Você come o lombo e nem precisa mandar flores depois.”

E outra:

“Maminhas suculentas sem uma gota de silicone.”

E o nome da churrascaria: Sal Grosso.

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Tum-tum no peito


Minha amiga não sabia identificar o som do baixo, e me pedia ajuda. Ajudei: o som do baixo é aquele que a gente sente no peito, o grave, tum-tum...

Ela aprendeu tão bem que, anos depois, casou-se com um excelente baixista carioca.

E vivem felizes para sempre. Porque o amor é assim; uma coisa gravíssima e cheia de escalas (mas a gente se diverte mesmo é no improviso).

24 dezembro 2004

FELIZ NATAL



Aos leitores fiéis (e aos infiéis!) deste blog, e a todos que passarem aqui por acaso, um ótimo Natal - cheio de paz, amor e inspiração!

Beijos da
Bíbi

23 dezembro 2004

Ho Ho Ho & as batinhas do verão


Muita chuva na cidade. O Barrashopping, na véspera da véspera, abarrotado daqueles que deixam(os) tudo para a última hora. Comprei coisinhas rápidas, que funcionam.

Dei uma olhada nas lojas, que ninguém é de ferro. Batas e mais batas. As mulheres agora só usam batas. As mulheres se acotovelam por batas baratas. Batas de malha, batas tomara-que-caia, batas brancas para o reveillon, batas com nós, flores, frufrus e afins. Batas pontudas, batas transparentes, batas sensuais, batas, batas.

No meu tempo, bata era roupa de grávida.

Nada, nada mesmo contra as batas. Até tenho algumas. Eu tenho uma bata tomara-que-caia, preta, com uma borboleta prateada bordada na frente. Quer mais?

Eu uso.

O problema das batas de hoje foi o seguinte: andei, andei, andei e não achei nenhuma que me inspirasse. Até que, já quase desistindo, avistei lá no canto de uma vitrine a minha batinha do coração - a que me conquistou, vupt!, certeira, implacável. Eu era dela.

Não sei explicar. Era fashion, coloridona, amalucada e tinha um corte ousado. Uma bata moderna e romântica ao mesmo tempo. Vermelha, puxando para o borgonha. Daquele tecido que parece que já vem amassado - e vem mesmo. Um show de bata.

Babando, fui pegar na etiqueta para conferir o tamanho. E conferi. O tamanho do rombo no meu bolso: R$ 260,00!

Na vitrine estava, na vitrine ficou. Bem feito; é para aprender a não quebrar o coração dos outros.

Como diria uma amiga: Eu, hein? Com R$ 260 eu compro um marido!

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Espeta um broche!


Ah, sim, e agora deram de usar broches de novo. Que é chique. Tá com uma blusinha básica? Espeta um broche, que vira descoladérrima na hora. Cria um look!

E a ala-sem-talento - cá pra nós -, como é que faz? Sim, porque até para espetar um broche numa camisa branca há que se ter um certo talento.

Estive hoje com meia-dúzia de broches na mão. Pareciam lindos, depois pareciam sapos fantasiados para o carnaval, depois pareciam lindos outra vez, depois... saco!, eu não saco de broches. Nem de sapos. E muito menos de carnaval.

Larguei aquilo tudo no balcão e saí correndo, ninguém entendia. Fugi dos broches como diabo da cruz. E uma vozinha na minha cabeça repetia o texto de uma estilista de sapatos (eu disse sapatos!), outro dia na TV: “É só saber brincar! Olha essa sandália, sem o broche, e agora com o broche. Você tem duas sandálias em uma!!!”.

Estão espetando broche em sandália, e fazendo virar duas?

Aaaai, que saudades do tempo em que não se precisava pensar muito... porque a Melissinha já vinha com a pochetezinha, e estava tudo assim resolvido.

19 dezembro 2004

Vestido

Mariana elegeu um vestido
e saiu pela rua
Não tinha caminho
Não tinha destino
Mas tinha o mais importante
Ora, o vestido.

Mariana chegou na esquina
E de vestido sorriu
Rodado
E de vestido sonhou
Florido
E de vestido amou
Rendado.

(Isso que ela só tinha ido dar uma voltinha)

18 dezembro 2004

Webwriters Brasil

Acabo de saber que saiu um editorial, no site Webwriters Brasil, a respeito de como entrei na revista Época. Agradeço ao Alex Gennari, autor do texto, pela lembrança e gentileza.

A chamada de capa começa assim:

No editorial de dezembro, o Webwritersbrasil elege uma nova escritora como ícone na luta de novos autores (webwriters, roteiristas e escritores) por espaço nos grandes veículos de comunicação e editoras: "É mais fácil um editor podre de rico chegar ao reino dos céus do que um novo autor brasileiro conseguir espaço na mídia e no mercado editorial. Dizem que a justiça divina tarda, mas não falha. Pois a justiça deu o ar de sua graça no reino dos homens no último mês de agosto, protagonizando um singelo conto de fadas na literatura brasileira."

Quem quiser conferir a matéria na íntegra, clique aqui.

16 dezembro 2004

Meio cafona

É sempre assim. Chega essa época do ano, a cidade fica perua. Luzes, laços, fitas, bolinhas, arranjos – tudo junto, gritando. Reparou, não?

Até tolero esses supershoppings com mania de grandeza; ali a cafonice brilha e ofusca, mas é por uma boa causa: o consumismo desenfreado, claro. O que não pode é ser “meio” cafona. Isso é pra matar. Aqueles estabelecimentos de médio porte, que já não vão lá muito bem das pernas, e resolvem improvisar uma luzinha aqui, um brilhozinho ali – tipo da coisa que, além de não fazer efeito, faz defeito.

Quando chega a noite, o prédio some, e o que se vê é aquela precariedade natalina; mistura de muita boa vontade com pouca grana, você sabe no que dá.

Eu aqui não providenciei um sino sequer. Mas, a julgar pelo texto, vê-se que estou ficando com inveja.
(Pausa para reflexão).

Comprar umas bolas ali no Carrefour, e já volto.

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O motivo da cobradora

A cobradora do ônibus - loura mel, penteado equivocado, sobrancelha grossa, unha lascada – ria fora de hora, e ria solto. Quanto é? Ela ria. Quer 20 centavos? Ela ria de novo. Passa no Barrashopping? Ela ria e confirmava, passava.

Sentei dois bancos atrás e fiquei observando, curiosíssima. Chegava a lhe escorrer um doce mistério qualquer pelo meio dos dentes; e sorria, a danada, como se ostentasse uma piscadela cúmplice a si mesma.

Não demora cinco quadras, entra no ônibus um negão de quase dois metros. Afoito e visivelmente alegre, dá dois pulinhos na direção da cobradora e tasca aquele beijo babado de novela; deixa a mulher sufocada e o povo todo besta, olhando. Salta no próximo ponto, a meio quarteirão dali, como se nada tivesse acontecido. Pela porta da frente.

Agora ela ria mais ainda, e o motivo estava bem revelado. Pois o negão trajava bermudas.

15 dezembro 2004

De volta

Minha pretensão e eu esperamos que você não tenha desistido de visitar este blog, mesmo depois de tantos dias de ausência de post.

Isto post, quero agradecer a todos que me mandaram e-mails, recadinhos no Orkut, cartões virtuais, e que deixaram mensagens nas secretárias eletrônicas me felicitando pelo aniversário. Obrigada, obrigada!

Um amigo me telefonou um dia depois:

- E aí? Como foi de aniversário?
- Foi tudo tranqüilo...
- Ah, coisa bem boa. Envelheceu tranqüilamente, não foi?

E tem outro jeito?

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Reflexão de fim de ano


Esse ano eu adquiri uma hérnia de disco, tive alguns resfriados fortes, rompi os ligamentos do pé direito – além de algumas pequenas doenças paralelas. Nunca visitei tanto médico nesta minha vidinha ordinária.

Portanto, gostaria de sugerir à indústria farmacêutica que criasse uma espécie de colírio diet ou light. Não pra mim, of course, mas para pingar nos olhos gulosos dos que nos cercam. Ia vender horrores. Já posso imaginar, no programa do Leão Lobo, a seguinte chamada:

Acabe de vez com a obesidade ocular do seu vizinho. Colírio diet nele!

Um sucesso, você não acha?

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Menos uma, menos duas...


Eu falo mal de dezembro, mas sou chegada a um planinho de fim de ano. Anoto tudo num caderno - vou praticar exercícios físicos, boas ações etc. Nunca me ocorrera antes, mas, olha, pode dar certo: que tal virar uma personal-atravessadora-de-velhinhas pelas ruas da cidade?

Assim eu mato dois coelhos. E algumas velhinhas, claro (não sei atravessar a rua nem sozinha, que dirá conduzir alguém).

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É verdade, tenho fama de não saber atravessar rua. Como meu irmão me dava a mão quando eu era pequena, acabei concluindo que aquilo de olhar para os lados era função dele, não minha. Depois que ele largou a minha mão, um anjo deve ter assumido o cargo. Só pode. Ou eu não estaria mais aqui.

Frase da minha mãe, semanas atrás, ao notar minha cara de desesperada diante dos carros numa avenida movimentada:

- Cruzes! Tu AINDA não aprendeu???

Taí mais um plano para 2005. Nunca é tarde.